31 março 2015

Aula de HTML naturista


HTML Naturist from Exey Panteleev on Vimeo.

Assim estivessem os bancos...


Prazer tão intenso que quase se converte numa dívida de gratidão.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«escreverei à meia noite do poema» - Susana Duarte

escreverei à meia noite do poema,
onde se desfazem as pedras das calçadas
e os teus passos.

escolheste seguir as pedras de ontem,
e os caminhos levantaram o pó
dos teus passos.

escreverei à meia noite do poema,
onde o vento desfez a noite, ela própria
uma ave assustada ante a imensidão
do desejo.

morrem os corpos na espera,
enquanto a meia noite do poema se declina
na cor das cerejas.

é na confluência dos dedos
que se desocultam as noites dos corpos,
entidades desejantes, meia noite das vidas
nuas, encontro sobre o leito,
ventos-sul do peito,
quando a meia noite do poema
se escreve nas peles.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Mulher fauno ou sátiro a masturbar-se

Faunos (da mitologia romana) ou sátiros (da mitologia grega) são criaturas que possuíam um corpo meio humano, meio bode (neste caso, meio cabra).
Estatueta em resina, com 40 cm de comprimento, da minha colecção.





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30 março 2015

MeUndies - «365 dias em roupa interior»

«Jogo baixo» - João

"Começaste por te despir um pouco a medo. E a princípio mal olhavas para a minha nudez. Tentavas ignorar aquilo que estava visível, como se o meu corpo acabasse algures abaixo do umbigo, e um vazio transparente estabelecesse no éter a ligação entre as minhas pernas e o meu abdómen. Continuaste a despir-te um pouco a medo. Resoluto, puxei-te a blusa pelos braços, como quem não tem tempo a perder, e deitei-te sobre a barriga. Perante mim, o teu corpo, cruamente despido, deitado sobre a cama, esperando as minhas mãos.
Pensavas que algo tivesse mudado. Que algo fosse diferente. Pareceu-te um toque melhor. Enquanto percorria o teu corpo, de alto a baixo, ias soltando exclamações mudas. Recordo-me de observar as tuas pernas cruzadas ao nível dos tornozelos, como que a manter alguma compostura, a evitar dar ou mostrar mais do que fosse para ti estritamente necessário ou confortável naquele instante. Um certo pudor que insistias em manter, para nunca sentires que tinhas ido demasiado longe. Ou talvez para te controlares. Não mo disseste. Eu não to perguntei. Era acessório.
Mas as minhas mãos não eram acessórias. Eram orquestra. Flutuavam, outras vezes pesavam. Movimentos bem coordenados que te relaxavam e davam prazer. E os teus tornozelos foram-se afastando. Primeiro com relutância, depois com uma paz maior, um suspiro, um silêncio pontualmente cortado por murmúrios. As minhas mãos deliciavam-se nas tuas costas. Banhavam-se nas tuas coxas, passavam a escassos milímetros da tua cona, e talvez isso fosse para ti uma espécie de tortura, ou apenas parte de um jogo excitante, onde a ausência de uma tensão natural de quem se vai foder sempre intensifica as outras sensações tácteis. Porque ali ninguém se ia foder. E o tacto era tudo. E o que havia para sentir eram todas as milhentas explosões neuronais quando a ponta de um dedo toca um milímetro quadrado do corpo do outro. Sem exigência, sem expectativa, sem opressão nem obrigação. Não havia competição nem honra em jogo. Nem tu tinhas de provar ter a melhor cona do mundo, nem eu o mais hábil caralho. Tudo isso estava amplamente coberto pelas regras. E as regras definiam a ausência da foda que se castiga frenética em corpos suados.
Mas então passei por cima do teu corpo e encostei-me a ti, um pouco em cima, um pouco de lado, cobrindo as tuas costas, passeando a minha mão entre o topo das tuas coxas e as tuas axilas, demorando-me no contorno do teu seio. O meu ventre tocava as tuas nádegas, que começaste a ondular, a menear, a simular uma foda que não estava a acontecer. Não uma foda clássica, de quem se penetra ou deixa penetrar. Um sexo imaginado, de corpos juntos que imaginam estar a foder-se. O meu caralho ia de encontro ao topo das tuas nádegas, e elas vinham de encontro a mim, oscilando ficámos por momentos, controlando a ténue fronteira da resistência e de até onde se quer ir.
Acusaste-me de jogo sujo. De jogo baixo. De te apanhar sem preparo, numa posição a que resistes tão pouco, quando um corpo te toca assim, por trás, despertando em ti a fantasia de uma submissão, de quem é preso e não tem fuga senão sucumbir ao prazer que o sexo te dá. O jogo sujo fez-se de joelhos afastados, quando por fim as tuas pernas eram ponte entre as duas margens da cama, quando finalmente me convidas a conhecer o interior da tua carne, quando me pedes que te faça vir. Sem contemplações. E sem palavras directas, também. Por sinais. Por perguntas. Por insinuações que num acesso de profícuo discurso nada mais queriam dizer senão “quero vir-me contigo”.
Puta. Elogiei. Que deliciosamente puta, a minha. Puta do corpo manobrado sem receios, sem complexos, nenhuma reserva. Querias prazer e eu dei-to. Os meus dedos galgaram para dentro de ti, e ora entravam e saiam, ora esfregavam vigorosamente o teu clitóris, e as tuas mãos juntavam-se às minhas, orientando, forçando. Olhava-te numa luz ténue, mas reveladora. Observava o teu corpo. O humedecimento abundante da tua cona, as tuas costas que arqueando te faziam relevo dunar que muda com o vento, a cara que viravas para um lado ou para o outro, numa expressão de êxtase que nada tentaste esconder. Puta minha. Pensei. Que deliciosamente puta, como te quero assim, como ela se vem, como ela gosta de se vir. Neste momento no tempo, neste pedaço de linha em que nos cruzamos, posso dizer que és uma puta louca para mim. E tudo isso, pareceu-me então, era singular. É singular.
Não tenho palavras nem teria como as ter para descrever o teu orgasmo. Talvez seja redutor, demasiado simplista, dizer que foi bom. Talvez precisasse de adjectivos mais fortes, ou de algum novo léxico. Talvez um multifacetado e simples “foda-se!” servisse para descrevê-lo. Ou então, quem sabe, talvez fossem necessários vários parágrafos para reduzir a escrito as coisas que sentiste quando por fim te vieste e logo depois tanto mais. Estavas ruborizada. Cansada. Exausta. A tua face não escondia o prazer. E, depois disso, eis que a tua cona se encosta à minha perna e nela se esfrega. Haviamos esgotado os créditos de prazer partilhado para aquele momento. As regras não permitiam nada mais. E, por causa disso, enquanto te esfregavas na minha perna, para me excitar ainda mais, como se disso precisasse, fiz eu o que tinha a fazer a mim próprio, até jorrar abundantemente, escorrendo, pingando nos teus lençóis, pensando “deliciosa”. E gizando novas regras, para o novo mundo que o sol nascente traria."


