09 junho 2011

apontamento económico...


Um cidadão sem abrigo depois da passagem das troikas. Mas ele renegociou a dívida, como se pode apurar pela postura repousada e pela dimensão da testiculária, elemento de peso indubitavelmente negocial... Quanto ao resto... ora, que se lixe! O nosso clima até é ameno e o que interessa é a garantia de que aqui quem manda somos nós!

Roço


08 junho 2011

Cátia Alexandra Fadista Gótica (Rita Cardoso) - "Nas bordas duma cigana"

O nosso Miúdo, das Vozes da Rádio, deu-me a conhecer este maravilhoso hino às bordas (no caso, de uma cigana). Recomendo que leiam aqui a análise do Miúdo a este desempenho que nos consegue surpreender a todos, antes de se deliciarem com mais de 7 minutos de cultura, técnica e arte sem fim:



Como ode o OrCa, "aquilo pareceu-me pouco gótico. Talvez mais visigótico, com alguns laivos de vândalo e pozinhos celtiberos. Mas gótico, aquilo que se diz gótico...

Mas é sempre fixe apurar estas «alternatividades», como nos diz a apresentadora.

nas bordas de uma cigana
há um cheiro a rosmaninho
a fome que o amor esgana
como um caneco de vinho

bordam fenda farfalhuda
bruta e firme nem abana
fértil brava e cabeluda
as bordas de uma cigana..."

Entretanto, a Bárbara João, que nos acompanha no Facebook (já 126 132 pessoas "gostam" de mim lá), esclarece: "Conheci a Rita há uns anos. Ver este vídeo foi uma surpresa para mim e é claramente uma brincadeira. Procurem pela Rita Cardoso no youtube. Vão encontrar alguns vídeos com outras músicas dela. Aqui está um exemplo. Ela chegou a ganhar o Termómetro Unplugged em 2000 e depois disso gravou até um EP. Podem ler aqui. Achei por bem dizer isto =)"

Amor é...

O ocaso do teu corpo no meu
na metade de baixo dá-se o ocaso solar
na metade de cima dá-se o ocaso lunar
e eu,
de terra e de água, desfeita em céu.

Que feio...


Foto: Tiavir

…e tão pouco erótico está este país.
Cinzento e com rostos caídos.
Os braços pouco ou nada gesticulam.
As pessoas estão cansadas desta fase imensa e enorme que retiram as forças até à alma.
Desacreditadas caminhamos como se mortos vivos nos tratassemos. Sem fé.
Já fomos mais felizes.
Não negociamos e acreditamos que o pouco é melhor que nada. E é bem verdade. Já não há carreiras ou profissões. Há trabalhos que tal como as casas já deixaram de ser para a vida.
Para a vida é a integridade que muitas vezes nos querem roubar mas é a única coisa que a par da alma é unicamente nossa. Hoje desdobramo-nos em desculpas para ganharmos coragem para seguir em frente quando na verdade só caminhamos para trás. A crise passou a fazer parte da família e já a tratamos por tu. Acompanha-nos como a nossa sombra mas completamente negra. Cabe-nos a nós conseguir traí-la e contorná-la mas ela sabe sempre usar aqueles néons enormes que riscam com cruzes os nossos sonhos. Um dia ainda irei a Roma, mas palpita-me que a magana vai comigo.
O desemprego faz-nos mais velhos e mais gordos e por essa razão que estamos cada vez menos eróticos. Nem a Primavera se revela para nos queimar as maçãs do rosto e nos mostrar que somos mais giros do que pensávamos.

Toto...



Webcedário no Facebook

07 junho 2011

A posta sem nome


Como estamos todos saturados de temas densos que em nada ajudam a malta a descontrair um bocado da crise opto hoje por um tema mais ligeiro, porquanto muito sério.
Em causa está a flagrante injustiça cometida para quem ao longo de milénios assumiu o ingrato papel de dar nomes às coisas e às pessoas. Quer dizer, somos todos muito rápidos a desdenhar de quem se esmifrou a olhar para um filho para concluir: meu filho, tens mesmo cara de Hideraldo. Ou minha filha, toda tu és Ermengarda. Mas nesse desdém imediatista esquecemos a angústia de quem se vê a braços com tamanha responsabilidade.

