24 abril 2008

A Saudade

por Charlie

Quando subia a Avenida da Liberdade, pelas faixas laterais direito à rotunda que cerca o Leão e o Marquês, era usual vê-la de saia invariavelmente curta, quase sempre de negro mate, mastigando o tempo nas dentadas com que embrulhava de pastilha elástica os lances de aborrecimento que a sua espera no passeio me parecia ser.
Ficava a olhar para ela, o corpo bem torneado, o cabelo meio curto e um olhar que se desviava numa pausa voltando-se depois a mim numa exploração rápida e incisiva que desta feita fazia desviar o meu, rumo mais acima.
Gostava de fazer o percurso a pé nos primeiros dias da Primavera, deixando o carro no parque dos Restauradores, entregando depois aos músculos e à sensação de ar livre, passo a passo, a tarefa de vencer a distância sobrante.
No entanto, quando por razões diversas tinha de levar o carro até ao destino final, dava por mim a fazer a volta apenas para que pudesse passar junto a ela. Coração a bater mais depressa, ansiando o instante em que me olhasse bem dentro desse olhar que eu desviaria num misto de euforia e angústia que não conseguia explicar.
Passava a mirar pelo canto do olho, carro de caixa engatada em segunda velocidade, rodando devagar de mãos em ilusão de segurança presas ao volante.
Seguia-a pelo retrovisor enquanto ela ora subia, ora descia o passeio da Avenida, ficando cada vez mais pequena, mais distante no rectângulo espelhado que acabava, num reflexo, por absorver toda a cidade no nada que é um poema fugidio de palavras breves.
Foi numa manhã ao sair de casa, e sentado no carro numa pausa para reflexão onde assumi que vê-la todos os dias me era já imprescindível.
Nessa manhã, num impulso consciente e após um instante de hesitação, alterei o que era já a rotina. Travei! Deixei que os olhares se cruzassem, que se fixassem na leitura. Muda e secreta, intensa de sol que enchia a Lisboa que eu amo.
Atravessou os breves metros e dirigiu-se a mim, sempre de olhar fixo.
Inclinei-me para o lado direito no gesto de abrir a porta, o que ela sem uma palavra entendeu, contornando o carro e acabando por sentar-se ao meu lado.
Olhei para ela, para as suas pernas bonitas mostrando no interior da coxa direita o fio violeta-reflexo dum pequeno derrame capilar que quase passava despercebido. Subi o olhar, a cintura, os peitos pequenos e firmes, o brilho da boca e parei novamente o olhar no seu.
- Gostas?- Perguntou ela no seu ar de puta de rua, de olhos grandes e lindos, quase infantis que eu agora via bem junto a mim.
- Se gosto? – respondi devagar. – Tu sabes... passo por aqui todos os dias e... todos os dias fico a olhar para ti. És muito bonita...-
Fiquei olhando para ela que desviando o olhar fitava agora algures um alvo indefinido, muito para lá do sítio onde a Avenida se abre e entrega em rotunda, mais avenidas e Parque, e azul do céu a perder-se no infinito...
- Nunca tinha reparado em ti.- mentiu ela. Pelo menos foi o que pensei.
Mentiria? Caí na realidade. Obviamente! Seria idiotice minha julgar que uma puta de rua ficasse a olhar só para mim.
Claro. Que estúpido que eu sou. É natural que ela olhe para todos os que passam. É seu ganha-pão e o olhar para os potenciais clientes bem dentro dos olhos é o primeiro contacto comercial após o lance publicitário consubstanciado na linguagem do corpo exposto nesse jogo do esconde-que-mostra, da roupa curta e justa, dos gestos, da postura....
- Para onde vamos?- perguntei a romper o desconforto para onde tinha deixado correr o pensamento.
- Para onde quiseres- sorriu- Posso passar o dia contigo, almoçar, conversar, passear...-
Avancei devagar avenida acima, voltando à direita entrando assim no emaranhado de ruas que circundam as Avenidas Novas.
- Como te chamas?
- Saudade...- respondeu parecendo querer acrescentar algo mais.
- Não é um nome usual. - Cortei interrompendo-a. - Vocês costumam usar outros nomes. Sei lá, diminutivos sonantes que se ouvem na noite, como ...- Não me deixou acabar a frase.
Num irromper brusco mandou-me parar.
- Pára aqui, Carlos! Pára, ouviste?! Saudade é o meu verdadeiro nome, entendes? O meu verdadeiro nome...- e abrindo a porta ainda me disse lívida: - Vocês, homens... são todos uns... uns sacanas! – E saiu sem mais palavra.
Durante um espaço de tempo indefinido fiquei sem reacção dentro do carro.
Ela tinha dito o meu nome. Sabia o meu nome e Saudade era o seu verdadeiro.
Saudade...
Durante semanas não voltei a passar por ali, as noites em claro, vencendo em cada derrota a luta interna que me atirava, dum lado para outro, contra as paredes desse poço onde de repente tinha ficado mergulhado, até que vencido pelos meus limites decidi voltar a procurá-la.

