29 março 2008

ainda a propósito do bico crucificado no Murcon...

Com algum atraso, de que me penitencio (mas nem sempre o tempo nos corre como queremos), achei ainda oportuno acrescentar três comentários - três, a conta que Deus fez... - motivados por algumas homilias lidas nos comentários do Murcon, a propósito do cartoon do Raim, referido no título:

1. Nada como fundir o sexo com qualquer credo religioso para fazer saltar à luz do dia as pudicas virgens dos baptistérios, onde vêm refrigerando as suas pudendas partes.

Quando um pénis ou uma vagina tocam, ao de leve, o manto impoluto de uma qualquer santidade do seu areópago de circunstância e conveniência, logo se escutam as cínicas e hipócritas carpideiras, como se o simples acto ao qual cada um de nós deve a vida mais não lhes fosse do que a consumação de pecado original.

Faz-me pensar que, dando origem a tal gente tão avessa à Vida, para esses, sim, tal consumação terá sido um acto falhado! Um fatal caso de orgasmo mal parado.

2. Fico sempre algo perturbado e perplexo quando uma qualquer voz se ergue, não para emitir uma opinião própria sobre uma matéria dada, mas para se erguer contra outrém que tenha emitido a sua própria opinião, criticando ou denegrindo a «ousadia» de ter tido... uma opinião.

Essa é a matriz da intolerância - a que hoje se chama mais, mas mais impropriamente, «fundamentalismo». É o berço dos diversos «ismos» que tentacularmente tentaram e tentam anular o indivíduo, na sua esplêndida diversidade que a todos nos enriquece.

Quem não gostar, que não compre, assim se diz e é muito certo. Nada me obriga a aceitar algo cujo acesso dependa do meu acto voluntário.

Mas a sua criação, sendo alheia a mim, transcende-me, não detendo eu qualquer poder de Verdade que me faculte poderes de definir quem deva viver ou quem deva morrer - falando-se aqui do acto criativo, claro.

3. Tanto comentário descontextualizado no blog do JMV - o que não o responsabiliza, como é óbvio - faz-me pensar que muitos dos comentaristas ali se albergam apenas para fruirem, a baixo custo, da popularidade do mestre, quais novos apóstolos carentes... Donde resulta, como tanta vez a História nos mostra, que muitos desses apóstolos mal entendem o mestre e desvirtuam os seus sapientíssimos ensinamentos, na sua sanha cega de o protegerem contra os «males» do mundo... protegendo-se, afinal, a si mesmos, acautelando os benefícios da herança.

Beati pauperes spirito
, na verdade!

- Nota de rapa-pé: Porventura discutível terá sido a errada atribuição da autoria do poema da Encandescente, por parte de JVM, há não muito tempo, remetendo-a para uma anónima aluna de uma improvável escola, o que não suscitou grandes comentários rectificativos por parte de tão sagazes seguidores... Sic transit gloria mundi, que hoje me está a puxar para as latinices.

Claro que estas opiniões não são especialmente eróticas. Mas são as minhas. E consegui escrever tudo isto, solidário com a São, sem emitir um só juízo de valor em relação ao cartoon do Raim... Ele há coisas!...

(Ah, e a propósito, se algum desses perturbados - que vem aqui sem o confessar ou por «acidente transcendental de digitalização involuntária» - quiser saber da minha verdadeira identidade é só dizer, que eu terei o maior gosto em divulgá-la já que, nestas coisas da liberdade de opinião, a minha vaidade tem poucos ou nenhuns limites)

Mini-diálogo nos comentários deste post

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São Rosas - "Um bom cu não tem sexo (dizem)"
The F Word: "Tem o que lá meterem..."
OrCa: "Deixem-me lá ser assim a modos que conservadorzito, nestas matérias à rectaguarda:

sei mal se é despiciendo
ter do orifício um sinal
valendo só ir metendo
que afinal tudo é canal

ter de pêssego a penugem
curvatura a condizer
é melhor do que lanugem
ou músculo duro a roer

enfim haja liberdade
de comer o que se quer
mas cu de homem na verdade
difere bem da mulher

já não falando de coisas
outras mais que à mão vão ter
quando se enlaça pela frente
entalado no esfíncter..."

The F Word: "Tanta, mas tanta razão que tu tens..."
São Rosas: "De onde resulta o clássico grito «ai, filha, que já te atravessei!»"

Poseidon








Coisas [via] [+info]

Marisa Cruz a saltar tão bem à corda para o primeiro anúncio televisivo da Maxim (agora MaxMen)




Um clássico bem relembrado pelo blog «E Deus criou a Mulher»