João
Geografia das Curvas

E depois não digam que a Brigada de Trânsito da GNR não tem paciência

- Ó senhor Guarda, eu não encontro a minha carta de condução...
- Como assim, minha senhora? Tem a certeza de que a carta de condução não está no porta-luvas?
- Digo-lhe, senhor Guarda, que já vi por três vezes no porta-luvas e não encontro a carta de condução...
- Veja bem mais uma vez, minha Senhora, tenho a certeza que está aí. Leve o tempo que quiser!


A noite toda



Capinaremos.com

29 março 2015

Flesh Fantasia


FLESH FANTASIA film and music by Peter Coukis from Peters Murphy Coukis on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Outra coisa» de Mário Cesariny


Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te perder-te desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa

dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras

lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto

pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato

Mário Cesariny
Mário Cesariny de Vasconcelos GCL (Lisboa, 9 de Agosto de 1923 — Lisboa, 26 de Novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

A força da terra


Um cabelo à Beatle do ano do seu nascimento, loirinho e de olho azul, marcava a diferença numa região de morenos e batia nas vistas de qualquer uma quer fosse no balcão dos cafés quer fosse nos bailes semanais da festa de cada lugar das redondezas metidas entre pinheiros e serras.

A fama precedia-o no boca a boca de ser namoradeiro, com uma rapariga em cada terra para evitar confusões maiores e resumir as suas incursões às horas da noite de um baile que no mais do tempo era vê-lo a cavalgar a sua zundapp verde ou lá que marca era aquela gaita.

