30 novembro 2014

O imoral Sr. Teas

The Immoral Mr. Teas (Russ Meyer, 1959), Teaser from Troy Bordun on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Vem» de Lou Alma


Vem construir felicidades
no segredo dos entendimentos
Vem com tuas mãos
tocar a música
que só tu consegues retirar
do meu corpo.
Vem trocar as voltas ao vento,
calar as ondas do mar!
Finge-te Deus
dum destino
que só a nós cabe ditar.
Saudade doi!
A dor do silêncio,
a distância…
o tormento dum corpo calado.
A orquestra que espera
O reinicio da sinfonia…
A sintonia
de quem domou as tempestades

Calamos vaidades
Sabemos a_mar

Lou Alma
(Poema inserido ao abrigo do direito dos inscritos na Loja da Raposa, poderem propor para declamação um poema seu ou de um autor preferido)
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Camiliano



Àquela hora da manhã não sei que raio de impulso de nossa senhora dos aflitos me deu para largar a bica e me levantar a interpor-me entre o murro certeiro do grandalhão e a cara dele. Talvez a quase certeza de que os homens não batem numa mulher a não ser no recato doméstico sem audiências, mas adiante.

Ele agradeceu-me polidamente com um novo café e fiz das tripas coração para não lhe berrar que a mim gajo nenhum paga coisa alguma. E ele lá foi abrindo as suas asas de deputado desterrado para a capital e circundado de gente por todos os lados, com propostas de acção, de negócio e de troca de favores a abarrotar-lhe os dias. Nem lhe faltava sexo mesmo, para depois lhe pedirem um emprego melhor, para si ou alguém da família, ou um jeitinho para despachar uma licença na câmara junto daquele gajo que ele até conhecia. E tanto mais que choviam gajas a colarem-se com o corpinho todo pelo prazer de depois passearem o seu estatuto pelo braço. Às vezes até gastava umas notas valentes com meninas de preço tabelado só para escolher  o que pagava, à sua maneira.

Recolhi os instintos de o despir e de lhe apaziguar as mágoas com muita transpiração numa confusão de sexos na boca e mãos cravadas em nádegas e, até da magia de fazer crescer uma pila dentro de mim em toques sincronizados e espasmódicos de vagina porque ele não precisava de uma foda mas de um par de orelhas meigas e amorosas que lhe espantasse a solidão dos dias.



Postalinho «a do meu vizinho é que hera»



28 novembro 2014

Postalinho doce

"Encontrei este biscoito peculiar que gostava de partilhar com vocês.
Foi numa pastelaria em Bragança."
João Moreno Pinto

Se o Rafael soubesse...

Haviam de ver a gaja que passou agora por mim. O meu bordalo já estava maior que um pinheiro.

Patife
@FF_Patife no Twitter

«Música em mim» - João

"Há sons altos, porventura muito altos mas menos que os sons nos nossos olhares, e há luzes, são brilhantes, pulsam, e ainda assim pulsam menos que os corações e os nossos corpos. Tu tens um copo na mão e eu também, a custo, e estamos os dois colados numa pista de dança apinhada, tão apinhada que nos parece vazia porque só ajuda, só empurra, só nos cola mais, aproxima a um mesmo espaço, comprimidos, tu e eu, e a tua boca já se cola ao meu ouvido e diz-me “vamos sair daqui”, e as minhas mãos seguram-te, e os nossos corpos estão quentes, estão suados, e eu mordo-te ligeiramente a orelha e só pergunto que queres fazer comigo, que queres fazer comigo doutora? E o som continua alto, e toda a gente se mexe, e há mãos no ar, há vibrações no ar, gente a dançar em cima de colunas, luzes coloridas, e tu na confusão a meter a mão nas minhas calças, e o meu caralho a dançar contigo, e o teu rabo nas minhas mãos, e tu a insistir, que vamos sair daqui, vamos sair daqui que te fodo e não quero que te venhas no meio desta gente toda, porque te quero só para mim, só quero que te venhas sozinho comigo, não te partilho, não te entrego, não deixo ninguém entrar nas nossas cabeças, vamos sair daqui, que quero o teu caralho a entrar fundo na minha cona, e estou tão molhada João, estou a escorrer João, tira-me este copo da mão e agarra-me depressa, puxa-me pela mão e leva-me daqui para fora, para onde me possas encostar a uma parede qualquer, que eu já nem quero saber, e estamos os dois tão surdos e com tanta tesão, abram alas, e as gentes que se apinham na pista separam-se como as águas, e nós a fugir a pé seco, a largar as bebidas sem olhar a onde, e a correr dali, ora eu à frente, ora tu, um a puxar o outro pela mão, tu quase a tropeçar nos saltos altos e eu que te amparo e apalpo com gosto e ainda te digo que vais gostar, porque te vou foder, porque me vais foder bem, e os sons altos ficam mais longe e nós enfiamo-nos no escuro do carro e não dá mais, e tu saltas para cima de mim e dizes-me foda-se, que bom que isto é, João, que bom que isto é, e os vidros perdem a pouco e pouco a nitidez, até começarem a escorrer, como nós, até nos atirarmos de rastos encostados às portas, a ofegar, a dizer que isto não pode ser assim, foda-se pá, foda-se, não arranques ainda, vem cá, vem cá que ainda tenho música em mim…"
João
Geografia das Curvas

