28 agosto 2013

polícia divulga...

"arma" apreendida na sede do grupo FEMEN
Raim on Facebook

«Enquanto não houver amanhã» - João

"Parecerá que fomos arrastados. Dirão que não há mais, que tudo se fechou, que não corre mais. Hão-de encolher os ombros e dizer que foi vento, que foi coisa de crianças, brinquedos e imperadores, risos de um Verão antecipado, inconsequências e inconsciências. Enquanto não houver amanhã será como se as linhas que divergem jamais se cruzassem como outrora. Será como se as esquinas já nada escondessem. Dirão da pele que está seca, da manteiga que está fria e dura, do calor que arrefeceu. Dirão muita coisa. Mas saberão muito pouco.

O que há para lá da esquina? Há alguma coisa? Há. Há sempre alguma coisa para lá da esquina. Do outro lado da esquina estou eu. Depois da curva, estou eu. Ao contornar a tormenta, estou eu. Enquanto não há amanhã, segura-te firme, segura-te forte. Um. Outro. Enquanto não houver amanhã haverá fuga. Haverá ausência. Ocultação. Gente escondida atrás dos quilómetros e do horizonte. Um. Outro. Enquanto não houver amanhã restará semente, memória, saudade. Como os corpos que aprendem a andar de bicicleta e nunca mais esquecem, gente que aprende a ler e nunca mais consegue impedir a formação de sílabas, gotas que escorrem e nunca mais conseguem travar-se.

Enquanto não houver amanhã, não te percas. Não me perca eu. Não se esqueçam os imperadores nem o largo, os paralelepípedos escuros das ruelas, e a falta de juízo que afinal era a matemática simples do dois mais dois. Enquanto não houver amanhã haverá silêncio, e travão às letras, às palavras, às frases e parágrafos, as linhas que parecem vazias de acção, que parecem conversa barata e cansativa. Enquanto não houver amanhã, é como se o mundo não nos tivesse sobre ele. Será saber que nunca fica tudo em palavras. Que nunca se consegue dizer tudo, escrever tudo, que há sempre um problema, uma limitação, uma possível interpretação, que nada substitui o abraço e o olhar, o toque, a presença. Mas amanhã, amanhã as palavras não farão falta."

João
Geografia das Curvas

Postalinhos da Austrália - 1

"Aqui tens um bonito postalinho de uma noiva.
É uma foto minha tirada na Austrália em Fevereiro de 2010.
Um beijo à Sãozita."
Alfredo

«conversa 2010» - bagaço amarelo

Ela - Tenho quarenta anos e ainda ando à procura da minha alma gémea. Tu, ao menos, já encontraste a tua.
Eu - Não encontrei nada.
Ela - Não?! Pensava que tu e a Raquel...
Eu - Sendo muito sincero, nunca quis encontrar a minha alma gémea. Para quê?! Ia eu apaixonar-me por uma alma idêntica à minha?! Que grande seca! O que sempre procurei no Amor, foi encontrar uma alma diferente pela qual me apaixonasse.
Ela - Arranjas sempre forma de me confundir.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Enche a queca» - o Amigo de Alex


Montagem d'O Amigo de Alex

27 agosto 2013

Postalinho gastronómico algarvio

"Este restaurante em Portimão serve filetes quê?!"
Paulo M.


Escultural


 © Maurizio-Cattelan

«Procura» - Susana Duarte

encontro-te nas luas azuis
de todas as marés do meu corpo,
e em todas as marés, encontro as noites
perfumadas de mirtilos. encontro-te

em cada onda que morre e em cada maré viva.

és, de todas as praias, a mais rubra
manhã dos meus olhos quando, em cada movimento,
ondulas seiva e me respiras.

encontro-te onde as frutas
me perfumam com a luz dos teus olhos,

e o azul-maré-recanto dos teus olhos, é a vida
que me cresce dentro e ilumina as veias
onde navegas. Mais não somos, senão ondulações
das letras
com que escrevemos o futuro

sobre o qual caminhamos.



Susana Duarte
(palavras e foto)
Blog Terra de Encanto

Cleide Contessa - «Bordel»

Cleide Contessa (Itália)
«bordello» ou «cat-house» - acrílico sobre madeira, com moldura em madeira dourada
Único exemplar da série erótica «l'impero delle donne» (o império das mulheres)
50x100
"il mio quadro ha un valore affettivo che non ha prezzo... l'ho realizzato in seguito ad una esperienza bruttissima della mia vita... voglio venderla perchè voglio chiudere col mio passato... voglio dimenticare ciò che è stato...
Questa opera é stata quotata in euro 1700 ,00 (millesettecento/00 )."
Cleide Contessa
Alberighi art

Já convidei a Cleide para visitar o seu quadro na minha colecção, quando esta tiver o seu espaço de exposição permanente.









