Sonhos do John
02 abril 2008
01 abril 2008
O erotismo do ensino
Finalmente encontro um artigo sobre o ensino que põe o dedo no grelito: «The Eros of teaching», no blog In Socrates' Wake.
Recomendo a leitura do texto integral, mas deixo-vos algumas ideias de base:
O autor comenta o livro «Love on Campus» de William Deresiewicz, que atraíu alguma discussão no passado verão, ao apresentar "a imagem que a cultura popular alegadamente tem de um professor (homem) de humanidades: um parasita libertino, desmasculinizado e inútil que aprecia o poder de seduzir as suas alunas". Deresiewicz defende que "ensinar é uma actividade quase-erótica que não é correctamente entendida na nossa cultura porque nos faltam recursos conceptuais para entender uma intimidade que não é familiar nem carnal. É uma intimidade da mente. Em alguns casos é mesmo intimidade do espírito".
"A grande maioria dos professores entende que a arte de ensinar consiste, não só de estimular o desejo, mas de o redireccionar para o seu próprio objecto, do professor para o que está a ser ensinado".
"Poderá haver uma cultura menos preparada que a nossa para absorver estas ideias? Sexo é o deus que adoramos mais fervorosamente. Negar que seja o maior dos prazeres é incorrer em blasfémia cultural".
"O que atrai os professores aos estudantes não são os seus corpos mas o seu espírito".
"Sócrates diz no Simposium que o pior de ser-se ignorante é estar-se contente consigo próprio, mas para muitas crianças que vão para a escola, isso ainda não é verdade. Eles reconhecem-se como incompletos e reconhecem, mesmo que só intuitivamente, que o completarem-se vem através de Eros. Por isso procuram professores com os quais possam ter relações e, pela nossa parte, procuramo-los também. Ensinar, afinal, é acerca de relações (...). Sócrates também diz que os laços entre professor e aluno duram uma vida, mesmo quando os dois já não estão juntos. E assim é".
Tudo isto é tão distante das discussões que actualmente se fazem a respeito do ensino. A única semelhança é que também envolvem Sócrates!
E nada de melhor que leres agora o conto do Charlie «A aula de Filosofia», que está já a seguir...
Mas antes, o comentário do próprio Charlie: "A circunstância de ter-me sentido toda a vida incompleto e pronto a renovar o espirito através do corpo, e por analogia simétrica, o corpo através do espirito, encontrou neste post um porto de abrigo e ponto para reflexão. Quem tem sede de saber, tem essa angústia de saber-se sempre aquém do descobrir que abre sempre novos caminhos no desconhecido. O desconhecimento da própria ingorância é talvez uma benção para os que são felizes sem o saberem, pese embora a contradição que esta afirmação contém. O professor é o Deus do saber, o aprendiz o espírito virgem , Eros o seu elo de ligação.
O Saber é a penetração fecunda no mundo das ideias, e o moldar do corpo que as contém: Existo e por isso penso- O erro de Descartes- e o saber molda o cérebro, o único verdadeiro órgão sexual de que o género Humano é feito".
Recomendo a leitura do texto integral, mas deixo-vos algumas ideias de base:
O autor comenta o livro «Love on Campus» de William Deresiewicz, que atraíu alguma discussão no passado verão, ao apresentar "a imagem que a cultura popular alegadamente tem de um professor (homem) de humanidades: um parasita libertino, desmasculinizado e inútil que aprecia o poder de seduzir as suas alunas". Deresiewicz defende que "ensinar é uma actividade quase-erótica que não é correctamente entendida na nossa cultura porque nos faltam recursos conceptuais para entender uma intimidade que não é familiar nem carnal. É uma intimidade da mente. Em alguns casos é mesmo intimidade do espírito".
"A grande maioria dos professores entende que a arte de ensinar consiste, não só de estimular o desejo, mas de o redireccionar para o seu próprio objecto, do professor para o que está a ser ensinado".
"Poderá haver uma cultura menos preparada que a nossa para absorver estas ideias? Sexo é o deus que adoramos mais fervorosamente. Negar que seja o maior dos prazeres é incorrer em blasfémia cultural".
