O primeiro beijo é um momento inesquecível da vida, diferente de todos os outros que a seguir se dão, por maior que seja a paixão com que se dêem.
É a descoberta de sensações muitas vezes imaginadas mas nunca antes experimentadas. É um salto no desconhecido, é um receio, é um impulso quase irracional, é um doce sabor que perdura no tempo.
Sucedeu no jardim da minha casa, já lá vão muitos anos, mas ainda o tenho presente como se tivesse sido hoje.
Foi ao fim do dia, com o sol a declinar por trás da casa em frente. Ela, ainda muito jovem, envolta por um finíssimo e aveludado vestido carmim que lhe delineava as formas perfeitas, abriu-se lentamente à aproximação da boca sedenta que a desejava, moveu o corpo insinuante, deixou-se acariciar e sentiu-se perdida na loucura do beijo que retribuiu com ardor e paixão.
Nunca mais foi a mesma. Insaciável, todos os dias ali ficava à espera da repetição daquele primeiro beijo.
Durante muito tempo, aquele zangão apaixonado aparecia diariamente para beijar a bela rosa púrpura do meu jardim, para saborear o seu néctar doce, para sentir a carícia das suas pétalas em volta do corpo…
Rui Felício
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