Quando penso nele só me dá me vontade de dizer uma caralhada como quem pronuncia uma vírgula em memória daqueles tempos do cu de Judas. Apesar de sermos colheita do mesmo ano diferenciavam-nos as aparições no primeiro restaurante chinês do Bairro Alto em que eu estava rodeada de famelga por todos os lados, primos, tios, pais e o diabo a quatro enquanto ele de olhos semicerrados jorrava beijos na namorada de olhos de gata e semblante firme como Cleópatra.
Entre o bocadinho de ananás que levava à minha boca entalado nos pauzinhos que na época ainda eram de madeira gravada imaginava encaixá-lo na minúscula casinha de banho das senhoras e naquela louça sanitária e plásticos brancos, com as jeans de ambos a amarrotarem-se nos artelhos, catapultar as minhas coxas sobre as dele para conseguir a magia culinária de o sentir enfolar dentro de mim como a massa da fruta pa si ao fritar.
Outras vezes via-nos despidos e ele de sabonete na mão, que para ter alguma piada só podia ser o Rexina que cá não se chamava Rexona para não rimar com cona, a guiá-lo do meu pescoço à junção das nádegas e sorrateiramente esgueirá-lo por entre os grandes lábios rapidamente para não correr o risco de se gastar.
A fantasia começou pela têmpera da sua voz ao pedir os números dos pratos, tão doce e pastosa como um Dom Rodrigo conseguindo que desde aí aceite que eu cá sou mais bolos.