"O que atrai os professores aos estudantes não são os seus corpos mas o seu espírito".
"Sócrates diz no Simposium que o pior de ser-se ignorante é estar-se contente consigo próprio, mas para muitas crianças que vão para a escola, isso ainda não é verdade. Eles reconhecem-se como incompletos e reconhecem, mesmo que só intuitivamente, que o completarem-se vem através de Eros. Por isso procuram professores com os quais possam ter relações e, pela nossa parte, procuramo-los também. Ensinar, afinal, é acerca de relações (...). Sócrates também diz que os laços entre professor e aluno duram uma vida, mesmo quando os dois já não estão juntos. E assim é".
Tudo isto é tão distante das discussões que actualmente se fazem a respeito do ensino. A única semelhança é que também envolvem Sócrates!
E nada de melhor que leres agora o conto do Charlie «A aula de Filosofia», que está já a seguir...
Mas antes, o comentário do próprio Charlie: "A circunstância de ter-me sentido toda a vida incompleto e pronto a renovar o espirito através do corpo, e por analogia simétrica, o corpo através do espirito, encontrou neste post um porto de abrigo e ponto para reflexão. Quem tem sede de saber, tem essa angústia de saber-se sempre aquém do descobrir que abre sempre novos caminhos no desconhecido. O desconhecimento da própria ingorância é talvez uma benção para os que são felizes sem o saberem, pese embora a contradição que esta afirmação contém. O professor é o Deus do saber, o aprendiz o espírito virgem , Eros o seu elo de ligação.
O Saber é a penetração fecunda no mundo das ideias, e o moldar do corpo que as contém: Existo e por isso penso- O erro de Descartes- e o saber molda o cérebro, o único verdadeiro órgão sexual de que o género Humano é feito".
A aula de Filosofia
por Charlie
... perfeita, até nos seus pujantes vinte anos de peitos perdidos por entre os cabelos...
- Assim falou Zaratrustra...- Avançou e olhou para o fim da sala de olhar fixo num ponto indefinido algures na parede oposta.
Aprendera, sob a capa austera de docente, a ver para além do olhar, a prender a atenção num ponto periférico da sua visão, desta feita numa quase tangente às pernas lindíssimas daquela aluna.
Em silêncio, de ponteiro na mão dilatou um pouco a pausa enquanto deixou percorrer o pensamento todo em mãos pela saia curta de cor clara onde o bronzeado leve das pernas morreu de repente no fechar de olhos e no retomar do discurso:
- Deus está morto! - Disse de voz bem entoada, certo do impacte que a sua forma de exprimir-se tinha sobre quem a sua voz escutava. - Antes de avançarmos, pergunto se sabeis, se incorporastes o significado do nihilismo, ou niilismo, tanto faz ...-
Poisou o giz com que acabara de escrever as duas palavras e rodando o corpo que passeava muito devagar pelo estrado, desceu-o, avançou um passo por entre as carteiras, parou e fixou desta fez o olhar na dobradiça inferior da porta da sala de aulas numa linha de visão que passava novamente a poucos centímetros dos joelhos de Carla. Como era linda! Perfeita até, nos seus pujantes vinte anos de peitos perdidos por entre os cabelos, que descendo sobre os ombros, mais ainda realçavam o seu volume.
- O nihilismo, do Latim nihil, que significa nada, é uma corrente de pensamento que....- Esperou um pouco na mira de que do murmúrio da sala saísse a resposta esperada e continuou: - .... o niilismo, entendido vulgarmente quase como sinónimo de Friedrich Nietzsche, faz do existir Humano algo que resulta do aleatório na evolução da vida e totalmente desprovida de sentido, de plano Divino, ou de valores transcendentais resultantes do pensamento, tal como a beleza, os valores imateriais ou até, mesmo sendo uma corrente filosófica, a própria filosofia.
Não é verdade, menina Carla? - Disse de repente estacando o seu passeio em frente às carteiras ao mesmo tempo que rodava o corpo de forma a ficar bem em frente a ela, engolindo dum só sorvo todo o seu olhar. Do plano superior de onde os seus olhares se cruzavam, surgia engrandecido. Duas luas enormes a olhar para cima onde por sua vez o seu olhar, a descer sobre ela, se perdia por entre estrelas.
