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08 dezembro 2010

Tatuagens





«A tatuagem voluntaria tem egualmente sido restringida pela influencia benefica da civilização, encontrando-se, na Europa, quasi sómente nas classes inferiores e sobretudo nos criminosos.»
p. 23
«Emblemas amorosos e eroticos. - O erotismo esprime-se nos nossos tatuados por (...) mulheres nuas de formas rotundas (...) phallus de varias dimensões ou tendo um rosto na glande (...).
Por vezes a phantasia dá a mão á obscenidade produzindo desenhos como o da Est. XXI.
p. 118/119
BASTOS, Alvaro Teixeira
A tatuagem nos criminosos: estudo feito no posto anthropometrico da cadeia da relação
Porto: Typ. Arthur José de Souza, 1903

23 junho 2010

Sobre os pecados contra a "castridade"

De há uns tempos a esta parte, tenho andado a ler o “Navegador Solitário”, de João Aguiar, autor que, infelizmente, faleceu algures nas páginas deste livro.

Este é o diário de um miúdo púbere, com grandes dificuldades de expressão escrita e que vive atormentado por um contexto muito particular. Para além de se chamar Solitão Francisco e de lidar mal com isso, tem ainda de conviver com uma mãe e um pai em constante discussão e com perspectivas completamente opostas sobre a vida, uma tia com tanto de médium como de mexeriqueira, um avô que, apesar de ter falecido há já algum tempo, insiste em dar conselhos pouco escrupulosos ao seu neto e o facto de o seu melhor amigo ser toxicodependente e prostituto.

Como adolescente que se preze, Solitão vive obcecado por sexo e a sua primeira relação sexual redunda num acto frustrado, muito por causa do “piçarvativo”. Para piorar tudo, Solitão tem de enfrentar o padre Elias em confissão e é o trecho do relato desse episódio que aqui transcrevo. Ao lê-lo, depois de ter soltado uma gargalhada, achei que seria um excelente motivo para uma posta aqui no blog porcalhoto.

(…) resolvi ir confessar-me hoje e afinal acabei por ter uma discussão com o padre Elias.

Foi assim quando eu me ajoelhei e depois daquelas coisas que se dizem sempre no princípio, então quando é que te confessaste da última vez e tudo isso eu comecei a dizer os pecados e já se vê logo o primeiro foi o da castridade eo padre disse o quê e eu repeti e ele disse com ar chateado pronto já percebi mas tira-lhe o érre e eu é que não percebi logo e ele explicou mas já irritado porque o padre Elias está a ficar um bocado rabugento se calha é da idade e depois disse então fizeste coisas contra a castidade e foi sozinho ou acompanhado e eu respondi desta vez foi acompanhado e então ele perguntou foi com um rapaz ou com uma rapariga e eu respondi com uma rapariga e até aqui eu já estava habituado porque estas perguntas são sempre as mesmas a malta goza sempre com isso só que depois ele queria que eu lhe dissesse o que é que eu tinha feito e com quem e mais uma porção de coisas que eu acho que não deve ser normal perguntar e aí eu disse que não dizia porque afinal eu estava lá para me confessar a mim e não a miúda que essa podia ir confessar-se ela própria e além disso não queria contar os promenores e então o padre Elias ficou mais chateado e discutiu comigo e lá acabou por dar-me a besolvição mas depois deu-me de penitência rezar vinte terços aquilo foi vingança grande sacana e eu acho que não volto a confessar-me e afinal se a gente tem tesão por que é que há-de ser pecado.

O que eu não percebo é por que é que as coisas são assim está tudo muito mal feito se a gente não pode fazer amor nem dar pinocadas à vontade por que é que havemos de ter tesão se era só pra fazer filhos arranjava-se outra maneira e assim as pessoas podiam ter só os filhos que quisessem e se não quisessem não tinham nenhum era bem melhor mas a verdade é que temos tesão e isso afinal é que é o problema e já sei que esta noite não vou conseguir dormir.
"

Isto sem pontuação não é fácil de ler, pois não? Quase merecia um Nobel!

