30 janeiro 2008

Da dona



Ela casou com um animal de estimação e amestrara-o a cumprir diligentemente todos os requisitos que aprendera em casa de seus pais. Ele ia buscar o jornal e as compras voltando de língua de fora em busca de uma festinha no lombo arqueado e ali ficava junto dela, sempre alerta para satisfazer a dona. Era o que se podia chamar um animal de companhia.

Há muito que ela abdicara dos malabarismos com o seu corpo, talvez pensando que ele já não tinha idade para brincadeiras. Ele continuava a aninhar-se junto dela na cama acompanhando-lhe a curvatura mesmo sabendo de antemão que ela adormeceria placidamente. Então como se lhe crescesse o instinto de se encostar às árvores ele juntava as coxas ao pijama que cobria as nádegas dela e aí esfregava raivosamente o pénis visualizando a caixa do rabo de cavalo negro e seios roliços do supermercado, sempre com o extremo cuidado de recolher nas mãos as provas líquidas de tal acto.

De manhã, sob o duche quente friccionava de novo o membro sem osso, esgalgando-o bem, embalado nas gotas pingando nas poças a seus pés, limpava todos os resquícios desses momentos, sacudia os cabelos que teimavam em lhe crescer na cabeça e ficava pronto para as ordens do novo dia.

Quem me amola a faca?



Igor Amelkovich

Mulheres...


por Álvaro

Love Canon



Será que foi isto que causou a queda do F16 no pinhal de Leiria?!...












Coisas [via]

crica para visitares a página John & John de d!o

29 janeiro 2008

Ainda a propósito de prostituição...

... mais um texto do OrCa, deixado nos comentários deste poste:
"Um mercenário que vende o seu corpo para a guerra, sem lhe interessar muito contra quem nem a favor de quê, não será uma grande puta? Um político que ganha eleições por promessas que nunca cumpre porque o «pragmatismo» não o deixa... o que é? Vá, digam todos: uma grande puta! Não é?...
Isto da prostituição tem muito que se lhe diga. No fundo (ou mesmo mais acima...) tudo se prende com a arte de vender o corpo a favor de qualquer coisa...
Colocar crianças de sete anos, altamente mascarradas, a saracotearem-se pateticamente em passarelles sob o olhar embevecido e bovino dos cretinóides dos pais, o que será? Putedo, pornografia abjecta e promoção de pedofilia de alto lá com ele!
Tal como aqueles figurantes, pagos para aparecerem como alunos de escola modelo...
No fundo, no fundo, no verdadeiro fundo, as putas parecem-me menos putas do que muito putedo que por aí campeia...
Há tantas multiplas abordagens sobre esta questão... Faz toda a diferença saber ao que vai quem vende, tal como porque lá vai quem compra.

quando uma puta se vende
interessa ter atenção
se se vende porque acende
o fugaz de uma paixão
ou porque apenas pretende
trazer para casa o pão

e quem a compra afinal
compra o quê e com que fim?
por ser só um animal
que chafurda porque sim
ou porque o bem dele é um mal
de flor sem ter jardim?

(mau, mau... anda a dar-me para os moralismos e isto não é nada bom sinal!... Se calhar é por causa das catorze prestações aos reformados... É bem verdade, nem tudo o que nos fode é erótico)"
OrCa

Como diz o povo, quem ode e não é odido está ao Nelo a fazer um pedido:
"O Orca éi um tratadu
Já todos çabemos isso
É çó pena o çafado
levar tempos desaparecido

Oh Orca este broshe
Onde fazes tanta auzênsia
Explandeçe com o toque
do pueta: Voça Eçelênsia

É o verço de rima perfeita
O çentido irudito
Todo o meu pacote çe ajeita
Ai Orca que fico aflito

Nam fujas mais pueta
nem te fassas isqueçido
Vem ao broshe, tá ca o Nelo
Um leitor teu derretido.

Çó te deicho mais um coizo
Para ficares a pençar
Este broshe é çó um poizo
A minha caza éi melhor lugar

Lá taremos à vontade
Çeim olhares, complicasões
Farás puema até metade,
E eu depois metade até aos culhões..."
Nelo

Joker pin-up

Esta peça pertencia a um casal francês libertino a quem prometi que convidaria para verem a minha colecção logo que estivesse aberta ao público. E o prometido é devido... ou eu não me chamo São Rosas!





