29 abril 2007

A linha humana do tempo




por Milo Manara
via Sexoteric

Carraspana de ancião


A porra era a imagem do meu pai ali a passear-se à minha frente como um andor que o tapava mas lá negociei com o meu querido fantasma que ele me fazia feliz e lá por ter idade para ser meu progenitor isso era apenas uma formalidade impressa em documentos legais.

O seu sorriso maroto luzia como o de um adolescente e nunca me passou pela cabeça emprestar-lhe o meu champô colorante para os brancos que lhe saltavam da barba, tanto mais que nunca houve vez em que o primeiro abraço de encontro e beijo encarchado até às amígdalas acompanhado pelas minhas ancas dançantes na costura do seu fecho éclair tenha dado sinal de picha murcha. É uma por dia e acabou-se a papa doce mas tivesse eu euros como a quantidade de gajos novos que fazem isso e estava milionária.

E depois o vagar com que me despe e me deixa despi-lo sem a disfunção de ejacular logo ali que já se faz tarde e aí estendemos os braços como tentáculos no corpo um do outro como se não soubéssemos de cor onde está o macio das costas ou das nádegas e como numa surpresa de miúdos ele descobre o rebuçado entre as minhas coxas e eu lambareira me apego ao chupa-chupa.

Finalmente pegamos no cinzeiro para se juntar a nós a aparar as cinzas das nossas intermináveis conversas que nem o tempo ainda conseguiu gastar até o João Pestana nos entaramelar a língua e adormecermos anichados como dois anjinhos.

crica para visitares a página John & John de d!o

28 abril 2007

O Assis Matoso


Não é que eu não soubesse que filósofos são assim uma espécie estranha, uns escanzelados de figura mas com cabeleiras recheadas de ideias geniais, mentes abertas, se querem que vos diga. Embora mal alimentados, diria mesmo subnutridos, mas com a veia da criatividade a sair pelos poros, a carga do conhecimento a abater a linha dos ombros, o brilho da reflexão profunda a angustiar as olheiras… ou era o que eu pensava antes de conhecer o Assis Matoso.
E era aí que começava a estranheza, no raio do nome, porque o que ele era mesmo era Carlos Manuel. Mas pronto, eu fazia-lhe a vontade antes que ele se lembrasse que Witgenstein lhe assentava melhor, por via daquela obsessão de que não valia a pena indagar sobre os significados das palavras mas sim sobre as suas funções práticas. Tinha sido essa dica que me tinha feito arrebitar a orelha - a das coisas práticas.
Por exemplo “charro”, dizia ele, podia ser tudo o que se quisesse, mas o melhor sempre era lançar-lhe o isqueiro e fazer dele uma forma de vida.
A mim arrepiava-me um pouco que tudo se resumisse a uma estrutura lógico-formal, tanto mais que ali a estrutura volátil era ele, a esfumar-se para dar lugar a um palavreado contínuo e empastelado. E aos poucos, obedecendo à minha lânguida inclinação para a intelectualidade, ia-lhe dizendo que podíamos conversar no quarto. Porém, o Carlos Manuel, do alto dos seus quase dois metros, olhava para a cama e dizia que a metáfora visual ali presente se desmaterializaria logo que o olhar dele se desviasse para outra realidade; e que o real não era apreensível a não ser pela crença.
Comecei por beber-lhe as imagens linguísticas, à falta de melhor uso do órgão da fala. Depois insisti que podíamos existir em comunhão de fenómenos, que são coisas percebidas pelo corpo. E ele, que não, que toda a coisa em si não passa de percepção da consciência. Mas sempre do lado de fora do quarto. Quase garanto que ele nem me ouvia, tal era a fluência do seu raciocínio filosofal.
Recitava Kierkegaad quando se dirigiu para mim de copo na mão, como se dentro do copo estivesse a incerteza objectiva e o processo de apropriação daquela interioridade passasse pela ingestão rápida do conteúdo, assim de uma assentada.
E foi de copo emborcado e olhos no além-tecto, que o vi tropeçar nos cabos que atravessavam o chão da sala e estatelar-se sobre uma pilha de livros abertos, dizendo ainda que só Wagner podia salvar a cultura alemã.
E a mim, já a salvo, do lado de fora da porta do apartamento, só me ocorreu a máxima da Madame de Stael, que lhe atirei pelo eco das escadas: “quanto melhor conheço os homens mais gosto dos cachorros”.

CISTERNA da Gotinha


Operadora de televisão e internet por cabo TvTel chegou a Lisboa: o sistema CON A X.

Ana Beatriz Barros: vídeo

Penis Power- "Remember, don't let every man hit the root of your vagina."

Há quem olhe para a roupinha e há quem olhe para o
modelo. Enfim... gostos!!

