20 fevereiro 2012
«respostas a perguntas inexistentes (193)» - bagaço amarelo
amores perfeitos
Não há Amores fáceis. Por estranho que pareça também não há Amores difíceis. Os Amores são todos mais ou menos iguais. A única diferença está em que alguns Amores o são mesmo, outros não. O que torna os Amores todos iguais é o facto de cada um ser único. É nisso que são todos iguais. Não há nenhum Amor que se compare ao meu, assim como o meu também não se compara a nenhum outro. É por isso que ele não é fácil, nem difícil. É o meu Amor. Só isso.
A unicidade do Amor acaba com a ideia de perfeição, seja ela a perfeição cristã de Santo Agostinho ou a positivista de Kant. No Amor busca-se precisamente o contrário: a imperfeição. É ela que é única e é ela que tem a capacidade de nos fascinar. Por ser isso mesmo: única. A ideia absolutista de perfeição é, aliás, uma seca de todo o tamanho e por isso impossível de ser objecto de Amor.
É como se cada um de nós se apaixonasse por um lugar, porque um Amor é isso mesmo. Um lugar. Ninguém mais lá entra, nessa grandiosa imperfeição que só duas pessoas são capazes de criar. Amo-o todo, esse lugar, e é por isso que cuido dele o melhor que sei e posso, para que um dias destes não me apeteça abandoná-lo. É a minha tentativa de prolongar o Amor no tempo. Hoje, por exemplo, acordei de manhã e plantei-lhe uns Amores Perfeitos, para lhe poder chamar também isso, pelo menos em parte. Um Amor Perfeito.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Não há Amores fáceis. Por estranho que pareça também não há Amores difíceis. Os Amores são todos mais ou menos iguais. A única diferença está em que alguns Amores o são mesmo, outros não. O que torna os Amores todos iguais é o facto de cada um ser único. É nisso que são todos iguais. Não há nenhum Amor que se compare ao meu, assim como o meu também não se compara a nenhum outro. É por isso que ele não é fácil, nem difícil. É o meu Amor. Só isso.
A unicidade do Amor acaba com a ideia de perfeição, seja ela a perfeição cristã de Santo Agostinho ou a positivista de Kant. No Amor busca-se precisamente o contrário: a imperfeição. É ela que é única e é ela que tem a capacidade de nos fascinar. Por ser isso mesmo: única. A ideia absolutista de perfeição é, aliás, uma seca de todo o tamanho e por isso impossível de ser objecto de Amor.
É como se cada um de nós se apaixonasse por um lugar, porque um Amor é isso mesmo. Um lugar. Ninguém mais lá entra, nessa grandiosa imperfeição que só duas pessoas são capazes de criar. Amo-o todo, esse lugar, e é por isso que cuido dele o melhor que sei e posso, para que um dias destes não me apeteça abandoná-lo. É a minha tentativa de prolongar o Amor no tempo. Hoje, por exemplo, acordei de manhã e plantei-lhe uns Amores Perfeitos, para lhe poder chamar também isso, pelo menos em parte. Um Amor Perfeito.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
19 fevereiro 2012
Semana especial LGBT no Porta Curtas - «Sexo e a Metrópole»
Ficção de Fred Avellar - 2004 - 10 min
O que acontece quando uma menina-deusa, produtora de moda, encontra uma mortal fotojornalista numa metrópole como São Paulo? Um curta sobre desejo, carências e necessidades latentes que brotam entre os prédios e avenidas da grande cidade.
Link directo para o filme aqui.
O que acontece quando uma menina-deusa, produtora de moda, encontra uma mortal fotojornalista numa metrópole como São Paulo? Um curta sobre desejo, carências e necessidades latentes que brotam entre os prédios e avenidas da grande cidade.
Link directo para o filme aqui.
Blockbuster
Fui entrevistá-lo por causa do seu recém-estreado filme no qual usara todos os mendigos do Metro de Lisboa, alguns sem-abrigo do Martim Moniz, as ciganas que tiram a inveja e o mau olhado e as meninas romenas que vendem pensos rápidos, como actores principais de um drama que intitulara «A Cidade Branca e os Anões».
