18 abril 2012

«conversa 1884» - bagaço amarelo

Ela - Tenho uma teoria que acaba com a tua ideia de Amor duma vez por todas.
Eu - Qual é?
Ela - Acho que o Amor é essencialmente egoísta.
Eu - Porquê?
Ela - Quando tu te apaixonas queres conquistar essa mulher por quem estás apaixonado porque precisas, não para que ela beneficie alguma coisa com isso. Queres conquistá-la porque te sentes mal por não a ter. É ou não é?
Eu - Até é, mais ou menos, mas isso não faz do Amor um acto egoísta.
Ela - Faz, faz.
Eu - Eu acho que não. Até pode fazer da sedução um acto egoísta, mas do Amor não.
Ela - Porquê?
Eu - Quando te apaixonas e o teu Amor é correspondido, passas a pôr a pessoa que Amas em primeiro lugar em tudo. Preocupas-te mais com ela do que contigo.
Ela - Achas?
Eu - Acho.
Ela - Isso nunca me aconteceu, caraças.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Fim e começo



Terceiro milénio




Alexandre Affonso - nadaver.com

17 abril 2012

Olhares Prateados


mordisco as maçãs do teu rosto

o teu cabelo prateado toca(-me) os lábios de cereja
pele de pêssego
mãos que me desenham poemas nas costas
l e t r a - a - l e t r a
a palavra
inventada a cada instante
quando entras no meu segredo
mistério alagado de desejo
sorris
o meu corpo é argila
molde no teu
lama
alma em nevoeiro
pó de deserto
gelo então.
Mão descoberta
saudade liberta
viagem musica ensaio.

C
a
i
o

partida
orgasmo bebida.

Eva portuguesa - «Espero-te!...»

É Inverno.
Lá fora o frio passeia-se pelas ruas desertas.
Oiço o vento, na esperança de que ele te traga para mim...
A chuva começa a cair. Primeiro devagar, depois mais forte, em bátegas grossas.
Espero que alguma gota me traga um sinal teu... Mas o barulho que ouço é apenas o temporal...
E eu espero-te!
Chegou a Primavera e, com ela, a esperança renovada de que venhas ao meu encontro.
Oiço os pardais; estarão a anunciar a tua chegada?... Não, apenas namoram entre si, ignorando a minha dor e ansiedade... Queria que fôssemos os dois pardais para, também juntos, dançarmos a dança da sedução e do acasalamento...
Cheiro as flores que se abrem, como virgens na sua noite de núpcias... trarão com elas o teu perfume?... Não... mas eu consigo senti-lo, qual fantasma adormecido e mil vezes despertado numa casa desabitada... E é isso que eu sou sem ti: uma casa desabitada, despida, triste, só, abandonada... preciso que me dês vida, morando em mim; que me completes com a tua existência; que me preenchas com a tua presença... a tua presença em mim, para mim...
Como abelha que se alimenta na flor, também eu preciso de me alimentar em ti... alimentar de ti...
E por isso... espero-te!...
Virás?...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Kul-Kul» - estatueta da zona rural do Bali (Indonésia)

Estatueta em madeira (com o "cabelo" em fibra vegetal) de 50 cm de altura, de um demónio com o falo destacável para bater no tronco (com sulco vaginal), servindo de instrumento para envio de sinais.
Aqui, um texto sobre os «sinos» Kulkul (em madeira ou bambu). E aqui, a experiência de um turista no Bali com um kul-kul certamente idêntico ao da minha colecção, que encontrou pendurado à porta do seu bungalow, para chamar o «room service».


Rapidinha

Maldito Flash! Mal posso ver seus movimentos!




Meninas WTF

Que bem se venham, Meninas WTF, a partir de hoje, à equipa d'a fundiSão!

16 abril 2012

Axe e quatro diferentes tipos de mulher







«pensamentos catatónicos (270)» - bagaço amarelo

sei lá eu o que vem a seguir...