26 agosto 2013

Durex - «Protect Yourself» (protege-te a ti mesmo)


Pub Durex (Protégez-vous) por Spi0n

«pensamentos catatónicos (295)» - bagaço amarelo

rosé

Os portugueses em geral detestam o vinho rosé. Inventaram-no, mas não o bebem, e dizem-no com orgulho. Tive uma namorada que me olhava de lado sempre que eu me servia um copo de rosé.

- Isso não é vinho! - tugia ela.

Eu gosto de rosé. Na verdade, posso dizer que adoro rosé. O rosé é o melhor de dois mundos: o mundo do tinto e o mundo do branco. Aliás, sempre que eu abria uma garrafa de rosé, ela abria uma de tinto ou de branco. Os dois bebíamos como se, naquele preciso momento, houvesse uma enorme cratera a separar-nos. Eu, sempre com a sensação que tinha mais mundo do que ela.
Namorámos, sei lá... talvez uns três meses. Quando ela se foi embora apertou-me a mão. Deu-me um passou bem, por assim dizer, e segredou-me que devia ter adivinhado que não podia ter uma relação com um homem que bebia rosé.
Perguntei-lhe se não me dava um abraço de despedida. Que não, respondeu ela. Os abraços dão-se quando existe Amor. Fiquei fodido. Vi-a fechar a portar de casa e, pela janela, afastar-se lentamente até se diluir no horizonte.
Os abraços dão-se quando são precisos, pensei. Eu precisava dum abraço. É esta mania das purezas que me revolta. Abraços puros, Amores puros e vinhos puros. Eu queria um abraço, mesmo que não tivesse a pureza do Amor. Precisava dele. O rosé, por exemplo, não é puro. Mas sabe bem...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «A Bela do Bairro» de Fernando Assis Pacheco

Ela era muito bonita e benza-a Deus
muito puta que era sempre à espera
dos pagantes à janela do rés-do-chão
mas eu teso e pior que isso néscio desses amores
tenho o quê? quinze anos
tenho o quê uns olhos com que a vejo
que se debruçava mostrando os peitos
que a amei como se ama unicamente
uma vez um colo branco e até as jóias
que ela punha eram luzentes semelhando estrelas
eu bato o passeio à hora certa e amo-a
de cabelo solto e tudo não parece
senão o céu afinal um pechisbeque
ainda agora as minhas narinas fremem
turva-se o coração desmantelado
amando-a amei-a tanto e sem vergonha
oh pecar assim de jaquetão sport e um cigarro
nos queixos a admiração que eu fazia
entre a malta não é para esquecer nem lá ao fundo
como então puxo as abas da farpela
lentamente caminho para ela
a chuva cai miúda
e benza-a Deus que bonita e que puta
e que desvelos a gente
gastava em frente do amor

Fernando Assis Pacheco
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Fraqueza



Safadinho…

Capinaremos.com

25 agosto 2013

«Eloi & Biel» (trailer)


Eloi & Biel - Trailer from Noel A. on Vimeo.

Versão não censurada aqui.

Quinta-feira




Quinta-feira é noite de ir às putas desde que a carta de condução lhe deu acesso àquela estrada que elas enchem de cor e alegria e muito brilho. É um dia mais sossegado que os de fim de semana e ninguém desconfia ou pelo menos a sua mãe que nem nota que o seu menino mais novo já tem uns cabelos grisalhos e tal como as crianças julgam que os seus pais não têm sexo é sabido que as mães pensam o mesmo dos filhos à sua guarda.

Na timidez da primeira vez num sábado de sol a pino as raparigas cercaram-no de atenções como uma travessa de salgadinhos cheirosos por acabarem de sair da frigideira a piscarem-lhe o olho para uma trincadela até que uma mais ousada esticou uma mão toda no seu sexo e massajou-lhe umas sensações inauditas como se o quisesse a ele para uma abébia ganhando a decisão imediata de a seguir. Usava chinelas verdes de salto alto a conferir-lhe uma bambolear sensual das nádegas em cada passada e quando atirou com a blusa e a saia ostentando uns bicos espetados e muito castanhos e um triângulo de pêlo fofinho como o da gata lá de casa o ceguinho ergueu-se logo como se os testículos fossem saltos altos. Nas flexões que se seguiram até lhe escorrer o desejo as chinelas brilhavam no verde da relva no encadeamento da cara dela que avisou prontamente não poder beijar sendo desde aí fácil a contabilidade de uma vida de muito esperma derramado e nem um linguado para amostra.

Quando chega o verão nem a condução o distrai da curvatura de umas pernas a chinelar desde o saliente calcanhar até ao ressalto do rabo e se o zingarelho começa a espreguiçar-se encosta logo à berma que é um cidadão cumpridor.



Ilusão de rabóptica


22 agosto 2013

Hoje ultrapassámos os 3 milhões de visitas!


Mamocas animadas


BOOBIES from Rug Burn on Vimeo.

