30 setembro 2014

PrevenSão Rodoviária

Postalinho do Butão

"Na aldeia de Chhimi Lhakhang existe um templo dedicado a Drukpa Kinley ou Divino Louco que é um Deus da Fertilidade. Em muitas casas do Butão, principalmente nos meios rurais, as pessoas pintam o símbolo fálico nas paredes das suas casas para terem muitos filhos.
Beijos e abraços da Daisy e do Alfredo"


Detalhe:


«triste melancolia do corpo nu» - Susana Duarte

quando amanhecer, não estarás aqui.
serás só a sombra inóspita dos corpos-
amantes de ontem. quando amanhecer,
serás a névoa que antecede a chuva,
e os trigais ceifados dos meus olhos.

na insólita melodia dos corpos-amantes,
ficas apenas enquanto o sol amadurece
as mãos, e os corpos se digladiam
sob o antecipado adeus. na triste
melancolia do corpo nú, antecedes
a manhã, e as chuvas de maio. quando
amanhecer, o teu corpo será o breve
traço de luz desenhado nos lagos.

quando amanhecer, procurarei por ti.
quando amanhecer, procurarás por mim.
mas teremos já partido para o lugar
onde as águas se movem, e o dia
recomeçará em cada um de nós,
insuspeito, inóspito como o deserto
de estarmos sós. quando amanhecer.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Jubileu do Crazy Horse de Paris

Medalha do jubileu do clube Crazy Horse de Paris 1951 - 1981.
Medalha do jubileu com a inscrição no verso: "On 19 de Maio de 1951, Alain Bernardin founded the Crazy Horse de Paris - souvenir of the Jubilee 1951 - 1981"

Uma peça histórica, a partir de agora na minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)







29 setembro 2014

Oui FM - «Censorship» (censura)

Postalinho do logótipo infeliz (ou feliz, conforme a perspectiva)

"É que até o rato de computador ajuda à festa!..."
Paulo M.


«pensamentos catatónicos (309)» - bagaço amarelo

Durante vários meses sentei-me à frente dela com o único objectivo de beber um copo. Às vezes mais do que um, outra vezes mais do que muitos. Nunca troquei com ela mais do que a informação necessária para conseguir o meu objectivo.

- Um Bushmills, por favor.

Talvez, num dia ou noutro e assim como quem não quer a coisa, tenha falado do estado do tempo, aproveitando o facto de estar molhado pela chuva ou suado pelo calor.

- Nunca se viu um calor assim.

Mais do que a voz, lembro-me do seu constante sorriso. Ela ainda falava menos do que eu e limitava-se a cumprir os meus pedidos com o máximo de competência possível. Nunca me pareceu feliz nem triste, o que fazia dela um enigma.
Era a empregada do meu sítio secreto, aquele onde eu ia beber quando queria trocar dois dedos de conversa comigo mesmo. Não é fácil encontrar um bar onde me sinta bem sozinho. Por isso mesmo, quando encontro um nunca o divulgo. Provavelmente ela via-me como um homem solitário e silencioso, se é que alguma vez pensou nisso.
Ontem fui lá e ela não estava. Atendeu-me um tipo simpático e conversador que me disse que ela está de férias. Só bebi um copo e voltei para casa.
Às vezes são as pessoas que não conhecemos bem nem queremos conhecer melhor que nos fazem falta.
Uma pessoa pode ser um vício. Era só isso.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Ah, as maravilhas da natureza

São lindas.



Capinaremos.com

28 setembro 2014

«Paradoxo» - Porta dos Fundos

Luís Gaspar lê «O deputado Morgado» de Natália Correia


«O acto sexual é para ter filhos» – disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS, João Morgado, num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia – em poema, publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano – fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:


Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
de cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! –
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

Natália Correia
(Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993 ) foi uma intelectual, poeta e deputada à Assembleia da República (1980-1991).
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Escort Nacional - uma nova oportunidade




Garantiu-me ontem à noite um passarinho que o Ministério da Educação vai implementar uma nova oportunidade para os estudantes. A mesma fonte assegurou-me que este apoio se destina a estudantes universitários para lhes garantir o desafogo financeiro necessário ao pagamento das propinas, de todos os materiais de estudo e da estadia, sob o nome provisório de Programa Escort Nacional.