Choquei com ele nos encontrões do balcão de madeira à cata da cerveja saída directamente dos bidões azuis de plástico atascados de pedaços de gelo e reparei que também escolhia Super Bock. Voltei para junto do meu grupo de veraneio a escutar o leilão de mais uma garrafa de ginjinha e um pão de ló oferta da dona Maria das Dores, espiando a forma como ele entreabria os lábios ao levar a garrafa à boca salpicado pelas imagens daquele que eu deixara em Lisboa, o oficial para a família e amigos no ror de quase dois anos que já era uma nebulosa o big bang dessa paixão quando nisto o conjunto voltou ao palco para mimar os primeiros acordes do Don't Stand So Close To Me e ele se acercou felinamente com os olhos a luzir na noite para pedir-me para dançar e eu disse logo que sim. Tinha de tirar a limpo se os loiros o eram no corpo todo.


[Foto © jose ferreira, 2008, Auto retrato]

E depois os publicitários é que são uns exagerados...

Eu não tinha um orgasmo há mais de 24 horas. Produzi quantidades obscenas de meita. Himalaias de langonha. Qual geiser de nhanha.

Patife
@FF_Patife no Twitter

28 março 2015

«James Bond Burlesque» - Monsieur Romeo & Lada Nikolska

«O sedutor do shopping» - por Rui Felício

Passeava no Vasco da Gama, no Parque das Nações, como em tantos outros sábados. Por ali deambulava sem norte, sem motivo, apenas porque nada tinha para fazer, porque nenhum outro sitio tinha para onde ir, porque nenhuma companhia a levava a nenhures...
Na rotina daquele passeio sem nexo, um inesperado lampejo despertou os seus sentidos. Olhou-o longamente sem que ele a visse. Por fora da montra lindamente enfeitada, observou-o, sereno, belo, atraente, junto ao balcão.
Voltou lá nos dias seguintes. Só para ver aquele lindo moreno que cada vez mais a enlouquecia. Era uma mulher decidida. Havia de tê-lo! Mas por enquanto continha-se. Ainda não chegara a altura...
Quem reparasse bem nela, perceberia o seu olhar de gulosa, o seu mal disfarçado e intenso desejo de o ter só para ela.
Interrogava-se a si mesma como pudera perder a paz desde que o viu pela primeira vez.
Entrou na loja por duas vezes só para o ver mais de perto, só para poder, de forma casual e disfarçada, aproximar-me dele, quem sabe tocar-lhe com o braço, com os dedos...
Agora não tinha dúvidas! Estava apaixonada por ele. Cheio, corpulento, moreno, como ela gostava...
Ela sabia que há por aí muito preconceito quanto à cor. Mas ela não esconde que prefere os mais escuros aos mais brancos...
Escolheu finalmente o dia de hoje para levar avante a sua decisão de o ter.
A adrenalina fazia-lhe correr o sangue nas veias a uma velocidade estonteante. O coração batia desordenadamente, a boca entreaberta aspirava o oxigénio que lhe ia faltando. Encheu-se de coragem e dirigiu-se à loja...
Mas...
Olhou e viu-o a ser acariciado por uma sorridente e elegante rapariga que lhe tocava com uma intimidade que ela julgava impensável num lugar público como aquele.
Que decepção!
Deu meia volta. Constrangida, os olhos marejados de lágrimas, cheia de raiva, arrasada por tê-lo visto nas mãos de outra.
Já em casa chorou... Desabafou para as paredes... Culpou-se mil vezes por não se ter decidido mais cedo..
Não iria poder tocar-lhe, acariciá-lo, despi-lo das suas vestes exóticas. Não iria poder comê-lo!
Por fim, conformou-se. Perdeu aquele lindo, moreno, grande e único Ovo da Páscoa que enfeitava o balcão da loja de chocolates!
Paciência !

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

"Amar, amar há ir e voltar"

Placa com gravura de casal a velejar... pela minha colecção.


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«Amador, o masoquista – Profissa» - Adão Iturrusgarai


27 março 2015

Movement - «Ivory»


Movement | Ivory from DIVISION on Vimeo.

