18 maio 2010

da professora toda despida e desta apagada e vil tristeza que nos veste a todos...

Mirandela resolveu rivalizar com Bragança. Pelo menos na sanha pseudo moralista com que fez cair o gládio das virtudes balofas em defesa da «honra e integridade da Pátria», desta feita sobre uma professora de música que decidiu posar nua para a revista Playboy.

O director do Agrupamento de Escolas da Torre de Dona Chama, clarinho como a água de tanta ribeira poluída deste País, nos afiançou: "Aparecer numa revista sem roupa não é compatível com a função de professora e de educadora". E daí a anunciar a rescisão do respectivo contrato foi um ápice.

E logo sequenciado por pudibunda e pressurosa vereadora que de pronto retirou a senhora da escola e catrafiou-a num arquivo, a bem da moral e dos bons costumes, quiçá ao abrigo dos olhares concupiscentes, protegendo-a a ela da gula dos concidadãos e aos concidadãos do pecado da gula (para além de outros menores, claro). Fica-me, confesso, a inveja dos bichinhos-de-prata, useiros e vezeiros nestas coisas dos livros e papéis velhos e que poderão desfrutar à vontade de quanto ao comum cidadão foi sonegado…

(Se gostou do que leu até aqui, veja, por favor, o restante em FREEZONE)

Precisamente


Precisamente hoje:
embala-me, abraça-me,
aguça-me o apetite;
volta, meia volta,
volta e meia
preciso que venhas
e me aguces assim.

Um verbo, um delírio,
o som e o gemido audível,
preciso - precisamente - hoje
que me perturbes o sono.

Foto e poesia de Paula Raposo

Conto do desencontro

Tradução do que foi assim como foi. Falámos. Sim, tu falaste e eu falei. Não sei se a ordem foi esta. E combinámos. Combinámos em nenhum dia a horas diferentes. Combinámos o desencontro. Ah! Se ao menos quem chegasse primeiro esperasse. Eu esperava? Tu esperavas? Mas, como podemos saber, ao chegar, se alguém não esperou ou se ainda nem chegou?

Privilégio diplomático



Santuário


1 página

oglaf.com

A dolorosa decisão de Cavaco



HenriCartoon

17 maio 2010

Pensamento do dia

Revendo um caderno de notas, encontrei algumas pérolas, anotações soltas e alguns desenhos. Nesta reunião, de há 5 anos atrás, participava uma mulher, já confortavelmente nos seus 40 (e tantos) e de lábios muito sensuais. Foi então que me ocorreu escrever isto:



Tradução: "Pensamento do dia: A percepção do mundo e da convivência social altera-se profundamente quando percebemos que na boca das mulheres com quem falamos já entraram um ou mais pénis".

Contos já sem pontes no azul

O frio dos dias queima a página das horas. O fogo. Eu tentei escrever-te o fogo.
Sou apenas um fósforo. E tu sabes. Eu sei, agora sei.
Ele deu-me amor. Mas tu deste-me azul. E azul é mais que amor. É mais que qualquer amor.
É mais que todos os amores. É azul. E tu sabes.
E eu? O que te dei? Dizes-me? E tu sabes?
Quem vai aumentar as palavras para te demorares nelas? Se não lês, o silêncio pode não demorar. Diz-me do princípio. Prometo não contar a ninguém. Nem a mim. Eu não conto. Quem vai domar os versos para te servirem? O que foi feito dos pássaros que escrevi na tua gaiola?
Fala-me do princípio.
O gelo no azul queima os olhos presos nas páginas. O fogo sempre procurou os teus para se escrever; agora, acredita que não tens. Saberás? Não.

Postalinho com vários postais

A Teresa B. falou-me de uns postais seus do mestre José Vilhena.
Bem que tentei "trazê-los" para a minha colecção, mas...

"Acredito que gostasses dos postais... mas eu também!
Enquanto eu não me fartar deles, contenta-te com as cópias...
Teresa B."


(crica nas imagens para as aumentar)





Boneca inflável


Alexandre Affonso - nadaver.com

16 maio 2010

A professora de Mirandela



HenriCartoon

a professora Bruna...


... pode perder emprego por posar para Playboy
Raim´s blog

Sem medo


Não tenho medo.
A foto és tu deitado
e eu ao teu lado.
Vês?

Mas não tenho medo
que seja só uma ideia minha.
Sei - sobretudo - que és tu
e não me amedrontas.

Aonde é que foi o delírio?
Aonde foram a vontade e o prazer?

Continuo a vasculhar
todos os precipícios
e ainda não dei contigo:
- Onde foste?

Foto e poesia de Paula Raposo

Morrer no ar

É por isso que não te consigo agarrar
porque não tenho mãos
e tenho os dedos a divagar
em gestos sem mãos a vaguear;
os gestos sem mãos
são gestos vãos
que morrem no ar.