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27 novembro 2018

O falo das Caldas não está sozinho no mundo

Texto escrito pelo meu secretário e publicado no jornal «Gazeta das Caldas» de 16 de Novembro de 2018, poucos dias antes de uma Assembleia Geral da Confraria do Príapo.












Os Caldenses devem ter orgulho do seu património e devem saber, assim como todos os que não são das Caldas, nacionais e estrangeiros, que esta tradição da sua cidade se enquadra em muitas outras manifestações em todo o mundo e desde tempos pré-históricos de rituais de fertilidade. Quem vê os falos das Caldas como uma simples brincadeira, está a desperdiçar toda a sua riqueza histórica e cultural. Mostrar o falo das Caldas devidamente enquadrado numa mostra de arte erótica de todo o mundo e de todas as épocas, em meu entender, valorizá-lo-ia enormemente e retirar-lhe-ia o peso negativo que a sociedade em geral lhe atribui.

Da sacralização da fertilidade ao sexo como pecado

No estudo «A religião e o culto fálico na Região Oeste», ainda não publicado e em fase de revisão, Carlos Almeida aborda as "malandrices das Caldas" e encontra as suas raízes num culto milenar do qual estas peças em louça chegaram aos nossos tempos. Mas não estão sozinhas. Os cultos milenares sublimaram-se e continuam tão entre nós como no Neolítico. A sacralização do sexo é um marco universal da cultura Humana. Recorrentemente, o Falo, pénis erecto, surge isolado de qualquer representação adicional, podendo assim ser considerado o arquétipo da noção de símbolo. É o caso dos menires, profusamente espalhados por todos os territórios. O culto do Falo é uma das manifestações mais importantes da expressão humana na sua adoração à maravilha misteriosa assente no poder da força criadora e conseguiu, apesar de toda a diabolização feita na sequência da Cristianização, permanecer e sobreviver em ritos marginais quase até aos nossos dias.
Como constata Carlos Almeida, "se muitos Historiadores actuais tratam o fenómeno fálico como assunto menor e quase tabu, isso deve-se certamente a rebuços devidos ao véu moral dominante, que esconde e secundariza este importante tema e o relega para a mera e incómoda prateleira dos assuntos laterais e inconvenientes".

A Confraria do Príapo e a defesa da louça "malandreca" típica das Caldas


A Confraria do Príapo foi criada em 8 de Maio de 2009 tendo como objectivo a defesa, valorização e promoção da garrafa-falo. Sou confrade fundador para, na medida das minhas possibilidades, ajudar no que seja necessário para não deixar morrer esta herança cultural ancestral. É que, como refere Carlos Almeida no seu estudo, "o falo das Caldas é possivelmente a última representação explícita e antropomórfica do culto do falo no velho continente. A par de outros pontos na Ásia, a sua continuidade no tempo só tem paralelo no Japão, onde, ainda nos dias de hoje, se continua a fazer a festa anual do pénis".

O falo das Caldas em excelente companhia

A colecção de arte erótica «a funda São» é composta actualmente por 2.000 livros (das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias) e 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.). Como não poderia deixar de ser, da colecção fazem parte muitas peças de artesanato das Caldas da Rainha... em excelente companhia com objectos de todo o Mundo e de várias épocas.
Sonho, desde 1996, num período em que trabalhei nas Caldas da Rainha, com um espaço nesta cidade que apresente, contextualize e dignifique a louça "malandreca", como esta merece.
Não deixem o falo sozinho!

Paulo Moura

21 agosto 2018

A Confraria do Príapo nunca mais se endireita...

Crónica do Zé Povinho na Gazeta das Caldas sobre a Confraria Murcha do Príapo.
Será que a Assembleia Geral, prevista para Setembro, lhe dará maior pressão sanguínea?
Da minha parte, como todos os restantes associados sabem, a minha colecção de arte erótica está disponível para ajudar na divulgação do tradicional falo das Caldas (embora toda a gente fale em caralho das Caldas e ninguém caralhe em falo das Caldas).