Garfo Sofre

Homem enfiou garfo de 10 centímetros no pénis
Um homem de 70 anos foi operado, no hospital de Camberra, Austrália, para remover um garfo que tinha inserido na sua uretra. O homem procurava alcançar "gratificação sexual". Os médicos conseguirem remover o talher através do uso de uma pinça e de uma "abundante" quantidade de lubrificantes, enquanto o paciente se encontrava debaixo de anestésicos. O homem de 70 anos saiu sem lesões no pénis e regressou a casa após a intervenção médica.
 
Com 70 anos ainda se entretinha a fazer experiências... arre macho!!

Postalinho de uma pedreira em Estremoz

Enviado pela Carla Cristo


"Provem os nossos bolos..."

Crica para veres toda a história
Pastelaria sexual


1 página

21 agosto 2013

«Raspas» - João

"Suja-me, amor. Suja-te. Deixa colar a tua roupa e a minha aos corpos, como se numa sauna, escorrendo os corpos no calor que criamos. Quero ver os teus cabelos colados ao corpo, quero ver-te pingar de mim quando estivermos exaustos, mas sobretudo quero ver-te de manhã, quero contagiar-me com o teu riso, quero cruzar as minhas pernas nas tuas, apertar-te com força. E dormir. Podemos dormir, amor?
Andamos todos à procura da melhor coisa da vida. A melhor coisa da vida. Chamem-lhe o que quiserem. Pode ter muitas formas. Pode ser dormir, amor. Pode ser paz, pode ser prazer, pode ser um proverbial pinar. No essencial, é amor. A melhor coisa da vida é o amor, e o amor é felicidade. Todos querem ser felizes, e isso é bom. Transformar pequenos instantes. É parte de amar, e de ser feliz.
A felicidade, parece, vem em raspas. Como as de limão, ou de laranja. Não sei se a felicidade é coisa para os nossos corações aguentarem em permanência. Mas gostava. Cobre-me de raspas, amor. De limão. De laranja. De ti. Cobre-me de ti. És narrativa. És prosa. A poesia e a prosa para mim são iguais, são histórias, mas eu prefiro a prosa. Tu és um comboio de momentos que não acabam, és a sequência das letras que me jorram dos dedos, os pequenos filmes que me alimentam, que fazem de mim vivo. Cobre-me de raspas, amor. E suja-me. Suja-te."

João
Geografia das Curvas

«Profissão de descasque rápido» - o Amigo de Alex


Montagem d'O Amigo de Alex

20 agosto 2013

Língua de trapos

Não adianta vestir de pudor as palavras se o olhar estiver completamente nu.

«Faltas-me» - Susana Duarte





e, a cada dia que passa, sinto-te a falta, aurora azul

das magias que partilhamos, sabedoras das aves raras
sobre cujas asas voamos, quando a cúmplice e eterna
noite, nos encoraja a ir além de nós e dos cumes de neve
onde choram saudades antigas e o amor se torna leve.
___________________faltas-me____________________


Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

A dançarina de flamenco

Esta campainha de balcão, em resina, é um «recuerdo de España» e veio de França.
As pernas da sevilhana, com as cuecas para baixo e mostrando as suas partes íntimas, fazem de badalo.
Mais um miminho da minha colecção.





19 agosto 2013

«Wacoal mood bust-up» - as iludências aparudem

«pensamentos catatónicos (294)» - bagaço amarelo

Às vezes guardamos aquilo que sentimos dentro de nós como se fossemos um frasco de vidro. As tristezas, as alegrias, os Amores e desAmores, que para todos os efeitos habitam dentro de nós em permanente desconforto, estão latentes.
É por isso que evitamos chorar à frente dos outros. É também por isso que hesitamos em assumir que Amamos alguém. Por algum motivo que ninguém explica, mas todos nós compreendemos, sabemos que as emoções são uma fragilidade. De uma maneira ou de outra, talvez o Amor seja mesmo a maior fragilidade de todas. Aquela que faz de nós uma embalagem com as setinhas a indicar para que lado temos que estar virados para não quebrarmos.
Quebrar, como está escrito em alguns vidros, só em caso de urgência. É quando choramos, sorrimos ou gritamos pelo que está dentro de nós.
De Istambul trago muitas recordações. Algumas doces, outras nem por isso. Mas, agora que estou aqui sentado em casa numa manhã primaveril, só me pergunto como estará a mulher com quem me cruzei há uns dias atrás, numa estação qualquer do tram. Percebi que ela estava em dificuldade para entrar no cais.
O Istambulcard que ela passava no leitor automático dava erro e alguns passageiros, turistas na sua maioria, davam sinais de nervosismo e protestavam em línguas diversas. Voltei atrás, passei o meu passe na entrada dela e a passagem abriu como se fosse uma ampulheta a iniciar a contagem do tempo.
Reparei, por uns segundos, que ela estava a chorar. Nervosa, limpou os olhos com as mãos e só depois é que me agradeceu. Com um sorriso, porque percebeu que também eu não falava turco. Os nossos olhares tornaram a tocar-se quando ela entrou no primeiro tram e, ao afastar-se, me disse adeus com as mãos. Somos todos iguais.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»