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17 dezembro 2011
Frases do Ricardo Esteves - acontece...
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16 dezembro 2011
Transparente
…
– Se me soubesses ver eu não precisava de estar aqui.
– Se eu te soubesse ver?
– Sim. Se tu visses quem eu realmente sou, eu não estava aqui.
– Tu estás aí porque eu não te vejo como tu realmente és?!
– Sim.
– Estás a brincar!?
– Não.
– Estás a falar a sério?
– Estou.
– Estás a dizer que a culpa é minha por estares aí?
– Eu não disse isso. A culpa é minha.
– Mas se eu te visse como realmente és não estavas aí.
– Sim. Acho que sim. Não estava.
– Mas eu vejo-te, Diogo. Aliás, se queres saber, eu vejo-te como realmente és e, ao estares aí, só dás razão ao que eu vejo que és… Não!... Desculpa.
– Não?!
– Não, não é por estares aí que me dás razão…
– Não?
– Não, não é. O que me dá razão é a essa conversa. O facto de estares a fazê-la aí é indiferente; podias fazê-la noutro sítio, noutra circunstância. O que interessa e o que me dá razão é a conversa. A tua conversa. E a pessoa que eu vejo é a pessoa que tem essa conversa, que faz essa conversa e não há outra pessoa para ver. Só essa. Só tu.
– Mas eu não estava a dizer que a culpa é tua.
– Eu sei, já me tinhas dito… Já te chamaram?
– Já.
– Do Ministério Público ou do Juízo?
– Dos dois. O julgamento é às 11:30.
– São 20 para o meio-dia. Não devias estar a falar com o teu advogado?
– Advogada.
– Não devias falar com ela?
– Eu queria era falar contigo.
– Já falaste. Acho que agora devias ir falar com a advogada.
– É feia. Eu não quero falar com ela. Quero falar contigo, não queres cá vir?
– Não, obrigada. Dispenso.
– Podias ser minha testemunha.
– Acho que não ias querer isso. Parece-me bem que não te ia favorecer.
– Contavas a nossa história e como me deixaste de rastos…
– Quanto foi?
– O quê?
– O grau. Quanto é que acusou?
– Dois e vinte sete gramas por litro.
– Bom!... A que horas?
– Às 5:20… (Sou eu!)
– Estão-te a chamar?
(– Sim, está bem.)
– Diogo!... Diogo!
(– Não, não falei. É aquela?... Posso falar.)
– Se me soubesses ver eu não precisava de estar aqui.
– Se eu te soubesse ver?
– Sim. Se tu visses quem eu realmente sou, eu não estava aqui.
– Tu estás aí porque eu não te vejo como tu realmente és?!
– Sim.
– Estás a brincar!?
– Não.
– Estás a falar a sério?
– Estou.
– Estás a dizer que a culpa é minha por estares aí?
– Eu não disse isso. A culpa é minha.
– Mas se eu te visse como realmente és não estavas aí.
– Sim. Acho que sim. Não estava.
– Mas eu vejo-te, Diogo. Aliás, se queres saber, eu vejo-te como realmente és e, ao estares aí, só dás razão ao que eu vejo que és… Não!... Desculpa.
– Não?!
– Não, não é por estares aí que me dás razão…
– Não?
– Não, não é. O que me dá razão é a essa conversa. O facto de estares a fazê-la aí é indiferente; podias fazê-la noutro sítio, noutra circunstância. O que interessa e o que me dá razão é a conversa. A tua conversa. E a pessoa que eu vejo é a pessoa que tem essa conversa, que faz essa conversa e não há outra pessoa para ver. Só essa. Só tu.
– Mas eu não estava a dizer que a culpa é tua.
– Eu sei, já me tinhas dito… Já te chamaram?
– Já.
– Do Ministério Público ou do Juízo?
– Dos dois. O julgamento é às 11:30.
– São 20 para o meio-dia. Não devias estar a falar com o teu advogado?
– Advogada.
– Não devias falar com ela?
– Eu queria era falar contigo.
– Já falaste. Acho que agora devias ir falar com a advogada.
– É feia. Eu não quero falar com ela. Quero falar contigo, não queres cá vir?
– Não, obrigada. Dispenso.
– Podias ser minha testemunha.
– Acho que não ias querer isso. Parece-me bem que não te ia favorecer.
– Contavas a nossa história e como me deixaste de rastos…
– Quanto foi?
– O quê?
– O grau. Quanto é que acusou?
– Dois e vinte sete gramas por litro.
– Bom!... A que horas?
– Às 5:20… (Sou eu!)
– Estão-te a chamar?
(– Sim, está bem.)
– Diogo!... Diogo!
(– Não, não falei. É aquela?... Posso falar.)
15 dezembro 2011
Frases do Ricardo Esteves - em silêncio...
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14 dezembro 2011
Anfitriã
Entro pela porta do céu nesse espaço que é teu e sinto-me transportado para um sonho acordado pelo suave bater dessas asas que me abraçam então.
Alada a imaginação à entrada, sobrevoo um campo florido nesse corpo despido e imito as plantas quando desenvolvo uma raiz para me agarrar, feliz, a esse lar que me escancaras, cativo, com a ternura de um sorriso e a iminente explosão num olhar que tem o cone de um vulcão reflectido.
Mergulho na lava, protegido pela paixão incandescente deste desejo tão ardente que eleva a temperatura do amor à de um inferno que me apresentas sedutor com a confiança que me inspiras.
Respiro fogo por instantes em cada jogo de amantes que inventamos nas novas posições que nos oferecem sensações inéditas, pouco antes de a tua voz anunciar (sobre o meu grito abafado) que está na hora de descolar para outro aposento ensolarado desse espaço que é meu.
E eu reentro pela porta do céu e sinto-me despertado pelo bater acelerado do teu coração, quando me acolhes no conforto da recepção instalada nesse peito que sinto arfar, envolto num abraço tão imenso, sob um calor tão intenso como o da lareira que arde agora como uma pequena fogueira na praia onde me imagino, em repouso, nesse doce regaço que me ofereces generosa.
A tua alma como uma chave.
E o teu corpo como uma casa.
Alada a imaginação à entrada, sobrevoo um campo florido nesse corpo despido e imito as plantas quando desenvolvo uma raiz para me agarrar, feliz, a esse lar que me escancaras, cativo, com a ternura de um sorriso e a iminente explosão num olhar que tem o cone de um vulcão reflectido.
Mergulho na lava, protegido pela paixão incandescente deste desejo tão ardente que eleva a temperatura do amor à de um inferno que me apresentas sedutor com a confiança que me inspiras.
Respiro fogo por instantes em cada jogo de amantes que inventamos nas novas posições que nos oferecem sensações inéditas, pouco antes de a tua voz anunciar (sobre o meu grito abafado) que está na hora de descolar para outro aposento ensolarado desse espaço que é meu.
E eu reentro pela porta do céu e sinto-me despertado pelo bater acelerado do teu coração, quando me acolhes no conforto da recepção instalada nesse peito que sinto arfar, envolto num abraço tão imenso, sob um calor tão intenso como o da lareira que arde agora como uma pequena fogueira na praia onde me imagino, em repouso, nesse doce regaço que me ofereces generosa.
A tua alma como uma chave.
E o teu corpo como uma casa.
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