27 junho 2013

Colecção de pacotes de açúcar «O Falo das Caldas - Tradição e Inovação»

Boas novas que recebi hoje:

"Caras e caros confrades.
A tão esperada colecção de pacotes de açúcar "O Falo das Caldas - Tradição e Inovação" vai ser finalmente apresentada ao público no dia 5 de Julho (6ª feira), numa sessão quer terá início às 18.30 horas, no salão nobre da Junta de freguesia de Nossa Senhora do Pópulo (antiga Câmara Municipal).
O evento merece um porto de honra acompanhado por doces malandrices... E assim será!
As peças que deram origem à colecção vão estar em exposição no átrio da junta de freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, não no dia dia 5 mas no sábado seguinte, dia 13 de Junho  das 10.00 às 23.00 horas, por forma a coincidir com o 2º Bazar à Noite que se irá realizar nesse dia na Praça da Fruta.
Trata-se de uma edição limitada e vocacionada para coleccionismo  constituindo uma inédita homenagem à tradição fálica caldense e, ao mesmo tempo, um meio de angariação de fundos para a Confraria do Príapo.
Antes de tornar pública a colecção e da mesma entrar no mercado coleccionista  estamos a fazer a sua divulgação prévia aos caríssimos Confrades que, deste modo, poderão manifestar o interesse na sua aquisição. Por comum acordo com os nossos parceiros coleccionistas, cada série será vendida pelo preço de 10 euros.
Saudações priapianas,
Edgar Ximenes
Presidente da Direção da Confraria do Príapo"

Já fiz a encomendinha destes pacotes de açúcar para a minha colecção. Entretanto, aproveitei para enviar uma mensagem para os meus confrades e confreiras:

"Muito bom! Parabéns!
Quero uma série para a minha colecção.
Já agora, aproveito para informar que firmei um acordo de parceria com uma empresa para a instalação da exposição permanente da minha colecção de arte erótica (...) em Lisboa.
Estamos neste momento a avançar já com a fase de projecto.
Embora, com muita pena minha, não se tenha concretizado o que eu durante muitos anos tentei - que a minha colecção ficasse nas Caldas da Rainha - da minha parte estou disponível para que o artesanato erótico das Caldas esteja devida e merecidamente representado nesse espaço, quer em termos de exposição, quer em termos de loja, quer ainda em termos de promoção e divulgação. Assim haja, mais do que vontade, interesse legítimo e demonstrado na prática por parte dos artesãos, do Município, da Confraria do Príapo e de outras entidades que directa ou indirectamente vejam vantagens potenciais nesta oportunidade.
Oportunamente auscultar-vos-ei com detalhes sobre o que proponho e, obviamente, estarei receptiva e agradecida por todas as sugestões e propostas que entendam apresentar-me.
Boa continuação de semana para todos
São Rosas"

Deliciem-se com os 8 pacotes de açúcar, com imagens de peças emblemáticas de (re)criadores de artesanato erótico das Caldas da Rainha:









19 maio 2013

«Falo no Beco» - evento da Confraria do Príapo

Tenho orgulho de fazer parte da Confraria da Príapo desde a sua fundação (não confundir com a funda São).
Apreciem esta reportagem da TV Caldas sobre o evento «Falo no Beco» realizado pela Confraria do Príapo no passado dia 11 de Maio, nas Caldas da Rainha:

21 julho 2012

A Confraria do Príapo avança com diversas iniciativas



A Confraria do Príapo, de que faço parte com muito prazer, tem mostrado um forte dinamismo na promoção da tradição da louça erótica das Caldas da Rainha.
Na semana passada, houve um jantar da Confraria e a inauguração da exposição «Símbolos Fálicos do Mundo», com fotos de Zica Capristano, antropólogo falecido poucos dias antes. Esta exposição está a decorrer até 31 de Julho no Centro Cultural das Caldas.
A Confraria está a preparar um livro de investigação sobre o falo das Caldas, que será editado até ao final deste ano. Esta é uma excelente notícia, pois o nosso Charlie também está a preparar um estudo sobre «a religião e o culto fálico na região Oeste» e serão, certamente, duas obras que se irão complementar.
A Confraria do Príapo tem vindo a apoiar iniciativas de várias entidades, estudiosos, designers e artesãos, relacionadas com o falo das Caldas.