...Até ti

Tacteio o caminho às escuras, no ponto de partida para um caminho feito incógnita cheia de pontos de interrogação. Avanço com os pés bem assentes no chão, cauteloso. Um passo atrás e dois adiante, como dizem melhor. Desconfiado, receoso pelos inúmeros esconderijos possíveis no meio da escuridão, da ignorância acerca da pretensão de quem surja nos cruzamentos.
A hesitação em todos os momentos abalados na coerência pela força da evidência que o raciocínio inventou, os olhos como bode expiatório inocente por pouco ou nada conseguirem ver assim. Às cegas naquele troço do caminho até um ponto indeterminado, um sonho acordado que se confunde com uma miragem no espaço desconhecido, no tempo desprovido de luz.
A penumbra de uma madrugada prestes a expulsar pelo sol que insiste nascer a cada dia que passa, em passo acelerado e sem vontade abrandar. Deixar o tempo passar e acender um cigarro com o isqueiro que explode num clarão. Sombras desenhadas naquele chão mais tangível, iluminado e por instantes visível enquanto solo firme para pisar. Monstros e fantasmas, assombrações alucinadas pelo efeito devastador de uma qualquer obsessão. Desenhadas as sombras naquele chão, ilustrados os medos patéticos de equívocos hipotéticos que podem até nem existir naquele dia tão prestes a surgir sem pressas. Podem ser fruto de uma relação incestuosa entre a cabeça temerosa e o coração bravio.
Uma vela de curto pavio que se transforma no rastilho para uma explosão de emoções quando o vento que a apaga provém de respirações ofegantes de clandestinos amantes na tela da imaginação.
Em cada descoberta o impacto de uma revelação, mais um troço percorrido a direito rumo a um destino incerto, a travessia do deserto humedecida pelo desejo à solta no som da folhagem agitada no oásis a surgir no horizonte cada vez menos distante na realidade como na percepção.
A surpresa e o encanto quando o sol começa a nascer e o dia não tarda em romper os laços com a madrugada que lhe compete expulsar. A luz que permite desvendar mistérios, os pontos de referência agora visíveis à distância num futuro não planeado à partida para aquela estrada que percorro agora quase a correr…

«Try Green instead» - João

"Eu não li os livros e ainda não vi o filme. Refiro-me à trilogia dos tons de cinzento entre Mr. Grey e Miss Steele, e posso assegurar que não tenciono ler os livros, mas espero ver o filme. Tendo eu visto vários filmes em adolescente nas tardes da televisão pública e até alguns filmes de qualidade questionável no cinema, não me cairá nada ao chão se vir este filme, quanto mais não seja para efeitos de argumentação. O que me faz escrever sobre isto não é tanto o burburinho (ou a ansiedade que levou tantas mulheres jovens a comprar bilhetes com grande antecipação e até porventura com acrescida lubrificação vaginal) que se gerou em torno do filme há algumas semanas quando estreou, mas sim a forma como eu interpreto esse mesmo burburinho ou, de outro modo, o desejo por ver em imagem o que a escrita havia levado à imaginação.

Mesmo sem ter lido os livros, o enredo não me é inteiramente desconhecido. Não sei descrever as diversas cenas escritas nas muitas páginas, mas estou a par de que envolve uma sexualidade que se distancia bastante da reprodutiva em posição de missionário e que tem uma boa dose de exercício de controlo e submissão. Diria mesmo, kinky. E não consigo deixar de alternar entre o bocejo e um leve sorriso quando penso nisso, porque diria que quem anda a ler esta geografia há tempo suficiente, tem aqui foda da boa que lhes dispensaria ler as façanhas de Grey e Steele, mas sobretudo fico a pensar que o sucesso que a história desses dois tem é o reflexo do muito mau sexo que se pratica. Gente a foder bem não poderia interessar-se menos por Grey e Steele. Julgo entender, do que fui lendo, ouvindo, conversando, ao longo destas semanas, que um ingrediente basilar do sucesso da história é o exercício do controlo. A clássica cena de foder contra a parede, de um homem determinado e seguro que sabe o que está a fazer e sem piedade alguma, por muito gaja que a gaja seja, a atira contra a parede, segura os pulsos – acima da cabeça ou atrás das costas – e a fode como se não houvesse amanhã.

