07 maio 2008

Ressaca

As ressacas são detestáveis naquele sabor de papel de jornais colado do esterno até à boca e as batidas constantes de um xilofone na cabeça. E não há panaceia que solucione a descoberta de um gajo que não era suposto estar na nossa cama.

Como as memórias da noite são difusas confio que tenha tido momentos espectaculares com tudo a que tenho direito, um membro a crescer-me nas mãos e entalado nos seios e depois feito cereja a pender-me para a boca, dedadas e pinceladas de língua em mim entremeadas de sorvos excessivos e a ligação do cabo que nos dá energia para estremecer, porque não sei o nome daquela cara que não conheço de lado nenhum. E ao levantar os lençóis para espreitar também não recordo aquele zé-ninguém ali esparramado sobre a coxa esquerda do proprietário.

Quando ele levantou as pálpebras como quem corre os estores pela manhã saudei-o com um olá estranho e indaguei-o sobre a possibilidade de me refrescar a memória. Ele colou as mãos aos seus pertences e gorgolejou um bom dia quase indecifrável. Asseverei que era uma mulher prática e apenas estava interessada em saber se valia a pena levantar-me da cama para ir tomar um Gurosan e aproveitar o dia.

Como despachar um homem após um encontro fortuito


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05 maio 2008

A Casa da Lanterna Vermelha

Por Charlie

Chovia aquele quase sem chover que fica algures entre a ténue neblina e o gotejar indefinido e suspenso que deixa os cabelos, roupa e penugem do rosto cobertos, sem que o notemos, com um fino e quase imperceptível véu velado em translúcidas teias sob os caprichos dos vestígios de luz quando o tardio da noite lhes incide.
Entrei empurrando leve e familiarmente o puxador da porta.
Havia uns largos anos que não entrava naquele espaço, e confesso a estranha e arrepiante sensação de déjà vu quando, por entre o cheiro a tabaco agora proibido, dei com o leque meio aberto em cima daquela mesa ao canto, junto à passagem que repartia a zona reservada ao acesso do serviço de balcão com a porta que dava para a sala interior.
Sem olhar para mais nada e sem pensar bem o porquê sentei-me de olhos fixos no artefacto.
Quase religiosamente toquei-lhe sentindo um mar de emoções aflorar à pele. O seu rosto, sabores do seu corpo, ecos da sua voz por entre relampejos intensos do negro lembrar dos olhos que tão apaixonara o verde dos meus... Acordei ao sabor da voz quente e um pouco rouca:
- Não viu o que dizia na porta? - Olhei para ela.
- Estamos fechados, não viu?...- Continuou abrandando a inflexão enquanto o rosto se lhe aclarava à medida que me redescobria.
- Tu?... Estou a ver bem? És tu?-
Sorri-lhe em resposta reparando como o seu olhar descaía para os dedos que eu mantinha pousados em cima do leque.
- O que é feito dela?- Perguntei.
- Sabes que ela se foi. Nunca mais soube dela... O que queres tomar?-
Afastou-se apontando com o olhar vagamente para a garrafeira enquanto ia buscar dois copos.
Mirei-a em silêncio seguindo os gestos e acenei afirmativamente aos cubos de gelo que já sentada à mesa serviu e que estalaram ao contacto com os dois dedos de uísque.
- Sabes... As meninas que aqui entram, vêm cá para passar e dar uns momentos agradáveis e governar a vida, mas vocês tem a mania que elas lhes pertencem. Começam a pensar só com a cabeça que têm entre as pernas e põem a outra na prateleira, e depois é o que dá...-
Calei-me enquanto um nó se me fez na garganta e todo um turbilhão de sensações me tomou de novo, agora mais intensas e vivas. Pequei no leque, abri-o seguindo os desenhos em negativo a negro da china e incrustações de fino madre-pérola.
- Este leque... era dela.- Atalhei com um ligeiro embargo na voz.
- Há mais leques no mundo, não há?
- Este foi o que lhe ofereci... - Fez-se uma pequena pausa enquanto ela me mirava fixamente no olhar. Voltei a abri-lo e apontei a um ponto determinado:
- Estás a ver? As minhas iniciais e as dela ao lado...-
Abaixou a cabeça, descomprimindo a tensão com um evasivo; - Deve tê-lo deixado esquecido, às vezes pego nele quando me sento um pouco e descanso. - Esperou um pouco e de brilho nos olhos mudou o tema: - Escuta, tenho agora aí umas miúdas... Se bem te conheço e se continuas o mesmo que eras...- Piscou-me o olho e colocando as duas mãos cheias de anéis em cima das minhas continuou: - Elas contavam-me. - E riu-se tossindo...
- Não... de momento não, mas escuta, eu venho um destes dias por aqui, mas vou deixar-te um cartão. Se tu a vires, se ela aparecer por aqui ou se alguém da casa a vir, dá-lho e diz que gostava de falar com ela...-
Deixei-lhe o cartão em cima da mesa e despedi-me puxando a porta da rua certificando-me que estava fechada e entrei para a chuva que agora caía já abertamente e livre das névoas.
Da sala interior saiu um corpo perfeito de mulher, pegou no maço por detrás do balcão e tirou um cigarro. Olhou para o cartão de soslaio por entre várias argolas concêntricas de fumo.- Eu até gramava este sacana, sabes?...- e pegando no pequeno rectângulo de cartão rasgou-o em quatro bocados...

Charlie

Afundaram no buraco ao lado

Oh!... Desculpa!... Foi sem querer...Informamos os caros utilizadores que procuraram:

- O “ideal feminino de camoes”... por aqui existem bastantes ideais femininos, mas de Camões não! Porque o gajo só tinha um olho. Aqui os ideais femininos são para quem vê bem!
Estavas a fazer o trabalho de Português para que ano? 7.º; 8.º? Ai se os teus pais te apanham por aqui!

- ”gajas com menstruação”
Por aqui também existem senhoras gajas com menstruação, nem todas entraram na menopausa...
mas o intuito da pesquisa... era para foder?

- ”cunnilingus”
Caríssimo, leste o comentário anterior? Ainda queres? Nós alinhamos e adoramos!

Ronaldo explica o maior escândalo com os travestis no motel


Alexandre Affonso - nadaver.com

04 maio 2008

A miúda

A miúda que em há em mim costuma correr à socapa dos colegas adultos nos longos corredores daquele edifício que mais parece a casa de malucos dos 12 trabalhos de Astérix. Muitas vezes nas pontas dos pés para os saltos não a denunciarem.

E não contente com isto, ainda se apaixona e como se cada vez fosse a primeira com a inocência de quem tem tudo para descobrir no outro e em si. Concebe como momento mágico cada novo pénis que lhe assalta a vista como se deparasse com um gatinho acabado de nascer na parecença de que ambos ainda têm olhinhos fechados.

E quase acredito que só cresce ao ritmo do emblema masculino que afaga nas mãos enquanto abandona as mamas aos sorvos e depenicadas da boca do outro. Porque assentar as nádegas nas coxas dele e soerguer-se um nadinha para se encaixar nele antes de um frenético vai e vem é um indubitável sintoma de maturidade.

"O que tu fazes com a comida, é contigo"