Entretanto, na notícia da «Gazeta das Caldas» sobre este jantar, abordaram também um tema que me interessa especialmente:

"Decisão sobre Museu do Erotismo nas Caldas está para breve

O Museu do Erotismo das Caldas da Rainha ainda não está decidido pela autarquia. Continuam as negociações com o coleccionador de Coimbra, Paulo Moura, que gostaria de ceder a sua colecção à cidade (com opção de compra para a Câmara após um período de dez anos).“O problema é o custo da instalação do museu, pois é necessário um edifício de alguma dimensão, várias salas e vitrines e esses encargos, segundo o coleccionador, devem ser a cargo da Câmara”, disse Fernando Costa. As peças continuarão a pertencer ao coleccionador por 10 anos e há em seguida uma opção de compra para a Câmara, mas segundo o edil o valor pedido de 300 mil euros “é muito elevado”.De qualquer forma, Fernando Costa afirmou que “a Câmara municipal vai decidir a curto prazo se vai haver museu ou não”."

27 março 2012

"Eu quero ter o meu Falo Sempre em Pé"...

... soa bem, não soa?
Recebi uma mensagem da Confraria do Príapo em que informam que o ceramista Paulo Óscar, autor do troféu «Falo sempre em pé», fez uma pequena série desse troféu, em tamanho mais pequeno, a versão gift. "Esta versão destina-se a ser comercializada, podendo assim contribuir para a divulgação da Confraria do Príapo e, muito naturalmente, para o financiamento das suas actividades. A primeira série do gift «Falo sempre em pé» tem particularidades que a tornam exclusiva, é uma espécie de edição «0» que no futuro irá ter um valor especial. É uma autêntica peça de colecção que, certamente, cada confrade não deixará de querer ter".
Adivinhem quem já fez uma encomendinha deste «Falo sempre em pé», que considero uma ideia genial, para a colecção...


15 março 2012

As Caldas em grande

Os meus confrades da Confraria do Príapo aproveitaram a cerimónia de entrega de prémios, menções honrosas e diplomas de participação do Concurso de Ideias para a Identidade Visual da Confraria do Príapo, para inaugurarem no dia 3 de Março uma escultura fálica composta por vários materiais, desde a cerâmica, ao ferro e ao azulejo, com mais de 2 metros de altura, instalada no Casal da Eira Branca, aos Infantes, Caldas da Rainha.



A escultura fálica e os seus autores: Vítor Reis, Carlos Enxuto, Paulo Óscar, Mário Reis e Eduardo Pereira, com Edgar Ximenes, presidente da Confraria do Príapo e?... - foto Confraria do Príapo


Os ceramistas caldenses, autores da monumental escultura cerâmica fálica - foto «Jornal das Caldas»


Ver aqui um artigo no «Jornal das Caldas»

18 janeiro 2012

A Confraria do Príapo ganhou um logótipo e criou um troféu


Toda a gente sabe que sou - com muito prazer e orgulho - confreira da Confraria do Príapo.
Recentemente, a Confraria teve a óptima ideia de abrir um concurso para a criação de um logótipo e de um troféu.
Pedro Regadas (marguis) venceu o Concurso para o logótipo.


Paulo Óscar (zebra) venceu o Concurso para o Troféu, com o «Falo Sempre-em-pé». Acho-o genial, pela ideia, pela técnica, pelo humor e pelo seu forte simbolismo. A representação escolhida para o sexo masculino (o cilindro com o topo semiesférico) é muito próxima do lingam, o símbolo fálico de Shiva, um deus Hindu. E, tal como a base do lingam representa yoni, a vagina, também nesta peça a taça que forma a base mostra que a criação se dá com a união do masculino e feminino. Uma forma feliz de mostrar a universalidade do erotismo.
Quem me dera ter este troféu na minha colecção. Talvez um dia eu o mereça...
Entretanto, como a Confraria do Príapo é um tema importante e que já mereceu vários textos n'a funda São, criei uma etiqueta para a Confraria, para facilitar pesquisas.

02 outubro 2011

Parabéns, Umbelina Barros. Pela arte e pela coragem!

E-mail que enviei agora mesmo para Umbelina Barros, a autora da instalação «A Garrafa» no Mercado do Peixe, em Aveiro, que tanta polémica deu e que foi de lá retirada, "a pedido de várias famílias" que consideram a sexualidade como algo de vergonhoso:

