Tenho nas pernas uma sede
De te ter todo em língua.
De sentir nas tuas mãos
a secura e esse anseio
de pensares que morres à míngua.
De sentir-te a boca em sorvos,
nas nascentes, berços do sonho.
E descobrir sem acordar
estares em mim a navegar
e fazeres de ti meu dono...
Margarida Beijaflor.
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O Alcaide só ode o que vale a pena... e é o caso:
"Jogar com palavras... cor de rosa... qual Benfica em crise. E viva a vida!
Das pernas sai um fogo e agulheta,
da boca sai serpente e labareda,
das mãos sai o calor que te põe queda,
de poema digo ditos de poeta...
E o mastro desta barca enfuna a greta,
pensamento e tua pele são mais seda,
e vamos nesse mar ou tua vereda,
sonhar, como essa nau, a Catrineta.
E a barca já balança com teus ais
no abraço ainda mais forte que uma teia.
Deus e diabo dão tudo e muito mais!
E o balanço o prazer, sangue sem veia,
brota da força a dois, com beijos tais,
que a barca ruma ao cais com maré cheia."
E o OrCa - já se sabe - não pode ver ninguém a oder que ode também:
"... a maresia dá-me sempre ganas de navegar...
e a gruta que em si grita muda e queda
como greta que se gaste nua e crua
assim fica de ficar tão triste e leda
se não sente uma outra boca junto à sua
seja a boca de beijar ou ser beijada
seja aquela do sorriso ou maré vaga
qualquer boca que se abra de enseada
e acolha o barco-abraço em que se alaga"
O Alcaide reode... e muito bem:
"... a frota
serão barcas os lábios que me levam
na leve ondulação do teu beijar
maré de marinheiro é preia-mar
e as ondas nessa barcas se encapelam
as barcas como corpos que se ondulam
sorvem sal na água doce do teu olhar
e os lábios brilham fogo a velejar
corsários são as barcas que te abordam
é a frota que navega docemente
por vezes com balanços de calor
e ruma à enxurrada doce e quente
maré baixa sorri ao esplendor
as barcas ancoraram ternamente
repousam nesse cais e nesse amor"