De certo modo este meu divagar de hoje é mais dirigido aos homens e nem tanto às mulheres. As mulheres podem ser muito fortes. Podem ser muito seguras de si, podem ter o nariz tão empinado que tudo quanto consigam ver seja a Ursa Maior, podem ser as gajas mais fodilhonas ou por oposição as mais castas, mas no fim do dia, quando os minutos se somam, querem ser dominadas, querem sentir a força de um macho que as empurra contra a parede, para cima de uma cama, e as fode bem. Com gosto. Querem ser privadas de alguns sentidos para benefício de outros, aceitam sentir-se dominadas, presas pelos pulsos, pelos tornozelos, aceitam ou suspiram por alguma dor. E sucessos de historietas como as de Grey e Steele demonstram que as mulheres não estão ser bem fodidas. Estão só a ser fodidas. O que não é a mesma coisa nem tem sequer grande piada. Os jogos de controlo, o gato e o rato, a submissão que é mais consentida que imposta, é necessária. É preciso saber fazer? Certamente. Estou inteiramente convencido de que há homens que se atirarem as suas mulheres contra a parede não conseguirão mais senão magoá-las, sem que as suas conas produzam uma única gota, porque nisto das paredes e do controlo, não é a força que conta, e não é para todos. É uma coisa que não se explica e ou se tem, ou se fica a querer ter. A química é fodida, e conta muito nestas coisas – e uma das críticas ao filme que mais encontro é a falta dela entre os protagonistas -, e pode ser a diferença entre tentativas de submissão que só resultam em sofrimento, ou fodas loucas que asseguram uma contagem de orgasmos e um desabafo de “já chega, vem-te por favor”.

É, enfim, isto o que penso. Que com tanta coisa já escrita mas talvez mais densa, o sucesso de Grey e Steele pode estar numa sexualidade má, ou reprimida, que uma escrita acessível inquieta e demonstra que as mulheres querem mais do que aquilo que os homens estão a dar. Devem soar os alarmes e não olhar para o sucesso literário e cinematográfico como um entretenimento passageiro. A trilogia de Grey não é a trilogia Matrix. A trilogia Matrix fodia-nos a cabeça. A trilogia Grey diz-nos que temos de foder mais as conas. E fodê-las bem."


João
Geografia das Curvas

«Recursos escassos» - Shut up, Cláudia!




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26 março 2015

Penetrados


PENETRADOS (Full perfomance) from Nanouk Films on Vimeo.

«delírio erótico» - Licínia Girão

«Prelude» (Prelúdio) - Victor Seremet, Roménia,
acrílico sobre tela - colecção
de arte erótica «a funda São»
deleito os teus beijos
agasalho a alma
no aconchego do teu regaço
serva luz
demente escuridão
silêncio no teu rosto
paz nas tuas mãos
orvalho quente
madrugada de paixão
lágrimas cristalinas de felicidade
arco íris extasiados
vertiginosos de desejo
entrelaçados nos corpos ardentes
morangos doces planeiam
em vagas revoltas de marés calmas
entra o sol em meu peito
arrastando o cantar dos búzios
pelas praias do desejo
teu corpo ávido de segredos
em meus dedos cai

sou liberdade
mas
sem ti
não sou livre

Licínia Girão

Estudante de Coimbra com capa que tapa um segredo

Boneco de cordel tradicional das Caldas da Rainha.
Oferta da malta do Bairro Norton de Matos (Coimbra) na visita à colecção em 14-11-2010.



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A virgem



Testosterona

24 março 2015

«Corta»


Cut It from dmitrybocharov on Vimeo.

Estamos fornicados!


Gostava de perceber porque é que um termo tão grandioso, tão bíblico, tão adequado como "fornicação" caiu em desuso.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«onde te escondes, quando a noite cerca as sombras» - Susana Duarte

onde te escondes, quando a noite cerca as sombras
e as desfaz, tornando-as nébulas no olhar, e densidade
negra por sobre as espáduas e o ventre?

onde te escondes, sempre que a noite vigia os incómodos
sussurros dos amantes, mitigados pelo raiar da lua que, sobre
os corpos, se declina em invulgares contornos, de corpos
redondos e interstícios onde as peles se não encontram?

onde quer que estejas, és o olhar que se estende sobre os dedos
que movo no ar, incógnitos bailados do pensamento,

onde tanto se diz, por entre aquilo que se procura.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Estatueta de um pénis em tronco de madeira esculpido à mão

"Esculpido com a mão por A. Silva - arTESÃO. Modelo original do próprio. Março de 1999 - escala 1:1".
O Antonino Silva apareceu numa manhã fria de fim de Inverno em minha casa, com esta prenda: "Ia pôr um tronco na lareira e apercebi-me de que tinha uma forma interessante. Passei a noite toda a escavá-lo com um canivete".