"Encontrei o seu contacto de e-mail através das várias notícias sobre a sua obra «A Garrafa», que me permitiram conhecer o seu blog Depois da Terra.
Colecciono arte erótica há mais de 25 anos. Tenho mais de 2.000 objectos de todo o mundo e mais de 1.600 livros na temática do erotismo e da sexualidade.
Tenho, há 8 anos, um blog dedicado ao erotismo: a funda São, em http://blog.afundasao.com.
Faço parte da Confraria do Príapo desde a sua fundação.
Procuro, há alguns anos, um espaço de exposição permanente para a minha colecção. Para mim, o local ideal para isso seria a cidade das Caldas da Rainha, pelo contexto cultural que me parece ser o mais adequado. Infelizmente, não consigo que a Câmara Municipal das Caldas da Rainha avance numa parceria comigo para a criação desse espaço, apesar de pontualmente receber sinais de interesse. Certo é que, até agora, nunca se concretizaram.
Os meus contactos com autarquias de outras cidades sempre me levaram a pensar que dificilmente entidades públicas aceitariam criar um espaço de arte erótica e que, caso o fizessem, teriam muitas vozes contra.
Tudo isto para enquadrar o que pensei quando li, na semana passada, uma notícia sobre a sua instalação no Mercado do Peixe em Aveiro: “Aquilo vai dar muito barulho, pois Aveiro não está habituada a isto”. E deu. Nada que me admire. Admiram-me, sim, tanto a sua arte como a sua coragem. Tal como a coragem que teve a vereadora da Cultura da Câmara de Aveiro. Mas duvido que tão cedo ela volte a ter ou apoiar uma iniciativa do género…
Se um dia eu conseguir um espaço de exposição permanente da minha colecção - e o que eu tenho tentado… - terei todo o prazer de apresentar esta sua instalação e outras peças suas de arte erótica, a título temporário ou permanente, assim esteja nisso interessada.

Um beijo desta sua admiradora
São Rosas"

14 dezembro 2010

As Caldas da Rainha e a oportunidade... perdida?

