03 agosto 2009
Já viram um operador de caixa a passar o leitor pelo código de barras do DiciOrdinário?
O código de barras do livro, colocado na badana da contracapa, é original. Só foi pena que o atraso na edição não permitisse que esta nossa "homenagem a Gustave Courbet" estivesse nas livrarias na altura devida: a 23 de Fevereiro, quando "a PSP de Braga apreendeu numa feira de livros de saldo alguns exemplares de um livro sobre pintura. A polícia considerou que o quadro do pintor Gustave Courbet, reproduzido nas capas dos exemplares, era pornográfico."
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O DiciOrdinário IlusTarado está à venda nas livrarias. Mas podes encomendar aqui e recebê-lo pelo correio, com uma dedicatória personalizada. E ainda há alguns exemplares assinados pelos três autores. Se pedires com jeitinho...
Videoclip baseado na música «Down Like I» de Anna Ternheim
Mais um trabalho do blog Garm's Kiss para pôr a malta a pensar sobre onde começa e acaba a pornografia.
02 agosto 2009
Postalinho de um visito
Adoro receber postalinhos como este do A. Faria, com "mais um achado":
LP de Faye Richmonde, Saul T. Peter e Men Of Passion - «My Pussy Belongs To Daddy»
Não façam fila (nem bicha, Nelo!) que aquilo avisa: «Pussy»... "is sold".
LP de Faye Richmonde, Saul T. Peter e Men Of Passion - «My Pussy Belongs To Daddy»
Não façam fila (nem bicha, Nelo!) que aquilo avisa: «Pussy»... "is sold".
01 agosto 2009
DiciOrdinário - o ícone
Precisávamos de um ícone para indicar as entradas que tinham uma ilustração. E saíu-me da cabeça esta "cara de caralho com óculos", que foi amor à primeira vista para nós, autores, bem como para o editor.
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O DiciOrdinário IlusTarado está à venda nas livrarias. Mas podes encomendar aqui e recebê-lo pelo correio, com uma dedicatória personalizada.
31 julho 2009
Acessórios de Verão
Eu gosto de colares.
E gosto de peixe.
Mas não gosto de colares de peixe.
Stephanie Seymour via things that excite me
Desafiam o OrCa com o odor a peixe fresco... e dá-lhe logo para o lirismo:
de peixe aroma seria
de peixe o quanto me calas
desse aroma a maresia
e no aroma me acalmas
qual Sodoma me dirias
nesses seios nossas almas
de tão mulher tu ririas
peixe de aroma na areia
lua-cheia e harmonia
de te saber a sereia
de quanto mar eu daria"
Responde a moça:
do meu cheiro a bacalhau:
Os homens ficam sem jeito
e levam na cara... pau!"
30 julho 2009
ASAS
O miserável caracol sem asas arrastou-se penosamente até alcançar a libertina libelinha lilás. Ofegante, controlou a respiração e, depois de a cumprimentar com um abafado olá que não recebeu resposta, disse:
– Então?
Com um sonoro suspiro enfadado a libelinha olhou-o de soslaio e retorquiu:
– Então, o quê?
Cansado, o caracol encolheu os ombros que não tinha, cerrou as sobrancelhas que não sabia o que eram e mordeu os inexistentes lábios com os nunca nascidos dentes.
– Então, nada – acabou por resmungar. – Estava só a falar contigo.
– Queres alguma coisa, é?
O caracol não respondeu logo. Reflectiu sobre o erro de ter vindo por ali e arrependeu-se de ter falado com o insecto. Puxou um escarro que lhe havia surgido na garganta depois da primeira resposta da libelinha e cuspiu-o.
– Que falta de educação – apontou a libelinha, com um esgar de nojo.
O caracol sorriu para dentro e perguntou:
– Quanto é que levas?
A libelinha fez uma careta, olhou-o com analítico cuidado e, profissional, inquiriu:
– Para?
– Para me levares ao céu! – exclamou o caracol, não conseguindo conter o entusiasmo.
A libertina libelinha lilás ergueu os olhos em prece, abanou a cabeça em negação e sentenciou:
– Podes lá ir mas nunca lá chegarás!
– Poupa-me às tuas filosofias – respingou o caracol. – Quanto é que levas?
A libelinha suspirou, conferiu as horas pela posição do sol, esticou as patas e depois as asas, tornou a olhar fixamente para o caracol com ar entediado e anunciou enfática:
– 30 segundos!
– 30 segundos?!
– 30 segundos, caracol, e já gozas!
– 30 segundos… – mastigou o caracol, desconsolado. – 30 segundos…
– É pegar ou largar, meu caro – insistiu a libelinha.
– E quanto é?
- Dás-me duas.
– Dou-te duas?!
– Sim e é se queres.
– Duas?! Por 30 segundos?
– Se quiseres, pode ser uma por quinze – propôs a libelinha. – Eu hoje estou magnânima.
– A Vanda varejeira faz-me 1 minuto por duas – replicou o caracol.
– Blargh! – fez a libelinha, de língua de fora e careta de asco. Recolheu as asas e concluiu com ensaiado desdém: – Tens bom remédio: vais com ela!