Recuemos um pouco no tempo (pouco, porque estas coisas do tempo são muito relativas em termos cósmicos) e vistamos a pele (de mamute ou assim) do primeiro gajo a olhar embevecido para aquele espaço mágico entre as pernas da sua neandertala, encantado, e a querer louvá-la.
No meio dos seus grunhidos pré-históricos de aflição por não saber que nome dar àquilo, imaginemos o que terá saído para que, muito tempo depois, alguém considerasse vagina o nome mais adequado.
Não domino dialectos do tempo das pinturas de Foz Côa, mas não deixo de pasmar perante o que terá saído da boca daquela criatura peluda para virmos a baptizar o tal espaço sagrado com um nome tão complicado de pronunciar e sem piadinha nenhuma.
Mas a minha admiração abrange também a posterior adopção de nomes alternativos. Notem bem: alguém deu cabo da tola a pensar em nomes suplementares para algo já devidamente catalogado num conjunto de sons qualquer.
Ah e tal, vagina é um nome que não lembra ao caralho (já vão perceber porque acabo de me exceder na linguagem). Eu olho para aquilo e só me ocorre cona.
E toca de espalhar a nova terminologia pelos amigos do bairro chunga até a coisa (o nome da coisa) chegar aos ouvidos da elite pensadora da sua época.
Claro está que quem abraçou o nome original reclamou de imediato a patente imaginária e terá desabafado com os mais próximos: atão um gajo aqui a dar voltas ao miolo para arranjar um nome para aquilo e vem-me aquele primogénito de uma meretriz inventar um nome novo? Tenho que providenciar de imediato um esquema eficaz para a respectiva conspurcação! Vamos espalhar o boato de que se trata de uma asneira, de uma ordinarice que não se pode tolerar, de um pecado mortal.
Mas o que é certo é que a designação pirata acaba provavelmente por ser a mais utilizada no quotidiano de todos nós os que usufruímos dos nomes que não precisámos de inventar, até porque não soa muito razoável e ainda menos estimulante a pessoa, em pleno acto, sair-lhe um vou comer-te essa vagina toda. Não sei se a questão é fonética ou semântica ou se tem apenas a ver com o fruto proibido inerente ao palavrão como o entendemos, mas a verdade é que quem inventou o termo cona parece ter tido maior acerto na sua opção.
Isto não invalida o reconhecimento da relevância dos autores de quaisquer nomes, bem vistas as coisas.
Não levam a sério o assunto e acham que é fácil dar nomes às cenas?
Então tentem colocar-se na posição do primeiro gajo que olhou para, sei lá, um calhau. Ou para a pila do tal mamute prestes a ser esfolado para cobrir, entre outras, as partes pudibundas dos nossos antepassados das cavernas, e percebeu que se tratava da mesma coisa (do mesmo coiso) que ele pretendia agasalhar, perante o olhar interessado da fêmea a quem pretendia dar com a moca na tola, e precisou de arranjar assim de repente um nome comum para designar os dois pénis em apreço num conveniente plano de igualdade linguística…

Pontos de vista

Percorri-te

A sensualidade esvai-se
por todos os poros
da nossa pele.
Assim te encontrei,
assim te percorri
e assim gozei
os beijos, o cheiro,
tudo o que quis.
Na tua boca, as palavras
falam de sexo.

Poesia de Paula Raposo

Quadro em metal com moldura em madeira

As tropas napoleónicas faziam mesmo estragos por onde passavam.
Quadro com 18 x 12 cm (só a parte metálica) e 530 gramas.

06 junho 2011

Não está ali dito que a banana é um alimento da São!




Prendinha da São Patrício, que adora bananas... mas não da Madeira

A ciência do beijo

Rabo de palha

















«No meu tempo», na minha terra, quando se fazia a matança do porco, depois de matarem o bicho (os guinchos, gritos do porco ainda hoje me arrepiam) faziam outra coisa que já na altura, criança, me fazia muita confusão: torciam um molho de palha e enfiavam no cu do porco, rodando como chave de parafusos. E repetiam aquela operação até a palha sair limpa. Só mesmo o Shark (nos comentários deste post) para me fazer descrever esta nódoa nas memórias da minha infância.