"Um ditado popular afirma que as palavras são como as cerejas. Parto do princípio que se quer constatar, com isso, que vêm umas atrás das outras. Algumas mentes mais atreitas a associações ditas perversas, irão logo imaginar as palavras todas alinhadinhas, umas atrás das outras, em fila indiana, de preferência todas nuas ou, como se dizia na tropa, “em bicha de pirilau”. Bem! Esta aqui começa a ter outras conotações, que na tropa nem se punham durante muito tempo, porque aquilo era tudo muito macho! Agora é que não, que também já lá há “gado rachado”! Claro que também as tais mentes mais atreitas a tal e tal... pensam logo em comboios e em “pegar de empurrão”! Mas será que aquelas cabecinhas não param?!
Há quem diga - não me lembro se foi aquele senhor alemão, o… não, não, não é o Alzheimer, é o outro... o Segismundo, o… Freud! Bolas! Para não vociferar com F! (e penso que este não é ditado popular nem mito urbano) - “que o sexo está na cabeça”.
Ele pôde dizer o que lhe apeteceu, mas o que é certo é que, cada vez que olho para uma cabeça, masculina ou feminina ou do terceiro sexo, posso ver muitos arrebiques e acessórios, mas que me lembre (e vamos ser comedidos…) um órgão sexual masculino ou feminino na testa de alguém, ou mesmo um ânus um pouco acima da nuca, nunca vi!
Mas voltando às palavras como as cerejas, e elas todas umas atrás das outras…
Uma outra conotação, é a do colar. Quero dizer, um fio com pérolas mais ou menos preciosas, de maior ou menor dimensão que, como o próprio nome indica, serve para usar no “colo”, sendo que “colo” aqui é mais o pescoço, e eventualmente “ilhas adjacentes”.
Mas o que é certo é que a sociedade capitalista e de consumo em que vivemos, ansiosa de contribuir (mediante o pagamento devido) para os prazeres mais ou menos secretos dos que ainda têm ardores íntimos, assegura o usufruto de alguns acessórios que, no caso que agora nos traz aqui, das palavras como as cerejas, no essencial são uns colares, ou seja um fio com várias bolas enfiadas umas a seguir às outras, com maiores ou menores distâncias entre elas, da mesma ou de variadas dimensões, cuja finalidade é serem inseridos em qualquer um dos vários orifícios existentes no corpo humano. Atenção! Que me conste, ainda nenhum foi completamente introduzido nos ouvidos ou no umbigo! No nariz já houve uns casos, mas foram levados de urgência para o hospital e saíram pela garganta, em direcção à boca.
Claro que existe uma extensa panóplia de artefactos destinados a aprofundar, no sentido literal da palavra, os prazeres mais íntimos e as mais intimas “perversões” dos utentes do erotismo, com versões mais solitárias, mais comunitárias ou socializantes, mais helénico- ninfáticas- maníacas, mais sado-masoquistas, que (aviso!) não têm nada a ver com a cidade de Setúbal, mas sim com o Marquês de Sade e com o Sacher-Masoch, os quais, pelo menos na escrita, eram danados para a brincadeira!
Ao escrever sobre estas coisas, estou quase como o outro que dizia que a ele tudo lhe fazia “ascender o fluxo sanguíneo aos corpos cavernosos do órgão genital masculino” e eu, depois desta escrita, está mesmo a apetecer-me ir fazer um combate desigual de “cinco contra um” ao perde paga!
Eduardo Martins (Ejamart)
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Carcavelos 2 de Outubro de 2011"