-... Sim... concordo. - respondeu a aluna...
Sim o quê?! - Disse num avanço mas voltando-se de subitamente num breve e quase imperceptível sorriso.
... perfeita, até nos seus pujantes vinte anos de peitos perdidos por entre os cabelos...
- Assim falou Zaratrustra...- Avançou e olhou para o fim da sala de olhar fixo num ponto indefinido algures na parede oposta.
Aprendera, sob a capa austera de docente, a ver para além do olhar, a prender a atenção num ponto periférico da sua visão, desta feita numa quase tangente às pernas lindíssimas daquela aluna.
Em silêncio, de ponteiro na mão dilatou um pouco a pausa enquanto deixou percorrer o pensamento todo em mãos pela saia curta de cor clara onde o bronzeado leve das pernas morreu de repente no fechar de olhos e no retomar do discurso:
- Deus está morto! - Disse de voz bem entoada, certo do impacte que a sua forma de exprimir-se tinha sobre quem a sua voz escutava. - Antes de avançarmos, pergunto se sabeis, se incorporastes o significado do nihilismo, ou niilismo, tanto faz ...-
Poisou o giz com que acabara de escrever as duas palavras e rodando o corpo que passeava muito devagar pelo estrado, desceu-o, avançou um passo por entre as carteiras, parou e fixou desta fez o olhar na dobradiça inferior da porta da sala de aulas numa linha de visão que passava novamente a poucos centímetros dos joelhos de Carla. Como era linda! Perfeita até, nos seus pujantes vinte anos de peitos perdidos por entre os cabelos, que descendo sobre os ombros, mais ainda realçavam o seu volume.
- O nihilismo, do Latim nihil, que significa nada, é uma corrente de pensamento que....- Esperou um pouco na mira de que do murmúrio da sala saísse a resposta esperada e continuou: - .... o niilismo, entendido vulgarmente quase como sinónimo de Friedrich Nietzsche, faz do existir Humano algo que resulta do aleatório na evolução da vida e totalmente desprovida de sentido, de plano Divino, ou de valores transcendentais resultantes do pensamento, tal como a beleza, os valores imateriais ou até, mesmo sendo uma corrente filosófica, a própria filosofia.
Não é verdade, menina Carla? - Disse de repente estacando o seu passeio em frente às carteiras ao mesmo tempo que rodava o corpo de forma a ficar bem em frente a ela, engolindo dum só sorvo todo o seu olhar. Do plano superior de onde os seus olhares se cruzavam, surgia engrandecido. Duas luas enormes a olhar para cima onde por sua vez o seu olhar, a descer sobre ela, se perdia por entre estrelas.
-... Sim... concordo. - respondeu a aluna...
Sim o quê?! - Disse num avanço mas voltando-se de subitamente num breve e quase imperceptível sorriso.
Sem esperar pela resposta continuou e pediu para abrirem na página que tinha escrito no quadro. – Abram o livro e sublinhem estas palavras que vêem indicadas a seguir ao número da página.
Assim falou Zaratustra! Quero que me tragam na próxima aula uma explanação sobre os conceitos que sublinharam. Claro que não é preciso dizer que têm que ler o texto e os apontamentos que lhes ditei desde o princípio da aula.
A campaínha tocou.
- Podem arrumar os livros e sair.
Ah... menina Carla, precisava de falar consigo...-
Sorriu e mirou uma vez mais para as suas pernas enquanto, a morder ao de leve os lábios, anteviu o prazer que iriam sentir juntas as duas mulheres...
Charlie
Assim falou Zaratustra! Quero que me tragam na próxima aula uma explanação sobre os conceitos que sublinharam. Claro que não é preciso dizer que têm que ler o texto e os apontamentos que lhes ditei desde o princípio da aula.
A campaínha tocou.
- Podem arrumar os livros e sair.
Ah... menina Carla, precisava de falar consigo...-
Sorriu e mirou uma vez mais para as suas pernas enquanto, a morder ao de leve os lábios, anteviu o prazer que iriam sentir juntas as duas mulheres...