26 maio 2010

Arregaça pum pum arregaça


XIV . – É preciso ter grande cuidado na limpeza das partes e do ânus; lavar umas e outro, com água e sabão, não só quando se toma banho, mas, pelo menos, uma vez por dia. Quando não houver lavatórios apropriados pode servir uma toalha molhada. Os furúnculos das nádegas, tão frequentes, sobretudo nos que montam a cavalo, tem quási sempre por causa a falta de asseio. É preciso, quando se lavam as partes genitais, arregaçar a pele do membro, para descobrir e lavar, ou limpar com uma toalha molhada, o rêgo que separa a cabeça do membro da pelle que a cobre e onde se junta uma substância esbranquiçada, de mau cheiro, cuja demora produz inflamações e feridas, dispondo assim para as doenças venéreas. Sendo asseado, o soldado corre muito menos risco de apanhar males de mulheres.

Ministério da Guerra
CARTILHA DE HIGIENE
Lisboa: Imprensa Nacional, 1912 - p. 14

24 maio 2010

Celibato: Solteirões



III. Solteirões. Mas em que razão se fundam os cili­batarios leigos para se conservarem fora do uso comum? Pedem elles, como os solitários da Thebaida, para se conservarem sem distracções a sós com Deus? Pedem, como esses guerreiros antigos marcados pela espiação, para se conservarem livres, afim de, na occa­sião precisa, de cabeça baixa, se precipitarem na morte para a salvação da sua patria? Não, nem Deus, nem a patria vivificam a sua alma; apertai-os nos seus ultimes entrincheiramentos, e quasi por toda a parte só en­contrareis o egoismo. Não é uma predominancia das affeiições superiores que os eleva à força acima das af­feições domesticas; é uma fraqueza do coração que não permitte mesmo às suas sympathias o elevar-se até esta altura. Desligados dos deveres do casamento, mais des­enfreados são na licença dos seus amores. Não vivem senão das desordens e da corrupção; o adulterio e a prostituição, esses dois flagellos caminham deante d'elles como dois anjos maus, e recrutam-lhes na multidão o cortejo que elles pedem. Que a vergonha peze pois sobre elles como pesava sobre as estereis na antiguidade e que a opinião publica os confunda.

L. Seraine. 19??:169-170

19 maio 2010

Blenorragia ou Gonorréia


BLENORRHAGIA

1. A blenorrhagia ou esquentamento apega-se com muita facilidade, é uma doença muito contagiosa. Um individuo atacado desta doença, em nome da moral social, não deve ter relações sexuaes.
2. O doente terá cuidado de lavar as mãos sempre que tocar no membro, deve evitar, chegá-las aos olhos; o pus blenorrhagico produz uma inflammação nos olhos tão forte que já muitas pessoas têm ficado cegas, por ignorancia ou descuido deste preceito de hygiene.
3. O doente deve abster-se de carne de porco, comidas salgadas e apimentadas ou fortemente condimentadas, bebidas alcoolicas (vinhos finos, cognac, cerveja, aguardente, etc.). Pode beber às refeições um pouco de vinho tinto traçado com muita agua.
4. O doente não deve andar a cavallo, não deve dançar, não deve andar em bicycleta nem de automovel.
5. É muito conveniente usar um suspensorio para os testiculos.
(..)
8. A blenorrhagia que merece pouco cuidado da gente moça, póde ser causa de muitos desgostos para o individuo e para a familia. (…) Um individuo que se case, tendo a gota militar (blenorrhagia ou esquentamento chronico) contagiará fatalmente a esposa. (…) Muitas doenças próprias das mulheres reconhecem como causa a gota militar dos maridos que estes desprezaram ou não quizeram tratar em solteiros. (…) Nos casos chronicos favoraveis, o marido fica sujeito a ser reinfectado a cada passo pela mulher, na occasião das relações sexuaes.
(…)
10. É de maxima urgencia que os individuos, atacados de blenorrhagia, procurem um medico, única pessoa competente para os tratar não com drogas maravilhosas e secretas, mas com remedios conhecidos pelos médicos de todos os paizes.