Todos os candidatos de ambos de sexos que se queiram inscrever serão colocados numa residência do Escort Nacional, na localidade da universidade onde entraram e terão apenas de gastar algumas horas do dia ou da noite, num horário à sua escolha, durante os anos em que decorra o curso, para prestarem serviços de acompanhante erótico à comunidade, também qualificado como transmissão de conhecimentos a essa mesma comunidade no seguimento da cena da massagem tailandesa difundida pelo clássico filme Declínio do Império Americano, revertendo os lucros para a bolsa universitária de cada aderente a este Programa.

Este Programa Escort Nacional assume-se também como um investimento futuro pois caso os recém-licenciados não consigam emprego na área em que se especializaram têm uma formação alternativa que desde logo lhes garante emprego imediato.

Fogo de muito artifício



Via Capinaremos

27 setembro 2014

Tito & Tarantula - «After Dark»

Tito & Tarantula - After Dark (DJ Nejtrino & DJ Stranger Remix) from DJ Stranger on Vimeo.

«A Bina e o sexagenário» - por Rui Felício

Na Real República Rapó Taxo tive grandes amigos. Frequentava-a com frequência, muitas vezes para uns copos num anexo da vivenda transformado em adega, menos vezes para estudar com dois colegas que ali viviam.
Certo dia, estava o Guedes a contar à malta que o ouvia atentamente, que tinha engatado uma matrona na Alta que morava numa ruela por trás da Faculdade de Farmácia.
- Uma mulher na casa dos 40 anos, boa, matulona? – perguntou o Noronha.
- Sim, ela já é um bocado descriada, mas é boa, de carnes fartas – assentiu o Guedes.
- Chama-se Bina? – interpelou-o o Noronha, já desconfiado.
- Essa mesmo! Só me deixa lá ir da parte da manhã, que a gaja diz que à tarde tem de trabalhar e que à noite vai lá a casa um velho sexagenário que é quem a sustenta. De mim é que ela nunca levou um tostão. Mas como é que sabes?
- É que a mim ela só me deixa lá ir de tarde, porque de manhã tem um emprego e à noite tem um velho sexagenário que lhe vai dando uns cobres para a sua sobrevivência. Mas olha que a mesada que recebo lá de Mangualde quase nem chega para comer e por isso também nunca lhe dei nada. Além do meu corpo, claro!
As gargalhadas dos circunstantes estalaram e o Guedes e o Noronha não tiveram outro remédio senão admitirem, com risos amarelos, que andavam os dois a ser enganados pela Bina.
Mas um nosso colega houve que em vez de rir, tinha metido a cabeça entre as mãos e as lágrimas corriam-lhe pela cara. Era o Varela, rapaz bem parecido, um tanto ingénuo, caloiro chegado nesse ano a Coimbra vindo de Trás-Os-Montes.
- Eh pá, o que é que se passa. Estás doente? - perguntou um.
- Eu sou o dito sexagenário que vai lá à noite e que a sustenta - foi a resposta sussurrada do Varela...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido


Coco-de-mar, recordação das ilhas Seychelles

Espécie de coco que, com a casca exterior removida, faz lembrar umas ancas femininas.
A palmeira coco-de-mer é a planta dominante de Vallée de Mai, em Praslin, a segunda maior ilha das Seychelles. É uma curiosidade botânica, por ser a maior semente do mundo, mas também é um sucesso turístico pela sua forma. Enquanto as árvores femininas suportam as nozes - que crescem por cerca de sete anos antes de cair - as árvores masculinas desenvolvem tubos em forma fálica cravejados com delicadas flores amarelas que emitem um odor almiscarado.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


«o striptease das contas» - irmaolucia


Um sábado qualquer... - «Jesus - origens»

26 setembro 2014

«Dystopie de Corps Puisque» - filme de Jonatan Gyllenör

O autor informa:
"Filmado durante um dia, sem um guião. Nenhum animal foi prejudicado na realização deste filme. Os animais incluídos neste filme nunca chegaram perto de um corpo humano nu durante a produção deste filme."