Charlie
31 março 2008
Amor assim não é uma palavra gasta*
Recomendo que leiam o texto da São Veiga "Amar uma pedra" no seu blog. Ela dedicou esse texto a um tal de PM, mas eu nem sou ciumenta...
Aqui ficam alguns excertos:
"Como em inúmeras coisas da minha vida, isto do sexo sempre foi um assunto ao qual nunca dei grande importância. «Um gajo anda mesmo distraído» pela vida fora e eu nem sei com quê!
Hoje, quando me perguntam de que é que eu sinto mais falta, respondo sempre:
abraçar os “meus-mais-que-tudo” com força
e
nadar nua debaixo de água! Até sonho com isso! É raro, mas às vezes, até raia o sonho erótico.
(A propósito de erotismo e sonhos molhados (?), também sonho muito com lavar pilhas e pilhas e pilhas de loiça, com muito prazer e muita satisfação, de ver tudo a brilhar, sem me cansar, e dobrar centenas de peças de roupa em montes ordenados e certinhos, muito bem dobradinha, para não ter que a passar a ferro, mas isto é assunto de outra história).
Por incrível que pareça, nunca me lembro de desejar andar, muito menos correr, ou andar de bicla, usar as mãos, falar alto e rápido ou dar sonoras gargalhadas.
Nunca pensei algum dia ficar tão sensível, tão atenta aos sentidos, ao meu corpo, à minha pele, ao contacto físico com os outros!
ELE há coisas com que ELA não pode
Não posso dar «Aquele Abraço Apertado» ao meu Amor e isso faz-me sentir o coração tão apertado como o abraço que lhe não posso dar.
Como fazem as pedras e as árvores para retribuir os abraços que lhes damos? A mim, resta-me escrever-lhe, que também já mal posso falar, embora saiba que nem preciso, que o meu Amor sabe ler os milhares de olhares com que também sempre nos comunicámos (...)
Embora imobilizada, como uma pedra ou uma árvore, sinto cada átomo do meu corpo e agora muito mais intensamente do que nunca, porque dependo sempre de um Outro-Eu para gozar, ter prazer! (...)
Por falar em calores, com 18 anos, eu e o meu Amor andávamos de bicla e tomávamos banho no Mondego. À noite, acampados, fazíamos uma fogueira e assávamos salsichas espetadas em ramos desfolhados de eucaliptos (...)
7 anos de excelente sexo!
Este é o título que hoje me apetece! Este é o título que me apetece todos os dias, sobretudo desde há cerca de 7 anos para cá, por volta das 16h30m, que eu também pertenço às estatísticas, nessa área da mulher quente/hora escaldante.
E pertenço às estatísticas dos deficientes, dos feios, dos macérrimos (superlativo absoluto sintético erudito do adj. magro), dos reformados por invalidez, dos das pensões de miséria, e dos idosos com 44 anos! Nada erótico, nada erótico!
Mas também sei que pertenço ao grupo dos muito felizes, porque o meu corpo é amado, com paixão, desejo, sexo e emoção.
Realmente, amar-me é muito difícil!
Primeiro, porque sou mulher e, portanto, dou uma trabalheira! Para me amar, o meu Amor não pode só dizer «Amo-te!» todos os dias.
Tem que me beijar, limpar, lavar, tocar, secar, passar creme, massajar, mudar o tampão, o pensinho, a cueca, beijar, usar dodots, papel higiénico, palpar, pentear, depilar gentilmente as minhas pernas com as gillettes dele, beijar-me, depilar-me com firmeza a cara com a pinça, levantar, baixar, virar... conhecer o meu corpo como a palma da sua mão e usá-lo com todos os sentidos: audição, visão, olfacto, tacto, gosto ou paladar. Posso não me mexer, mas faço amor com os cinco sentidos violentamente despertos! Dizem que o melhor para fazer amor com uma mulher só outra mulher... Não, não é preciso! Basta amor! Mas um amor natural, mental, conversador, sensitivo, sensual, brincalhão, profundo, sexual, pleno de entrega, demorado, físico, paciente, agora mais rápido, mais força, mais ao lado, mais aí...
