23 março 2007
22 março 2007
Escultura do olhar
(Foto © JR, Axis of Symmetry)
Esquadrinhar-me era o seu passatempo favorito e de cortinas afastadas avaliava o meu corpo despido. Traçava a bissectriz das minhas curvas com o indicador levantado a focar a perspectiva e ajeitava-me as mamas como se o calor das suas mãos e o frio da saliva da sua língua compusessem o modelo perfeito.
Media o ângulo exacto do desenho dos meus pêlos púbicos, pintava-os de espuma e depois, em gestos precisos removia-os até nada mais restar que um risco vertical que aplainava a cuspo em pinceladas de língua. Lavava a ponta dos dedos na minha furna enquanto eu lhe enchia os godés das orelhas de água com enzimas e era impossível não estremecer ao contacto do seu escopro latejante nas minhas virilhas.
A intensidade do sol baixava no horizonte enquanto ele prensava o seu corpo contra o meu numa técnica de colagem dos poros mas queixava-se que sem luz nada mais podia fazer e eu, numa recta definida em que lhe agarrei o cinzel e comprimi mais as suas nádegas contra mim, aleguei que não transformasse o momento numa norma da TLEBS já que até de olhos fechados podia vir acabar a pintura, espremendo até à medula a arte que tinha em si.
Sanctorum
Livro polémico: Jesus Cristo a masturbar-se está a causar polémica no país vizinho.
Aqui está o portfolio "Sanctorum" de Jam Montoya.
21 março 2007
É a Primavera, os passarinhos chilreiam!
Dia 25 de Março acertem os vossos relógios:
Já agora, para não serem só homens:
Puppetry of the Penis - Live at the Forum
aninhados pela Fresquinha
20 março 2007
Jan Saudek - fotógrafo e pintor
que se lhe possa chamar amor"
Jan Saudek
Comprei o livro «Saudek» da Taschen, que recomendo.
19 março 2007
Chamamento - por Encandescente
Lembro-me daquele dia em que nos encontrámos, tu estavas num extremo da cidade, eu no outro. Tu esperavas-me impaciente, e chamavas-me e dizias: Vem.
E eu levava tanto amor nas mãos que caíu um pouco nas pedras da calçada que eu pisava firmemente. Porque tinha pressa, e a minha pressa eras tu.
E as pedras ficaram tão brilhantes que luziram como pérolas, e o brilho encandeou um homem que conduzia e ouvi o bater de carros atrás de mim, mas nem liguei ou me virei, porque me esperavas, e não queria perder tempo, e corria para te ver.
E as pessoas sorriam-me quando eu passava, e eu envergonhada, porque pensava que liam nos meus olhos o porquê da minha pressa. E que sabiam que eu me apressava porque te queria dar-me, e o meu corpo era já entrega.
E quando sem querer as tocava, um pouco de mim nelas ficava, tal era a vontade que eu tinha de ti. E sorriam para mim e umas para as outras, felizes sem saberem o porquê.
E quando estava mesmo quase a chegar ao extremo da cidade onde tu estavas...Parei...
O meu coração batia tanto que não conseguia dar um passo.
Via-te parado. As mãos fechadas como as minhas. E soube que o meu coração batia assim forte, assim depressa, porque batia com o teu.
E estendemos os braços, e abrimos as mãos e caminhámos juntos.
E atrás de nós, as pedras do caminho iam ficando brilhantes do amor que caía das nossas mãos.
Juntas, entrelaçadas.
E chegámos à porta que era o nosso destino.
E as pessoas juntaram-se olhando no chão as pedras brilhantes. Olhando a porta e sorrindo.Sentindo o calor que atravessava a porta e as envolvia. Sentindo no calor magia.
E por detrás da porta estávamos nós.
Eu e tu. Tu e eu.
E o teu corpo estava tão quente que ardias. E o meu corpo estava tão quente, que juntos éramos fogueira.
E o calor aqueceu as paredes onde nos abraçámos, as cadeiras onde nos beijámos, o chão onde nos amámos.
Eu e tu. Tu e eu.
E na cama... Ai meu amor… Na cama as carícias foram tantas, que escorreram dos lençóis, e agarraste-me no chão e seguraste os meus gemidos.
E o quarto era calor, e o quarto eram sussurros, e o quarto era prazer...
E gente que não sabíamos sorria, e aquecia-se de amor junto à porta. A nossa porta.
E nós...
Tu e eu. Eu e tu.
E uma porta fechada..."
Encandescente
Blog Erotismo na Cidade
Três livros de poesia publicados («Encandescente», «Erotismo na Cidade» e «Palavras Mutantes») pelas edições Polvo (para já...).