15 abril 2010

Não faz mal...

Não faz mal porque a lua que pertence ao céu
também dorme nas águas de um lago
que lhe adormece o reflexo de um só trago
onde toda uma noite adormeceu.

Não faz mal porque a lua que pertence ao céu
também sabe dormir em qualquer estrada
tão negra e só; quando se sente espelhada
oferece-se com o reflexo que ali adormeceu.

Por isso, não faz mal se esse sonho que aconteceu
implora peito e nos fez sair das nossas casas
exige corpo e nos sacudiu das nossas camas
porque até a lua - vê! - quer dormir fora do céu.

Por isso, não faz mal se essa paixão nos rendeu
se nos fez perdermo-nos das nossas vidas
se nos fez perder paredes seguras e conhecidas;
até a lua, na estrada, no lago, se perdeu do céu.

Faz-me um bico a martelo

O Katano, sempre atento, perguntou-me: "Esta é das tuas...?"


É das minhas... mas copiada sem autorização minha e feita a martelo.
É um sentimento contraditório, ver algo feito por nós ser copiado. O d!o, holandês criador dos John & John, dizia-me isto: "copiarem algo meu é sinal que gostaram".
Enfim... se alguém quiser uma t-shirt «Faz-me um bico» original, com um lápis verdadeiro preso à t-shirt com um fio e um alfinete de ama, ainda tenho algumas que podem ser encomendadas aqui.

14 abril 2010

Imunidade celibatária



HenriCartoon

Tenho estado a pensar

Se a igreja católica vê a pedofilia como um assunto a ser tratado em família, então ainda é mais grave: é incesto!

Alta fodificação

A generalidade das emissões de televisão que nos entram olhos dentro são ainda de definição comum, o que em Portugal equivale a dizer que as imagens têm 576 linhas horizontais interlaçadas, ao ritmo de 25 imagens por segundo, o que serve para enganar o nosso cérebro fazendo-o pensar estar a ver algo com movimento. Naturalmente, 576 linhas horizontais interlaçadas, com o desenvolvimento da tecnologia são coisa pouca, deixam muita coisa de fora, que não se consegue ver. E aquilo que há para ver, como já antes escrevi, precisa de mais espaço.
O mercado está, agora, inundado por televisores LCD (ou Plasma) que permitem ver televisão com a qualidade a que os nossos olhos já estavam habituados nos monitores de computador. Convém lembrar que mesmo resoluções de computador modestas, como a clássica 1024x768, têm mais qualidade do que aquilo que a televisão nos exibe em formato standard. Na alta definição passámos, então, a encontrar coisas como 720p, 1080i e 1080p. Estes números referem-se ao número de linhas horizontais, o que nas tecnologias mais actuais é, para todos os efeitos, equivalente a dizer o número de linhas de pixeis horizontais, sendo o 720p correspondente a uma resolução de 1280x720 (0,9Mpixel, em aspecto 16:9), e o 1080i/p equivalente a resoluções 1920x1080 (2,1Mpixel, em aspecto 16:10). Embora não seja esse o propósito deste texto (aliás, o propósito só mais abaixo), uma palavra sobre o "i" e o "p": a letra "i" designa um modo de video interlaçado, e é uma herança das televisões antigas, CRT, e tinha como objectivo transmitir melhor qualidade sem consumo adicional de largura de banda. Para esse propósito, uma imagem de 25 frames por segundo era, na verdade, composta por 50 quadros desfasados, de tal modo que o primeiro conjunto de quadros desenhava linhas impares e o segundo, as linhas pares, completando a imagem. Já o "p" denota um modo de video progressivo, em que a imagem é desenhada progressivamente numa única passagem.

Quando passeamos em superfícies comerciais, onde se vendem televisões, é agora rotineiro ver imagens de jardins floridos ou objectos em movimento, e, claro, mulheres bonitas. O objectivo desses videos promocionais é mostrar ao potencial comprador aquilo que se consegue fazer com televisões de alta definição. Um aviso ao mais distraído: não basta a televisão ser de alta definição. É, obviamente, necessário que o conteúdo também tenha qualidade. Arrisco dizer que, em determinadas circunstâncias, uma mesma imagem em definição standard (as tais de 576 linhas, também usadas nos DVD) pode até ter pior aspecto numa televisão de alta definição do que numa mais antiga, porque as televisões 720/1080 tenderão a mostrar mais os defeitos, precisamente por terem maior detalhe. Filtros da própria televisão podem amenizar esses efeitos.

Uma pessoa pode ficar satisfeita por ver futebol com alta definição, pode ficar feliz por conseguir ver melhor todos os grãos de pólen das flores nos jardins, mas aquilo que se deseja, mesmo, é gajas. A tecnologia serve para ver gajas. E ontem tive a oportunidade de ver, pela primeira vez, uma cena de pornografia em esplendoroso 1920x1080p. Não, tem, comparação, com, nada. Digo-vos. Todos os sinais apelativos estão lá, mas também lá estão as estrias, a celulite, as imperfeições. Mas, then again, também lá estão os lábios luzidios (os de cima), e húmidos com detalhe (os outros). E pronto, o propósito deste texto é esse, o de vos dizer que ver pornografia em alta definição (tão alta quanto é possível no momento) é muito, muito à frente. Escolhi uma imagem ilustrativa. Terão de a clicar para ver em todo o tamanho e peço desculpa pela pixelização que fiz em pontos estratégicos, mas é por causa das crianças. ;-) Digamos que a menina deixou cair parte do gelado que estava a comer e... tal. E esta imagem não é uma fotografia, que essas já estamos habituados a ver com muitos megapixeis. Isto é uma frame do filme. E todo ele tem esta nitidez. Isto paga-se, claro. São quase 8GB de ficheiro. Ah pois.

