30 março 2008

Ponto de fantasia


Ele era tão, mas tão gay que me apaixonei por ele. Notava-se na forma como fumava com os dedos estendidos expelindo as baforadas com os lábios afilados e o cuidado de não atingir ninguém. No modo como colocava a voz um tom abaixo para a adocicar. Nas horas intermináveis de amizade cúmplice em que debulhávamos o último filme visto, a dificuldade de escolher entre um Cabeça de Burro ou um Ponte da Barca, as venturas e desventuras de gente nossa conhecida para velejar na monotonia dos dias ou a influência de determinado creme na conservação de uma pele lisinha e sem manchas.

Dei por mim a apreciar os merecimentos do seu traseiro enxuto em cada oportunidade e a imaginar a forma, o volume e até a cor daquilo que o distinguia de mim para efeitos de registo civil, para além da óbvia curiosidade sobre a cobertura ou não do topo. Embrenhava-me num torpor melífluo que acabava por me gotejar a lingerie. E mil vezes pensava no disparate de com olhos arregalados pela primeira vez lhe repetir que sabia fazer broches como ele.

Estou quilhada. Porque isto de me apaixonar por sensibilidades semelhantes mas com os tomates suficientes para se entranharem por mim adentro é uma fantasia digna de um filme indiano.

Já Tou Farto de Carolina Michaelis

Esta de certeza que nunca terá problemas com o telemóvel...

Papa-Minhocas























Coisas [via]

John & John vistos por cartunistas amigos do d!o


crica para visitares a página John & John de d!o

29 março 2008

ainda a propósito do bico crucificado no Murcon...

Com algum atraso, de que me penitencio (mas nem sempre o tempo nos corre como queremos), achei ainda oportuno acrescentar três comentários - três, a conta que Deus fez... - motivados por algumas homilias lidas nos comentários do Murcon, a propósito do cartoon do Raim, referido no título:

1. Nada como fundir o sexo com qualquer credo religioso para fazer saltar à luz do dia as pudicas virgens dos baptistérios, onde vêm refrigerando as suas pudendas partes.

Quando um pénis ou uma vagina tocam, ao de leve, o manto impoluto de uma qualquer santidade do seu areópago de circunstância e conveniência, logo se escutam as cínicas e hipócritas carpideiras, como se o simples acto ao qual cada um de nós deve a vida mais não lhes fosse do que a consumação de pecado original.

Faz-me pensar que, dando origem a tal gente tão avessa à Vida, para esses, sim, tal consumação terá sido um acto falhado! Um fatal caso de orgasmo mal parado.

2. Fico sempre algo perturbado e perplexo quando uma qualquer voz se ergue, não para emitir uma opinião própria sobre uma matéria dada, mas para se erguer contra outrém que tenha emitido a sua própria opinião, criticando ou denegrindo a «ousadia» de ter tido... uma opinião.

Essa é a matriz da intolerância - a que hoje se chama mais, mas mais impropriamente, «fundamentalismo». É o berço dos diversos «ismos» que tentacularmente tentaram e tentam anular o indivíduo, na sua esplêndida diversidade que a todos nos enriquece.

Quem não gostar, que não compre, assim se diz e é muito certo. Nada me obriga a aceitar algo cujo acesso dependa do meu acto voluntário.

Mas a sua criação, sendo alheia a mim, transcende-me, não detendo eu qualquer poder de Verdade que me faculte poderes de definir quem deva viver ou quem deva morrer - falando-se aqui do acto criativo, claro.

3. Tanto comentário descontextualizado no blog do JMV - o que não o responsabiliza, como é óbvio - faz-me pensar que muitos dos comentaristas ali se albergam apenas para fruirem, a baixo custo, da popularidade do mestre, quais novos apóstolos carentes... Donde resulta, como tanta vez a História nos mostra, que muitos desses apóstolos mal entendem o mestre e desvirtuam os seus sapientíssimos ensinamentos, na sua sanha cega de o protegerem contra os «males» do mundo... protegendo-se, afinal, a si mesmos, acautelando os benefícios da herança.

Beati pauperes spirito
, na verdade!

- Nota de rapa-pé: Porventura discutível terá sido a errada atribuição da autoria do poema da Encandescente, por parte de JVM, há não muito tempo, remetendo-a para uma anónima aluna de uma improvável escola, o que não suscitou grandes comentários rectificativos por parte de tão sagazes seguidores... Sic transit gloria mundi, que hoje me está a puxar para as latinices.

Claro que estas opiniões não são especialmente eróticas. Mas são as minhas. E consegui escrever tudo isto, solidário com a São, sem emitir um só juízo de valor em relação ao cartoon do Raim... Ele há coisas!...

(Ah, e a propósito, se algum desses perturbados - que vem aqui sem o confessar ou por «acidente transcendental de digitalização involuntária» - quiser saber da minha verdadeira identidade é só dizer, que eu terei o maior gosto em divulgá-la já que, nestas coisas da liberdade de opinião, a minha vaidade tem poucos ou nenhuns limites)

Mini-diálogo nos comentários deste post

Crica e verás uma imagem mais completa
São Rosas - "Um bom cu não tem sexo (dizem)"
The F Word: "Tem o que lá meterem..."
OrCa: "Deixem-me lá ser assim a modos que conservadorzito, nestas matérias à rectaguarda:

sei mal se é despiciendo
ter do orifício um sinal
valendo só ir metendo
que afinal tudo é canal

ter de pêssego a penugem
curvatura a condizer
é melhor do que lanugem
ou músculo duro a roer

enfim haja liberdade
de comer o que se quer
mas cu de homem na verdade
difere bem da mulher

já não falando de coisas
outras mais que à mão vão ter
quando se enlaça pela frente
entalado no esfíncter..."

The F Word: "Tanta, mas tanta razão que tu tens..."
São Rosas: "De onde resulta o clássico grito «ai, filha, que já te atravessei!»"

Poseidon








Coisas [via] [+info]

Marisa Cruz a saltar tão bem à corda para o primeiro anúncio televisivo da Maxim (agora MaxMen)




Um clássico bem relembrado pelo blog «E Deus criou a Mulher»