10 abril 2012
09 abril 2012
«o segredo da rua» - bagaço amarelo
É verdade que o Amor começa sempre por ser um segredo só daquele que Ama. Pelo menos, quando me apaixonei por ela, só eu é que o sabia. Mais ninguém. Às vezes até me convenço que chegou mesmo a ser um segredo de ninguém, porque me apaixonei antes de eu próprio o ter percebido. Foi nessa altura que lhe comecei a chamar o segredo da rua. A ela. Mais ninguém.
Era uma rua qualquer de Aveiro onde eu a esperava todos os fins de tarde, só para a ver passar por um momento, e onde os sorrisos sedutores que eu ensaiara durante o dia inteiro me asfixiavam nesse preciso momento. Era um segredo só meu, esse Amor e essa asfixia contínua do tempo.
E a minha mãe a perguntar-me se eu estava doente e eu a responder que não, o meu amigo Paulo a perguntar-me se eu estava bem e eu a responder que sim, a minha amiga Luísa a perguntar-me se eu estava apaixonado e eu a abanar os ombros. Assim, todos os dias a mentir-me a mim mesmo através dos outros para não tocar na verdade que era um segredo só meu.
Passaram-se mais de vinte anos desde esse tempo até a poder ver de novo, por uma mera coincidência, num café do Porto, num encontro combinado às cegas através do email com uma leitora deste blogue (os que aqui costumam vir já conhecem a história). Lembro-me de a ter reconhecido com o mesmo sabor do vinho de hoje e de, por um momento, tudo isso ter sido um segredo cósmico só meu.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
08 abril 2012
Cena do filme brasileiro «De Pernas Pro Ar»
Alice, depois de sair do seu anterior emprego, passa a trabalhar numa SexShop com Marcela e muitas mudanças na sua vida começam a acontecer. Nesta cena, Alice vai assistir a um jogo de futebol do seu filho...
A pita
Ele chamava-me e eu ia logo ter com ele, trôpega e a abanar-me toda. Eu era a sua pitinha intensamente motivada para lhe ir comer à mão. Fosse qual fosse o dia ou a hora que ele aparecesse lá ia eu estender o pescoço às suas carícias de dedos e sentia-me recompensada por ele apreciar a fofura da minha pele e por entre tantas possíveis candidatas me ter escolhido a mim.
Nada como as suas mãos a avaliar-me os contornos do pescoço e as curvas do lombo com a mestria de gestos que tinha acumulado ao longo dos anos. E era uma autêntica ascensão aos céus quando com ambas as mãos me erguia à sua frente, olhos nos olhos, a fazer subir o desejo de que fosse mais qualquer coisinha na coisinha.
Um dia levou-me ao colo para outro lugar mais aconchegado, bucólico até com a palha acamada no chão e desapertou lentamente o cinto das calças como se fosse a contagem decrescente para o lançamento de um foguetão e depois, de sopetão, puxou-me contra si, virou-me de costas para ele e entrou por mim a dentro com o estretor de um tremor de terra que me abanasse todas as entranhas que até desfaleci logo ali. E hoje que descanso no paraíso dos aviários a fazer meia com a pomba do espírito santo ainda não lhe perdoei ter-me depenado toda antes de me deitar numa cama de cebolas e tinto do mais rasca no meio do seu forno de lenha para depois se deliciar a comer-me à dentada.
Nada como as suas mãos a avaliar-me os contornos do pescoço e as curvas do lombo com a mestria de gestos que tinha acumulado ao longo dos anos. E era uma autêntica ascensão aos céus quando com ambas as mãos me erguia à sua frente, olhos nos olhos, a fazer subir o desejo de que fosse mais qualquer coisinha na coisinha.
Um dia levou-me ao colo para outro lugar mais aconchegado, bucólico até com a palha acamada no chão e desapertou lentamente o cinto das calças como se fosse a contagem decrescente para o lançamento de um foguetão e depois, de sopetão, puxou-me contra si, virou-me de costas para ele e entrou por mim a dentro com o estretor de um tremor de terra que me abanasse todas as entranhas que até desfaleci logo ali. E hoje que descanso no paraíso dos aviários a fazer meia com a pomba do espírito santo ainda não lhe perdoei ter-me depenado toda antes de me deitar numa cama de cebolas e tinto do mais rasca no meio do seu forno de lenha para depois se deliciar a comer-me à dentada.
[Foto © Bernardo Coelho, 2008, Queria uma sandes de presunto por favor]
Doutor Ivan
Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)
07 abril 2012
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