23 maio 2011

sátiras e erotismos de versos despidos

Era o dia 20 de Maio, pelas 21h30, a noite bela e a Lua cheia...


Contra o obsceno da informação que nos assola em cada momento, contra o hipócrita moralismo, contra os canhões, se quiserem, ou contra os barões, contra os bretões e os espertalhões, mas sempre, sempre em favor de uma vida - está bem, está bem, ponham lá Vida com maiúscula -  por todos merecida, juntou-se uma belíssima mão-cheia de interessados concidadãos em torno do desafio lançado na mais recente sessão das Noites com Poemas, na Biblioteca de Tires-São Domingos de Rana: Sátiras e Erotismos de Versos Despidos.

Em cena disputavam-se os seguintes desafios:

- Carlos Pedro (cápê) - autor de Antes Abril Depois e de Ó Simpático, Vai Um Tirinho? (edições de autor)

- Miss Joana Well - com o lançamento do seu livro Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos (edição da Apenas Livros)

- Paulo Moura (que apresentou à comunidade Miss Joana Well... com raro e persistente brilho, aliás - ainda que nas filas mais afastadas alguns se tivessem queixado de que a conversa estava tão íntima que pouco lhes chegava, pelo que tiveram de imaginar parte do enredo - o que não deixou de ser um exercício erótico)

- Uma versão despojada mas nem por isso menos aguerrida da Tuna Meliches, promovendo um descante trauliteiro e desafiador, apelando à participação de todos, que muito engrandeceu os espíritos.

Não pretendendo ser esta mais do que mera referência à efeméride, para memória futura, por ter contado com vários dos participantes nesta excelentíssima Funda e, eventualmente, para suscitar  que este exemplo frutifique e se multiplique através de quem se afoite e invente cumplicidades, aqui fica o registo.

Sei apenas dizer que as presenças chegaram a rondar as cem almas - todas elas puras ou purificadas - e já passava da 1h30 do dia 21 de Maio quando foram encerradas as hostilidades, a contragosto, ainda, de muitos.

E assim foi. E quem não foi, fosse!

Jáfumega

No Brasil, mulher ganha na justiça o direito de se masturbar no trabalho

22 maio 2011

Tradução do Amor

Procuro
no vocabulário do tempo
na pausa breve que te embala as palavras
Pergunto
ao crepitar das vírgulas
onde ardem pequenos silêncios
que folheiam o dicionário do teu olhar
Encontro e ouço,
as tuas raízes perguntam
se há terra no chão da minha casa
Sim, respondo,
há terra no chão da nossa Casa.

«Amor à primeira vista» - por Rui Felício


Desde sempre, ela tinha duvidado do tão propalado amor à primeira vista, mas agora estava certa que esse coup de foudre que incendiava repentinamente os sentidos, não era afinal uma figura de retórica.
Foi por isso que foi à loja da Rua Ferreira Borges onde há tempos tinha visto entrar aquele rapaz bem parecido, atraente, elegante, e perguntou se sabiam onde morava e o que fazia.
Disseram-lhe que era do Calhabé e que andava a estudar. Encheu-se então de coragem, esqueceu a sua congénita timidez, e resolveu ir até ao Café Aquário que ele frequentava, para esvaziar de uma vez, de dentro do seu peito, esse segredo dolorosamente guardado há mais de um mês.
Com ar melancólico, sentada na sala a abarrotar de gente, ela disse-lhe em voz sussurrada quase sem mexer os lábios, que o amava loucamente, desde que há um mês o vira na Baixa. Pedia-lhe apenas que ele lhe desse a oportunidade de se conhecerem, de trocarem impressões...
Desde esse dia, não pensava em mais ninguém senão nele, quase não comia, acordava de noite a pensar nele ao seu lado, continuava ela a dizer-lhe, numa voz baixa, quase imperceptível, para não ser ouvida pelas restantes pessoas que estavam no Café.
Concentrado na leitura do Diário de Coimbra, de onde por vezes levantava os olhos, com ar alheado, parecia que ele, estranhamente, ainda nem tinha dado pela presença daquela bonita rapariga sentada na mesa ao lado.
Foi então que o Feliciano, apressado, entrou de rompante no Aquário, pediu uma bica ao balcão, e, reparando na presença do seu colega a ler o jornal, elevou a voz e berrou-lhe com o seu potente vozeirão:
- Estás bom Pedro? Não vais às aulas hoje?
Como não tivesse resposta, nem sequer um ligeiro aceno, deu a volta, postou-se mesmo em frente dele e repetiu a pergunta gritando ainda mais alto, perante o ar atónito e espantado da rapariga que não percebia a razão de tanta berraria.
- O seu nome é Pedro?, perguntou-lhe ela no mesmo registo de voz sussurrado com que antes lhe tinha estado a confidenciar a sua paixão.
O Feliciano, virou-se para ela e disse-lhe. Chama-se Pedro, é verdade, mas se quer que ele lhe responda tem de lhe gritar. É surdo que nem uma porta!
E tem a mania de só colocar o aparelho quando está nas aulas, concluiu...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Sai! Sai!...

