Ela vive, respira, sorri e segue... no caminho
cujo fim não se adivinha,
talvez por não se saber,
talvez por ninguém querer!
Mas segue,
que é essa a função de ser
definição eterna das coisas,
enquanto houver uma sombra
sem terra negra por cima ...
e após haver uma sombra
com terra negra por cima!
Ela ouve os segredos sem som
na carne do Universo
e canta a fonte da Vida ...
e bebe a imensidão dos abismos…
e cala a percepção das palavras adultas,
para sorrir a maré na boca das crianças…
e dá,
e recebe a dádiva...
e oferece a aceitação !
Ela respira o orvalho das pétalas viçosas,
nem que seja cruel a presença do espinho !...
Ela, a eterna dançarina do efémero
de Vinícius,
que já de luso e universal classicismo
dói e não se sente ! ...
Ela, a eternamente não-dimensionada,
dos cabelos longos ou negros,
crespos ou ruivos,
curtos ou lisos!
Ela,
o poema infinito da sua nudez sublime
que se perpetua adentro qualquer roupa,
com qualquer forma e quaisquer palavras ...
por quaisquer palavras!
Ela, a desenhadora de visões
que obriga à existência
de páginas bidimensionadas que jornais
dão de si,
ou de moda,
ou por novidade fútil
no segundo prato da refeição material
de cada Ele linear ...
Ela é quem Faz,
Ela é quem Gera ...
Ela é quem É ! ...
Ela,
a própria capacidade
espiritual definível
de encarnação
em essência Mónada,
etopeia do inconfessável,
a quem se dá o que se tem,
porque só assim se tem,
na reciprocidade do Mútuo ...
Ela, razão da reprodução,
semi-razão da Vida,
é Grande,
é Bela,
é Real
é Importante…
porque ela é Amor …