Envelopes de Preservativos > 1930-40

Galeria





















Coisas [via]

28 janeiro 2008


Revista «Moda Foca»

"A Moda Foca é um novo projecto humorístico no formato revista e com mais umas coisas na Net. Como revista será semestral, a preto e branco, incluirá trabalhos de vários autores da BD e do cartoon (e talvez mais qualquer coisa) e será colocada à venda em locais cuidadosamente seleccionados.
Aquilo ali em cima é só o esboço da capa do número 1, mas desde já aceitamos comentários.
Obrigado.

Álvaro"

Sigo os trabalhos do Álvaro há muito tempo. E é uma honra para mim ele, o Pedro Alves e o Rodrigo de Matos terem aceite que eu publicasse aqui alguns dos seus trabalhos. Quando quiserem, Álvaro, Pedro Alves e Rodrigo, este blog também é vosso.

Bom início de semana


Foto: Jan Mlcoch

A Santíssima Trindade

por Charlie

Devagarinho, quase sem fazer ruído, abriu as persianas da janela do quarto. A luz intensa do dia já bem desperto encheu o espaço e na cama um olhar estremunhado olhou sem ainda ver enquanto, por entre bocejos, a pergunta dominical soou:
- Que horas são?...-
Uma sensação de rotina amargou-a apenas no instante de engolir. Sorriu para ele e respondeu-lhe com um “bom dia amor”. Depois voltou a sorrir-lhe e disse:
- Levanta-te um pouco, ajeita-te, senta-te na cama que tenho uma surpresa.- Rodou o corpo e pegou no tabuleiro do pequeno almoço que tinha ficado fora do alcance visual do marido. Um enorme sorriso ligou-os enquanto ele já bem desperto aceitou o tabuleiro que pousou sobre o cobertor que lhe cobria as pernas. Olhou com satisfação como ele sorveu o chá quase a escaldar e apaladou os sentidos com a torrada quente barrada com manteiga. Apesar dos anos, da rotina e dos desencantos da vida, amava aquele homem, sentia-se bem com ele, da sua forma doce de ser, da sua dedicação e companhia.

Saiu dizendo-lhe ainda que iria demorar-se . Depois da missa teria de tratar duns assuntos e viria já tarde. Que ficasse deitado a descansar, disse à laia de despedida.
Chegou e ajoelhou-se encetando uma oração que interrompeu quase de imediato com o surgimento do padre. Mirou-a e instintivamente dirigiu-se ao confessionário. Sempre que ela estava na igreja ele já sabia ao que vinha.
Em voz baixa, ajoelhada sobre a almofada disse de si . Não de forma directa, mas em metáforas e rodeios que só ela entendia. Ela sabia que uma mulher deve ter no mínimo três homens na vida. Um a quem amasse, outro com quem gostasse de foder e finalmente, ou talvez principalmente, o que lhe pagasse as contas. Mas entre isso que era o seu lema de vida e a sensação de pecado entranhada na pele, como maldição perpetuada pela educação, só poderia haver o ajuste de contas entre ela e Deus.
Esperou que o padre a sentenciasse e absolvesse, ministro do altíssimo, mas homem. Olhou para ele. Que relação passaria a ter com ela se lhe dissesse tudo em palavras directas? Que olhares lhe deitaria e que outras frases sairiam da sua boca de prelado? Fosse como fosse, jamais foderia com ele, jamais toleraria sequer a aproximação de toque de mãos nas mãos, tão típicas das abordagens dos eclesiásticos. As mãos, essa espécie de sonda com que os corpos se descobrem mutuamente precedidos da nudez do olhar; o princípio da entrega...

Saiu pegando no telemóvel. Um modelo topo de gama oferecido pelo patrão, assim como a mala e a joía que adornava o decote. Rapidamente voltou-se fazendo o sinal da cruz.
- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo... - A Santíssima Trindade, o mistério e dogma incompreensível de como sendo três era um só... Tal como os desígnios profundos que a moviam em relação aos homens que lhe preenchiam a vida. Haveria algures mulheres com a sorte de terem um homem com as três valências, mas isso seriam as bafejadas pela sorte dos que acertam num primeiro prémio que nunca sai a ninguém e vai acumulando jackpots sucessivos.
Suspirou, e marcou o número.
- Sim, querido... sim, vou estar contigo...
Sorriu mordendo o lábio inferior.
Gostava mesmo de foder com ele...

Charlie

Pachareca de Viagem






















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