Que até para os meus momentos mais pessoais, puramente egocêntricos, os meus momentos de prazeres solitários, preciso da intimidade do meu... Outro-Eu!
Amor é a 2
As pessoas deficientes que não têm quem as toque, abrace, beije, mexa, acaricie, estão a morrer! Não da doença, mas da tristeza da solidão da ausência de um abraço apertado.
Tive que ler e concordar, com tristeza, num destes dias:
«Jorge de Sena dizia que, sendo contra a prostituição, era a favor dela para estes casos. Estes e os outros, dos feios/feias e horríveis que (podendo...) teriam que pagar para ter direito a uma vida sexual.» (...)
Eu, Ela y os amantes
Tenho dois amantes descaradíssimos que me mimam só com pornografia (mas, esta sim, da erótica!). Não me faltam um dia que seja e oferecem-me rosas rubras, gargalhadas felizes de palhaços-músicos e esta t-shirt que é a minha cara chapada.
Eles, os meus amantes, denominam-se AfundaSão e Tunameliches (vd.Google). Durmo com eles todos os dias e como eles sabem que é difícil satisfazer uma mulherárvoredepedra e só vou à bola com «hi-tech, computadores e pénes» – como diz o meu Amor – pediram à Erosfarma (vd.Google), uma amigona deles, que me desse um presente Na Tal 2007! Calculem! Adorei, pois está claro! O que eu usava antes ainda se chamava «massajador facial», comprado pelo catálogo da LaRedoute, tinha 20 anos (um jovem!), mas andava avariado das «pilas» (como lá dizem os espanhóis).
Nestes amantes virtuais encontro os amantes reais que amam como eu ou tu, como nós, como todos vós..."
* como sempre, a Maria Árvore resumiu muito bem o que sentimos quando temos o privilégio de conhecer a São Veiga, minha rica prima por parte da São, e o seu muito-mais-que-tudo-mas-mesmo-tudinho JP.
Aqui ficam alguns excertos:
"Como em inúmeras coisas da minha vida, isto do sexo sempre foi um assunto ao qual nunca dei grande importância. «Um gajo anda mesmo distraído» pela vida fora e eu nem sei com quê!
Hoje, quando me perguntam de que é que eu sinto mais falta, respondo sempre:
e
nadar nua debaixo de água!
(A propósito de erotismo e sonhos molhados (?), também sonho muito com lavar pilhas e pilhas e pilhas de loiça, com muito prazer e muita satisfação, de ver tudo a brilhar, sem me cansar, e dobrar centenas de peças de roupa em montes ordenados e certinhos, muito bem dobradinha, para não ter que a passar a ferro, mas isto é assunto de outra história).
Por incrível que pareça, nunca me lembro de desejar andar, muito menos correr, ou andar de bicla, usar as mãos, falar alto e rápido ou dar sonoras gargalhadas.
Nunca pensei algum dia ficar tão sensível, tão atenta aos sentidos, ao meu corpo, à minha pele, ao contacto físico com os outros!
ELE há coisas com que ELA não pode
Não posso dar «Aquele Abraço Apertado» ao meu Amor e isso faz-me sentir o coração tão apertado como o abraço que lhe não posso dar.
Como fazem as pedras e as árvores para retribuir os abraços que lhes damos? A mim, resta-me escrever-lhe, que também já mal posso falar, embora saiba que nem preciso, que o meu Amor sabe ler os milhares de olhares com que também sempre nos comunicámos (...)
Embora imobilizada, como uma pedra ou uma árvore, sinto cada átomo do meu corpo e agora muito mais intensamente do que nunca, porque dependo sempre de um Outro-Eu para gozar, ter prazer! (...)
Por falar em calores, com 18 anos, eu e o meu Amor andávamos de bicla e tomávamos banho no Mondego. À noite, acampados, fazíamos uma fogueira e assávamos salsichas espetadas em ramos desfolhados de eucaliptos (...)
7 anos de excelente sexo!
Este é o título que hoje me apetece! Este é o título que me apetece todos os dias, sobretudo desde há cerca de 7 anos para cá, por volta das 16h30m, que eu também pertenço às estatísticas, nessa área da mulher quente/hora escaldante.
