I
A piça e os colhões assinalados,
Entre as pernas da gente lusitana
Por ceroulas e calças abafados,
São a delícia e a cobiça de uma dama.
E, em perigos e orgasmos esforçados,
Mais do que permitia a força humana,
Entre gente remota lá mostraram
Os abortos e desgostos que formaram.
II
E, também as quecas deliciosas
Daqueles reis que foram dilatando
O ventre das damas viciosas,
Que em Portugal andaram devastando...
E aqueles que, por obras valorosas,
Se vão e se vêm, ejaculando!
Cantando pinarei em toda a parte
Se, para isso, o meu nabo tiver arte.
III
Cessem do sábio grego e do troiano
As gajas boas que paparam,
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama de paneleiros de que gozaram,
Que eu canto o belo pito lusitano
Por quem Neptuno e Marte se entesaram.
Cesse tudo o que a merda da História canta,
Que outra piroca mais alto se alevanta.
IV
E vós, putas minhas do Bairrado,
Tendes em mim um novo nabo ardente
Que, por vezes em camisa e apertado,
Vos penetra por trás e pela frente.
Dai-me agora um valor alto, sublimado,
Pois é raro haver um nabo tão corrente
Que vos espete e vos ordene
Que não o unteis com nenhum creme!
V
E vós, monos da segurança,
Que às putas cortais a liberdade,
Dai-lhes, ao menos, a esperança
De poder dar o pito à Humanidade.
E vós, homens de mão na lança
(Mania fatal na vossa idade)
Postos no mundo e na vizinhança
Que só se vêem putas e panões, cá na cidade...
VI
E vós, ó tenro ramo florescente
Por muitas fêmeas cobiçado,
Sois o perigo mais corrente:
Velho ou novo sois usado.
Vêde nas cuecas bem latente
Uma amostra e um selo lá deixado
Que, numa batalha convulsa, aí deixou
E, pela escarpa penedia, mel deitou!
VII
E vós, moços do nosso império,
Que da era moderna sois o primeiro
Já sois conhecido no hemisfério
Como o povo que só fode por dinheiro.
Mas, deixai ao meu critério,
Que ainda há muito cavalheiro
Bem trajado e bem mantido
Que para a queca não tem jeito – está fodido!
VIII
Mas vereis o amor nas putas não movido
Quando fode um coxo ou encolhido.
E, prémio vil, mais alto e quase eterno
Mas que torna qualquer nome conhecido,
É mandar foder o pai paterno
E depois andar, de cú erguido,
A julgar que não há nada mais excelente
Do que dar o cú a toda a gente.
IX
Olhai vós, meninos de façanhas
Que tendes dinheiro, quantias fabulosas,
Vestidos das maneiras mais estranhas.
Vêde as meninas desejosas
De ter entre as pernas, nas entranhas,
Umas sonhadas mocas poderosas
Que excedam a de um gigante verdadeiro
E lhes tapem o buraco por inteiro.
X
Por estes vos direi que os não quero
Pois não prestam à Nação qualquer serviço.
São piores que o corno do Homero
Que cegou de tanto olhar para o toutiço.
E, assim, vai vivendo aos gritos esta gente,
Triste mocidade de nabo pendente,
Arrastando a sua dor dentro de casa
Enquanto andam aí conas em brasa!
XI
Ouvi bem, moradores do Continente,
Gente do Pólo e outros que o vento
Trás do caralho o valor de forte gente:
Nunca tireis do coito o pensamento!
Fazeio-o bastante mas discretamente:
O padre e o monge no convento,
E, nos cinco cantos do mundo, os humanos,
Como o faziam, outrora, os Romanos.
XII
E foi-lhes, bem sabeis, por César concedido
Um poder tão singelo e tão pequeno
De foder à canzana e ser comido
Pelo nabo dos Germanos bem ameno,
Pois, contra o chicote lusitano tão temido,
Nunca o viram tão caudaloso como o Reno.
E tanto tempo andaram perdidos
Que, se não fosse Pompeu, estavam fodidos!
XIII
E, no nosso tempo, no nosso planeta,
No nosso Portugal, um canto escondido,
País de tesos, de tipos sem cheta,
Quem não fode está fodido:
Seja coxo, corcunda, maneta,
Bombeiro, polícia ou bandido,
A cópula tem por chavão
E até o Papa nos fode mesmo sem ter tesão.
XIV
E, para resumo da história,
Ouvi, homens e mulheres, este conceito:
Nem Aquiles nem Ulisses tem memória
Qual a forma a que o coito tem direito,
Mas fui eu, Camões, para glória,
Quem o disse bem alto e a meu jeito:
A cona é um grito, uma chamada,
E o caralho um sinal de arrancada!
(há mais... para quem
pedir com jeitinho à São Rosas)