Oh quantas vezes te descobri,
Bocado de sonho...
Neste Eu-Ninguém da Terra deserta.
Por vezes nas pontas dos meus dedos
Outras nessas que são dos teus,
perdi-me, desafiando os céus,
da rota vã que teimava certa...
Mas foste sempre carta secreta.
Nau, gaivota e novidade.
Todo um mundo que se derrete
Naufrágio, lençol de Verdade imersa
Onde todo o eu se desconhece
Quando mergulho, sendo já sem ser,
no mar que é teu, à descoberta...
Charlie
Nesse mar aberto, cinzento e tão profundo
onde o mistério de ti se perde, qual lamento
perdido que foi para mim, para ti, para o Mundo,
perdido para sempre, para sempre na imensidão do tempo...
E fosse um dia a vida, um momento pleno,
fosse a tua boca o mar profundo, fogo ardente...
Mais me perderia eu, nesse salgado sereno
onde me perco eu mesma, tão doce, docemente...
Euzinha