No Abaixo o Chispe Viva o Iogurte, o Jorge Costa descobriu esta preciosidade, que desfaz completamente um mito da adolescência masculina:"Queridos pais (em sentido estrito, que este assunto não é para mães),
Nunca é tarde demais para reconhecermos os nossos erros e, no bom espírito católico apostólico romano, pedirmos perdão.
Sabemos que nem sempre nos portámos bem quando éramos putos, mas também é verdade que não éramos nós os educadores (tomem e embrulhem!).
Mas há algo de que nos penitenciamos, com flagelação auto ou assistida, consoante as oportunidades: Quando nos emprestavam - à revelia - as vossas revistas pornográficas, que escondiam em sítios tão improváveis como a vossa mesa de cabeceira, o último gavetão da cómoda ou um baú fechado a cadeado, era por nossa culpa que as revistas vos apareciam depois com as páginas coladas. Mas não eram todas, porque páginas com mais texto, ou imagens menos interessantes, normalmente livravam-se do mal, amén.
Nós, pecadores, confessamos e estamos dispostos a sofrer o devido castigo divino («de vinho», em latim) que esteja estabelecido nas tabelas homologadas: o motivo pelo qual as páginas se colavam era porque... porque... custa tanto dizer a verdade aos pais... mas tem que ser... porque era o único sítio onde podíamos guardar os bocaditos de caramelos Solanos que ficavam agarrados aos dentes.
Já está! Que alívio! Reponham, por favor, os nossos nomes nos vossos testamentos, e é se querem que a gente vos compense pelas páginas que inadvertidamente «se rasgaram» (os posters centrais das Playboys, esses então, tinham uns agrafes tão fraquitos...).
Os vossos filhos queridos,
João, António, Rui, José, Sousa e Santos (vários)
p.s. (pós segóvia) - aproveitamos para refutar as falsidades com que nos ameaçavam se continuássemos a saga do esfreganço: que poderíamos ficar ceguinhos. É FALSO! Só temos que usar óculos com lentes muito grossas!"
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O Jorge Costa
não é homem para se ficar (sem se vir) e também assumiu:"Vou escrever uma carta igual ao meu pai. Só que eu colava as páginas com rebuçados Vitória. Sempre fui injustamente acusado.
Agora que a coragem despontou, graças à missiva do Sr. Cruijff, sinto também que vai chegar a minha absolvição. Eu era um grande coleccionador de Vitórias e os rebuçados feitos de açúcar torrado mais pareciam cola do que rebuçados.
Já tive a queda de um dente graças à ingestão de tanto rebuçado. Pelos vistos, aquele dogma de que se ficava ceguinho... é pura invenção urbana. Falo por mim: faz é cair dentes.
Hoje colo as revistas à vontade e sem medo de enfrentar o futuro. Também sei que era outra invenção aquela de fazer crescer pêlos nas palmas da mão (se assim fosse... eu tinha mais pêlos que o Abominável).
Conclusão: sinto-me aliviado por saber que há mais pessoas a ter este drama e que finalmente vamos ter coragem de dizer NÃO. Não senhor, eu não tocava pívias... eu simplesmente comia muitos rebuçados Vitória e guardava as sobras nas ditas revistas.
Anónimo arrependido"
O primeiro homem que nunca fez isto, que toque a primeira segóvia!