Pareceu-me que a parede precisava de ser pintada mas como senti os seus dedos a cravaram-se mais fundo na minha cintura percebi que rapidamente o seu canudo ia sacolejar convulsivamente até desfalecer e fui aliviando a pressão das minhas mãos contra o topo do sofá para depois me virar e ele pegar-me no queixo para sacar um beijo elanguescido tal e qual numa repartição se carimbam os documentos prontos para entrega.
Ele atirou-se para o sofá, recostou-se de braços abertos e expirou fundo. Acendeu um cigarro para a merecida pausa e palavra puxa palavra lá começou na conjugação do verbo dever para a 2ª pessoa do singular que por azar era eu. Azedou-lhe o monólogo as minhas constantes baforadas e a calma com que sacudia a cinza sem uma desculpa para não cumprir as suas ordens tão explícitas ou uma promessa que o consolasse. E alçou uma das manápulas e zás-trás-pás no meu rosto. Não foi tarde nem cedo para os meus dedos fininhos copiarem o gesto na sua cara. Ele pegou-me com um só braço como se comesse espinafres a todos os pequenos-almoços e com o outro punho foi distribuindo alegremente selos pelo meu corpinho nu.
Após uns pontapés mal amanhados, que era o que o ângulo permitia, lá me desembaracei daquela massa enorme, corri para o quarto a vestir-me numa pressa e rapidamente me escoei porta fora para ir fazer queixa à polícia. Já na esquadra, os agentes lá tentaram colar complacência a uns sorrisos para disfarçar os sobrolhos franzidos e aquele a quem coube a missão de me recolher o depoimento até devia ter um subsídio para creme de mãos tantas foram as vezes que as esfregou nas faces com a barba a romper. Tentou-me explicar que assim tão de repente e sem as marcas que a minha pele fez o favor de não assimilar era um suponhamos e mesmo com elas vivinhas da silva, convinha que provassem uma prática continuada e assim sim, podia-se avançar a toda a brida com a acusação e até a restrição de aproximação no estrito cumprimento da lei. Embora, como cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém seria aconselhável no decorrer do processo refugiar-me em casa de familiares de que ele não soubesse a morada ou na falta destes solicitá-lo à APAV e não aparecer muito na rua e sobretudo, no local de trabalho ou outros sítios que o agressor conhecesse porque ele ia andar por aí solto e o mais certo seria estar aborrecido e vir-me pedir explicações da acusação e até, quiçá, chegar a ponto de me agredir fisicamente e eu precisar de assistência hospitalar.
Ele atirou-se para o sofá, recostou-se de braços abertos e expirou fundo. Acendeu um cigarro para a merecida pausa e palavra puxa palavra lá começou na conjugação do verbo dever para a 2ª pessoa do singular que por azar era eu. Azedou-lhe o monólogo as minhas constantes baforadas e a calma com que sacudia a cinza sem uma desculpa para não cumprir as suas ordens tão explícitas ou uma promessa que o consolasse. E alçou uma das manápulas e zás-trás-pás no meu rosto. Não foi tarde nem cedo para os meus dedos fininhos copiarem o gesto na sua cara. Ele pegou-me com um só braço como se comesse espinafres a todos os pequenos-almoços e com o outro punho foi distribuindo alegremente selos pelo meu corpinho nu.
Após uns pontapés mal amanhados, que era o que o ângulo permitia, lá me desembaracei daquela massa enorme, corri para o quarto a vestir-me numa pressa e rapidamente me escoei porta fora para ir fazer queixa à polícia. Já na esquadra, os agentes lá tentaram colar complacência a uns sorrisos para disfarçar os sobrolhos franzidos e aquele a quem coube a missão de me recolher o depoimento até devia ter um subsídio para creme de mãos tantas foram as vezes que as esfregou nas faces com a barba a romper. Tentou-me explicar que assim tão de repente e sem as marcas que a minha pele fez o favor de não assimilar era um suponhamos e mesmo com elas vivinhas da silva, convinha que provassem uma prática continuada e assim sim, podia-se avançar a toda a brida com a acusação e até a restrição de aproximação no estrito cumprimento da lei. Embora, como cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém seria aconselhável no decorrer do processo refugiar-me em casa de familiares de que ele não soubesse a morada ou na falta destes solicitá-lo à APAV e não aparecer muito na rua e sobretudo, no local de trabalho ou outros sítios que o agressor conhecesse porque ele ia andar por aí solto e o mais certo seria estar aborrecido e vir-me pedir explicações da acusação e até, quiçá, chegar a ponto de me agredir fisicamente e eu precisar de assistência hospitalar.