Prophylaxia sanitaria e moral: II Blenorrhagia
Porto: Typographia Santos, 1913 – 2.ª Edição, pp.1-7

12 maio 2010

Celibato: Solteironas


IV. Solteironas. Custa-me fallar das solteironas porque ninguem está mais persuadido do que ellas da irregularidade do seu estado, e em geral é contra vontade que ellas ficaram celibatarias. É sobre tudo a ellas que se applica o adagio antigo: «0 casamento retarda a velhice». Acreditar que a virgindade conserva a frescura da côr, é um funesto erro de que as solteironas são as victimas. Uma solteira que fica virgem depois de ter attingido o desenvolvimento completo de seu physico não tarda a ser assaltada d'uma multidão d'indisposições, d'erupções cutaneas, de flatos hystericos, mortaes inimigos da sua belleza. A sua frescura decresce, os seus encantos murcham, e a sua saude altera-se á medida que se demora em cumprir o fim da natureza. Ao contrario a mulher casada, sobre tudo o que já concebeu, bebe nova frescura nos prazeres que são vedados à virgem, e emquanto que uma brilhante flor desabrochada recebe do casamento o desenvolvimento de todas as suas faculdades, a outra, de mau humor e sempre afflicta por encommodos diversos, arrasta uma vida languida e inutil, sem amar e sem ser amada.

L. Seraine. 19??:170

10 maio 2010

E o mote é...


















Todo o pássaro bebe água
só a coruja bebe azeite
mas a tua passarinha
come carne e bebe leite.


João Sarabando, 1999:10

03 maio 2010

Do Celibato. Celibato religioso.

II. Celibato religioso. Sem duvida o christianismo tem exaltado o estado religioso em que o celibato é prescripto. Mas não chama a este estado senão o pequeno numero dos perfeitos, e se a Egreja designa como bemaveuturados os que vivem como os eunucos, em muitos outros logares faz o elogio do casamento e S. Paulo exhorta particularmente os seus discipulos n'este sen­tido. O christianismo nascido no seio da grosseira an­tiguidade, onde as mulheres não eram consideradas senão como instrumentos da voluptuosidade, proscre­veu-as como proscreveu a intemperança e o luxo; pros­creveu-as na sua qualidade de prisões materiais e porque queria desembaraçar os homens do lodaçal da terra e fazer-lhes levantar de novo os olhos para o céo: recommenda a castidade do corpo, porque lhe parece a indispensavel garantia da do coração. O desprendi­mento do mundo perecível e o apêgo immediato ao mundo perfeito e eterno, eis a doutrina do Christo. O mundo tem necessidade do concurso de duas ordens diversas d'existencia. Submettido, por uma parte, a viver plenamente no presente está submettido tambem a caminhar constantemente para um futuro novo. Aquelles que são destinados a prisidir à sua marcha, os guias d'essa carabana (sic) da humanidade, não terão deveres novos que são incompativeis com os que im­põe o casamento? É precisamente o que se dá e o que assegura a santidade das palavras de Jesus Christo. (…)
Deixemos, pois, o celibato, àquelles cuja vocação é servir directamente e exclusivamente o genero humano, consideremol-o (sic) como um voto de fidelidade necessaria aos seus interesses; es­ta condição é a unica que póde tornal-o (sic) honesto e pôlo acima dos attaques da reprovação publica.
Mas lembremo-nos de que elle merece ou a censura, ou a honra, e que entre estes dois extremos não lhe poderiam arranjar logar n'outra parte, porque é um estado que não convem e não pertence senão às gran­des almas. Não é n’aquelles que são dignos de se con­servar nas fileiras d'esta cohorte santa que germinará o amor do deboche e da iniquidade. Não são elles que se comprazem de partilhar o opproprio das virgindades despedaçadas e atiradas à lama; não são elles que tomarão por officio o atirar a deshonra à face dos casa­dos; não é sobre elles que cahirá o nome de corruptores do mundo.

L. Seraine. 19??:164-169

28 abril 2010

Do Celibato. Influencia do celibato sob o ponto de vista geral e sob particular.