«Olha... byte!...»- Shut up, Cláudia!




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27 novembro 2014

A FODA COMO ELA É - Pugnette La Redoute

(Andei perdido uns meses pela América do Sul, estando agora de regresso ao Portugal, como dizem os emigrantes. Se estais curiosos, eis tudo o que precisais de saber: a América do Sul é um continente governado por uma chusma de déspotas infantilóides, reinando sobre hordas de labregos alienados e flatulentos - excesso de milho e feijão na dieta - cujo carácter oscila entre a bovinidade e extrema violência; tudo enquadrado por uma vertigem de beleza natural e excesso de fruta tropical. Não existe uma alheira num raio de 8000km. Não vão lá)

-"Oh, sim, brinca com as bolas, brinca" - nheca nheca nheca nheca nheca
Toda a homenagem costuma ser póstuma. Já se sabe que raras vezes se faz o elogio formal do homenageado em vida e plena actividade. Este caso não foge à regra e muito me entristece que haja caído nas abissais gretas da nossa lembrança e gratidão. Foda-se! - antes tarde que nunca. E quantos de uma inteira geração não devem boa parte da sua educação sexual às últimas páginas dessa bênção por correspondência, que foi a revista La Redoute? Quanta sarapitola e pasmo com os factos da vida à pala daquelas moças sem curvas nem sal, mas em cuecas e, como tal, fonte acessível de carne explícita para olhos ávidos de jovens punheteiros, imersos no impenetrável mistério da foda juvenil?... Milhões de punhos adolescentes se agitaram, em colectiva auto-descoberta peristáltica alimentada pela mesma fonte bibliográfica que nos trazia as malhas pelo Natal. Muito do que é hoje o Portugal sexual foi erigido lendo nos entrefolhos das últimas páginas da La Redoute. Como tal, pondo-me em hirta homenagem e batendo-lhe... continência, fica o panegírico esgalhado à sua saúde.

Postalinho do Nepal (5)

"Templo Pashupatinath em Bahktapur.
Património Mundial da Humanidade."
Daisy Moreirinhas





Lote de 7 notas e 6 moedas com motivos eróticos

A arte erótica também toca por vezes na pornografia. Nestes casos, na pornografia do dinheiro... humanizando-o... dentro do possível.


Um grande amigo meu, o Betes, visitou um dia a colecção e disse-me que tinha uma "nota" de um dólar que encontraram escondida na mesa de cabeceira do falecido avô. E ofereceu-ma. Aqui está:



Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

Postalinho de Tróia

26 novembro 2014

Dança do Sr. Peida


Booty dance from Cyril Helnwein on Vimeo.

Bocage à brasileira

Olás...

Oh, Coisa Boa!


Juntem um pau tesudo
E a espessa secreção da vagina mais vistosa.
Em segundos  todo enrijecido,
Indo ao caminho do orgasmo.

Na boca, um entra e sai desvairado,
Espermas num frenesi sem igual.
Passo-te as mãos, tocando-te,
Com a língua te provo, muda.

De joelhos, imploro-te,
Fode-me, sempre, como agora
Feitos animais no cio, sem demora.

Engole um  pau a macia boca,
É assim que se devora,
O tesão que nos bate à  porta...

Agora!

Postalinho da Estónia (2)

"Loja de bonecas de Talinn"
JCI


Desfolhada



25 novembro 2014

Daisy


Daisy from Agathe Bray-B on Vimeo.

