30 setembro 2007
Bem passado s.f.f.
O Senhor Doutor bem sabe que eu demorei anos a ensinar ao orgasmo o caminho do clítoris para a vagina. Uma canseira de concentração e um gigantesco gastar de palavras para convencer os jovenzinhos dessa época que eles tinham feito tudo bem que caramba, eu não estava ali para traumatizar ninguém e era apenas eu que só ia lá de língua. A mesma língua gratificante que me uniu ao holandês que gritava muitos vivas ao Benfica por na sua terra tal expressão se referir à actividade física que mais gostava de praticar.
Tomei o desembaraço como lema e quem não tem cão, caça com gato que não vem daí mal ao mundo e por isso me recordo bastas vezes daquele meu apaixonado que nunca me viu o rosto e porém as suas mãos liam-me melhor o corpo mesmo por entre bátegas de suor usando-as tão constantemente em todos os meus pontos que era um ver se te avias nos múltiplos.
E agora voltei a si, Senhor Doutor, por causa do motoqueiro. Desde o início que eram grandes corridas de velocidade que as rapidinhas entre uma coisa que se apanha do chão e o caixote ou enquanto se espalha a base frente ao espelho da casa de banho têm a graça do desejo incontrolável, sobretudo nas situações mais improváveis. Após o acidente ficámos ensimesmados com a perspectiva de encostarmos o corpinho às boxes mas passados que estão uns meses ele já fica sentado como se a cadeira fosse um cavalo de raça e com a maravilha dos comprimidinhos azuis ergue-se num trote por mim adentro certinho que nem um fuso e o carrocel só pára quando eu tombo de cansaço no seu ombro, petiscando-lhe o pescoço com beijinhos. Porque a carne bem passada até faz melhor à saúde, não é, Senhor Doutor?...
Tomei o desembaraço como lema e quem não tem cão, caça com gato que não vem daí mal ao mundo e por isso me recordo bastas vezes daquele meu apaixonado que nunca me viu o rosto e porém as suas mãos liam-me melhor o corpo mesmo por entre bátegas de suor usando-as tão constantemente em todos os meus pontos que era um ver se te avias nos múltiplos.
E agora voltei a si, Senhor Doutor, por causa do motoqueiro. Desde o início que eram grandes corridas de velocidade que as rapidinhas entre uma coisa que se apanha do chão e o caixote ou enquanto se espalha a base frente ao espelho da casa de banho têm a graça do desejo incontrolável, sobretudo nas situações mais improváveis. Após o acidente ficámos ensimesmados com a perspectiva de encostarmos o corpinho às boxes mas passados que estão uns meses ele já fica sentado como se a cadeira fosse um cavalo de raça e com a maravilha dos comprimidinhos azuis ergue-se num trote por mim adentro certinho que nem um fuso e o carrocel só pára quando eu tombo de cansaço no seu ombro, petiscando-lhe o pescoço com beijinhos. Porque a carne bem passada até faz melhor à saúde, não é, Senhor Doutor?...
29 setembro 2007
Adivinha quem é...
Nos comentários do poste sobre a descoberta da origem do sorriso misterioso da Mona Lisa, o Nikonman publicou esta fodografia em contraluz:
Custou-me identificar a pessoa, mas com algum esforço de memória consegui: é o Don King!
Se não sabes quem é o Don King, consulta a Wikipedia.
Custou-me identificar a pessoa, mas com algum esforço de memória consegui: é o Don King!
Se não sabes quem é o Don King, consulta a Wikipedia.
28 setembro 2007
Amélia do(s) olho(s) doce(s) - por R. Paulo
Um piscar de olho(s) às 2 Amélias (do Palma e do Mendes) e a todas as Amelinhas que há nesta vida. Um texto do primo da minha rica prima São:
"Amélia queria descansar de corpo e alma. Tinha ouvido dizer que lá era um descanso. O problema era a entrada. Não era fácil entrar, tinham-lhe dito. Ainda assim Amélia não desistiu. Se naquele sítio era um descanso, naquele sítio seria.