Dystopie de Corps Puisque (2014) from Fennek Film on Vimeo.

Sarasvati


Sarasvati é a deusa hindu da sabedoria, das artes e da música e a shákti, que significa ao mesmo tempo poder e esposa, de Brahmã, o criador do mundo.
É a protetora dos artesãos, pintores, músicos, atores, escritores e artistas em geral. Ela também protege aqueles que buscam conhecimento, os estudantes, os professores, e tudo o que está relacionado com a eloquência, sendo representada como uma mulher muito bela, de pele branca como o leite, e a tocar sitar (um instrumento musical).

Via Kala Ksetram

«O fim do mundo» - João

"O mundo havia começado a acabar há alguns meses. O fim tinha começado com a perda do juízo das gentes, mas logo depois vieram as pragas, as epidemias, a falta do que comer e a revolta das águas. Pelo mundo fora, os vulcões dormentes tinham descoberto nova vida, a terra abanava-se e atirava tudo para toda a parte, abriam-se brechas no solo e as gentes viviam, quase todas pela primeira vez na vida, o mais absoluto pavor. O mundo havia começado a acabar quase sem aviso, e perdera-se muita gente de si mesma e dos outros, surgiram na pele os sinais da auto-preservação, cada um por si, poucos por todos, talvez nenhuns. As distâncias faziam-se imensas, já não se voava, dificilmente se fazia estrada, as mangueiras estavam ressequidas e os tolos que ainda tinham algum combustível procuravam vendê-lo por valores obscenos, como se houvesse ainda alguma coisa, como se lhes valesse ainda de algo, ter dinheiro no bolso. Como se não fossem morrer como todos os outros, na mesma data, ou quase. Quando o brilho no céu começou a ser evidente, o fim estava próximo, e ele abandonou a sua casa já muito danificada com uma mochila às costas, com alguma água e poucos víveres, e fez-se ao caminho. O que teriam sido poucos minutos num dia qualquer das suas vidas, agora eram horas e dias a caminhar, a fazer percursos longos, rendilhados, contornando bolsas de conflito, obstáculos intransponíveis, terras pestilentas. Seguia animado da sua memória, da sua face, da sua voz que lembrava bem, e apavorado, cheio de medo, que ao chegar lá, ela não existisse mais. Ou que tivesse partido para lugar incerto. Que se tivesse esquecido da face dele, da voz dele, das suas mãos. Pés doridos, pernas cansadas, o corpo a desfalecer, mas deu por si à porta dela. Era agora. O mundo havia começado a acabar há alguns meses, mas o mundo dele podia perfeitamente acabar logo ali, à distância de uma porta fechada.
Ouviu ranger no interior, e não precisou sequer bater-lhe. A porta abriu-se, devagarinho, e no meio de tanta morte a vida era a cara dela, que sorria e chorava ao mesmo tempo, pesadíssimas lágrimas tombando dos olhos ao vê-lo, e ele a cair-lhe aos pés, e ela a baixar-se, a ajoelhar-se ao lado dele, a tocar-lhe o rosto, a agarrá-lo, puxando-o para si, abraçando-se como quem se agarra à vida perante morte anunciada, e ele disse que tinham de ir embora, amor, que tinham de procurar refúgio, que o céu já brilhava, o fim vinha aí, estava próximo, que agarrasse as coisas dela, as que fossem essenciais, e que fossem os dois embora, depressa, que não sabia onde chegariam a pé, mas ali era perigoso ficar. E ela finalmente calma, de rosto tranquilo, e ele a insistir, “tens tudo o que precisas querida?”. Segurando-lhe o rosto entre as mãos, respondeu-lhe, “nunca ninguém tem tudo, meu amor, mas tenho-te a ti”."

João
Geografia das Curvas

Edu, você não se cansa?



Dançando sem César

25 setembro 2014

Queer Lisboa 18 - ainda a tempo...

