12 agosto 2012

Fawnya está a pingar

O Fotógrafo


Olhe Senhor Doutor, conhecemo-nos na net, num site de fotografia. Conversa puxa conversa, email para cá, email para lá e foi inevitável acabarmos a analisar a profundidade de campo das nossas camas. Aliás, em termos sexuais tudo corria bem e até o sabor da sua língua a vinho, ou uísque, ou cerveja era um fotograma que me excitava. Era mais comum encontrar cerveja no frigorífico que um bife.

Era comum ficarmos deitados na cama com o Sexy Hot’s a encher o televisor toda a noite para dar ao negativo a quantidade certa de luz. Nos dias em que ele estava muito cansado eu aplicava o polarizador de o deitar e absorvia-o todo na solene volúpia de beber a emulsão após o que ele me brindava com a sua língua transformada em papel fotográfico de pin-hole, ou então, digamos que, com tecnologia digital.

O lado Kodachrome da nossa relação também se espelhava no facto de espreitarmos os nossos vizinhos a uma distância focal segura. Usámos o filtro colorido da sua irmã para criarmos uma perspectiva mais ampla que a monotonia do enrolanço a dois. Nas bombas de gasolina, enquanto eu enchia o depósito ou calibrava os pneus, ele procurava aberturas de diafragama correctas para saias primaveris.

A bodega foi que o meu código DX não me permitiu ler os seus gostos por bondage e na sua primeira tentiva de me atar com corda natural levantei o joelho à altura dos seus ossos íliacos e danifiquei-lhe temporariamente o fotómetro.

Disfunção erétil existencial



Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

11 agosto 2012

Homens, aprendam a abrir bagagem fechada a cadeado

«respostas a perguntas inexistentes (208)» - bagaço amarelo

taras e manias

Todos nós temos uma mania qualquer. Beber um uísque sempre depois de jantar, por exemplo, ou conduzir com o braço do lado de fora da janela do automóvel. Na verdade há manias para todos os gostos e feitios e, de uma forma natural, acabamos todos por conhecer aquelas que são dos nossos amigos mais próximos. Nunca tinha pensado nisto desta forma até conhecer a Wong, uma empregada dum pequeno restaurante perto de Mong Kok, em Hong Kong. Foi ela que me explicou que, para fazer um bom trabalho no dia-a-dia, tentava conhecer todas as manias dos seus clientes habituais e, mesmo dos clientes que não conhecia de lado nenhum, tentava percebê-las o mais depressa possível.
Acho que ficou surpreendida pelo meu súbito interesse naquele tema, e por isso explicou-me que tinha sido assim que tinha conquistado um dos seus melhores clientes. Um homem qualquer de meia idade que tinha a mania de comer de faca e garfo (como é sabido, os chineses comem com pauzinhos). Ele só lhe disse isso uma vez e, quando lá voltou muito tempo depois, ela ainda se lembrava dele e trocou imediatamente os pauzinhos pelos seus talheres preferidos. A partir desse dia, ele passou a ir lá quase todos os dias.
Fixei a Wong nos olhos, o que admito que me dava um prazer enorme, já que as mulheres asiáticas, na minha opinião, independentemente de serem mais ou menos bonitas, têm sempre uns olhos que vale a pena contemplar como se estivéssemos a olhar para uma paisagem de perder a respiração. Fixei-a nos olhos e disse-lhe que estava a pensar se aquilo era respeito pelo próximo ou servilismo exagerado. Ela amuou, e os seus olhos grandes fizeram questão de me repreender. Por isso mudei de assunto.
Fiquei com a impressão de que, a partir desse dia, ela ficou um pouco mais distante de mim. Sempre simpática, mas com uma distância que me incomodava, já que tinha sido a primeira chinesa com quem eu tinha feito amizade e me tinha sentido realmente bem. Por isso, alguns dias antes do meu regresso a Portugal, comprei dois pastéis de nata (que lá se chamam Portuguese Egg Tarts) e uma garrafa de vinho do Porto numa das melhores garrafeiras que já vi na minha vida. Depois telefonei-lhe e convidei-a para ir beber um copo comigo ao fim da noite. Antes ainda de decidir qual o primeiro bar a que íamos, sentámo-nos num dos bancos da praça da alimentação do Festival Walk, ofereci-lhe a garrafa e comemos cada um o seu pastel. Aproveitei esse momento doce para lhe pedir desculpa por, mesmo sem querer, a ter ofendido. Ela sorriu mas não disse nada.
Estranhamente, ainda hoje acho que essa foi uma das melhores noites da minha vida. Caminhámos por toda a cidade, quase sempre em silêncio, comigo a contemplar a imponência dos edifícios que ali se erguem como velhos que recusam morrer, e com ela sempre ao meu lado como que a perceber os meus pensamentos. Os meus pensamentos eram de que me estava a apaixonar por uma mulher impossível, que vivia a mais de dez mil quilómetros de distância de mim, e que por isso tinha que controlar muito bem as minhas emoções. Acabámos sentados junto ao mar, no lado continental, sentados num muro qualquer a olhar para a ilha, e senti-a abraçar o meu braço direito e pousar nele a cabeça. Perdi a noção do tempo.
Recordei e ainda recordo, como já disse, essa noite do ano de mil novecentos e noventa e nove como uma das melhores da minha vida. Esta semana, por email e já sem a pressão de qualquer envolvimento emocional, disse-lhe isso mesmo. Ela respondeu-me que se lembra que eu tenho a mania de catalogar tudo: os melhores filmes da minha vida, as melhores músicas da minha vida, as melhores paisagens da minha vida, as melhores cidades da minha vida, etc. Enfim, as melhores noites da minha vida também.
Treze anos depois voltámos assim ao tema das manias, e perguntei-lhe se ela era capaz de me explicar o que é que a tinha ofendido na minha observação sobre o servilismo exagerado. Demorou alguns dias a responder-me, de tal forma que cheguei a pensar que tivesse amuado de novo, e quando me respondeu disse-me que se se lembra das minhas manias é porque eu sou importante para ela. Quem gosta de alguém faz tudo o que pode para que esse alguém se sinta bem, explicou-me, e não quer ser confundido com um escravo por causa disso. Simples, não é? Perguntou.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Um sábado qualquer... - «Criações inusitadas»






Um sábado qualquer...

09 agosto 2012

Wild about that thing



blog A Pérola

«Partir ou não partir, eis a questão» - Patife

Diziam dela que tinha o maior coração do mundo. Daí não ter percebido o porquê de ter ficado interessada num traste sem coração como o Patife. Fiquei um dia enfiado em casa a tentar perceber isto. Já o Pacheco ficou um dia enfiado dentro dela. Os amigos dela pediram-me insistentemente que não o fizesse e que não lhe partisse o coração. Efectivamente, não lhe parti o coração. De resto, parti aquilo tudo.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Os filhos explicam aos pais

Essas crianças de hoje em dia não são fáceis…





Então filho, me explica o que é goatse.

Capinaremos.com