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23 março 2015

ITAIPAVA - «O Verão é nosso»







Postalinhos de Moura

Antes de mais, quero agradecer à São o seu convite para poder contribuir neste extraordinário blogue.
Um beijo...

A minha primeira contribuição: Dois postalinhos, bem fresquinhos.


Na minha terra de adopção, molejas são algo mais que pitéus de vitela.
Digamos que, algumas se lhes apalpam as molejas podem afincar um bom pontapé nas molejas do apalpador.


 Neste caso, considero que a autarquia não tinha nada que mudar o nome à rua.

«À chuva» - João

"Tu dirias que chover a potes é um understatement. A tempestade abateu-se sobre este local, a chuva era tão forte e tão grossa, que mais do que pingos de água pareciam jactos, era quase cortante, e os salpicos passavam bem acima dos nossos joelhos. O teu cabelo colado à cara, encharcado, a trovoada a destruir os céus negros, a tua roupa colada ao corpo, alguma dela já muito transparente, e lace, sempre lace. A chuva escorria-nos das mãos, dos braços estendidos ao longo do corpo. A respiração apressada, os nossos peitos a encher e a esvaziar com sofreguidão, da corrida, da pressa, e agora um metro a separar-nos, os olhos nos olhos, e a chuva a mergulhar-nos os pés, piores que enfiados numa banheira, que esta era água fria e não existiam toalhas turcas. Só o tecido frio. A pele fria, arrepiada, e um abraço que rebenta forte como os trovões que se ouviam há tanto, agarrados na rua, debaixo da chuva, e eu ao teu ouvido, suponho que isto faz de nós românticos…."

João
Geografia das Curvas

Postalinho da ria de Aveiro

"As tentações de Santo António"
Daisy Moreirinhas



Rotinas matinais



Capinaremos.com

22 março 2015

Isto sim, é uma curta-metragem!


Everweek Project | Week06 | NSFW from André Holzmeister on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Contei Primaveras» de Fernando Reis Luís


Já contei muitas primaveras
E outras tantas translações
Repetindo os poros do firmamento
Para fazer as noites e os dias
No corpo transitório
Registado nos sulcos do lenho
Do meu eixo polar

Já cantei a algumas das suas flores
E ao verde das folhas
E às pétalas de todas as cores
Fazendo o palco das íris
E os muitos olhares e desejos
Despertados no cio das primaveras
Pelas encostas viçosas da serra

Levo comigo o cheiro das rosas bravas
E as feridas de alguns acúleos
Para relembrar momentos ambíguos
Das montanhas doces e silvestres
Onde ainda nascem alguns frutos
E alguns pirilampos difusos
Para marcar o caminho na noite

(Poema retirado do livro “Nos socalcos da Serra”, de Fernando Reis Luís e com ilustrações de Leando Lamas Ermida. Ed. arandis)

Fernando Reis Luís
Nasceu em Monchique. Licenciado em Gestão Bancária, foi professor, bancário, delegado da Proteção Civil e deputado à Assembleia de República.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Arqueologia do pijama



O meu pai interroga-se sobre a escassez de pijamas com bolsos. Não sei se lhe diga que agora as mulheres guardam os preservativos à beira da cama.


[Foto © Nuno Faria, 2008, New]

Ordem unida

Aposto que a militar que comi ontem pensa em mim sempre que o coronel grita “destroçar!”, tal a forma como lhe deixei a peida destroçada.

Patife
@FF_Patife no Twitter

21 março 2015

«Para evitar o sexo aborrecido, venha inspirar-se»

Duas fotos publicitárias do TOCHKA-G - Museu de Arte Erótica de Moscovo.

Uma campanha descoberta por EmZe.



