10 julho 2012

Eva portuguesa - «O príncipe»

Acho que desta vez me está a acontecer a mim...
Até tenho medo de acreditar... medo que seja apenas um sonho... ou que o sonho se torne num pesadelo...
Já há tempos escrevi sobre o filme Pretty Woman e o desejo, mais ou menos secreto, mais ou menos consciente, de encontrarmos alguém que goste de nós e de quem nós gostemos, que possa e queira tirar-nos desta vida...
Também sei que já aconteceu com algumas colegas minhas. Com umas resultou e continuam a viver o sonho; já outras regressaram ao mundo sórdido da prostituição...
E, apesar de bem no fundo da minha alma, ter esperança de encontrar esse príncipe que me resgatasse desta vida à margem da sociedade e me tornasse na sua princesa, a verdade é que nunca acreditei realmente que pudesse acontecer comigo... Não que eu seja uma coitadinha mas o meu percurso de vida não foi fácil e dificilmente coisas boas assim acontecem comigo...
Acho que sempre vi isto como ganhar o euromilhões...
E agora está a acontecer... encontrei um príncipe que me quer salvar e levar para o seu castelo, tratar-me como uma rainha, dar-me tudo com que sonhei...
Mas será que é mesmo verdade?...
Será que este príncipe é mesmo um príncipe?
Será que quando o beijar ele não se transforma num sapo?
Será que o sonho é real?
Ou, à espera dele, como estou e de tudo o que me prometeu, ele não vai aparecer e desiludir-me?
Ele está a caminho... a caminho da minha salvação... mas será que não vai faltar? Será que não se vai arrepender? Será que é quem diz ser? Será que gosta de mim?..
Tantos se...
Será que eu não acordo entretanto e vejo que tudo era apenas um sonho do qual acordei com o toque do telefone?
Será possível eu ter esta sorte, esta graça tremenda de ter encontrado o meu príncipe?
A ansiedade domina-me enquanto espero que ele chegue... se é que ele vai aparecer...
Porquê eu? - pergunto-me constantemente a mim e a ele.
E porque não eu? - sussurra-me uma vozinha muito tímida dentro de mim.
Se tudo isto for real e verdadeiro, a quem devo agradecer este recomeço, este renascimento?
Quem pôs este homem no meu caminho?
Passo horas a imaginar... como será o nosso encontro, como será a nossa relação, como me irei integrar num mundo tão mais sofisticado que o meu, se não o irei desiludir, se ele não se vai fartar, se estou à altura dele, se nos vamos entender, se vamos viver um grande amor... tanta, mas tanta coisa....
Assaltam-me incertezas, receios e medos, não só por ele mas também por mim...
Mas ao mesmo tempo sou tomada pela excitação, pela esperança, pela felicidade...
O meu príncipe... espero por ti, meu doce...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Rómulo e Remo





«Romulus & Remus» - foto de Rimma Gerlovina & Valeriy Gerlovin, 1989

Via mon ami Bernard Perroud

Postalinho do Luís Gaspar (Estúdio Raposa) e a minha colecção

"Achei que os textos do Jorge Castro não podiam ficar-se pelos belos vídeos da São Rosas.
Vai daí, com a maior lata deste mundo, coloquei-os no Estúdio Raposa sem dar cavaco a ninguém.
O Jorge e a São, se me quiserem fritar vivo, façam o favor.
Entretanto a prova do crime pode ser ouvida aqui.
Beijos e abraços."
Luís Gaspar
Estúdio Raposa

Entretanto, o Estúdio Raposa passou a ter um link para donativos: "As contribuições são à vontade do freguês e os beijos e abraços de agradecimento são em função da verba oferecida. Beijos a 10 cêntimos e abraços a 1 euro. Mais apertados, os abraços são dados por orçamento".

Os quatro vídeos de divulgação da colecção de arte erótica «a funda São», com poemas de Jorge Castro e de Miss Joana Well, podem ser apreciados aqui, numa página que está em preparação com o cadastro da minha colecção (já com todos os 1.703 livros e todas as 92 pinturas originais a óleo e a acrílico).


«Caminhantes no vale da sedução» - a funda São from São Rosas on Vimeo.

09 julho 2012

Finalmente, o odor vaginal pode ser visto!

«conversa 1897» - bagaço amarelo

Ela - Finalmente sinto-me preparada para viver um Amor eterno...
Eu - Mas... tens quarenta e cinco anos. Nunca te tinhas sentido preparada antes?
Ela - Estou a falar desde ontem à noite. Ontem acabei com o meu namorado...
Eu - Nem sabia que tinhas namorado...
Ela - Não te cheguei a dizer porque não deu tempo. Só namorámos três dias.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Dá troco?


Homens e Mulheres

No programa de hoje: algumas possíveis reações de homens e mulheres em determinadas situações…



No próximo episódio: quando os pais pegam seus filhos se masturbando, não perca!

Capinaremos.com

08 julho 2012

Mulheres ao volante é isto!

SEREBRO - «Mama Lover»

A força da terra


Um cabelo à Beatle do ano do seu nascimento, loirinho e de olho azul, marcava a diferença numa região de morenos e batia nas vistas de qualquer uma quer fosse no balcão dos cafés quer fosse nos bailes semanais da festa de cada lugar das redondezas metidas entre pinheiros e serras.