I. O celibato é o estado das pessoas que, tendo atingido a edade nubil, não se submetteram ao jugo do casamento. Devem collocar-se n'esta categoria não só aquelles que, por efeito de disciplina religiosa, fizerem voto de guardar castidade, mas tambem os eunucos, os chamados ordinariamente celibatários, as prostitutas, os viuvos e as viuvas. Considerado sob um ponto de vista geral, o celibato é contrario à nossa natureza e aos nossos destinos. «Não é bom que o homem esteja só» disse o Eterno (Genesis II, 20); aplicado em grande escala, seria attentatorio da conservação da especie e em contradicção formal com o mais antigo dos preceitos que Deus deu a nossos primeiros paes: Crescite et multiplicarnini replete terram: crescei e multiplicai-vos e enchei a terra. (…)
No ponto de vista individual o celibato offerece usualmente mais inconvenientes do que vantagens. É nessario que o homem obedeça às leis da natureza, para que o equilíbrio das funcções, d'onde resulta a saude, se estabeleça. A continencia absoluta é uma desobediencia às leis de Deus e d'alguma sorte uma impiedade. Em geral, as pessoas casadas vivem mais tempo do que as celibatarias. (…) Não é sem rasão que se accusa o celibato de desenvolver o egoismo, de expôr às paixões baixas, brutaes e contra a natureza. «Nas mulheres, diz M. de Vaulx (1), a falta de satisfação das necessidades physicas e moraes do amor produz muitas vezes a perda da frescura, da gordura, da inergia muscular; uma espécie de chlorose lenta consome-as e póde estabelecer-se em these geral que se ha alguma doenças que se aggravem n'ellas sob a influencia dos deveres do casamento, ha tres vezes mais das que o celibato faz nascer ou desenvolver; no homem, o celibato põe não só obstáculo à satisfação de desejos muitas vezes imperiosos, mas arrasta-o às tabernas, às casas de jogo, aos logares suspeitos, e podemos convencer-nos, consultando as estatisticas criminaes, que faz nascer n'elle o pensamento do suicidio, do assassinio e do duello, e affasta-o das ideias religiosas e dos sentimentos de tolerancia.

(1) Guide pour te traiternent des rnaladies veneriennes à l´usage des gens du monde.

SERAINE, L. (19??) Da saude das pessoas casadas ou physiologia da geração do homem e hygiene philosophica do casamento : theoria nova da procreação varonil femenina, esterilidade, impotencia, imperfeições genitaes, meios de as combater, hygiene especial da mulher gravida e do recem nascido.
[S.l. : s.n.], ( Porto : -- Typ. Commercio e Industria) - p.162-164

23 abril 2010

E este ditirambo?!

É grosso, longo e furado,
Pinga mas não se derrete,
Enxuto e duro se mette,
Tira-se molle e molhado;
É à cobra assimilhado,
Mas tem seu que com a espiga;
Penetra até à barriga,
Sacia a vontade à gente;
Porém, ser cousa indecente.
Não se creia nem se diga.

E não se creia, não, senhores.
Tudo isto quer dizer mui simplesmente
??????

Publicado originalmente por Belchior Manuel Curvo de Semedo em Composições Poéticas e citado por BARATA, António Francisco (1894) Viagem na minha livraria - Barcelos: Typ. Aurora do Cavado, pág. 40.

_______________________________
O Mano 69, depois de todos vermos só caralhos nisto, dizia "frio, frio....". Quando perguntei se era um caralho frio, esclareceu do que se trata:
"E não se creia, não, senhores.
Tudo isto quer dizer mui simplesmente macarrão!"

14 maio 2009

Ide trabalhar...


“Trabalhai, meus irmãos, que o trabalho
É riqueza, é virtude, é vigor.
Dentre a orquestra da serra e do malho
Brotam vida, cidades, amor.”


CASTILHO , António Feliciano de
Hino ao trabalho

Aceitam-se quadras alusivas
_______________________________

Predatado - "Dá p'ra cantar com a música da Internacional."

São Rosas - "Não se pode falar em trabalho sem fazer uma rima:

Trabalhai, seja qual for a idade
Que é bom - dizem - isso do trabalho
E se não houver muita vontade
Mandai é trabalhar o caralho!"

Olho vivo - "Forçada, mas lá vai!

Ai se soubesse o sítio onde,
Para onde o mandar trabalhar,
Não estava para aqui murcho,
Sempre, sempre, a preguiçar!"