E pertenço às estatísticas dos deficientes, dos feios, dos macérrimos (superlativo absoluto sintético erudito do adj. magro), dos reformados por invalidez, dos das pensões de miséria, e dos idosos com 44 anos! Nada erótico, nada erótico!
Mas também sei que pertenço ao grupo dos muito felizes, porque o meu corpo é amado, com paixão, desejo, sexo e emoção.
Realmente, amar-me é muito difícil!
Primeiro, porque sou mulher e, portanto, dou uma trabalheira! Para me amar, o meu Amor não pode só dizer «Amo-te!» todos os dias.
Tem que me beijar, limpar, lavar, tocar, secar, passar creme, massajar, mudar o tampão, o pensinho, a cueca, beijar, usar dodots, papel higiénico, palpar, pentear, depilar gentilmente as minhas pernas com as gillettes dele, beijar-me, depilar-me com firmeza a cara com a pinça, levantar, baixar, virar... conhecer o meu corpo como a palma da sua mão e usá-lo com todos os sentidos: audição, visão, olfacto, tacto, gosto ou paladar. Posso não me mexer, mas faço amor com os cinco sentidos violentamente despertos! Dizem que o melhor para fazer amor com uma mulher só outra mulher... Não, não é preciso! Basta amor! Mas um amor natural, mental, conversador, sensitivo, sensual, brincalhão, profundo, sexual, pleno de entrega, demorado, físico, paciente, agora mais rápido, mais força, mais ao lado, mais aí...
Que até para os meus momentos mais pessoais, puramente egocêntricos, os meus momentos de prazeres solitários, preciso da intimidade do meu... Outro-Eu!
Amor é a 2
As pessoas deficientes que não têm quem as toque, abrace, beije, mexa, acaricie, estão a morrer! Não da doença, mas da tristeza da solidão da ausência de um abraço apertado.
Tive que ler e concordar, com tristeza, num destes dias:
«Jorge de Sena dizia que, sendo contra a prostituição, era a favor dela para estes casos. Estes e os outros, dos feios/feias e horríveis que (podendo...) teriam que pagar para ter direito a uma vida sexual.» (...)
Eu, Ela y os amantes
Tenho dois amantes descaradíssimos que me mimam só com pornografia (mas, esta sim, da erótica!). Não me faltam um dia que seja e oferecem-me rosas rubras, gargalhadas felizes de palhaços-músicos e esta t-shirt que é a minha cara chapada.
Eles, os meus amantes, denominam-se AfundaSão e Tunameliches (vd.Google). Durmo com eles todos os dias e como eles sabem que é difícil satisfazer uma mulherárvoredepedra e só vou à bola com «hi-tech, computadores e pénes» – como diz o meu Amor – pediram à Erosfarma (vd.Google), uma amigona deles, que me desse um presente Na Tal 2007! Calculem! Adorei, pois está claro! O que eu usava antes ainda se chamava «massajador facial», comprado pelo catálogo da LaRedoute, tinha 20 anos (um jovem!), mas andava avariado das «pilas» (como lá dizem os espanhóis).
Nestes amantes virtuais encontro os amantes reais que amam como eu ou tu, como nós, como todos vós..."
* como sempre, a Maria Árvore resumiu muito bem o que sentimos quando temos o privilégio de conhecer a São Veiga, minha rica prima por parte da São, e o seu muito-mais-que-tudo-mas-mesmo-tudinho JP.
CISTERNA da Gotinha
Uma aventura que é uma forma deliciosa de a marca de lingerie Agent Provocateur apresentar a sua nova colecção. A 1.ª história é Agent Provocateur - Lessons in Lingerie e a 2.ª chama-se The Lady of the Manor.
Nu... vestido?!
Sexo Cristão - o sexo como Deus planeou.
Nu... vestido?!
Sexo Cristão - o sexo como Deus planeou.