«Pedro e Inês» - por Rui Felício

Volto ao grupo de teatro amador que pontificou no velho Clube Recreativo do Calhabé e cujos encómios serão sempre insuficientes.
Desta vez, a peça “A Castro”, de António Ferreira, cujo enredo é por demais conhecido de todos e por isso dispensável referir-lhe os pormenores, que agora não vêm ao caso.
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O Sr. Alberto Bastos desempenhava o papel de D. Pedro e a D. Inês de Castro era uma miúda curvilínea, atraente e bonita da Fonte da Cheira, bem composta de carnes, sedutora.
Corria uma cena em que estavam em palco apenas estas duas personagens, sob uma luz ténue e difusa, e um cenário onde se distinguiam, distantes, umas belas árvores e um regato de água límpida, na Quinta das Lágrimas.
Circunstâncias ideais e apropriadas para um ambiente de grande intimidade e romantismo, como sucedia em toda a peça, mas que atingia o auge naquele momento único em que os dois amantes ficavam a sós.
Indiferentes à trama da Corte, obcecados apenas pelo seu grande amor que acabaria em tragédia.
O D. Pedro estava vestido com uma fatiota, alugada no Pícalo da Rua das Figueirinhas, de que se destacavam umas calças brancas muito justas, coladas ao corpo, denunciando todos os mais pequenos contornos, reentrâncias e saliências do corpo viril do actor.
A D. Inês sentada num cadeirão, esperando ansiosa pelo seu amante, estava com um vestido cheio de folhos, sobressaindo um generoso decote por onde pareciam querer saltar uns alvos, fartos, generosos, palpitantes e belos seios que as luzes da teia ajudavam a destacar.
O D. Pedro ( Sr. Alberto Bastos ) quanto mais olhava e se aproximava daquela beleza ao alcance das suas mãos, mais misturava os dizeres e trejeitos decorados durante os ensaios com o carnal desejo que aquela visão feminina lhe despontava.
Encafuado na caixa do palco, o ponto bem lhe sussurrava as deixas, cada vez mais audíveis na plateia, mas as preocupações dele eram outras.
O actor juntava as pernas, unia os joelhos, dobrava-se e encolhia-se corcovado como quem está cheio de vontade de urinar, tentando disfarçar o indisfarçável incómodo que a vestimenta começava a exibir. Parecia aleijadinho...
Mas o problema não era a vontade de urinar!
O que o actor tentava a todo o custo era ocultar a inesperada, exuberante e firme erecção que dele se apoderou e que as calças justas já não permitiam esconder, por mais esforços que fizesse.

A D. Inês apercebendo-se da situação, não conseguiu evitar que uma gargalhada incontida lhe saísse da garganta ecoando pela sala que, por sua vez, explodiu num riso generalizado e incontrolado acompanhado dos mais díspares comentários que aqui me dispenso de enunciar.

Vejam como uma peça de grande intensidade dramática se pode transformar em tragicomédia.

Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Mão querida, mão querida…

Pequeno anel em prata 835 com uma mão a segurar num pénis.
Mais um anel a juntar-se às jóias da minha colecção.

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«Vergonha de publicar» - Adão Iturrusgarai


20 março 2015

mestres...

da manipulaSão
Raim on Facebook

Chico Buarque - «Tatuagem»

Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é para te dar coragem
Para seguir viagem
Quando a noite vem...
E também para me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...




Imagina tu

Imagina um amor tão forte que consegue eliminar o segredo, não deixando à mercê da sorte, do ciúme que não passa de um medo, o futuro talhado agora pela determinação com que bate o teu coração agitado pela energia de mil beijos já dados e outros tantos ainda por dar.
Tenta ao menos acreditar que é viável essa entrega incondicional, que é possível renegar o mal expurgando dessa ligação a indecência de julgares excluída a cedência como um elemento fulcral para o amor que pretendas imortal, ignorante daquilo que só quem experimentou saberá explicar.
Talvez consigas apanhar melhor a ideia se eliminares em ti a barreira de pressupostos, se deixares cair os preconceitos que te levam a desdenhar a emoção que não consegues sentir como a descrevem os que sabem de que é feito afinal o amor de que falas porque ouviste contá-lo assim.
Talvez não comeces pelo fim os amores que matas à nascença por impores a desconfiança ou o silêncio comprometedor que inquina, o segredo, transformando cada passo numa mina potencial. Concentra-te no essencial, no objectivo comum em que dois não são a soma de uns mas antes o resultado de um amor que é moldado em função das características que não podes querer anular no outro que tratas como teu.
Procura o caminho para o céu garantido como contrapartida por abraçares um amor para toda a vida, mesmo que receies e tentes proteger a tua resistência contra a agressão como sentes cada desilusão que às tantas podia ser evitada se tivesses essa barreira construída por forma a não impedir esse amor de atingir a fasquia que acreditas ser a ideal.
Desiste de fingir, não é bom, não é normal, uma vontade que não consegues reunir de tão armadilhada pela tua tendência arriscada para o faz de conta, a suspeita que se levanta quando entras em contradição porque não ofereces o coração sem a tutela da cabeça.
Não deixes que isso te impeça de correres o risco que vale a pena, a paixão prolongada pela confiança depositada em quem corresponda ao teu esforço, ao teu empenho, numa relação alheia ao engano que a possa trair.
Alia a esse amor a amizade que pode unir as pontas soltas que vais deixando no coração, a dada desgosto, a cada traição como encaras todas as vezes em que te deparas com algo que pretendeste abafar, a verdade que acaba por ficar à superfície da pessoa que quiseste mudar em função das tuas exigências, sem admitires quaisquer cedências ou compromissos reais que fazem parte do respeito que também entra na equação na hora de acertar as agulhas a dois.