Costuma-se dizer que a beleza é um conceito relativo. Eu concordo sempre, menos quando estou apaixonado. Vou olhando para tudo e para todos para chegar sempre à mesma conclusão. Não há nada neste mundo tão belo quanto a Raquel.
Costuma-se dizer que a beleza não é tudo, que as pessoas não valem apenas pela sua aparência mas também pelo que são. Eu concordo sempre, menos quando estou apaixonado. Vou conhecendo tudo e todos para chegar sempre à mesma conclusão. Não há ninguém que eu admire tanto quanto a Raquel.
Por um momento parece-me que Amar é isso: sentir paixão e admiração ao mesmo tempo. É o que eu sinto por ela enquanto caminhamos de mão dada numa rua qualquer de Cabo Verde. Ela repara em tudo por onde vamos passando. Um muro em que as janelas são apenas tinta, uma estátua pensativa do Camões, um homem que seca peixe ao Sol ou uma criança que corre na nossa direcção. Eu reparo nela, na Raquel.
Entramos numa feira de artesanato, bem no centro da cidade, e ela afasta-se de mim para fotografar uns quadros de palha. As nossas mãos apartam-se e eu sinto-a ir como se estivesse a partir para sempre. O meu coração parece uma folha de papel amarrotada pelas saudades desse tempo imenso que passa sem ela, até a ver voltar com um sorriso nos lábios e um beijo de recordação desses tempos de solidão. Chegou a estar a mais de três metros de distância de mim, e talvez ninguém no mundo seja capaz de entender a violência que isso foi.
O Amor a sério é assim: um calafrio contínuo entre um abraço quente e uma solidão deserta. Quente, frio, quente, frio, quente, frio. Sinto-me um Rei para logo a seguir me sentir um mendigo de mão estendida a uma esperança calada. É ela, que se afastou alguns metros e já aí vem. Ainda bem. Sei lá eu o que vem a seguir...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Divinal Senhora, vinde-vos em nós



Está tudo rachado!




Via Special Nudes

15 abril 2012

O orgasmo masculino explicado pela sexóloga Jayia (em inglês)

De fazer chorar as pedras da calçada


Vou contar-vos uma história de fazer chorar as pedras da calçada, uma antiga tradição alfacinha pós-campanhas eleitorais por mor das recargas betuminosas nas ruas taparem os sumidouros e as primeiras chuvas fazerem lagos sobre as pedrinhas calcárias.

Ela nem nascera feia de cara e quando começou a botar corpo entesoava qualquer homem tanto que o seu pai à força de gritos e estalos na sua mãe proibiu que ela circulasse em cuecas e sutiã pelo lar de família. Foi desde o dia em que por trás a agarrou pela cintura, encostou-se tanto às suas nádegas que ela bem lhe sentiu o abono de família avolumado e a largou com um estridente estalo na cara a mandá-la vestir que o respeito é uma coisa muito bonita.

Quando abalou daquela casa pensou que faria da sua vida o que quisesse mas o seu marido era devoto da congregação dos chefes de família e rapidamente lhe mostrou que ela estava ali para lhe servir os apetites na mesa e na cama que só podia cozinhar os pratos favoritos dele e o facto de ela nunca ter orgasmos era coisa de somenos desde que os espermatozóides nossos de cada dia se escoassem, usando os punhos como o seu melhor argumento.

A vizinha do lado é que não acreditou que as nódoas negras eram resultado fortuito de batidelas nas esquinas do mobiliário e começou a oferecer-lhe as orelhas para descarregar as lágrimas e nessa barrela até lhe massajou as carnes pisadas com um creme reconstitutivo da pele. Consolada pela vizinha foi num imenso gáudio que descobriu que o clítoris correctamente sorvido é um eficiente short cut para chegar ao orgasmo.


[Foto © bernardo coelho, 2008, Fetiche for Charity #2]