(Reynaldo Gianecchini)
16 janeiro 2012
15 janeiro 2012
«Presídio» - por Rui Felício
Latagão, sentia-se agrilhoado dentro do casaco acabado de estrear, que o alfaiate Sr. Melo lhe tinha feito, depois de ter virado um fato com anos de uso no corpo franzino do seu pai. Ia conhecer Lisboa finalmente! O Arnaldo embarcou, ansioso, na Estação Velha, no Flecha de Prata que o levaria à capital, pela linha do Oeste.
Depois de uma viagem de mais de sete horas, os solavancos do comboio prateado, o chiar dos rodados nas mudanças de agulha, a súbita escuridão exterior, o acender das ténues luzes das lanternas amareladas que alumiavam a carruagem , assinalavam a entrada no túnel percorrido em marcha lenta até desembocar na claridade da gare do Rossio.
Sentiu as costuras do casaco darem de si, quando se esticou para recolher a mala de cartão acomodada na rede junto ao tecto da carruagem e saiu. Na plataforma, esperava-o o seu tio que morava em Algés em casa de quem iria passar uns dias.
A praça do Rossio, as ruas da baixa, a estátua de D. José no Terreiro do Paço pouco o impressionaram. Também em Coimbra já tinha visto coisas semelhantes, e até mais bonitas, na Portagem, na Praça Velha, na Praça 8 de Maio, na Rua da Sofia...
Donde ele não conseguia desprender os olhos era do mar à boca do Tejo. Já o tinha visto uma vez em Mira, quando foi para lá acampar nas férias. Aquela vastidão a perder de vista deixava-lhe sempre um nó na garganta, uma sensação de incompreensão pela lonjura que nele se escondia.
Foi num desses longos momentos de contemplação no areal da Cruz Quebrada, que se sobressaltou com um inesperado toque no ombro.
Voltou-se e deu de caras com o doce sorriso de uma rapariga de belos olhos negros que não se despegavam dos seus.
- Nunca o tinha visto por aqui, disse-lhe ela numa voz suave e triste.
- Não sou de Lisboa, estou aqui apenas alguns dias de férias, respondeu-lhe o Arnaldo.
- Veio ver o seu pai?, perguntou-lhe a rapariga. Eu venho aqui todos os dias ver o meu.
Ao ar intrigado do Arnaldo, que ali não via ninguém além deles os dois, ela explicou, apontando com o queixo para o Presídio da Trafaria, do outro lado do rio:
- O meu pai está ali. É sargento, preso político.
O Arnaldo abraçou-a com ternura.
Só conheceu o pai dela, muitos anos mais tarde, depois da Revolução, a quem foram mostrar, quando o libertaram, o neto já com nove anos e que nunca tinha visto o avô.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
14 janeiro 2012
Frases do Ricardo Esteves - as chaves do céu
O Ricardo Esteves está no Facebook, no YouTube, no blog Quotidiano Hoje e no Tumblr
13 janeiro 2012
pequena memória hídrica do Sr. Foder
{ Pau arqueja, negro, entre os braços ressaltados na devassidão. Girando. Levo-a deste mundo e depois do grito na volta, nus braços a ferver, furiosos, entre a visão, abraso-me na cara, dela, expelida.}
Alucinei-me!
...a noite sussurra água. Pelos meandros da Vagina profunda, tão profunda que se cai metido dentro, sempre!
Sinto o Inferno entre a porta e Deus, faiscando na púrpura rosa de carne em torno da estaca, nadando em istmos. Estacada a estacada. Istmos. Pura carne em rosa, acesa pelos arrepios hipnóticos, onde a seiva encrespa o meu Sr. Foder.
Toda a fogueira, nela, anda, anfíbia e expulsa o meu dia em automatismos. No sexo banhado, a exaltação da mente em se tornar o acto de vagar a magnífica bebida íntima, sempiterna, infusa na cabeça, contra estas imagens, macias de cópula a cópula, uma e outra vez suadas a peso, freme!...
"No fundo da boca violenta onde se vergam todos os laços humanos em heras rápidas e fortes.
O orgasmo é onde a minha voz rebenta por um gargalo de sangue, por vezes sob um outro sangue abismado e é tudo quanto me cega."
A veia secreta, o torsão enraizado no tecido redondo onde o ar se enche todo numa escoada, jorrando dentro da cratera cheia de esperma na auréola, toda alagada em desordem. Em fôlego. Obliquamente. Absoluto!...
Repousando a Fénix em fruta aberta na arquitectura, soturna e abrupta, às portas de um delírio que marcha em terra inspiradora, suspensa num corpo que se fecha em alta e profunda eternidade.
Alui-se-me pelo orvalho a dentro na última estação visceral...
... a boca sai da boca, da pele com pele e deixa as ancas devagar e sobre elas todo o mosto martelado...
Talvez eu volte...!
Luisa Demétrio Raposo
Alucinei-me!
...a noite sussurra água. Pelos meandros da Vagina profunda, tão profunda que se cai metido dentro, sempre!
Sinto o Inferno entre a porta e Deus, faiscando na púrpura rosa de carne em torno da estaca, nadando em istmos. Estacada a estacada. Istmos. Pura carne em rosa, acesa pelos arrepios hipnóticos, onde a seiva encrespa o meu Sr. Foder.
Toda a fogueira, nela, anda, anfíbia e expulsa o meu dia em automatismos. No sexo banhado, a exaltação da mente em se tornar o acto de vagar a magnífica bebida íntima, sempiterna, infusa na cabeça, contra estas imagens, macias de cópula a cópula, uma e outra vez suadas a peso, freme!...
"No fundo da boca violenta onde se vergam todos os laços humanos em heras rápidas e fortes.
O orgasmo é onde a minha voz rebenta por um gargalo de sangue, por vezes sob um outro sangue abismado e é tudo quanto me cega."
A veia secreta, o torsão enraizado no tecido redondo onde o ar se enche todo numa escoada, jorrando dentro da cratera cheia de esperma na auréola, toda alagada em desordem. Em fôlego. Obliquamente. Absoluto!...
Repousando a Fénix em fruta aberta na arquitectura, soturna e abrupta, às portas de um delírio que marcha em terra inspiradora, suspensa num corpo que se fecha em alta e profunda eternidade.
Alui-se-me pelo orvalho a dentro na última estação visceral...
... a boca sai da boca, da pele com pele e deixa as ancas devagar e sobre elas todo o mosto martelado...
Talvez eu volte...!
Luisa Demétrio Raposo
[Blog Vermelho Canalha]
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