Imagina um amor tão forte que não possa jamais ficar exposto à mentira que o corrói, à cobardia que tanto dói quando revelada pela indiscrição de um simples lapso ou de um nome muitas vezes repetido durante um sonho que partilhas, sem querer, com o amante acordado a quem tentaste esconder essa tua hesitação que um amor a sério, eterno, encaixaria no perdão ou na sua persistência, na sua infinita resistência contra as pequenas fissuras que urge reparar com a frontalidade que te possa poupar à imagem que tanto rejeitas mas acabas por assumir.

Decide de uma vez para onde queres partir em cada viagem, reúne toda a coragem necessária para poderes mudar a história triste que insistes em reescrever sempre igual enquanto sentes o tempo a passar rumo ao final das hipóteses de viveres uma experiência que poderá um dia deitar-se ao teu lado sem que o percebas e siga o seu caminho.

Até ao dia em que pouses o olhar envelhecido nesse tempo mal perdido e te reste imaginar aquilo que podia ter sido se te imaginasses, nessa altura, agora, num dia de sorte, um amor tão forte, tão bom de sentir, que nem a tua alma esquiva consiga desmentir.

«Nocturnamente» - João

"No tecto da sala existe uma roldana. Para quem entra e sai, de visita, serve para suster um vaso que dela pende, com uma planta decorativa. Durante o dia, é uma sala como qualquer outra, com o sofá, os armários, toda a tecnologia de recuar no tempo e ver coisas que a televisão mostra, a mesa e as cadeiras, cortinados, as paredes pintadas ao nosso gosto, com as cores de que gostamos, e a planta decorativa. E a roldana no tecto. Mas depois chega a noite, e com a noite as sombras dominam a luz, ficamos misturados numa penumbra saborosa onde trocamos faíscas, das mãos nas mãos, das mãos em toda a parte. E a pobre planta decorativa é descida e colocada à parte. E a corda que pende da roldana embrulha-se nos teus pulsos que sobem unidos acima, bem acima, da tua cabeça. Nua, de pé, quase em pontas – e eu com ponta, bem o sentes -, a corda na minha mão, que puxo gentilmente, o teu corpo em tensão, em tesão, e quanto mais gemes, mais eu puxo, e quanto mais me pedes que te foda, mais eu puxo, até prender a corda, deixar-te esticada, naquele limiar de dor que conhecemos, e enquanto te amparo o corpo com as mãos nas tuas mamas, enquanto acaricio os teus mamilos, deixo-me entrar de caralho em cona por trás, beijando-te o pescoço, beijando-te os braços esticados, dizendo-te ao ouvido palavras que apenas tu percebes, que só eu posso dizer. No tecto existe uma roldana. Normalmente há um vaso e uma planta. Nocturnamente há amor e foda."

João
Geografia das Curvas

«Não abusem dos lubrificantes»- Shut up, Cláudia!




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19 março 2015

Catarina Furtado diz o poema «Em todas as ruas te encontro» de Mário Cesariny

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny, in "Pena Capital"



«Instantes»- Um programa de interpretação de poesia da RTP em 1996. Uma ideia de Hermínio Monteiro, Margarida Gil e Nuno Artur Silva.

Geoff Mcfetridgetridge - «Some Girls» (algumas raparigas)



Via mon ami Bernard Perroud

Kama-Sutra medicinal

Folhetos de 1973 do laboratório F. Hoffmann - La Roche & Cie. SA de propaganda médica a um medicamento para a fertilidade masculina.
Oferta da São P. para a colecção. "São folhetos de laboratórios que mandavam aos médicos. Foram enviados em 1973 para a minha Mãe. Desculpa a pobreza da oferta mas lembrei-me logo de ti". Uma riqueza!

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)