10 maio 2010
Pure Chess
- Ó Cavalo das Brancas, porque é que de há uns tempos para cá não há peões por perto dos vossos bispos?
Maria João: conto das palavras adormecidas
Olho para ela que se perde sem ele. Olho para ele que a vai perder. E se eu fosse ela e tu fosses ele, o que iria eu ver? Sim, eu sei, mas não quero saber. Sim, bem vejo, mas não quero ver. Tu nada dizes e eu cada vez menos te consigo ouvir. Sabes que não ensurdeci? Sabes que ensurdeceste? Tenho pena, meu amor, tenho tanta pena de não te ver aqui. Tenho tanta pena de saber que talvez até estejas e, de cabeça tapada, tentes - talvez - fingir que não. Quando a voz começa a cambalear ainda é no teu peito que deita as costas. Quando os dedos dão passos incertos ainda sentem as tuas mãos segurar os joelhos bambos. Não te digo, não, não te digo; calei-me. Tanto que foi preciso dizer-te para ouvires uma só palavra. Tanto que andei para veres um só passo. Sinto-te triste. Por favor, não fiques triste. Não tens culpa da mudez que te assalta quando gritas por mim. Não tens culpa de engolir o silêncio. Não tenho culpa, não sei se apenas imagino. Se calhar nem são os teus gritos que me inundam os cabelos e escorrem nas costas. Se calhar imagino. Olho para ela que se perde sem ele. E se eu fosse ela?
E o mote é...
09 maio 2010
Assim, sim
Não me espantaria
se regressasses
como se nada se tivesse passado.
Não me surpreenderia
se fosse hoje o dia de ontem
e amanhã o atraso
não justificaria
a lembrança.
Prefiro que fiques como estás
onde estás e porque estás
e que não voltes:
nunca aqui estiveste.
Foto e poesia de Paula Raposo
Conto de um poema
As minhas palavras são poema. Os meus braços são poema. Os meus passos são poema. E ainda sonho o teu poema, o poema de ti; o teu corpo é o meu poema, só pode ser poema. E sei do meu poema - tu - atirado ao chão como carne em chaga, inflamado pela vermelhidão roxa e feia das hormonas, esfregado contra um corpo fêmea inchado de cio, animais engalfinhados sem o ritmo da música, espasmos de criaturas acres, entumescidas num prazer feio de unhas em pele irritada. A beleza violada, desmanchada, envenenada. Um rouxinol que, de repente, pousa na árvore e ronca. Por isso, eu que te fiz poema, pergunto-te: o que fazes do poema de ti? Como podes fazer-lhe coisas tão feias?
08 maio 2010
Engate chapa três
«Eu sou heterossexual!» - AnAndrade
"Título estúpido, este, não é?!
Pois.
Mas aposto que se, em vez deste, tivesse escolhido um "eu sou lésbica e tenho muito orgulho nisso" ou "não sei se prefiro gajos, se gajas", isto amanhã teria uma porrada de visitas (aí umas dez, vá, mas ainda assim seria o dobro das habituais).
Vem isto a propósito da quantidade de "saídas do armário" de que ultimamente se tem notícia: "fulano de tal assume a sua homossexualidade"; "sicrano afirma-se gay e pensa casar com o companheiro mal a lei seja promulgada pelo P.R." e coisas que tais.
Se isto me interessa? É que nem um bocadinho, caramba.
A sexualidade de cada um é mais ou menos como o tamanho da cueca, o cheiro da boca depois de meio dia sem lavar a dentana (após a ingestão de um bife com molho de alho) e o calo que se tem no mindinho: interessa ao próprio e, no caso do hálito, aos que o circundam, se ele decidir respirar pela boca.
Nota: o facto de o José Carlos Malato ter aparecido, numa alegada festa gay, em Madrid, em tronco nu, só me assusta por ele ter tido a coragem de mostrar tanta banhoca. Malato, filho, vai mas é tratar do corpinho, não vá outro sacana apropriar-se da tua imagem sem dares por isso e expor ao país a quantidade de gordura que tem de saltar fora, que até és um gajo bem apessoado e tudo, pá...