Depois

Guardo um bocadinho para depois
parto-o do teu sono de corpo macio
divido-te os sonhos em dois
dou-te metade do meu silêncio.
Guardo um bocadinho para depois
para não sentir a tua ausência
sente-a a gaveta da minha fantasia
na página rasgada de um livro de heróis.
Guardo um bocadinho para depois
bocadinhos mansos de estrelas ao sol
dormem e esperam no meu céu de lençol
de peito a sonhar-se despido por girassóis.

E agora, que já não sabemos ser dois
o que guardo eu para depois?
Mostro-te o peito já queimado do sol
dos teus dedos nus nas minhas fantasias
magoado pelo frio do lençol
em lugar do teu corpo, nas tuas ausências.
Guardei um bocadinho de ti para depois
já gasto no ventre cheio de tanto silêncio
as pernas envolvem um convés já vazio
já nem naufrago resta para guardar depois,
na onda das ancas um toque de olhar macio
um colo que se alaga e te guarda para depois.

É a vez de Natália Bonnaud Nunes...

... ter a sua poesia erótica lida por aquela vozinha de ouro do Luis Gaspar.
É o

nº 48 da Poesia Erótica do Estúdio Raposa

Os cinco poemas que o Luisito escolheu serão brevemente publicados no livro «Chaves, fechaduras, sinos e outros simbolos», na Palimage Editores.
Pessoalmente, não classificaria esta poesia como erótica. Talvez apenas, "de raspão", o poema «Música». Mas essa é uma das características que tornam o erotismo uma delícia: depende de cada um de nós... e de cada momento...

Preservar a harmonia na relação com o simples apertar de um botão

As coisas azedaram entre os membros do casal, o último ramo de flores foi totalmente ineficaz, o makeup sex não é opção e paira já no ar a ameaça da inoportuna intervenção dos sogros como se de capacetes azuis se tratassem? Não desesperem!
Nesta imagem que a Paulinha há uns tempos me fez chegar por e-mail, propõe-se uma solução que promete eficácia total com o máximo de simplicidade. Segundo as instruções que chegaram em anexo ao aparelho, basta apontar à menina e pronto! Paz instantânea.

Leia atentamente as instruções do aparelho e em caso de dúvida ou persistência dos sintomas de crise, consulte um conselheiro ou um advogado.

13 abril 2010

Regressa a ti

Regressa, não deixes que se despeça de ti a pessoa que foste, a pessoa que és para lá das conjunturas e circunstâncias. Olha para dentro e recua no tempo para encontrares a pessoa que falta, adiciona à pessoa que ambiciona ser mais e melhor, acrescenta uma forma de sentir o amor que não queres perdida pelas vielas para onde a vida tentou empurrar, a pessoa que foste, a pessoa que és na essência, recupera a consciência e abandona esse torpor.
Regressa, vasculha o interior dessa alma inquieta e filtra enquanto desperta do sono apenas aquilo que te faça sentir mais feliz. Descarta tudo o que se diz e pega fogo às memórias malditas, incendeia as lembranças proscritas e redescobre-te no meio desse calor. Aprende a dar valor ao que verdadeiramente te interessa, não deixes que se despeça de ti a pessoa que foste, a pessoa que és para lá das contingências, de infelizes coincidências cujo preço já pagaste com o pouco que recebeste em troca de tanto que tens para oferecer.
Regressa, que o tempo está a passar depressa e essa tua viagem é de ida e volta.
E não deixes mais à solta essa pessoa que te fugiu, acredita que com o tempo aprendeu, neste presente mais perto do coração, o teu futuro mais certo.
A tua própria lição.

Beijo fatal


O beijo que anseio
é mesmo este - o teu - tão puro;
claro, transparente de ti.

Esse beijo quase me mata
- transcendente - fulminando-me.
É o beijo perdido
que me perturba, enlouquece
e me lança no abismo.

Beija-me enquanto inventas
o subterfúgio da fuga.

Foto e poesia de Paula Raposo

Abismos (By: Anzio Lìthica)

Atracção pelo abismo onde moras
morro na água, em cada reflexo
e mais morro se não me afogas
o abismo é um lugar sem nexo.
Mas quem ainda quer, tremendo,
esse nexo em todas as coisas
se sem a atracção, só vai morrendo
morrerei, mas de braços nas tuas costas.
Quem quem assim não sabe a morte
nesse abismo, não tem sabor a turbilhão
dou-te o peito, eu não invejarei tal sorte
e morrerei, assim mesmo, sem coração.




A Espadamorte


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