– Fico zonzo – admitiu o caracol. – Ela voa muito depressa e tem a mania de fazer tangentes a tudo o que mexe.
A libelinha deu uma gargalhada.
– E o cheiro?
– Qual cheiro? – inquiriu o caracol.
– Quando se vem.
– Ah!... Esse… – reconheceu o caracol torcendo os lábios e, sem desfazer a careta, explicou: – Eu exijo fazer antes de voar. Assim que a como arrancamos e, à velocidade que ela me leva, eu nem sinto nada.
A libelinha esboçou um sorriso trocista e comentou:
– Aí tens… Se já tens o problema resolvido, vai ter com ela!
– Eu gosto mais de voar contigo – confessou o caracol – e…
– E?
– E ela só me leva sempre um minuto e eu tenho de dar duas…
– E no fim da segunda já não vais voar – atalhou a libelinha.
– Pois… – concordou abatido o caracol.
O insecto riu. O caracol não.
– Isso é um problema teu – disse a libelinha. – Para mim, são 30 segundos a voar e duas no chão ou 15 a voar e uma no chão. É pegar ou largar!
– Uma – aceitou o caracol – e fazemos no fim.
– Não – afirmou a libelinha, com maus modos. – Fazemos amor antes de voar… Se fores mesmo bom, como na semana passada, recompenso-te – disse com um sorriso e um piscar de olho.
O caracol semi-cerrou os olhos, resmungou qualquer coisa contra o facto de o criador não ter distribuído asas a toda a gente e concordou:
– Vamos a isso!
– Então?
Com um sonoro suspiro enfadado a libelinha olhou-o de soslaio e retorquiu:
– Então, o quê?
Cansado, o caracol encolheu os ombros que não tinha, cerrou as sobrancelhas que não sabia o que eram e mordeu os inexistentes lábios com os nunca nascidos dentes.
– Então, nada – acabou por resmungar. – Estava só a falar contigo.
– Queres alguma coisa, é?
O caracol não respondeu logo. Reflectiu sobre o erro de ter vindo por ali e arrependeu-se de ter falado com o insecto. Puxou um escarro que lhe havia surgido na garganta depois da primeira resposta da libelinha e cuspiu-o.
– Que falta de educação – apontou a libelinha, com um esgar de nojo.
O caracol sorriu para dentro e perguntou:
– Quanto é que levas?
A libelinha fez uma careta, olhou-o com analítico cuidado e, profissional, inquiriu:
– Para?
– Para me levares ao céu! – exclamou o caracol, não conseguindo conter o entusiasmo.
A libertina libelinha lilás ergueu os olhos em prece, abanou a cabeça em negação e sentenciou:
– Podes lá ir mas nunca lá chegarás!
– Poupa-me às tuas filosofias – respingou o caracol. – Quanto é que levas?
A libelinha suspirou, conferiu as horas pela posição do sol, esticou as patas e depois as asas, tornou a olhar fixamente para o caracol com ar entediado e anunciou enfática:
– 30 segundos!
– 30 segundos?!
– 30 segundos, caracol, e já gozas!
– 30 segundos… – mastigou o caracol, desconsolado. – 30 segundos…
– É pegar ou largar, meu caro – insistiu a libelinha.
– E quanto é?
- Dás-me duas.
– Dou-te duas?!
– Sim e é se queres.
– Duas?! Por 30 segundos?
– Se quiseres, pode ser uma por quinze – propôs a libelinha. – Eu hoje estou magnânima.
– A Vanda varejeira faz-me 1 minuto por duas – replicou o caracol.
– Blargh! – fez a libelinha, de língua de fora e careta de asco. Recolheu as asas e concluiu com ensaiado desdém: – Tens bom remédio: vais com ela!
– Fico zonzo – admitiu o caracol. – Ela voa muito depressa e tem a mania de fazer tangentes a tudo o que mexe.
A libelinha deu uma gargalhada.
– E o cheiro?
– Qual cheiro? – inquiriu o caracol.
– Quando se vem.
– Ah!... Esse… – reconheceu o caracol torcendo os lábios e, sem desfazer a careta, explicou: – Eu exijo fazer antes de voar. Assim que a como arrancamos e, à velocidade que ela me leva, eu nem sinto nada.
A libelinha esboçou um sorriso trocista e comentou:
– Aí tens… Se já tens o problema resolvido, vai ter com ela!
– Eu gosto mais de voar contigo – confessou o caracol – e…
– E?
– E ela só me leva sempre um minuto e eu tenho de dar duas…
– E no fim da segunda já não vais voar – atalhou a libelinha.
– Pois… – concordou abatido o caracol.
O insecto riu. O caracol não.
– Isso é um problema teu – disse a libelinha. – Para mim, são 30 segundos a voar e duas no chão ou 15 a voar e uma no chão. É pegar ou largar!
– Uma – aceitou o caracol – e fazemos no fim.
– Não – afirmou a libelinha, com maus modos. – Fazemos amor antes de voar… Se fores mesmo bom, como na semana passada, recompenso-te – disse com um sorriso e um piscar de olho.
O caracol semi-cerrou os olhos, resmungou qualquer coisa contra o facto de o criador não ter distribuído asas a toda a gente e concordou:
– Vamos a isso!
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