A fama precedia-o no boca a boca de ser namoradeiro, com uma rapariga em cada terra para evitar confusões maiores e resumir as suas incursões às horas da noite de um baile que no mais do tempo era vê-lo a cavalgar a sua zundapp verde ou lá que marca era aquela gaita.

Choquei com ele nos encontrões do balcão de madeira à cata da cerveja saída directamente dos bidões azuis de plástico atascados de pedaços de gelo e reparei que também escolhia Super Bock. Voltei para junto do meu grupo de veraneio a escutar o leilão de mais uma garrafa de ginjinha e um pão de ló oferta da dona Maria das Dores, espiando a forma como ele entreabria os lábios ao levar a garrafa à boca salpicado pelas imagens daquele que eu deixara em Lisboa, o oficial para a família e amigos no ror de quase dois anos que já era uma nebulosa o big bang dessa paixão quando nisto o conjunto voltou ao palco para mimar os primeiros acordes do Don't Stand So Close To Me e ele se acercou felinamente com os olhos a luzir na noite para pedir-me para dançar e eu disse logo que sim. Tinha de tirar a limpo se os loiros o eram no corpo todo.


[Foto © jose ferreira, 2008, Auto retrato]

Postalinho da Feira de S. João, em Évora


2012-06-30

Brainstorming


Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

07 julho 2012

Homens, aprendam a remover tinta de marcador permanente de um quadro branco

«respostas a perguntas inexistentes (204)» - bagaço amarelo

o primeiro beijo da morte
No prédio onde eu cresci eram raras, para não dizer inexistentes, as conversas entre vizinhos. Todos se cumprimentavam sempre que se cruzavam, mas não mais do que isso. Foi por isso que estranhei quando, no fim duma manhã qualquer de Primavera, ouvi um burburinho intenso nas escadas cortado ao meio por dois ou três gritos ameaçadores. Era um homem forte, cuja face zangada parecia esculpida com uma faca do mato, que queria bater no vizinho do quarto direito.
Algumas pessoas tentavam acalmá-lo, segurando-o de frente como se pegassem um touro enraivecido. Aquilo que, no entanto, não conseguiam estancar, eram os gritos que tentavam justificar aquela violência toda. Ele tinha visto a mulher beijar o meu vizinho e queria matá-lo.
Acho que foi essa a primeira vez em que me apercebi da importância que um beijo pode ter. Tanta que pode culminar em morte, pensei.

o beijo da Bonnie Parker
Devo ter visto pela primeira vez o filme "Bonnie and Clyde", de 1967, aí com uns dez anos de idade, ou seja, uns quatro anos após a cena no meu prédio. Era um filme proibido para crianças mas que, por algum milagre que nunca consegui explicar, o meu pai me deixou ver. Ainda bem. Foi com ele que confirmei que um beijo pode acabar em morte, e foi com ele que aprendi que os maus também se Amam.
Os maus, neste caso, são os próprios Bonnie e Clyde, um casal apaixonado de assaltantes de bancos. A Bonnie Parker e o Clyde Barrow não tinham uma vida normal nem decente como todos os outros, muito menos aos meus olhos de criança, mas o filme retrata-os como um casal mais feliz do que qualquer outro. No fim o meu pai, quando se apercebeu que eu não saía do sofá durante a ficha técnica, disse-me que aquela história era verdadeira.
Nesse dia confirmei a importância do beijo e de como ele pode acabar em morte.

o meu beijo
Esperei anos pelo meu primeiro beijo, que todos dizem que é o mais importante duma vida. Num certo sentido até é. Foi com ele que aprendi que os beijos têm sabores e foi com ele que aprendi que o beijo mais importante é sempre o último. Teve, pelo menos, essa importância que ninguém lhe tira.
Fazíamos, eu e a Márcia, concursos para ver quem conseguia que uma pedra ricocheteasse mais vezes nas ondas do mar. Ela ganhava sempre, porque a mim me faltavam as forças que gastava na confusão de um não Amor de Verão. Ela sorria e era enérgica, eu parecia sempre um pouco apagado. É isso um não Amor, e garanto-vos que é bem mais difícil do que um Amor qualquer,
Um não Amor é uma vontade de Amar que não cabe em ninguém, e que por isso acaba por se adaptar a quem está mais perto. É próprio da adolescência, é próprio de quem ainda não aprendeu a Amar. É vão, e a Márcia parecia sabê-lo. Uma vez disse-me que tinha atirado uma pedra que queria recuperar, mas que não era capaz de ir sozinha até à rebentação das ondas. Deu-me a mão e levou-me com ela, beijou-me e fugiu a sorrir. O beijo soube-me a sal, logicamente.
Nesse dia aprendi que um beijo pode acabar em vida.

dos beijos todos
Não acredito no Amor cujo primeiro toque não seja o dos lábios, logo a seguir ao ainda mais suave contacto das palavras. O beijo é o corpo a soltar-se para tudo o resto: a pele com a pele, os olhos com os olhos, o verbo com o verbo. E por falar em verbo, o beijo é também a assinatura do tratado que nasce cada vez que se diz "eu Amo-te!". Sem ele, o verbo Amar é apenas uma declaração vazia de intenção. No Amor vale muito pouco falar, mas vale tudo beijar. É no beijo que acreditamos sempre. Ou não. Podemos duvidar de nós mesmos quando dizemos "Amo-te!", mas nunca duvidamos quando beijamos "Amo-te!".


bagaço amarelo
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