Vintesete -
"Sendo eu homem de Fé
Quanto ao trabalho concerne
Deixo-o só, enquanto eu
digo-lhe que por mim não espere

Haverá quem sendo lesto
Faça destas letras troça
Mas eu zeca sei que presto
um grande serviço com esta troca

Senão vejam; comparando
dum lado o suor que o corpo cansa
Do outro a febra, em fogo brando
que só comendo a fome amansa

Ai quem troca este mundo
pelo trabalho que o tempo leva
Levo as dores ,mas fica tudo
que não se fode ao cimo da terra"

Falcão -
"Ora ide para o caralho
Marroquino, mandrião
Se viesses aqui prá Beira
Num cumias nem um grão.

Pois aqui só o trabalho
faz crescer no forno a broa
num é cumo aí em baixo:
Corre pela telha a vida boa.

E depois o corpo rijo
dá-nos força, num é a morte
Que o digam estes pitos
Que eu como aqui no Norte."

PreDatado -
"Trabalha o pai, trabalha a mãe e o irmão
trabalha a filha, o enteado e a avó
mas não trabalha o tio que é cabrão
nem o mais novo dos filhos. Só quer pó.

O cunhado que tem pinta de maricas
a trabalhar também nunca ele se viu
não trabalham as tias que são ricas
o neto é puto, vá prá puta que o pariu.

O avô que está com os pés prá cova
já não tem idade pró trabalho
e a sobrinha, a quem chamam Ivanova
prefere na esquina chupar um bom caralho.

E numa família assim articulada
trabalham poucos para darem de comer
a putas, rabos e outra cambada
se fosse eu, mandava-os logo foder."

OrCa -
"um poeta que opera no serralho
desespera de não ser um poetastro
mas não sei se me dá estar com Castilho
pois de tanto trabalhar sai emplastro

se na crise acrisolada o tal poeta
dá de si um ar de graça ou de chacota
há-de ser porque ele já chegou à meta
de saber de quem o cu, de quem a bota

mas trabalho todos esperam que rime
contra a crise e os canhões da veleidade
com o pobre encolhido que se oprime
mas a quem chamam Pai da Humanidade

o trabalho - meus senhores - esse trabalho
que nos salve, nos redima, nos sustente
o trabalho - meus senhores - é o caralho
em faltando não há cu que se aguente...

mas àqueles que maltratam o trabalho
e que roubam o pão do pobre na mesa
esses sim é mandá-los prò caralho
com ardor, com tesão e com franqueza!

Irra -
Pensa com a cabeça do caralho,
Ideias que não valem três vinténs,
Ai, só por aí é que é trabalho!
E será que força na verga tens?!

03 março 2009

Elas são piores do que eles…


As raparigas – eu sei – têm mil estratagemas hábeis para vos atrair. Com os seus braços e as suas pernas desnudados, os seus fatos decotados, demasiado curtos ou cingidos, de tecidos transparentes, com as suas palavras, os seus protestos e as suas atitudes lânguidas, suscitam em vós imagens sensuais que vos perseguem e atormentam. (…)
Vós próprios, sede prudentes. Reprimi esses olhares fixos e prolongados que lançais às raparigas e que provocam muitas vezes pensamentos obscuros e inconfessáveis. Não acrediteis também demasiado depressa no amor, ao primeiro sorriso ou à primeira palavra afectuosa que a rapariga concede.

PETIT, Gérard (1956) O Flirt
Lisboa: Acção Católica Portuguesa – pág. 21-22.

26 fevereiro 2009

Será o flirt solúvel em álcool?


É lícito “flirtar”? A esta pergunta, eu julgo, (…) poder responder sem incorrer na censura de não compreender o problema tal como ele se põe nos nossos dias.

Quando «flirto» tomo uma liberdade sem assumir um compromisso, pois seria pura hipocrisia – que de resto não conseguiria convencer ninguém, nem a mim próprio – pretender, para me justificar, que ás vezes essas relações conduzem à união matrimonial. A minha situação concreta, precisa, clara, é que não penso ainda no casamento, mas que quero satisfazer a minha necessidade de amor, pretendendo que estou a tratar seriamente com o outro sexo.

«Flirtar», disse alguém, é permitir, entre duas pessoas de sexos diferentes, sentimentos, palavras e actos, normalmente reservados àqueles que têm a intenção de casar brevemente.

PETIT, Gérard (1956) O Flirt
Lisboa: Acção Católica Portuguesa – pág. 13.

