26 maio 2011

Pink Freud, please!



- Doutor Segismundo, o meu namorado é professor universitário e gosta muito de fazer citações filosóficas enquanto fazemos sexo.
- Concordo que essa situação é desconfortável porque pode ser incompatível manter simultaneamente a actividade intelectual e a actividade hormonal (em linguagem mais abrangente, a menina fica com os neurónios fodidos, certo?).
- Nem mais, ainda ontem, estava eu prestes a …, diz-me ele ao ouvido: "As novas gerações estão dentro dos colhões e o novo Portugal, nasce dum tomatal".
- Deduzo que seja uma citação dum filósofo contemporâneo…
- Ele desculpou-se, dizendo que é uma corrente filosófica pós-socrática mas já na semana passada, fazia citações de enrabadelas legislativas e minetes eleitorais. Arranjo outro namorado ou aguardo pelo fim da campanha eleitoral?
- É sabido que todos os professores universitários fazem citações durante o sexo. Porém, pelo seu relato, adivinho que esteja perante um caso terminal, o próximo estádio trará uma impotência insofismável!
- Conheci um trolha, que me anda a assentar um soalho flutuante, lá em casa ...
- O trolha não me parece boa ideia. Por norma, é o tipo de homem que mais não conhece que a “Alegria da Caverna”. Só querem sexo, sexo, sexo, de preferência em cima do andaime, e quando a mulher dá por si, está dentro de um contentor a protagonizar "A Divisão do Trabalho Sexual" (do Emílio Murcheim) com o grupo da comissão obreira local — haja betoneira que aguente! De mais a mais, não são pessoas que gostem de cimentar relações e, julgo eu, a menina quer mudar para algo sério.
- O que me apetece, sei eu ... apetece-me ser Bárbara e mandá-lo já a Guimarães (que é abaixo de Braga).
- Isso seria uma opção terminal. Pode ainda tentar o seguinte: comece a recitar a tabuada toda, combatendo as estiradas filosóficas com o estigma da apócope dos números. Ou então espanque-o severamente com "O Capital" do Marx durante o acto. Ou exija ter relações apenas durante o concurso "O Preço Certo".Ou declame-lhe poesia do Ruy Belo... não lhe faltam opções, minha querida, para alterar o seu desconforto.
- Concordo Doutor mas, em todo o caso, vou também consultar a "Caras", onde há sempre tantos e tão úteis conselhos para mulheres insatisfeitas com as políticas sectoriais do pirilau.
- Minha querida, há também outra alternativa que seria manter ambos. A sua vida sexual percorre uma grande distância entre estes dois modelos antípodas, ou, no caso em questão, antíphodas... de facto, para uma mulher, ele há alturas em que apetece jantar romântico, bem amesendado com cabernet sauvignon regado por laivos de grandiloquência, mas há outras, para ser agarrada pelos cabelos, cingida sobre o capot de um velho automóvel estacionado junto ao estaleiro da obra e possuída dessa forma frugal e singela, mas muito revigorante.
In extremis, mantenha os dois e vá à procura de mais...

Soft Paris - anúncio «Frutas sensuais»

Bem vindos ao... Campo da Rata!

Se explorando os contornos da Torre de Hércules, n'A Corunha, avistarem uma extensa área de vegetação razoavelmente aparada e relativamente frequentada, então encontram-se no Campo da Rata.

Acrescento ainda que é um local extremamente aprazível, onde vale sem dúvida a pena dar uma voltinha, nem que seja para desenferrujar o corpo ou praticar exercício, em modalidades à escolha de cada um.

