Uma mulher não deve meter-se com homens que vivem de números. A não ser que sejam cifrões, mas isso é outra conversa.Imaginem que desta vez me apareceu um Nicolau na rifa. Curiosa como sou não resisti ao charme do conferencista e no fim fui pedir-lhe um autógrafo. É claro que me fiz entendida na matemática e falei-lhe na admiração que sinto pelo Evaristo Galois por causa das tentativas do jovem para resolver as equações do quinto grau. Palavra puxa palavra e o Nicolau disse que sim, que era possível e que a solução podia ser a teoria dos grupos para achar o xis da quinta.
É claro que quando ele me falou na quinta eu nem queria acreditar e pensei “já estás marcado, Nico, deves ser melhor que o Evaristo”. É que esse achava que só conseguia obter a solução para o xis a partir dos coeficientes. Ora grupos eficientes nessas partes… eu não queria, de todo!Mas não quero dispersar-me. Nessa noite levei o Nicolau para o requinte de uma cama curva fazendo justiça ao assunto da conferência. No mínimo o que poderia acontecer era o Nicolau achar aquele tal ponto fora da recta e a partir daí – esperança minha – entraríamos no mundo da geometria imaginária pois descobrindo esse ponto especial, como bem sabem as minhas leitoras (os leitores dizem que sabem, mas são pouco persistentes), é possível traçar muito mais do que uma paralela. Paralelas múltiplas a partir de um único ponto. Já imaginaram?Nisto eu apenas esperava que ele seguisse a intuição de Lobatchevsy, segundo o que retive do conteúdo da conversa do conferencista quando falava no auditório e eu o escutava excitadíssima na primeira fila.Bem... os homens que muito pensam são de uma espécie estranha, mais razão que emoção, mais figura que desempenho, mais promessa do que realização… e pronto!
Estando os dois deitados no espaço curvo... o que aconteceu então?
Tudo, mas tudo a curvar-se.
É claro que quando ele me falou na quinta eu nem queria acreditar e pensei “já estás marcado, Nico, deves ser melhor que o Evaristo”. É que esse achava que só conseguia obter a solução para o xis a partir dos coeficientes. Ora grupos eficientes nessas partes… eu não queria, de todo!Mas não quero dispersar-me. Nessa noite levei o Nicolau para o requinte de uma cama curva fazendo justiça ao assunto da conferência. No mínimo o que poderia acontecer era o Nicolau achar aquele tal ponto fora da recta e a partir daí – esperança minha – entraríamos no mundo da geometria imaginária pois descobrindo esse ponto especial, como bem sabem as minhas leitoras (os leitores dizem que sabem, mas são pouco persistentes), é possível traçar muito mais do que uma paralela. Paralelas múltiplas a partir de um único ponto. Já imaginaram?Nisto eu apenas esperava que ele seguisse a intuição de Lobatchevsy, segundo o que retive do conteúdo da conversa do conferencista quando falava no auditório e eu o escutava excitadíssima na primeira fila.Bem... os homens que muito pensam são de uma espécie estranha, mais razão que emoção, mais figura que desempenho, mais promessa do que realização… e pronto!
Estando os dois deitados no espaço curvo... o que aconteceu então?
Tudo, mas tudo a curvar-se.
E digo-vos: nem o Euclides, com os seus axiomas das paralelas simples teria tido um desempenho tão frouxo. Ainda evoquei Gauss que também era de inovações curvas, mas com mais sucesso por serem curvas que só descem depois de uma subida significativa. Porém o Nicolau terá entrado exactamente num espaço muito distante do meu.
A curva de Gauss que ele me mostrou tinha uma média relativamente baixa e um desvio padrão elevado; a variância digamos que não era significativa e o resultado foi mais uma deflação na minha estatística.