06 outubro 2008

“Ai, ai, ai, olha o cheiro que a rosa tem”


As mulheres sabem bem que o apetite venéreo é provocado pelo odor do seu corpo, a princípio, e depois pelos perfumes com que tem o cuidado de carregar-se abundantemente.
A excitação genésica não é apenas produzida pelo cheiro das secreções provenientes dos órgãos genitais, mas também pelo das secreções cutâneas.
Há mulheres, tais como as loiras acinzentadas, que cheiram naturalmente a âmbar ou almíscar; outras, em especial as de cabelos castanhos, cheiram a violeta.
(…)
Da pele de certas trigueiras evola-se um cheiro agradabilíssimo a ébano.
Algumas cheiram a âmbar e a violeta quando trazem os sovacos ao ar, noutras essas partes do corpo espalham um cheiro desagradável a carneiro no cio.
A excitação particular provocada pelas ruivas sobre certas constituições parece depender do odor que exalam.
O Dr. Binêt conta o caso seguinte:
«Um estudante de medicina sentou-se num banco duma praça, preocupado com a leitura de um livro; momentos depois notou que era presa de uma erecção persistente, mas sem desejo.
Voltando-se viu uma mulher ruiva sentada do outro lado do banco e que exalava um cheiro muito forte. Estava explicado o facto.

DESORMEAUX: 19??.20-21

29 setembro 2008

Comer e beber (às vezes) não rima com foder…

As refeições variadas excitam o apetite venéreo, mas os desejos desaparecem nos indivíduos que comem demasiadamente. «O ventre, diz Michelet, é um tirano cruel que domina toda a natureza, subjugando até o amor».
O vinho bebido em certa conta, torna o homem, na opinião de Plínio, «gentil companheiro das damas» tomado sem medida, produz efeito contrário.
Plutarco faz sobre o assunto esta observação: Os que bebem muito vinho são fracos no acto da geração; a sua semente não é apta para procriar e as suas relações com mulheres são estéreis e incompletas.
A moderação nos alimentos e, de resto, em todas as necessidades é o meio mais eficaz para conservar a actividade genital.
Cratés acreditou que os verdadeiros remédios do amor são «a fome, o tempo e o arrocho». Não se faz ideia, diz ele, a que ponto uma mulher se torna fiel quando passa fome.
No entanto, que a privação de alimento não produz sempre este efeito moderador prova-o a extrema fecundidade de indivíduos de condição miserável.

DESORMEAUX (Dr.)

O Coito e o Amor
Lisboa: Livraria do Povo: Typ. de Antonio Maria Antunes, [19--] (Bibliotheca sexual n.º 4)
Pág. 17-18.
Professor de Medicina Legal e Membro da Academia de Medicina de Paris


N.B.:
arrochada - s.f. Paulada.
arrocho - s.m. Pau com cerca de meio metro que serve para apertar uma corda.

01 agosto 2008

Para a lêndea dos cantadores ao desafio

Maria "Barbuda" e Marques "Sardinha", figuras cujas cantigas ao desafio se tornaram lendárias no início do séc. XX em Estarreja.





Maria Marques de Sousa, nascida em Beduído no ano de 1869, justifica assim a sua alcunha:









As Barbas que tenho,

tamanhas como as de um homem

são rijas e não encolhem

não são como certas coisas nos homens!









Já José Maria Marques, conhecido por "Sardinha" por ser natural desse lugar de Avanca, define-se assim:



Se um dia fores a Avanca

prègunta pelo Zé Marques,

que qualquer pessoa te diz:

- É home das quatro artes!



Primeira: sou lavrador;

segunda: sou musiqueiro;

a terceira, cantador;

e a quarta, sou ... putanheiro!



Embate entre Marques Sardinha e Maria Barbuda que decorreu na festa do S. Paio da Torreira (Murtosa) e que deu início à lenda sobre os dois cantadores.



«De calça branca, de camisa branca e trazendo à cinta um chifre de boi cheio de vinho, Marques Sardinha entrou, despreocupadamente, no grande arraial. Entretanto, corria a sete pés (…) que uma cantadeira estava a “embrulhar” todo o mundo, dando cabo do canastro ao cantador mais fadista. Prevenido mas resoluto, o jovem encaminhou-se para o local onde a mestra dava lições. E esta, de facto, ao deparar com um romeiro em tais “pruparos”, disparou de chofre:



Ó moço da calça branca,

Donde vens, pra onde vai?