Queer Lisboa 18 - Festival Internacional de Cinema Queer

19 a 27 Set. 2014

«O ninho 2» - Bernard Perroud



Bernard Perroud

Lote de 19 selos

Selos do Rwanda, Checoslováquia, S. Tomé e Príncipe, Roménia, Costa de Marfim, França, Dinamarca, República de San Marino,…
Juntam-se, a partir de agora, aos outros selos que já faziam parte da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)







Postalinho da Mealhada

"Quem passa pela Mealhada vindo da estrada do Luso, depara-se com um objecto muito interessante que se destaca imponente na linha do horizonte...


... e, visto de perto, é ainda mais imponente!"
Paulo M.


24 setembro 2014

Doentes com cancro imitam o video musical «Call on me» de Eric Prydz

Acabadinha de receber. Verdadeiro serviço público, ou púbico, ou assim...

Sexo Com Cultura É Outra Coisa...

Você sabia, que antigamente, na Inglaterra, as pessoas que não fossem da família real tinham que pedir autorização ao Rei para terem relações sexuais?
Por exemplo: quando as pessoas queriam ter filhos, tinham que pedir consentimento ao Rei, que, então, ao permitir o coito, mandava entregar-lhes uma placa que deveria ser pendurada na porta de casa com a frase ' Fornication Under Consent of the king'
(fornicação sob consentimento do rei)
= sigla F.U.C.K., daí a origem da palavra chula FUCK.

Já em Portugal, devido à baixa taxa de natalidade, as pessoas eram obrigadas a ter relações:
«Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo»
= sigla F.O.D.A., daí a origem da palavra FODA..

Por sua vez, quem fosse solteiro ou viúvo, tinha que ter na porta a frase:
«Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulação Temporária Auto-induzida»
 = sigla P.U.N.H.E.T.A.

Vivendo e aprendendo... A malta pode até dizer palavrões, mas com conhecimento e cultura é outra coisa! 

«conversa 2105» - bagaço amarelo

Ela - Tu assumes demasiado facilmente que tens uma namorada.
Eu - Demasiado facilmente?!
Ela - Sim. Eu perguntei-te se tinhas namorada e disseste logo que sim.
Eu - Querias que eu dissesse o quê?!
Ela - Não queria que dissesses nada, mas a maior parte dos homens, quando diz que tem, diz também que está numa fase má e que a coisa deve estar para acabar.
Eu - Eu não estou para acabar...
Ela - Mas se o disseres sempre abres a porta a um caso extraconjugal.
Eu - Ah! Por um lado não quero abrir essa porta, por outro não acredito que as mulheres sejam parvas ao ponto de irem nessa conversa da relação que está muito mal e prestes a acabar.
Ela - É claro que não são parvas a esse ponto, mas às vezes fingem que sim...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Eva portuguesa - «Já te disse?...»

Um dia decido e obrigo-te à minha presença.... Talvez assim consigas entender que por mais que o sol brilhe, sem ti nada tem brilho. Já te disse que na sombra da tua presença encontrei o mais belo dos sóis?
Ontem passei à porta daquele sítio onde nos conhecemos - sabes de qual falo, não sabes? Aquele em que esperava por ti à porta, ansiosa, semi-vestida? Só mesmo um ser superior me poderia deixar assim, rendida à beleza deste sentimento... Nada é assim tão forte nem tão belo se não tiver ajuda divina. Tão intenso que deve ser pecado... Esperei-te nesse mesmo sítio durante semanas mas tu não voltaste... E agora tudo está diferente... O bar lá por baixo parece vazio, abandonado.O jardim foi tomado pela vegetação que cresce sem regras nem cuidado. Assim como eu... Tenho cá para mim que essas ervas altas tapam as lágrimas que lá deitei por ti... Já te disse que cada lágrima solta secou um pouco o meu coração?
Hoje fui tomar café àquela esplanada onde partilhámos tantos segredos,onde trocámos risos e promessas, onde vimos o pôr do sol. Aquele sol que costumava brilhar no profundo dos teus olhos; grande, imenso; ofuscando a força das palavras, tornando-as supérfluas, pequeninas...
Já te disse que cada mentira que disseste matou um pouco a verdade em mim? E que com essas falsas verdades levaste também a minha crença, o meu sonho, a minha esperança. Já te disse?
Olho agora para a lua que me parece tímida, quando nem os nossos gritos de prazer e entrega a conseguiram envergonhar... Já te disse que até a lua está diferente desde que partiste?