Postalinho do Nepal (4)

"Templo Pashupatinath em Bahktapur.
Património Mundial da Humanidade."
Daisy Moreirinhas





«Asas» - Susana Duarte

partiste,
e ficaste no recanto escuro
do teu próprio inferno
sem asas.

não ouses voltar
a tirar, das flores,
as pétalas.

não ouses roubar
as asas das borboletas.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

«Chupar não mata» e «Chupar relaxa»

Lote de 4 pacotes de chupa-chupas.
Uma campanha corajosa (e de certa forma polémica), há cerca de 15 anos, da marca «Chupa-Chups».
Adoro publicidade... e há tanta, na minha colecção...

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


24 novembro 2014

«Não chove, não lavo!» - conservação da natureza

detido no aeroporto


Raim on Facebook

Postalinho do Nepal (3)

"Templo Pashupatinath em Bahktapur.
Património Mundial da Humanidade."
Daisy Moreirinhas





«coisas que fascinam (173)» - bagaço amarelo

O Amor morre sempre ao mesmo tempo que a saudade que temos de quem Amamos. Quando deixamos de sentir falta de alguém, então não estamos apaixonados de facto. Podemos fingir que sim, até por uma questão de conforto, mas o Amor morninho nunca será igual ao Amor a sério.
Isto é uma merda, porque a saudade morre por causa do próprio Amor. É ele que nos impele a matá-la a cada momento da nossa vida, sem perceber que se está a matar a si mesmo.
Agora, desde que me apaixonei pela última vez, mantenho a saudade sempre nos seus níveis máximos. É, muito provavelmente, das coisas mais difíceis de se conseguir fazer mas, fazendo-o, mantém-se o Amor vivo. A vida também.
Manter a saudade significa, ao mesmo tempo, manter a individualidade e alguma distância. Viver para além do meu próprio Amor, para que ele não se transforme em mim mesmo e morra sem que eu me dê conta.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Como pegar o sabonete na prisão



Capinaremos.com

23 novembro 2014

«Flagra» - Porta-Curtas

Luís Gaspar lê «Paradigmas de uma folha de papel em branco» de António MR Martins


Deixei-te uma folha de papel viva
repartida por entre pedaços de mim,
com a nossa maior palavra cativa
e um suave cheirinho a jasmim.

Folha num sobrescrito inserida,
restando-se dobrada em três partes,
ficou outra palavra esquecida!…
Amor novo de múltiplos encartes.

No fundo desse invisível texto
coordenado pela sabedoria,
sendo instituído nesse contexto.

Entre o silêncio veio a ousadia,
êxtase para simular um pretexto…
de te enviar um beijo à revelia!…

António MR Martins
(Poema lido no âmbito do direito dos inscritos na Loja da Raposa, à publicação de um poema do próprio ou de um seu poeta favorito)
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

A vida sexual dos ácaros



Poderíamos pensar que os ácaros são uns fetichistas por gastarem tanto do seu tempo a introduzirem-se nas nossas camas sub-repticiamente para, de mansinho, se encostarem às escamas da nossa pele, fingir que nos acariciam e sugar-nos todinhos. Até parece aquela gaja ou aquele gajo lá do trabalho que de mansinho roda à nossa volta com sorrisos concupiscentes e palmadinhas nas costas e beijinhos de chegada e de partida só para nos sacar algo melindroso que possa vomitar no colo dos superiores.

E remexendo a questão até poderíamos supor que são uns coprófagos por nos encherem os colchões e almofadas com os seus excrementos, só para nos encherem de coceira, tal como os seus primos carraças fazem aos cães.

Contudo, a vida sexual dos ácaros caracteriza-se por uma proliferação do incesto e do abuso de crianças capaz de lhes entupir os tribunais se eles os tivessem e, de lhes encher as prisões pela dificuldade de colocar pulseiras electrónicas em seres de uns 300 mícrons.

A coisa passa-se assim: o bebé ácaro macho permanece no conforto do lar materno calmamente à espera que lhe nasça uma irmã e nessa hora feliz até dispensa os seus préstimos à mãe para ajudar no nascimento e logo que a bebé fêmea vê a luz do dia, acopla-se a ela com toda a força. Por tradição a recém-nascida detesta este costume de boas-vindas e foge a voar para longe dali ficando o menino junto de sua mãe, à espera de uma nova irmã.





Dio Vayne - «Pause» (Pausa)