O que traz aí à cinta

É uma coisinha sua

Ou herdança de seu pai?



Apanhando, sem pestanejar o pião à unha, Marques Sardinha, pronta e desconcertantemente, retorquiu:



Isto não é coisa minha

Nem herdança de meu pai

É o corno do seu home

Que de maduro lhe cai!



Entre surpresa e aziumada, ela “desconversou”



Cala-te aí, piolhento,

Carregado de piolhos;

Se não fizeres limpeza,

até te vão para os olhos!



Réplica imediata, “mortal”, de Sardinha



Chamaste-me piolhento

Piolhos são bezerrias;

Tu é que mos apegaste

Quando comigo dormias!...»

in SARABANDO, João (1999) Marques Sardinha / Maria Barbuda ao desafio

Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja – 2.ª Edição – pág. 53-54.


_______________________________

O Falcão não podia deixar passar esta oportunidade com malta do Norte, carago:

"Ena cum milhão de caralhos, foda-se cum filha de puta, caraistarefodam

Ena que essa Maria Barbuda deveria ter pintelho no pito cumo um homem do Norte gosta, caralho!

E intão o arraial de despique na puta da língua, caralhos me fodam se eu num respondia:

  

Oh cachopa que és Maria

E fazes do corno alheio troça

sem lhe por de jeito os olhos

Cuidais vós que me fazeis mossa?

Pois eu aqui sendo Sardinha

entre barbas e pintelho

com este nome de que valho

passo de peixe miudinho

num instante a Dom Caralho.

Já num falas mais de piolho

Cum o bicho entalado

E aposto eu cada corno

que dizias do meu pai,

afinal são mesmo do home

que num sabe a mulher que tem

***

Mas isto seria eu se fosse o Sardinha

E sendo só o MANUEL FALCÃO

cum caralho, que só teria

de levá-la ao barrracão

e entre pipas de verdasco

Ah caralho, cumo um varrasco

do sofá, fazer fundão.

*

Manuel Falcão, rei das bouças e amante do pito pintelhudo"

21 julho 2008

Oh, mon Dieu!

Venet, publicou uma informação interessante no ano de 1672 para as parteiras juradas quando eram encarregadas de depor nos Tribunais, em caso de desfloração. Este documento prova, só por si a supina ignorância que se tolerava a estas mulheres de cujos testemunhos tão funestos resultados podiam advir.
Diz assim o documento:
«As abaixo assinadas, parteiras da cidade de Paris, por ordem do preboste, fomos à rua … numero … na qual visitamos Alice Tinerand, de trinta e cinco anos, pela demanda por ela apresentada contra F. M. acusando-o de a ter forçado e violentado, e examinado ela com vista e palpada com o dedo encontramos na supra citada Alice:
1.º As mamas descompostas; quer dizer, os seios caídos.
2.º As barras enrugadas; quer dizer a sínfise púbica;
3.º O lepidon (monte de Vénus) torcido;
4.º O períneo cheio de rugas;
5.º O ponvant desfigurado, isto é, a natureza da mulher que tudo pode;
6.º Os ballenatos (grandes lábios) pemrégados (??);
7.º Os lependis (bordas dos lábios grandes) sem pelos;
8.º As nimphas (pequenos lábios) abatidas;
9.º As carúnculas irregulares;
10.º As cordas, rotas, isto é, as membranas que ligam as carúnculas;
11.º O barbindeu (clítoris) desolado;
12.º A vagina larga;
13.º A dama central (hímen) desaparecida.
Vista e examinada toda, parte por parte, achamos que tinha havido violência, pelo que certificamos, etc.»

SALAZAR, Luis G.

A noite de nupcias: estudos sobre a virgindade / Luiz G. Salazar ; trad. A. A. Queiroz de Souza. 3.ª Ed. - Lisboa: Livraria Central, 1931 - Pág. 35-36

sufina: excessiva.
preboste: antigo comandante da policia militar.
palpada: apalpadela.
carúncula: excrescência carnuda e avermelhada.