Vocês sabem que eu sou confreira da Confraria do Príapo, desde a sua fundação (isto está mal escrito, não está?!) em 8 de Maio de 2009.
Recentemente, o professor José Nascimento, que presidiu à Confraria do Príapo, escreveu o artigo «De Braços Abertos – Garrafa das Caldas » para a «Gazeta das Caldas»:
"Caldas da Rainha é terra de invulgar e distinta riqueza cultural. (...)Apesar das dificuldades e insuficiências, a terra das termas e da cerâmica procura adaptar-se à evolução dos tempos e encontrar novos rumos, conjugando as oportunidades proporcionadas pela modernidade com os elementos mais ricos da tradição herdada. Entre estes, a “Garrafa das Caldas” e toda a cerâmica burlesca de natureza sexual é, sem dúvida, a mais famosa, mesmo não sendo a de maior valor cultural.
Sendo óbvio o cariz sexual e paródico desta cerâmica, entretanto alargada a outros materiais, já não é tão consensual o seu carácter erótico, ou até mesmo pornográfico. Tal dever-se-á ao facto de não ser clara a definição destes conceitos, nem rigorosa a sua utilização corrente, permitindo todo o tipo de interpretações. Entendo este défice conceptual e representação polémica como uma oportunidade para o debate e o esclarecimento. Na verdade, esta notória tradição das Caldas da Rainha carece de estudo e investigação apropriados, designadamente sobre as suas origens, natureza, características, objectivos e evolução, merecendo maior atenção por parte das entidades autárquicas, académicas e associativas do concelho. A 1ª Mostra Erótica-Paródica das Caldas da Rainha, realizada há cerca de um ano pela Confraria do Príapo, deu uma importante contribuição para esse desiderato.
Uma breve passagem pelos dicionários diz-nos que o erótico se refere à expressão sexual do amor ou do prazer, quando afirmada de forma sensual, artística ou simplesmente significativa, por vezes até ilícita e libertina, tendo em vista excitar ou satisfazer a libido. Por sua vez, o pornográfico cobre um leque alargado de manifestações sexuais, desde as coincidentes com o erótico até às propositadamente explícitas e obscenas, com fraco ou nulo mérito artístico, em grau que atinja o pudor, a moral ou os costumes, causando um intenso desejo sexual ou uma forte repulsa (ou ambos, ocorrendo então uma dissonância cognitiva). Como se vê, estas definições não são claramente delimitadas e, também por isso, não merecem generalizada concordância.
Parece-me que a representação fálica da “Garrafa das Caldas”, intencionalmente caricatural, tem cabimento na intersecção das duas categorias, com objectivos mais de paródia e provocação, do que de excitação ou satisfação sexual. Naturalmente que o resultado final dependerá da interpretação artística do objecto fálico ou afim, do contexto ou situação social em concreto e, decisivamente, do significado que lhe for atribuído por cada pessoa. De facto, nem toda a gente tem o mesmo sentido de humor e a mesma relação de cumplicidade ou conflito com o sexo. O essencial, numa sociedade livre e tolerante, é que as diferentes sensibilidades sejam acomodadas, de forma adequada e na medida do possível, permitindo a realização dos legítimos desejos e preferências de cada um. Afinal, a sociedade é isso mesmo, um mosaico de personalidades, valores e estilos de vida.
A “Garrafa das Caldas” é o símbolo de uma tradição que merece ser defendida e apoiada. Dela podem beneficiar muito mais a cidade e o concelho, os artistas, os artesãos, os comerciantes e a população em geral. Além da reputação que possui e do interesse que desperta na opinião pública nacional e internacional, esta tradição pode proporcionar o desenvolvimento de uma economia interessante, geradora de postos de trabalho e bem-estar social. Por aquilo que me é dado ver, a generalidade dos caldenses tem orgulho e apoia este seu património histórico, sobrando aqueles que, por razões que só eles verdadeiramente conhecem, se lhe opõem ou o desprezam. A esses, gostaria apenas de dizer que, em matéria de obscenidade, é muito mais reprovável o comportamento elitista, arrogante e hipócrita de alguns, do que a representação grotesca de um dom da natureza, ao qual devemos a nossa existência e com o qual lidamos todos os dias, com maior ou menor benevolência."
O Paulo Moura, outro confrade, deixou lá um comentário:
"Caro confrade professor José Nascimento,
Partilho da sua preocupação mas receio que a «classificação» da louça erótica das Caldas como sendo paródica é perigosamente redutora.
Espero dentro de algum tempo ter concluído o estudo «Religião e culto fálico na região Oeste», do meu amigo Carlos Almeida, para que possamos entender as origens pré-históricas e as vicissitudes por que os rituais de fertilidade passaram ao longo dos séculos, com especial destaque para a «guerra santa» feita pela igreja católica.
As Caldas – e toda a região Oeste – têm uma envolvência há milhares de anos considerada mágica. As águas curativas das termas… Fátima…
O falo das Caldas não é paródico. Essa componente paródica é muito recente (poucas dezenas de anos) e, em minha opinião, tem a ver com uma forma inteligente que os artesãos das Caldas adoptaram e mantêm para conseguir fazer passar o seu artesanato pelas malhas da Censura (antes do 25 de Abril) e da censura social que se mantém nos nossos dias.
Também por isso, sempre defendi que se deveria mostrar, nas Caldas da Rainha, que os rituais de fertilidade e a arte/artesanato eróticos existem desde há milénios e em todas as partes do mundo. Isso só valorizaria ainda mais os méritos da «louça das Caldas». Mas receio que a Confraria do Príapo, assim como a Câmara Municipal das Caldas da Rainha, optem por uma solução mais «caseira».
A minha colecção, muito provavelmente, irá para outra cidade. Tenho pena."

23 novembro 2009

A minha colecção - especial 12º Encontra-a-Funda

Já não bastava o 12º Encontra-a-Funda ter sido um excelente dia (e noite) de convívio e a malta ainda me apaparica com miminhos, só porque sabe que me deixa toda ensopadita.
Vejam lá se não é caso para isso (e às tantas até para usar fraldas).
Actores no Mercado da Fruta das Caldas da Rainha fizeram-me semear arroz num tapete de relva artificial. Não admira que as senhoras levantassem a saia com afrontamentos, porque o que nascia era só disto:


Há algum tempo o OrCa mostrou-nos um suporte de garrafa com um desenho do Galo das Caldas. Pois desta vez levou-o... e ofereceu-mo:


A Mana Li também já me tinha falado de uma secção da estátua do David que comprou de propósito em Itália para a minha colecção.


A São «Afonso» deixou-me sem palavras com uma surpresa que levava no colar (colar esse que o Car(v)alho nem tinha reparado que ela usava): um porta-chaves articulado em prata com um sistema de corrente que, puxando, transformava um pirilau murchito...