Fodida na boca


25 maio 2011

O (eco)ponto final


Ficou a observar à distância que o tempo lhe permitia aquele passado que desconhecia quando estava presente naquilo que acreditava ser o princípio de imensos amanhãs.
Percebeu o que não percebia por entre o breu do que lhe dizia a imagem distorcida pelo calor da sua paixão assolapada, a cegueira que cobria os ângulos menos bons destapada pela poeira que entretanto assentou.
Ficou a ver o quanto lhe passou ao lado naquele tempo falsificado pelas emoções que transcendiam as desilusões no confronto directo, o olhar mais atento sobre os pormenores desconexos que a lógica desarmada pelos sentimentos complexos impedia de descortinar por entre a realidade paralela para lá do véu pintado da cor do céu despido das nuvens que afinal já o cobriam então.
Ficou a olhar, vendado o coração, as imagens que conseguira conservar desse tempo até chegar ao momento em que a mente lhe recomendou a abordagem ecológica, a reciclagem psicológica de todos os detritos acumulados.
Passou, então, a colocar cada imagem, cada emoção, no seu devido lugar. Espaços imaginários pintados nos tons necessários para distinguir o lugar mais indicado para despejar o que apenas atrapalhava a arrecadação atafulhada com caixas de papelão poeirentas.
Despejou no contentor verde os cacos do amor de verdade que afinal apenas sonhou e depois dirigiu-se ao amarelo para lá deixar cada imagem que percebia não passar de uma embalagem para presentes envenenados, para momentos condenados pela sua autenticidade de loja do chinês, plásticos baratos dos quais se desfez com enorme alívio interior, pintados com tintas tão tóxicas que faziam lacrimejar como cebolas aquele olhar de crocodilo que sorria para a objectiva fotográfica da memória que lhe permitia agora entender toda a história como uma fantasia juvenil que rasgava para dentro do espaço azul, o papel secundário, o mesmo que lhe merecia quem achava que podia escolher o elenco a seu bel-prazer e o guião gatafunhado com frases de um amor inventado à medida de um ciúme que dava jeito como um magneto instalado no peito para manter interessado um outro alvo qualquer do seu coração de metal e para manter as aparências que disfarçavam as evidências de uma natureza batoteira, profundamente desleal.

Janela Indiscreta

A lua espreita à janela da sua casa de nuvens feita de Janeiro
a Lua acende a luz do seu candeeiro
e espreita; só quando a Lua é beleza indiscreta
se mostra tão esplêndida, tão perfeita.
Ainda faltam onze dias para o mês de Fevereiro
mas o mistério da Lua já seduz, já despe o mês inteiro,
o que ainda lá vem, já a Lua nos grita
e dita; escuta e vê e sente e escreve, acredita, Poeta!

Um presente que salta



Não sei se há estes PopMate à venda por cá. Encontrei-os no Brasil.

Parabéns, letrinhas do Webcedário!

"A Editorial Bizâncio tem o prazer de o/a convidar a participar na verdadeira sopa de letras que será o lançamento do livro «Webcedário», dia 2 de Junho, pelas 18h30 nas Docas (Espaço Artes & Etc, Doca de Sto Amaro - Lisboa).
Venha passar um bom bocado na companhia das vogais mais sonantes e das consoantes mais famosas das redes sociais.
Descubra o poder das letras e, entre muitos copos, graças e graçolas e alguns desafios divertidos, descubra como afinal não é precisa muita ciência para se pertencer ao mundo das letras!"

24 maio 2011

Sátiras e erotismos de versos despidos - noite com poemas

O nosso Mestre Dom Orca organiza as Noites com Poemas e, para a 64ª edição, juntou dois temas que tanto se atraem como se repelem: sátira e erotismo.
Foi uma bela noite, com a sala bem composta para ouvir o Jorge Castro a declamar poemas, o Capê a apresentar o seu livro «Ó Simpático, Vai Um Tirinho?» e a nossa Miss Joana Well, que se apresentou e ao seu livro «Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos» de forma literalmente brilhante.



Depois de um breve intervalo para autógrafos, os resistentes gramaram com algumas músicas da Tuna Meliches, numa verSão MineTuna (Paulo Moura e Carlos Car(v)alho). A malta alinhou toda no karalhoke, atenuando um pouco os falsetes do Paulo «Cigano» Moura.



O Eduardo Martins leu este poema de sua autoria, dedicado à noite de versos despidos e com bolinha vermelha ao canto superior direito (para quem entrava... embora ali ninguém entravasse ninguém):

"Soneto experimental

Neste mundo em que me meto
De desnudada temática,
Não tendo nenhuma prática,
Atiro-me logo a um soneto!

Escrita de Versos Despidos
Em Sátiras e Erotismos?
Onde estão os moralismos
Em que fomos instruídos?

Versos Despidos, com o frio,
E a neblina matinal!
E o vento que vem do rio!

Eu não lhes desejo mal!
Não os quero fracos, sem pio,
Vistam-se! Ponto final!

Eduardo Martins
Carcavelos, Maio 2011"



No blog Sete Mares, do OrCa, têm uma reportagem bem mais completa.
E a Miss Joana Well pôs por escrito o que lá disse... para quem não pôde estar presente.

Comprida-metragem do Ricardo Esteves

"Bonito, bonito..."