Passei lá hoje mais uma vez.
Há quase vinte anos que o faço, há quase vinte anos que o coração me bate mais depressa quando subo a Avenida e passo ao mesmo lugar onde ela a atravessou para se sentar ao meu lado.
Há quase vinte anos que não a vejo naquele passeio.
E há quase outros vinte que a Saudade mora comigo...

Charlie

Nova PinaLética

23 abril 2008

O emblema


Elogiou-me os longos cabelos e não me pareceu desadequado ir trocar encómios mais íntimos. Na casa dele e já despidinhos ele fez questão de ir buscar dois elásticos grossos e roliços daqueles que nem partem o cabelo nem nada e paramentou-nos com os ditos.

Seguindo o seu ritual pediu-me que ajoelhasse e lhe implorasse a salvação e embora não me sentisse pecadora acedi que jogo é jogo e não estava ali para cortar as vazas. Ele depositou-me o seu sagrado emblema na boca segurando-me no queixo e ali ficou especado a olhar aquele vaivém que lhe adrenalinava os espermatozóides a correrem que nem uns desalmados mexendo as mãos para me puxar a rédea do rabo de cavalo e controlar os movimentos ao trote que desejava.

Não é que tenha alguma coisa contra o aumento de proteínas no organismo mas confesso que estranhei que depois daquilo apenas me arrastasse para o seu computador para me exibir uma colecção de gepeguês do seu ceptro nas bocas das suas conquistas louras ou morenas sempre numa perspectiva em que só se via um niquinho do dito e os acólitos pendurados de fora tal a ânsia que tinha de repetir cenas do clássico Garganta Funda.

Não queria parecer mal agradecida perante tamanha partilha da intimidade mas não consegui controlar as gargalhadas que me golfavam da boca e a pergunta que me jorrou de se alguma vez tinha tido medo que os dentes lhe marcassem o brasão ou alguma mais enxofrada pela insistência naquela cena única lhe arrancasse alguma pontinha da coroa.

Ouves-me, Amor?

Her















Coisas [via]

John & John vistos por cartunistas amigos do d!o


crica para visitares a página John & John de d!o

22 abril 2008


Brisa forte


Uma parceria com The Perry Bible Fellowship

Jardim de cactos na ilha de Lanzarote

Fotos tiradas* por mligiate numa viagem a Lanzarote:





* alguém me pode explicar por que se diz "tirar uma foto"? Acho tão estranho como "tirar fotocópias". Aviso sempre os meus amigos: "Nunca entres com fotocópias em casas que tenham esse aviso, porque tiram-tas e ficas sem elas".

A nova colecção da Agent Provocateur

As campanhas da lingerie Agent Provocateur são uma delícia. E sempre diferentes.
Desta vez, podes movimentar-te a toda a volta de um cenário, colocando as peças para encomendar no carrinho de compras e, onde encontrares uma estrela, cricando nela tens um pequeno filme. Diverte-te.


«Experience»

Depósitos Rápidos
























Coisas [via]

21 abril 2008

Já estão à venda os bonecos vudu da funda São e da Ana Coisas...

... e para encomendá-los tens todas as informações ali em cima, nos links para a página das t-shirts e outras brincadeiras eróticas ou, mais directamente, no link vudu.

Dá mais pica ao teu amor!


Boneco vudu-zalho



Boneca vudu-zona

Kits vudu da funda São e da Ana Coisas: Boneco, carteira com alfinetes e instruções. Não há dois bonecos iguais. Os tecidos e acabamentos são sempre diferentes.
Só para dar uma alfinetada na tua curiosidade, deixo-te um excerto das muitas instruções no verso (e prosa) da embalagem:
"Oração enquanto se está a espetá-lo
Pelo mágico poder deste feitiço
que se juntem numa sandes o pão e o chouriço.
Ó meu anjo da Guarda ou então da Covilhã
dá-nos sexo em barda até que chame pela mamã.
Pelas forças do trovão
vais esfregar-me aqui com a mão.
Se andares por aí no engate
No melhor da festa há-de furar-se um tomate.
Se fores em pêlo à praia do Meco
que a malta fique toda a olhar para o boneco.
Se não me saltares para a cueca
nunca mais irás dar uma queca
e que todos os santos façam o milagre
de passares a cagar pregos e a mijar vinagre."

Manix Intense





Coisas [via]

Sereias anãs virgens...


Alexandre Affonso - nadaver.com