27 março 2009
Não basta ter tomates...
Retrato histórico obtido pela digitalização de uma iluminura elaborada nas costas de um envelope da conta da electricidade.
De acordo com esta notícia/revelação bombástica que acaba de chegar à Redacção, o Almançor derrotou Afonso Henriques porque este, apesar de ter efectivamente tomates, não os tinha no sítio certo. Trata-se de uma notícia estrondosa que promete fazer correr muita tinta... Para já há monárquicos em polvorosa!
O meu agradecimento ao Luís pela dica.
O meu agradecimento ao Luís pela dica.
Hoje sairia a primeira revista Playboy portuguesa...
... mas o gajo do quiosque mostrou-me um comunicado que adia para amanhã o lançamento. Dizem que a capa vai ser da Mónica Sofia (booooaaaa!) e a primeira playmate será a Rute Penedo.
O Henrique Monteiro antecipa a capa:
HenriCartoon
O Henrique Monteiro antecipa a capa:
HenriCartoon
26 março 2009
Madonna mia! Que belas... telas!
«Atira-nos água» de d!o
Esta e outras t-shirts da funda São (incluindo, claro, a badalada «Faz-me um Bico») nesta página deste vosso blog que s'assina «a funda São».
Capas censuradas de álbuns Rock
Vinte capas que foram por pouco tempo ou nem chegaram a sê-lo.
O antes e o depois neste artigo da Guitar World.
O antes e o depois neste artigo da Guitar World.
25 março 2009
O desejo de marisco
Não lhe podia dizer que ele era para mim uma tigela de sopa, tanto mais que não há necessidade de aumentar a ninguém a frustração impressa em cada dia que passa pelas condições sociais e económicas. Era desumano confessar-lhe que era o meu caldo verde por na prática usar o seu chouriço para alegrar a sopa embora o deglutisse a sonhar com caldo de marisco.
Ah, aquele lavagante que absorvia o tempo e o espaço de forma que mesmo no meio multidão a sua voz era uma bolha onde todas as pessoas eram bonitas, todas as ideias eram concretizáveis e dava gosto estar viva como se existisse o paraíso na terra. Depois de se trincar a maçã, bem entendido que seria pouco ecológico desperdiçar o prazer do sexo que a natureza nos oferece desde a origem.
Não o podia magoar nem antes nem depois de trocarmos de pernas e de braços em desvario fazendo das nossas peles adesivo para a ferida das restantes amarguras da vida tanto mais que o carinho com que me desenhava a boca a dedo era mais que o simples rebentar das condutas seminais e não lhe disse que a música do meu Falópio se contentava com uma trivial tigela de caldo verde desde que em alguns dias tivesse marisco.
Ah, aquele lavagante que absorvia o tempo e o espaço de forma que mesmo no meio multidão a sua voz era uma bolha onde todas as pessoas eram bonitas, todas as ideias eram concretizáveis e dava gosto estar viva como se existisse o paraíso na terra. Depois de se trincar a maçã, bem entendido que seria pouco ecológico desperdiçar o prazer do sexo que a natureza nos oferece desde a origem.
Não o podia magoar nem antes nem depois de trocarmos de pernas e de braços em desvario fazendo das nossas peles adesivo para a ferida das restantes amarguras da vida tanto mais que o carinho com que me desenhava a boca a dedo era mais que o simples rebentar das condutas seminais e não lhe disse que a música do meu Falópio se contentava com uma trivial tigela de caldo verde desde que em alguns dias tivesse marisco.
Às costas
Alfredo Grondo White
O Nelo está sempre atento às alterações climatéricas... em especial quando se trata de covas:
"Olha... a melhér tá doida e açim. Anda com uma cova hás coshtas? À goshtos pra tudo...
A nam çer... quele vá deitá-la no licho e çe fôre açim, ei uma bôa edeia...
- Pishti... ó pishti, tu melhér de cováscoshtas! Psihti, nam tás a ôviri? Iscute melhér, nam dêites iço no caichote da requislajem, nam vá algueim requislar iço çeim crer e currer o riscu de intrar novamenti na sirculasão....
Deita iço mejmo nu licho orgâmicu, beim lá no fundu...
24 março 2009
A mulher do Zé Manita, o Orelhas de Podengo.
Por Zecatramelica
... Aquilo depois de lavado e limpo fica tal e qual...
Mas ó Ana Maria Moleira!
Mó de quê é que eu semeei as ervilhas?
Foi para te andarem a servir de esteira?
É que o mano Manél Morais
e os outros marmanjos mais
dão-me cabo dos legumes!
Ora porra para tais costumes!
Vão chumbar prós seus quentais!
Mó de quê é que eu semeei as ervilhas?
Foi para te andarem a servir de esteira?
É que o mano Manél Morais
e os outros marmanjos mais
dão-me cabo dos legumes!
Ora porra para tais costumes!
Vão chumbar prós seus quentais!
(popular Alentejano, zona de Aljustrel)
Atão, cabraganem! Pra quem nã me conhece, sou o Zecatramelica o Vintesete e vivo da criação de gado aqui no Alentejo profundo algures entre Castro Verde e Mértola.