30 março 2008
Ponto de fantasia
Ele era tão, mas tão gay que me apaixonei por ele. Notava-se na forma como fumava com os dedos estendidos expelindo as baforadas com os lábios afilados e o cuidado de não atingir ninguém. No modo como colocava a voz um tom abaixo para a adocicar. Nas horas intermináveis de amizade cúmplice em que debulhávamos o último filme visto, a dificuldade de escolher entre um Cabeça de Burro ou um Ponte da Barca, as venturas e desventuras de gente nossa conhecida para velejar na monotonia dos dias ou a influência de determinado creme na conservação de uma pele lisinha e sem manchas.
Dei por mim a apreciar os merecimentos do seu traseiro enxuto em cada oportunidade e a imaginar a forma, o volume e até a cor daquilo que o distinguia de mim para efeitos de registo civil, para além da óbvia curiosidade sobre a cobertura ou não do topo. Embrenhava-me num torpor melífluo que acabava por me gotejar a lingerie. E mil vezes pensava no disparate de com olhos arregalados pela primeira vez lhe repetir que sabia fazer broches como ele.
Estou quilhada. Porque isto de me apaixonar por sensibilidades semelhantes mas com os tomates suficientes para se entranharem por mim adentro é uma fantasia digna de um filme indiano.
Dei por mim a apreciar os merecimentos do seu traseiro enxuto em cada oportunidade e a imaginar a forma, o volume e até a cor daquilo que o distinguia de mim para efeitos de registo civil, para além da óbvia curiosidade sobre a cobertura ou não do topo. Embrenhava-me num torpor melífluo que acabava por me gotejar a lingerie. E mil vezes pensava no disparate de com olhos arregalados pela primeira vez lhe repetir que sabia fazer broches como ele.
Estou quilhada. Porque isto de me apaixonar por sensibilidades semelhantes mas com os tomates suficientes para se entranharem por mim adentro é uma fantasia digna de um filme indiano.
29 março 2008
ainda a propósito do bico crucificado no Murcon...
Com algum atraso, de que me penitencio (mas nem sempre o tempo nos corre como queremos), achei ainda oportuno acrescentar três comentários - três, a conta que Deus fez... - motivados por algumas homilias lidas nos comentários do Murcon, a propósito do cartoon do Raim, referido no título:
1. Nada como fundir o sexo com qualquer credo religioso para fazer saltar à luz do dia as pudicas virgens dos baptistérios, onde vêm refrigerando as suas pudendas partes.
Quando um pénis ou uma vagina tocam, ao de leve, o manto impoluto de uma qualquer santidade do seu areópago de circunstância e conveniência, logo se escutam as cínicas e hipócritas carpideiras, como se o simples acto ao qual cada um de nós deve a vida mais não lhes fosse do que a consumação de pecado original.
1. Nada como fundir o sexo com qualquer credo religioso para fazer saltar à luz do dia as pudicas virgens dos baptistérios, onde vêm refrigerando as suas pudendas partes.
Quando um pénis ou uma vagina tocam, ao de leve, o manto impoluto de uma qualquer santidade do seu areópago de circunstância e conveniência, logo se escutam as cínicas e hipócritas carpideiras, como se o simples acto ao qual cada um de nós deve a vida mais não lhes fosse do que a consumação de pecado original.
Faz-me pensar que, dando origem a tal gente tão avessa à Vida, para esses, sim, tal consumação terá sido um acto falhado! Um fatal caso de orgasmo mal parado.
2. Fico sempre algo perturbado e perplexo quando uma qualquer voz se ergue, não para emitir uma opinião própria sobre uma matéria dada, mas para se erguer contra outrém que tenha emitido a sua própria opinião, criticando ou denegrindo a «ousadia» de ter tido... uma opinião.
Essa é a matriz da intolerância - a que hoje se chama mais, mas mais impropriamente, «fundamentalismo». É o berço dos diversos «ismos» que tentacularmente tentaram e tentam anular o indivíduo, na sua esplêndida diversidade que a todos nos enriquece.
Quem não gostar, que não compre, assim se diz e é muito certo. Nada me obriga a aceitar algo cujo acesso dependa do meu acto voluntário.
Mas a sua criação, sendo alheia a mim, transcende-me, não detendo eu qualquer poder de Verdade que me faculte poderes de definir quem deva viver ou quem deva morrer - falando-se aqui do acto criativo, claro.
