02 outubro 2011
«Sou um vencedor» - por Rui Felício
A competição, já de si, gera conflitos, inimizades. Muito mais quando o objectivo que se quer atingir é rigorosamente o mesmo.
Algo me martelava o cérebro, me impunha a obrigação irresistível de ser eu o primeiro, o único, o vencedor.
O meu objectivo era conquistar o alvo, atingi-lo em primeiro lugar, porque só assim satisfaria a desejo de duas pessoas que me eram muito queridas. De outro modo, a minha existência não tinha significado.
Tinha contra mim milhões de competidores que outra coisa não queriam senão atingir o mesmo objectivo que eu. Serem os primeiros...
Corri desenfreadamente, sem me atrever a olhar para trás. Sentia o ruído da correria dos meus competidores atrás de mim. Estava ofegante mas ao mesmo tempo contente, porque não via nenhum dos meus rivais à minha frente. Isso deu-me novas forças, novo ânimo e impulsionei ainda com mais força e velocidade a minha correria.
Subitamente, esbarrei violentamente contra uma parede. Quase desmaiei, deixei de sentir as pernas ou o que restava delas. Com a violência da pancada, furei a grossa parede e deslizei para o lado de lá, mergulhando numa massa viscosa que me atordoou e me acalmou.
Andei de mão em mão, toda a gente me acarinhava, todos queriam tocar-me nos lugares mais recônditos do meu corpo, quando nove meses depois me deixaram ver a luz do dia. Foi então que soube que aquele ser era eu, o espermatozóide que vencera a corrida.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
01 outubro 2011
Postalinho da China - de Alfredo Moreirinhas
"Ainda pensei trazer os originais para o Museu, mas disseram-me que seria difícil passarem despercebidos, dado que cada um deve pesar mais de uma tonelada, desisti!... Mas tirei as fotos, não para o museu, mas para o Blog A funda São.
Templo na Cidade dos Espírito, em Fengdu, na margem do Rio Yangtse.
Abraço,
Alfredo"
Templo na Cidade dos Espírito, em Fengdu, na margem do Rio Yangtse.
Abraço,
Alfredo"
Quinta-feira
Amanhece suavemente.
Sem vento o Sol começa
a inundar o quarto.
Claridade soberba
para te acariciar
enquanto dormes, ainda.
O Sol torna-se o meu fogo,
a tua placidez o meu louco desejo:
apogeu de uma manhã de quinta-feira.
(Isto porque eu gosto de quintas-feiras).
Poesia de Paula Raposo
Sem vento o Sol começa
a inundar o quarto.
Claridade soberba
para te acariciar
enquanto dormes, ainda.
O Sol torna-se o meu fogo,
a tua placidez o meu louco desejo:
apogeu de uma manhã de quinta-feira.
(Isto porque eu gosto de quintas-feiras).
Poesia de Paula Raposo
Golden Tarot of Klimt
O «Tarot Dourado de Klimt» (da «Lo Scarabeo»)com arte de A. Atanassov em 78 cartas, foi inspirado no estilo artístico do pintor australiano do início do século XX, Gustav Klimt. Ascartas têm ricos padrões de mosaico e são marcadas por dourados, que não dá para aperceber em fotos. Só vendo-as... na minha colecção.
30 setembro 2011
OK, OK, podem chamar-me tarada!
Piso -3... e vai subir... |
... mas, visto a fazer o pino, fica uma imagem bem sugestiva. |
29 setembro 2011
Nus meandros
"Oiço palavras correndo pela minha cabeça.
Eu as oiço ascendendo nos meus quartzos, retendo-me num espaço aumentado, atravessando-me em volta de inúmeros ecos. Elas pensam, correm abertas em mim, como se eu fosse o seu céu e elas estrelas pela minha noite dentro...
Segredos em transe... imagens que partem e levam com elas o meu sangue, e me atiram para um mundo de sonhos, grandiosamente aberto, na mais limpa coada que dorme no centro de mim, entre as rotações, pressões, nas minhas artérias que são ceptros soberanos, entre os corredores, por onde a minha loucura é expelida...
Amo as Luas vermelhas que explodem na minha cabeça, repetidamente, repentinamente as chamas são um mar aberto reflectindo fúrias entre as constelações deste meu tempo interno, aos de mais externo, arfando continuamente, chamejando entre os meus lábios, detidos entre o silêncio e a insónia...
Cada palavra é um eclipse, um abismo profundo, um coração com garras que reflui e flui em mim, interminavelmente, até ao fim dos meus dias, entre as pernas..."
Luisa Demétrio Raposo
Eu as oiço ascendendo nos meus quartzos, retendo-me num espaço aumentado, atravessando-me em volta de inúmeros ecos. Elas pensam, correm abertas em mim, como se eu fosse o seu céu e elas estrelas pela minha noite dentro...
Segredos em transe... imagens que partem e levam com elas o meu sangue, e me atiram para um mundo de sonhos, grandiosamente aberto, na mais limpa coada que dorme no centro de mim, entre as rotações, pressões, nas minhas artérias que são ceptros soberanos, entre os corredores, por onde a minha loucura é expelida...
Amo as Luas vermelhas que explodem na minha cabeça, repetidamente, repentinamente as chamas são um mar aberto reflectindo fúrias entre as constelações deste meu tempo interno, aos de mais externo, arfando continuamente, chamejando entre os meus lábios, detidos entre o silêncio e a insónia...
Cada palavra é um eclipse, um abismo profundo, um coração com garras que reflui e flui em mim, interminavelmente, até ao fim dos meus dias, entre as pernas..."
Luisa Demétrio Raposo
[Blog Vermelho Canalha]
Tradução do amor (II)
Não sei quando
nem sei como
tudo isto começou
Tudo isto começou
e nenhuma luz acendeu
e nenhum sinal inequívoco
nenhum cumprimento à porta
do inferno em chamas do meu peito
antes de temperar o meu coração
Amo-te
e o tempo não fez o favor
de me anunciar
a minha nova vida
Amas-me
tu a anunciarás.
nem sei como
tudo isto começou
Tudo isto começou
e nenhuma luz acendeu
e nenhum sinal inequívoco
nenhum cumprimento à porta
do inferno em chamas do meu peito
antes de temperar o meu coração
Amo-te
e o tempo não fez o favor
de me anunciar
a minha nova vida
Amas-me
tu a anunciarás.
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