AnAndrade
Blog Câimbras Mentais"
Pois.
Mas aposto que se, em vez deste, tivesse escolhido um "eu sou lésbica e tenho muito orgulho nisso" ou "não sei se prefiro gajos, se gajas", isto amanhã teria uma porrada de visitas (aí umas dez, vá, mas ainda assim seria o dobro das habituais).
Vem isto a propósito da quantidade de "saídas do armário" de que ultimamente se tem notícia: "fulano de tal assume a sua homossexualidade"; "sicrano afirma-se gay e pensa casar com o companheiro mal a lei seja promulgada pelo P.R." e coisas que tais.
Se isto me interessa? É que nem um bocadinho, caramba.
A sexualidade de cada um é mais ou menos como o tamanho da cueca, o cheiro da boca depois de meio dia sem lavar a dentana (após a ingestão de um bife com molho de alho) e o calo que se tem no mindinho: interessa ao próprio e, no caso do hálito, aos que o circundam, se ele decidir respirar pela boca.
Nota: o facto de o José Carlos Malato ter aparecido, numa alegada festa gay, em Madrid, em tronco nu, só me assusta por ele ter tido a coragem de mostrar tanta banhoca. Malato, filho, vai mas é tratar do corpinho, não vá outro sacana apropriar-se da tua imagem sem dares por isso e expor ao país a quantidade de gordura que tem de saltar fora, que até és um gajo bem apessoado e tudo, pá...
AnAndrade
Blog Câimbras Mentais"
Posicionamento
O ato de posicionar é uma arte.
Acha que estou mentindo? Veja o caso desse jornaleiro:
Viu?
Capinaremos.com
Acha que estou mentindo? Veja o caso desse jornaleiro:
Viu?
Capinaremos.com
07 maio 2010
c&a e os orgasmos que começam pelos pés
c&a: "Os melhores orgasmos são aqueles que começam nos pés... não haja dúvida!"
São Rosas: "Faz um desenho..."
c&a: "Ora aqui vai.
Todos sabemos que há muitos tipos de orgasmos: mais intensos, menos intensos, mais localizados, menos localizados...
Os meus são variados, como convém: às vezes melhores, outras vezes nem por isso...
Mas... quando começam no lado de dentro dos pés e a sensação vai subindo por cada perna, lentamente, como dois relâmpagos que se vão encontrar no topo e explodir!... eu sei que vai ser fabuloso!
O pior é quando começo a sentir cócegas nos pés em locais impróprios... o que é bastante frequente... eheheh (percebeste o desenho?)"
São Rosas: "Que curioso...
Gostava de saber se há mais malta com esse tipo de orgasmos."
(a propósito disto)
São Rosas: "Faz um desenho..."
c&a: "Ora aqui vai.
Todos sabemos que há muitos tipos de orgasmos: mais intensos, menos intensos, mais localizados, menos localizados...
Os meus são variados, como convém: às vezes melhores, outras vezes nem por isso...
Mas... quando começam no lado de dentro dos pés e a sensação vai subindo por cada perna, lentamente, como dois relâmpagos que se vão encontrar no topo e explodir!... eu sei que vai ser fabuloso!
O pior é quando começo a sentir cócegas nos pés em locais impróprios... o que é bastante frequente... eheheh (percebeste o desenho?)"
São Rosas: "Que curioso...
Gostava de saber se há mais malta com esse tipo de orgasmos."
(a propósito disto)
Céu: conto da coreografia das mãos
Nas mãos tenho a dança das mãos nas tuas. Mas sem as tuas, sem as tuas; decorou a coreografia a memória dos dedos, essa que guarda em detalhes a textura e a textura do cheiro - quando os dedos dançam junto aos lábios, dança a dança do cheiro teu. Nas mãos tenho a dança das mãos tuas mas só nas minhas, sem as tuas, sem as tuas; dançam-te os dedos, dançam-te as memórias; no piso envernizado das unhas rosadas dançou o fim mas as mãos não o viram. Nas mãos tenho a dança das mãos nas tuas. Mas sem as tuas, sem as tuas...
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