Não te chamo filho da puta porque a tua mãe não tem culpa de não conseguires dar a volta à forma como ela te educou e como se costuma dizer que ao meio dia ou carrega ou alivia, esta é a boa altura para descarregar.
São trocos o não fixares nem a data dos meus anos mas já não suporto ser a tua agenda portátil nem a tua secretária particular para te chegar os extractos de conta, preencher o IRS e carregar o telemóvel. É que o salário de uma, de vez em quando, se não estiveres com dores de costas ou emborcado ou mortinho de cansaço do trabalhinho exclusivo no emprego não é paga suficiente tanto mais que quem vai ao médico e à farmácia para fazer a prevenção de acidentes de trabalho sou eu.
E depois, se o sexo para ti se resume a levantar o animal, esfolá-lo e voltar à hibernação, eu agrafo-me com as pequenas atenções de uma meia dúzia de palavras, um olhar cúmplice ou um beijo lânguido e molhado até às catacumbas das amígdalas a propósito de nada que não seja o desejo instintivo, que são tudo coisas que relegaste para o rol do esquecimento. Para não ser mais tua madrasta, era uma vez... um voucher para voltares a ser o menino de tua mãe.