«Um dia no escritório»

Falar de amor

Falar de amor
não me perturba;
é uma simples
esperança
que me leva no vento,
na maré
ao encontro da lua.
Falar de amor
é permanecer
boquiaberta
perante o desconhecido;
é - talvez -
beijar o (in)feliz
prenúncio
do futuro.

Poesia de Paula Raposo

O Alfredo e a Daisy estragam-me com mimos...

... mas acautelam a minha saúde porque bebem o vinho «Pelada» (da região demarcada do Dão, 2003) antes de me oferecerem a garrafa para a colecção.
Quem São os amigos, quem São?

23 maio 2011

Noite de Poemas by Kikas (Repórter Estrábica)

Eram 19:30 e um trânsito caótico na capital do Império. O motorista ligou-me, muito preocupado, porque estava engarrafado, algures entre o Rato e a Gare Oriente. Entretanto, o JF chegou empolgadíssimo porque vai participar no campeonato mundial de Frisbee e então aproveitamos para discutir tácticas de defesa e ataque que são comuns a qualquer desporto com ou sem bola. Em seguida fomos apanhar a Libelita a Santa Apolónia ... esta mulher é unica e com um manancial de histórias divertidíssimas para contar.
Novidade em primeiríssima mão, a Tita tem uma gravidez psicológica, diagnosticada pela ginecologista ... perdão, pela vet, isso quer dizer que , psicologicamente falando, ela vai ser avó, lololol.
Depois, ficamos a saber que a Libelita descobiu uma nova griffe de “alta sapataria” que se chama “Osga Shoes”. Pois é, enquanto se preparava para o evento, descobriu que dentro do sapato, tinha uma estranha sensação de fofura, o que não a impediu de se maquilhar e vestir com uma simpática osga dentro do sapato. Após verificar que, ortopedicamente, o bichinho estava em perfeito estado de conservação e de ter dado uma beijoca à Tita, lá veio ter connosco, feliz e contente porque o zoo ficava muito bem entregue em ... auto gestão.

Em seguida fomos apanhar a Joana e enquanto esperávamos pela caracterização, a Libelita deu-nos uma lição de “cuisine gourmet” digna duma parceria Isabel do Carmo/Filipa Vácondeus (ou pra outro sítio qualquer). Aproveitei para dar umas dentadas num chausson de maça que tinha na mala (porque nem sequer tive tempo de jantar) e levei logo uma reprimenda de não sei quantas kilo calorias que até me ia engasgando.
Finalmente chegou a Joana, absolutamente deslumbrante, um misto de Madame Pompadour e Cinderela ... um trabalho de maquilhagem artística absolutamente fantástico (a Maria João transforma pessoas em arte viva).

Mais umas voltinhas e chegámos finalmente à Biblioteca de S. Domingos de Rana. Beijinhos e abraços, ao Paulo Moura, Carlos Car(v)alho, Orquita e Paulinha Raposo. Finalmente, ei-la que chega a Poesia, às vezes poderosa, interventiva, solidária outra vezes, subtil, erótica, amante mas sempre sequiosa de quem a leie e divulgue.
Chegou o momento dos autógrafos ... muito brilho, luz e emoções. A Joana escreveu-me uma dedicatória linda e diz que sente um grande orgulho em conhecer uma mulher como eu. Pois eu tive o privilégio de conhecer uma grande escritora mas, muito mais importante que isso, conheci uma grande MULHER. Parabéns Joana, que este seja o início de um ciclo em que as palavras soltas combatam as mentalidades banais e (i)morais.

Finalmente, tivemos cantigas e sinceramente... a TunaMeliches ajavardou completamente uma noite em que era suposto dedicarmo-nos exclusivamente à cultura. E o miúdo, coitado, corou até às orelhas e até encravou o powerpoint no toshiba! Num havia nexexidade... até a Sãozinha estava caladinha ao canto da sala, completamente inibida, acho que ninguém deu por ela, nem tugiu nem mugiu, hahahahaha!
Uma coisa é certa, embora beneficiados pela excelente acústica da sala, o Paulo, o Carlos e o Orca deram show, abençoadas vozinhas e manitas ... violaram até ficarem com os deditos dormentes, caragu!!!!!!!!

Adorei, adorei, adorei e estou desejando conhecer o resto da Tuna. Até Julho e façam favor de levar o Ricardo Esteves. Ele diz que tem de tirar os dentes do siso... tretas, quem lhe arranca os dentes sou eu se ele faltar ao Encontrão.