Dois posters «fresquinhos» na minha colecção


Kerstin Berg - "A arca de Noé", 1969


"A colecção Kronhausen no Museu de Arte Erótica de São Francisco", 1973

27 abril 2007

Bom fim de semana



Foto: Maurizio Melozzi

Carta secreta de Soror Mariana ao cavaleiro de Chamilly - V



Escreveu Soror Mariana na sua cela:
Quão aflita estou, meu amado cavaleiro!
Noticias de vós não tenho, desde antes da Quaresma.
Dizei-me,
Que pensais? Que fazeis? Por onde andais?
Temo mil desgraças, calamidades, desventuras:
Que do cavalo tenhais caído,
Que estejais moribundo e ferido
Sozinho sofrendo torturas e horrores.
Ou então, que de mim vos tenhais esquecido,
E que de vós eu tenha perdido:
O bem-querer, a amizade e os favores.
Meu amado mandai-me novas! Porque de vós nada me dizeis?
Será que alguma dama, visita de vossa tia a Viscondessa,
Ao ver-vos na recepção, em que por minha causa, vossa espada ficou tesa,
Me roubou, meu cavaleiro, vosso querer, vosso coração?
Choro, meu amado, um amor que já não existe?...
Ou morrestes?
E viúva de vós fiquei, e sem saber de luto por vós já estou?
Dai-me noticias cavaleiro, eu vos imploro,
Meu coração por vós sangra e tanto dói que no convento
A Madre Superiora, de castigo e a pão e água já me pôs,
E minhas irmãs na fé, colocaram algodão nos ouvidos,
já não suportando de mim ouvir,
Tanto ai, tanto lamento...

Resposta do cavaleiro de Chamilly:

Perdoai-me, meu amor! Perdoai-me a falta de notícias.
Não vos quis meus males contar para não vos apoquentar,
E para que não sofresseis com meus males e minhas desditas.
Foi nos jardins de minha tia, a Viscondessa,
Quando envergonhado fugia da recepção
Tentando esconder o meu rubor e o meu tesão,
Que uma dama que, vos juro desconheço,
Me perseguiu, sem que de tal facto eu desse conta.
No meio do roseiral apanhando-me desprevenido,
Traiçoeiramente pelos braços me agarrou.
Por terra caí sem poder me defender,
De mim, a roupa, a pérfida arrancou
E desvairada só tentava meu sexo pegar
E violar-me!...
Violar-me meu amor,
Foi o que essa dama libertina intentou.
Quando ouvi gritos lancinantes e aflitos, julguei serem os meus,
Por outras mãos, que não as vossas, me estarem a tocar.
Mas era o esposo da dama que procurando-a, ali chegara,
E ao ver-me nu, deitado na terra naqueles preceitos,
A esposa quasi nua me cobrindo,
Julgou-me, a mim! A mim! O causador da situação.
De espada ao léu fugi do esposo furioso,
Que de espada na mão querendo vingança me perseguia,
Chamando-me devasso, verme infame, celerado imoral.
Eu imoral, Mariana...
Sobrevivi, minha amada, ao vil ataque do casal,
Mas meus males se mantêm e ainda me atormentam.
Do sexo, uns duzentos picos de rosas já tirei,
Deitado estou, meu amor, tentando tirar mais uns oitenta.

Foto: Rafal Bednarz

Encandescente
Blog Erotismo na Cidade
Três livros de poesia publicados («Encandescente», «Erotismo na Cidade» e «Palavras Mutantes») pelas edições Polvo (para já...).
Crica aqui para leres a carta IV e a III. Ou aqui para relembrares as cartas I e II, bem como a nossa ida memorável a Beja, ouvir a leitura da carta III da Soror Mariana, pela Gisela Cañamero, em frente à janela do convento.

Vem


BOGDAN SHEVCHENKO - fotógrafo de Kiev

Pullit - Camisas rápidas


Outras Coisas

26 abril 2007

sem pingo de poesia - por Fox Trotter

"Entra-me. Sem preâmbulos nem delongas. Agarra-me e puxa as minhas pernas para ti. Morde-me os pés, lambe-me os dedos. Isso, assim. Investe contra mim, com força, todo e lento. Vou ser tua só da cintura para baixo, não me olhes as mamas, nem vejas a fosforescência do meu sorriso. Observa os quadris que se agitam desconexos, como se dançassem um solo de violino em contraponto com a tua percursão repetitiva e cada vez mais rápida. Repara na púbis, vai-se levantando: estou quase a vir-me e colo-me ao teu corpo. Quero sentir todo o peso do embate desde o cimo do risco aberto de par em par até ao canto onde despontam as nádegas. Já te vieste? Foda-se, nem dei por nada. Estava concentrada em mim, sabes – quando me venho sou toda cona, a latejar. Não saias já, continua. Os meus espasmos ainda duram. Podes ir, não me toques; vou dormir."

Fox Trotter
blog Sociedade Anónima, que vos recomendo (e a Mad também)