Foram três noites seguidinhas de trabalho a bater nas suas ligações ao Truffaut, Resnais, Rohmer e Chabrol mas garanti o guião da entrevista todo alinhavado na cabeça e enquanto o ia desfiando, reparei que o eminente realizador apontava a câmara dos seus olhos negros para um grande plano do meu decote seguido de um travelling às minhas pernas. Sem perder a pose de artista e continuando a responder, abriu a carcela das calças e exibiu o seu óscar finamente esculpido e de estupendos acabamentos, garroteando-o no topo como se fosse um tubo de pasta em final de vida. Explicitou um convite para que conhecesse mais intimamente a sua obra e rapidamente rodámos uma película de série X demonstrativa dos comportamentos dos últimos primatas, connosco acocorados e as suas palmas engatadas nas minhas ancas reboludas para as suas bolinhas não falharem os embates cíclicos e os nossos guinchos fornecerem a emoção do sonoro.
No dia seguinte entreguei as 300 linhas na redacção e pedi dispensa para acompanhar o cineasta numa série de curtas-metragens. Não lhes ia revelar a cacha de uma rapidinha sentados numa cabine de fotos à la minute, do enganchanço num dos intermináveis corredores do Marquês a horas nocturnas alçando-me uma perna e a saia, das mãos contra os azulejos do painel indicativo do miradouro de São Pedro de Alcântara a desoras, do seu missionário frenético no topo do caramanchão do Príncipe Real sob o qual João César Monteiro se costumava sentar.
Foram três noites seguidinhas de trabalho a bater nas suas ligações ao Truffaut, Resnais, Rohmer e Chabrol mas garanti o guião da entrevista todo alinhavado na cabeça e enquanto o ia desfiando, reparei que o eminente realizador apontava a câmara dos seus olhos negros para um grande plano do meu decote seguido de um travelling às minhas pernas. Sem perder a pose de artista e continuando a responder, abriu a carcela das calças e exibiu o seu óscar finamente esculpido e de estupendos acabamentos, garroteando-o no topo como se fosse um tubo de pasta em final de vida. Explicitou um convite para que conhecesse mais intimamente a sua obra e rapidamente rodámos uma película de série X demonstrativa dos comportamentos dos últimos primatas, connosco acocorados e as suas palmas engatadas nas minhas ancas reboludas para as suas bolinhas não falharem os embates cíclicos e os nossos guinchos fornecerem a emoção do sonoro.
No dia seguinte entreguei as 300 linhas na redacção e pedi dispensa para acompanhar o cineasta numa série de curtas-metragens. Não lhes ia revelar a cacha de uma rapidinha sentados numa cabine de fotos à la minute, do enganchanço num dos intermináveis corredores do Marquês a horas nocturnas alçando-me uma perna e a saia, das mãos contra os azulejos do painel indicativo do miradouro de São Pedro de Alcântara a desoras, do seu missionário frenético no topo do caramanchão do Príncipe Real sob o qual João César Monteiro se costumava sentar.
18 fevereiro 2012
Homens, aprendam a fazer um nó Windsor a uma gravata
Que bem se venham à nova rubrica deste blog: «Homens, aprendam!»
Metros de vida
O homem mergulhado num mundo alcoolizado e a mulher que o segue com o olhar perdido naquilo que poderia ter sido mas já nem ousa ambicionar.
A mulher entediada com a vida pautada por rituais e o homem que a acompanha pelos caminhos habituais sem sorriso nos lábios nem chama no olhar.
O homem isolado num planeta desabitado e a mulher que o carrega pelos atalhos da vida sem ser por isso reconhecida na condição de amparo derradeiro, de tábua de salvação à deriva sem alguém que sobreviva para a justificar à superfície daquele mar que tudo afoga, esperanças, ilusões, memórias de campeões de um passado entretanto obliterado pela decadência etilizada, pela consciência entorpecida aos poucos até pouco ou nada interferir na passada titubeante ao longo do caminho para sítio nenhum.
A mulher desanimada com a vida marcada por horários que a orientam pelo meio de um estranho nevoeiro de desejos imaginários que compensam a realidade enfadonha tão diferente da que sonha, acordada, enquanto dura a caminhada lado a lado com um jovem que no passado a entusiasmou, o olhar vivaço que ela amou e agora parece ter desaparecido do rosto envelhecido daquele burguês adormecido durante a viagem para o local costumeiro onde gastam o dinheiro que algures preencheu o espaço dedicado pelo jovem apaixonado até nada restar naquele rosto, naquele olhar embaciado pela ausência do amor que entretanto esqueceu.
A vida que entretanto se perdeu, esbanjada por tudo aquilo que a manteve afastada do rumo original, descarrilada pela força da gravidade de acontecimentos imprevistos ou pelo desvio nos objectivos propostos que se transformaram em desgostos, em transporte público, ir e vir, das expressões em rostos privados da vontade de sorrir.
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