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Quase sempre com natas...



23 setembro 2014

UNKLE - «Follow me Down»


UNKLE - Follow Me Down (feat. Sleepy Sun) from UNKLE on Vimeo.

Postalinho à janela

"Janela da fertilidade."
São P.

«morre-se. mas serão dela os dias inteiros.» - Susana Duarte

morre-se azul sob os escolhos de sal das (des)contruções
de areia. é no lugar das sementes, e dos sóis
verdes dos cabelos, que se morre azul.

com o sal das neblinas dos olhos, morre-se sombrio
ante as ondas submarinas do ventre, e escolhe-se
a vereda estranha dos dias salinos das lágrimas.
é no lugar delas que se morre, palavras
escorridas por entre as águas do peito.
são escuras, as palavras.
são claras, as palavras.

morre-se dentro delas, mar imprevisto de ondas alteradas.
morre-se. navega-se no sal dos cabelos, onde
o futuro é o olhar percorrido pelos dias
de antes.

morre-se. as ausências desmesuradas do sal
dos beijos são a morte silabada
dos dias.

os dias silabados serão sempre teus,
pequenos e intermitentes,
como a morte dos dedos.

mas serão dela, da mulher, os dias escritos com o sal-flor
das mãos inteiras.


Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Fichas de bordel do Império Romano?

Réplicas de 9 «Tesseras» ou «Spintrias» (spintria - prostituto, em latim), moedas ou fichas cuja utilização é desconhecida e sujeita a especulação.
Frente - casais em várias posições sexuais; verso - número romano (na minha colecção tenho as moedas I, II, III, IIII, V, VII, VIII, XII e XIIII, de uma série de I a XV). Alguns historiadores ligam estas fichas a um bordel, outros a um jogo, outros ainda a fichas de orientação num anfiteatro,…
As moedas alegadamente originais atingem preços exorbitantes. Mesmo estas reproduções não são baratas...

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)









22 setembro 2014

«Satisfy Yourself with Hunky Dorys» (satisfaz-te a ti próprio)

Postalinho das flores malcriadas

"Toma lá estes!"
Pedro Sarmento


«respostas a perguntas inexistentes (279)» - bagaço amarelo

Lembro-me da primeira vez que declarei Amor a uma mulher, que por acaso ainda não era mulher porque eu também ainda não era homem. Troquei-me todo nas palavras e nos movimentos, corei e gaguejei para no fim não conseguir dizer muito mais do que "gosto mais ou menos de ti!". O resultado, como poderão imaginar, não foi o melhor.
Quando somos crianças e nos apaixonamos pela primeira vez aprendemos que o Amor é uma barreira gigantesca entre aquilo que dizemos e aquilo que sentimos. Depois disso não aprendemos mais nada. Eu, pelo menos, não aprendi. Aos quarenta e dois ainda estou na mesma. Acho que é por isso que vou mantendo este blogue, para diminuir essa distância entre o que sinto e o que digo.
É uma verdade que os homens em geral não gostam de falar de Amor. Optam quase sempre por engoli-lo e andar com ele às voltas no estômago com uma impossível digestão. Tem uma certa lógica: são o sexo forte e falar de Amor fragiliza-os. Além disso, uma declaração de Amor é uma aposta total. Ou se ganha tudo ou se perde tudo.
Quando nos tornamos adultos a coisa muda um bocado, essencialmente por causa do sexo. Uma declaração de Amor não depende apenas do que se diz, mas também do corpo. Dois corpos podem aproximar-se lentamente um do outro sem se comprometerem tanto como se comprometem as palavras. Se a coisa funcionar, acaba em sexo. Se não funcionar, acaba em silêncio. Acaba bem ou menos bem. São as palavras as únicas que podem acabar mal.
De qualquer forma duma coisa tenho a certeza: é muito mais fácil dizer que se Ama depois do sexo. É por isso que, em caso de paixão, a primeira palavra deve ser um toque.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»