Atão, cabraganem! Pra quem nã me conhece, sou o Zecatramelica o Vintesete e vivo da criação de gado aqui no Alentejo profundo algures entre Castro Verde e Mértola.
Gosto de vir aqui de vez em quando contar umas partes antigas ou mais recentes cá das minhas bandas.
Agora que arrebentaram aí uns diazinhos mais quentotes, é ver a marmanjada toda a passar a caminho do Algarve. A maioria mete-se na auto-estrada e quase já nem sabe do resto do País nem a porra, tirando uns quantos que ainda se astrevem a dar a volta pelo interior mais profundo.
Agora que arrebentaram aí uns diazinhos mais quentotes, é ver a marmanjada toda a passar a caminho do Algarve. A maioria mete-se na auto-estrada e quase já nem sabe do resto do País nem a porra, tirando uns quantos que ainda se astrevem a dar a volta pelo interior mais profundo.
Lá vai um, quando bem não, que se mete nas estradinhas secundárias, dá de vaia a um homem à beira da estrada e pára para matar a sede.
E foi mesmo um macaco desses que fez o Zé Manita, orelhas de podengo, a ficar com o feitio dum cabrão que ele tem agora.
Já é sabido que a cabranagem de Lisboa e do Norte gosta de se meter com os Alentejanos. Ele é as anedotas, ele é pararem a fazer magação com o pessoal, mó da gente ter assim um feitio brando e gostar de fumar um cigarrote desses que a gente enrola ao fim da tarde, ali à soleira da porta a ver o pôr do Sol enquanto o tempo nã passa.
De vez em quando chumbam-se, como daquela vez em estavam a mangar com um compadre e vá de meterem-se com ele e a rirem dele, e quando no fim se foram embora e lhe perguntaram o nome, ele respondeu que se chamava o "pau nas nalgas" e assim que chegassem a Lisboa poderiam dizer lá ao pessoal, que tendo estado no Alentejo, tinham passado o dia metido com o pau nas nalgas...
Bem mas nã foi este o caso com a mulher do Zé Manita, o tasqueiro, orelhas de podengo. Primeiro é preciso dizer que ele apareceu com ela ninguém sabe bem daonde, nã se sabe se de Almodôvar, de Beja ou lá de que bandas.
Devo dizer a bem da verdade, que nã sei bem porqueim ei que o orelhas de podengo tem tantos ciúmes, ele que nem consegue ver as unhas dos pézes quando está de pé. E digo isto dos ciúmes dele por três razões:
À uma: Aquilo é mulher a mais para ele, um desperdício. O bicho quando encosta a barriga ao balcão fica quase a um metro dele!
À outra: Um homem solteiro como eu, também tem direito a enterrar o vinte sete. Sou solteiro nã porque nã goste de mulher. Gosto e muito, mas gosto de todas, tão a ver?
À terceira: Aquilo depois de lavado e limpo fica tal e qual e até é das coisas que ficam melhores com o uso e nã se gastam.
Bom, mas como ia dizendo, o cabrão apareceu no monte com ela, e com o dinheiro duma herança e da venda duma propriedadezita que era duma tia, montou o tasco junto à estrada e começou a governar a vida. Tá claro que o pessoal dos montes ali à volta, sabendo que havia por ali um palminho novo, deu em aparecer e a fazer movimento até que houve um que vindo de fora a reconheceu e que falou baixinho aos outros: - A bicha era cambalhoteira e ele já a tinha visto ali para as bandas do "não me alembro agora bem" e mais isto e aquilo. -Bom, a palavra espalha-se e o tasco passa de tasco a Café de estrada mantendo o tasco da parte de trás e o Zé Manita a encher-se de arame. Ela aparecia uma horita ao fim da tarde para ajudar nos petiscos e era um lustro aos olhos. Mas tá claro que nã me adiantava com a senhora até porque uma coisa é as conversas e outra coisa é a outra coisa e a lidação era ali só um bom dia, boa tarde, e com Orelhas ciumento sempre ao pé e a mancar, tínhamos avondo com poucas conversas.
Mas um belo dia um viajante de roupinha feita para mulheres, e que ia para Mértola, parou para beber uma cerveja e olhou para ela. Ela olhou para ele, ele olhou para ela, ela foi ao balcão e eu que estava lá nessa ocasião, vi como os lábios se mexeram no instantinho de nada que foi o levantar da garrafa e do copo.
Nessa tarde, já nem me alembrava dessa parte no tasco, meti-me na minha fragoneta porque tinha de ir ao Grémio da Lavoura ali a Beja mó duns atavios pró gado. Estacionei a fragoneta, saí, e quando bem não, dei de caras com ela e com o marmanjo de mãos dadas. Digo cá pra mim: - Aghhhh Zeca,.. que sempre bate certa a conversa do fulano sonterdia lá no tasco. E lá tá o que eles disseram num nada ali ao balcão! -
Ela mal me viu, disfarçou tirando a mão, e disse-me que era um amigo de longa data. Depois baixinho quase ao ouvido disse-me para não dizer nada lá no monte, que ela tinha dito ao marido que tinha vindo ver a Mãe, com quem ele não se dava, e que depois logo falava comigo.