... num enchido que até parece ter osso:


Aqui, o início da demonstração em plena rua (com a vantagem de não nos dispersarmos por nenhum decote, pois a foto só apanha o porta-chaves... e dedos):


Bem de longe - oferecido pelo Jorge, meu amigo e sócio de Caria - trouxe o Katano esta enorme e túrgida cabaça (a que eu prefiro chamar cabiça, por razões... poéticas), associada a uma lenda que me deixa encantada. É assim:
"A cabiça é oriunda de Babe, no Nordeste Transmontano, e reza a lenda que, aquando da chegada de D. Filipa de Lencastre para contrair casamento com D. João I ao abrigo do Tratado de Babe em 1387, a nova rainha portuguesa não vinha muito convencida.
Ora, conta-se que após ter passado algum tempo em Babe, Filipa de Lencastre perdeu-se de amores (e quiçá de calores) pelas terras portuguesas, havendo quem aponte aos prodígios vegetais de Babe as razões para tamanha explosão de apreço". Digam lá que não é um mimo...


Como nem tudo o que é bom é oferecido, lembram-se de uma peça... digo, piça... verde com um casal abraçado a fazer o pino, na Galeria Osíris, que eu disse na altura ser para mim a peça mais bonita que tinha visto em toda a Mostra? Pois o autor, Vítor Pires, meu confrade na Confraria do Príapo, já a tem reservada para mim, logo que termine a exposição e eu passe por lá buscá-la. Que maravilha, Noé?

18 outubro 2009

Terra das Malandrices

1ª Mostra Erótica-Paródica de Caldas da Rainha

A malta da Confraria do Príapo (de que eu orgulhosamente faço parte) preparou este evento, que decorrerá ao longo de quatro semanas, entre 22 de Outubro e 22 de Novembro.

Crica para veres o cartaz da 1ª Mostra, feito pela nossa confreira e artista Sandra Rodrigues, num tamanho mais decente
Cartaz da 1ª Mostra

autoria - Sandra Rodrigues

O programa é muito abrangente:
> exposição das peças cerâmicas mais representativas daquilo que é actualmente produzido e comercializado no concelho;
> exposições de arte erótica e malandrices produzidas noutros materiais, incluindo produtos alimentares da gastronomia e confeitaria caldense;
> exposições e palestras dirigidas a públicos variados;
> acções de animação
> gastronomia.

Pela minha parte, estou a pensar fazer o 12º Encontra-a-Funda nas Caldas da Rainha, no fim de semana entre 13 e 15 de Novembro, aproveitando esta Mostra. Quem alinha ponha o dedo do meio no ar!

06 julho 2009

DiciOrdinário na Gazeta da Caldas

A primeira notícia que saíu em jornais foi na Gazeta da Caldas, no próprio dia do lançamento (sexta-feira, 3 de Julho):

Vai ser lançado o primeiro DiciOrdinário Ilustrado em Língua Portuguesa

Visita a página do «DiciOrdinário»“Porque ser ordinário não significa ser inculto.” É assim que os irreverentes membros do blogue “a funda são” apresentam o diciOrdinário ilustarado, um livro de humor erótico, cujo lançamento a nível nacional pela editora Occidentalis está previsto para hoje, 3 de Julho.
Os três autores do livro pertencem à equipa de «a funda São», o blog que se baseia na colecção de arte erótica de Paulo Moura, economista de Coimbra que está em negociações com a Câmara das Caldas para eventual doação do seu acervo para um futuro museu. Moura é também membro da caldense Confraria do Príapo.
O original dicionário explora os meandros do sexo com a inclusão de acepções e neologismos, muitos deles inventados pelos três autores, São Rosas, Raim e Gotinha, bem como de outros membros do blogue “a funda são”. Com o característico humor já conhecido do universo da blogosfera, onde o “a funda são” tem uma autêntica legião de assíduos leitores, a publicação em livro das muitas piadas do grupo de humoristas marca uma nova etapa na divulgação do trabalho destes bloggers.
Como os próprios explicam na página de apresentação do livro, “o DiciOrdinário é uma homenagem ao linguado português. Trata-se de um verdadeiro serviço púbico pois, já desde o tempo em que se phodia, muito tem sido escrito sobre o sexo oral mas pouco é dito sobre o sexo escrito. Eça é que é Eça. E não estamos aqui para engatar ninguém”.
Manuel Meisel

Tão lindo que ficou o DiciOrdinário numa página da Gazeta das Caldas!


Imagem que Vitor Domingos divulgou no Twitter