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21 maio 2011

Par a par, qual o melhor?

Brilho

Saboreio todos os segundos da tua presença aqui. Embebedo-me no teu corpo, que me envolve como se me pertencesse.
Alucinada, vagueio sem rumo, volteando como tonta em torno da minha loucura, e chamo-te 'meu amor'. Acaricio com ternura cada contorno do teu rosto, a minha boca vai seguindo a minha mão e deposita beijos em todas as linhas que percorri.

Deixo-me ficar incontida e louca, apoiando-me no teu ombro, durante todas as horas de todos os dias em que nos amámos.
E assim, cansada na exaustão de nos possuirmos, vou desejar que amanhã estejas de novo presente, para me poderes trazer todas as flores que colheste e guardaste no teu coração.

Vou então, poder devolver-te a chama dos teus olhos vivos quando me amavas, naquele silêncio que era só teu....nesta ânsia premente do futuro incondicional.

Texto de Paula Raposo

Pipoca & Nanquim - BD erótica no Brasil

20 maio 2011

10 Coisas que não deves fazer numa Sexshop

Monstrinha

Talvez não nos falte bondade. Talvez não nos falte empatia. Talvez não nos falte amor no coração, piedade nas mãos, vontade de abraçar. Talvez ninguém seja mesmo cego, talvez nem nos falte a vontade de ver. Talvez seja uma questão de paciência; talvez seja o nosso único pecado, a nossa única falha no castanho dourado, liso, quente, na superfície da nossa madeira, a falta dela, da paciência, uma pequena falha, rugosa, pontiaguda, pica, arranha. Só isso. É porque há muitos semáforos, demasiados semáforos, por lá se esticam mãos abertas, engasgamo-nos, constantemente, a cada quinhentos metros de cidade em olhos que pedem e imploram, em batidas insistentes no vidro da janela, para que abra, para que compre, para que dê, para ouvir da fome, da dor, do frio, dos filhos, lavagens forçadas ao pára-brisas, espuma pelos olhos adentro, arde, arde, a cara vira-se, não tenho, não tenho, não tenho, dinheiro, cigarros, não abro, não. São demasiados, muitos, muitos, incontáveis semáforos. Os semáforos, sim, as pessoas nunca são demais, nós somos bons e as pessoas nunca são demais mesmo quando são mendigos ou marginais, os seres humanos são bons, piedosos, caridosos, atentos, calorosos. Os seres humanos são bons, piedosos, caridosos, atentos, calorosos, meu Deus, a culpa não é nossa ou dos outros, a culpa é dos semáforos, meu Deus, por favor, por favor, peço-te, na tua enorme generosidade, no teu imenso Amor, acaba com todos esses semáforos. Deixa-me só um, um apenas, um que me lembre que eu e as palavras somos o pedinte e o semáforo e o marginal e o semáforo para cada dia batermos mais na janela, para cada dia pedirmos mais.

e eis o que encontro no Museu Reina Sofia (Madrid)


coisas perversas. diz que é surrealismo e não sei quê!

e na rua até se encontra o preço a que está... o broche!




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