E falou comigo sim senhora. Sempre longe do monte.
Das conversas que tivemos eu nã digo nada porque um homem que é homem come e cala, mas lá que os orelhas de podengo começou a ver alguma coisa nos olhos da mulher quando eu lá estava, lá isso deve ter visto porque ela deixou de aparecer no tasco e o orelhas, um cabrão desconfiado daqueles, a ficar de tirão-virão comigo...
E foi mesmo um macaco desses que fez o Zé Manita, orelhas de podengo, a ficar com o feitio dum cabrão que ele tem agora.
Já é sabido que a cabranagem de Lisboa e do Norte gosta de se meter com os Alentejanos. Ele é as anedotas, ele é pararem a fazer magação com o pessoal, mó da gente ter assim um feitio brando e gostar de fumar um cigarrote desses que a gente enrola ao fim da tarde, ali à soleira da porta a ver o pôr do Sol enquanto o tempo nã passa.
De vez em quando chumbam-se, como daquela vez em estavam a mangar com um compadre e vá de meterem-se com ele e a rirem dele, e quando no fim se foram embora e lhe perguntaram o nome, ele respondeu que se chamava o "pau nas nalgas" e assim que chegassem a Lisboa poderiam dizer lá ao pessoal, que tendo estado no Alentejo, tinham passado o dia metido com o pau nas nalgas...
Bem mas nã foi este o caso com a mulher do Zé Manita, o tasqueiro, orelhas de podengo. Primeiro é preciso dizer que ele apareceu com ela ninguém sabe bem daonde, nã se sabe se de Almodôvar, de Beja ou lá de que bandas.
Devo dizer a bem da verdade, que nã sei bem porqueim ei que o orelhas de podengo tem tantos ciúmes, ele que nem consegue ver as unhas dos pézes quando está de pé. E digo isto dos ciúmes dele por três razões:
À uma: Aquilo é mulher a mais para ele, um desperdício. O bicho quando encosta a barriga ao balcão fica quase a um metro dele!
À outra: Um homem solteiro como eu, também tem direito a enterrar o vinte sete. Sou solteiro nã porque nã goste de mulher. Gosto e muito, mas gosto de todas, tão a ver?
À terceira: Aquilo depois de lavado e limpo fica tal e qual e até é das coisas que ficam melhores com o uso e nã se gastam.
Bom, mas como ia dizendo, o cabrão apareceu no monte com ela, e com o dinheiro duma herança e da venda duma propriedadezita que era duma tia, montou o tasco junto à estrada e começou a governar a vida. Tá claro que o pessoal dos montes ali à volta, sabendo que havia por ali um palminho novo, deu em aparecer e a fazer movimento até que houve um que vindo de fora a reconheceu e que falou baixinho aos outros: - A bicha era cambalhoteira e ele já a tinha visto ali para as bandas do "não me alembro agora bem" e mais isto e aquilo. -Bom, a palavra espalha-se e o tasco passa de tasco a Café de estrada mantendo o tasco da parte de trás e o Zé Manita a encher-se de arame. Ela aparecia uma horita ao fim da tarde para ajudar nos petiscos e era um lustro aos olhos. Mas tá claro que nã me adiantava com a senhora até porque uma coisa é as conversas e outra coisa é a outra coisa e a lidação era ali só um bom dia, boa tarde, e com Orelhas ciumento sempre ao pé e a mancar, tínhamos avondo com poucas conversas.
Mas um belo dia um viajante de roupinha feita para mulheres, e que ia para Mértola, parou para beber uma cerveja e olhou para ela. Ela olhou para ele, ele olhou para ela, ela foi ao balcão e eu que estava lá nessa ocasião, vi como os lábios se mexeram no instantinho de nada que foi o levantar da garrafa e do copo.
Nessa tarde, já nem me alembrava dessa parte no tasco, meti-me na minha fragoneta porque tinha de ir ao Grémio da Lavoura ali a Beja mó duns atavios pró gado. Estacionei a fragoneta, saí, e quando bem não, dei de caras com ela e com o marmanjo de mãos dadas. Digo cá pra mim: - Aghhhh Zeca,.. que sempre bate certa a conversa do fulano sonterdia lá no tasco. E lá tá o que eles disseram num nada ali ao balcão! -
Ela mal me viu, disfarçou tirando a mão, e disse-me que era um amigo de longa data. Depois baixinho quase ao ouvido disse-me para não dizer nada lá no monte, que ela tinha dito ao marido que tinha vindo ver a Mãe, com quem ele não se dava, e que depois logo falava comigo.
E falou comigo sim senhora. Sempre longe do monte.
Das conversas que tivemos eu nã digo nada porque um homem que é homem come e cala, mas lá que os orelhas de podengo começou a ver alguma coisa nos olhos da mulher quando eu lá estava, lá isso deve ter visto porque ela deixou de aparecer no tasco e o orelhas, um cabrão desconfiado daqueles, a ficar de tirão-virão comigo...
José Carlos Trambolica
(Zeca Tramelica: O Vintesete)
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