2. Fico sempre algo perturbado e perplexo quando uma qualquer voz se ergue, não para emitir uma opinião própria sobre uma matéria dada, mas para se erguer contra outrém que tenha emitido a sua própria opinião, criticando ou denegrindo a «ousadia» de ter tido... uma opinião.
Essa é a matriz da intolerância - a que hoje se chama mais, mas mais impropriamente, «fundamentalismo». É o berço dos diversos «ismos» que tentacularmente tentaram e tentam anular o indivíduo, na sua esplêndida diversidade que a todos nos enriquece.
Quem não gostar, que não compre, assim se diz e é muito certo. Nada me obriga a aceitar algo cujo acesso dependa do meu acto voluntário.
Mas a sua criação, sendo alheia a mim, transcende-me, não detendo eu qualquer poder de Verdade que me faculte poderes de definir quem deva viver ou quem deva morrer - falando-se aqui do acto criativo, claro.
3. Tanto comentário descontextualizado no blog do JMV - o que não o responsabiliza, como é óbvio - faz-me pensar que muitos dos comentaristas ali se albergam apenas para fruirem, a baixo custo, da popularidade do mestre, quais novos apóstolos carentes... Donde resulta, como tanta vez a História nos mostra, que muitos desses apóstolos mal entendem o mestre e desvirtuam os seus sapientíssimos ensinamentos, na sua sanha cega de o protegerem contra os «males» do mundo... protegendo-se, afinal, a si mesmos, acautelando os benefícios da herança.
Beati pauperes spirito, na verdade!
- Nota de rapa-pé: Porventura discutível terá sido a errada atribuição da autoria do poema da Encandescente, por parte de JVM, há não muito tempo, remetendo-a para uma anónima aluna de uma improvável escola, o que não suscitou grandes comentários rectificativos por parte de tão sagazes seguidores... Sic transit gloria mundi, que hoje me está a puxar para as latinices.
Claro que estas opiniões não são especialmente eróticas. Mas são as minhas. E consegui escrever tudo isto, solidário com a São, sem emitir um só juízo de valor em relação ao cartoon do Raim... Ele há coisas!...
(Ah, e a propósito, se algum desses perturbados - que vem aqui sem o confessar ou por «acidente transcendental de digitalização involuntária» - quiser saber da minha verdadeira identidade é só dizer, que eu terei o maior gosto em divulgá-la já que, nestas coisas da liberdade de opinião, a minha vaidade tem poucos ou nenhuns limites)
Mini-diálogo nos comentários deste post
São Rosas - "Um bom cu não tem sexo (dizem)"
The F Word: "Tem o que lá meterem..."
OrCa: "Deixem-me lá ser assim a modos que conservadorzito, nestas matérias à rectaguarda:
sei mal se é despiciendo
ter do orifício um sinal
valendo só ir metendo
que afinal tudo é canal
ter de pêssego a penugem
curvatura a condizer
é melhor do que lanugem
ou músculo duro a roer
enfim haja liberdade
de comer o que se quer
mas cu de homem na verdade
difere bem da mulher
já não falando de coisas
outras mais que à mão vão ter
quando se enlaça pela frente
entalado no esfíncter..."
The F Word: "Tanta, mas tanta razão que tu tens..."
São Rosas: "De onde resulta o clássico grito «ai, filha, que já te atravessei!»"
The F Word: "Tem o que lá meterem..."
OrCa: "Deixem-me lá ser assim a modos que conservadorzito, nestas matérias à rectaguarda:
sei mal se é despiciendo
ter do orifício um sinal
valendo só ir metendo
que afinal tudo é canal
ter de pêssego a penugem
curvatura a condizer
é melhor do que lanugem
ou músculo duro a roer
enfim haja liberdade
de comer o que se quer
mas cu de homem na verdade
difere bem da mulher
já não falando de coisas
outras mais que à mão vão ter
quando se enlaça pela frente
entalado no esfíncter..."
The F Word: "Tanta, mas tanta razão que tu tens..."
São Rosas: "De onde resulta o clássico grito «ai, filha, que já te atravessei!»"
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