Amélia preparou-se. Ultrapassar a fronteira do medo sem medo só porque ali era um descanso. E se não fosse? Amélia estaria na posição que mais gosta; a de descobrir prazeres novos, novas sensações, mesmo que a isso dedicasse algum esforço.
Decidida, Amélia partiu ao encontro do que mais procurava: descanso. E em busca do paraíso, entregou-se ao sonho e foi, sem esquecer o passaporte.
made in eu"
"Amélia queria descansar de corpo e alma. Tinha ouvido dizer que lá era um descanso. O problema era a entrada. Não era fácil entrar, tinham-lhe dito. Ainda assim Amélia não desistiu. Se naquele sítio era um descanso, naquele sítio seria.
Amélia preparou-se. Ultrapassar a fronteira do medo sem medo só porque ali era um descanso. E se não fosse? Amélia estaria na posição que mais gosta; a de descobrir prazeres novos, novas sensações, mesmo que a isso dedicasse algum esforço.
Decidida, Amélia partiu ao encontro do que mais procurava: descanso. E em busca do paraíso, entregou-se ao sonho e foi, sem esquecer o passaporte.
made in eu"
Bom fim de semana
Foto: Ken Andrews
27 setembro 2007
É tudo a fingir. É sempre tudo a fingir.
Tu finges que és meu e eu finjo que sou tua, ambos fingimos que o mundo inteiro não importa perante a imensidão que é estarmos aqui, juntos; porque só assim, fingindo, podemos beijar-nos, como se fôssemos genuínos, como se o amor furtivo que fazemos fosse maior do que a casa onde nos escondemos, maior do que a cidade onde nos perdemos.
É tudo a fingir, começámos por dizer nos pátios e quintais, em brincadeiras de criança, sem que pudéssemos saber que nos estávamos a amaldiçoar e que seria assim para o resto das nossas vidas, fingir para que pudéssemos beijar, foder e olhar quem se deitasse a nosso lado.
É tudo a fingir, fingimos que não nos sentimos embaraçados por nos verem de mãos dadas na rua. Fingimos que não nos emocionamos com os dramas no cinema, que não nos dói quando nos arrancam pedaços do peito. Fingimos, abrimos o sorriso e a boca já pode dar-se num beijo, e o corpo já pode dar-se ao sexo fingindo que a primeira vez foi melhor do que o primeiro cigarro e que jurámos não repetir a coisa.
Fingimos para que os passos continuem a levar-nos para a frente, para cima, para longe.
Fingimos. Eu que sou tua e tu que és meu. E em mais um orgasmo fingimos que é possível a leveza.
E abraçamo-nos depois.
Tu finges que és meu e eu finjo que sou tua, ambos fingimos que o mundo inteiro não importa perante a imensidão que é estarmos aqui, juntos; porque só assim, fingindo, podemos beijar-nos, como se fôssemos genuínos, como se o amor furtivo que fazemos fosse maior do que a casa onde nos escondemos, maior do que a cidade onde nos perdemos.
É tudo a fingir, começámos por dizer nos pátios e quintais, em brincadeiras de criança, sem que pudéssemos saber que nos estávamos a amaldiçoar e que seria assim para o resto das nossas vidas, fingir para que pudéssemos beijar, foder e olhar quem se deitasse a nosso lado.
É tudo a fingir, fingimos que não nos sentimos embaraçados por nos verem de mãos dadas na rua. Fingimos que não nos emocionamos com os dramas no cinema, que não nos dói quando nos arrancam pedaços do peito. Fingimos, abrimos o sorriso e a boca já pode dar-se num beijo, e o corpo já pode dar-se ao sexo fingindo que a primeira vez foi melhor do que o primeiro cigarro e que jurámos não repetir a coisa.
Fingimos para que os passos continuem a levar-nos para a frente, para cima, para longe.
Fingimos. Eu que sou tua e tu que és meu. E em mais um orgasmo fingimos que é possível a leveza.
E abraçamo-nos depois.
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