"Corremos todos. Uns na direcção certa, outros errantes, mas todos corremos. De manhã para a estrada a caminho do trabalho. Durante o dia, para cumprir um prazo qualquer, ao final da tarde de regresso a casa e o pouco tempo que sobra divide-se entre a vida doméstica, as pessoas que partilham a vida connosco, não raras vezes com mais trabalho que veio atrás de nós – o que é amplamente facilitado pela multiplicidade de gadgets a que hoje temos acesso -, e mesmo a mais fervorosa pessoa, seja homem ou mulher, provavelmente chega à cama e tem vontade de dormir. Não quer enrolar-se em sedução, não quer esmagar-se na humidade do sexo, quer dormir. Esta poderá ser uma das razões que leva ao desencontro entre as pessoas, a correria que mesmo quando não as afasta fisicamente, afasta-lhes as vontades. Sabendo nós que o sexo é um ingrediente importante para a vida conjunta, e que os homens – não só, mas eu que sou homem, falo do que melhor conheço – gostam muito de sexo, é fácil deduzir que quando falta o sexo, a insatisfação instala-se, e os casais divergem. E o que mais se vê, hoje, é a divergência.
Digo às mulheres que conheço, muitas, muitas vezes, que a maneira mais simples de manter um homem feliz é fazer-lhe um bico. Sinto que não me levam a sério. Mais que isso, sinto que não entendem porque o digo, e porque razão um bico – eufemismo para fellatio, bem entendido – pode ser tão poderoso. Bom, desde logo, porque os homens gostam de bicos. Ainda estou para conhecer algum homem que diga que não aprecia. Admito que a excepção exista, mas julgo, ainda assim, razoavelmente seguro generalizar e dizer que todos os homens gostam de fellatios.
Um fellatio, por muito banalizado que pareça ser nestes tempos de relativização e liberdades, não o é tanto assim. Julgo que continua a encerrar um certo sentimento de transgressão. Por um lado, porque desafia a sacrossanta regra do frango assado – i.e., o coito na posição do missionário -, por outro, talvez, porque as mulheres se esquecem de o fazer com o tempo que passa (e será justo dizer-se, eventualmente, que os homens também se esquecem do cunnilingus) o que devolve o fellatio ao domínio das doces memórias que se querem recuperar. Notem, ainda, que o homem, motivado como é, muito mais que a mulher, pela imagem, pelo estímulo visual, cresceu e tornou-se adulto, muito provavelmente, inspirado pelas cenas da pornografia convencional em que as mulheres se atiram, quase literalmente, aos pénis, lambendo-os e fazendo-os desaparecer nas suas profundas goelas como se não houvesse amanhã, como se aquele pénis fosse delicioso, e como se aquilo fosse o ápice do seu prazer sexual. Atenção homens, fomos enganados! Não me parece que seja assim. Tenho, para mim, que as mulheres – bom, muitas mulheres, há excepções -, genericamente, não gostam assim tanto de abocanhar pénis. Se achamos que a nossa vida vai ser uma pornografia em todo o seu esplendor, com as mulheres a tentar sorrir e declamar poesia de boca cheia, estamos redondamente enganados. As coisas não são assim.
Há mais razões que podemos apontar para o facto de os homens apreciarem os fellatios. Embora seja uma coisa que fragiliza, porque nos coloca à mercê de dentes e maxilares capazes de exercer várias toneladas de força, o que nos causaria dificuldades em caso de desentendimento com a feladora, não deixa, também, de ser uma situação de exercício de poder. Diria que o homem se sente poderoso quando uma mulher o abocanha. Sente-se desejado, e talvez leia algumas das mais típicas posições para o fellatio como demonstrativas da sua ascendência sobre a mulher, que se ajoelha perante ele de forma submissa. Nada mais errado, tanto quanto o sexo forte é efectivamente o feminino, como os mais informados homens certamente reconhecerão.
Regressamos assim à ideia original: a maneira mais simples de manter um homem feliz (leia-se, com isto, também, a maneira mais simples de manter um homem feliz e fiel) é fazer-lhe um fellatio regular. Porque o defendo? Simples. O coito dá mais trabalho. As pessoas estão cansadas, e precisam dispôr-se a, durante alguns minutos (mais ou menos conforme a vontade e o local) despir-se em graus variáveis, deitar-se ou recostar-se ou coisa que o valha, entregar-se a exercícios frenéticos, suar, eventualmente fingir um orgasmo (ao que parece as mulheres são boas nisso) e depois limpar-se, vestir-se, e fazer tudo o resto que há para fazer. Lamento a frieza da descrição, mas as nossas vidas não têm glamour na maioria dos dias. Oiço tanta mulher dizer-me que não tem pachorra para viver esta sequência de eventos, e que só querem é dormir, que perante isto um bico é mais simples. É descer as calças ao candidato, lamber-lhe o marsápio como se não houvesse amanhã – e nem precisam despir-se, vejam bem – e o resultado é garantido. Em poucos minutos têm um homem feliz e pronto para tudo o que quiserem, sem que tenham sequer suado muito. E, se usarem os vossos dotes interpretativos, podem fazer com que o fellatio pareça realmente desejado, feito com determinação, com enlevo. O enlevo é fundamental, porque na pornografia que nos acompanhou no crescimento, o enlevo estava lá, ainda que falso. E que não seja tímido. Um fellatio que tranquiliza um homem e lhe dá uma boa noite de sono, é um fellatio arrojado."
João
Geografia das Curvas
14 setembro 2012
Postalinho de Guimarães - gárgula da igreja de Nossa Senhora da Oliveira
Os meus amigos já me tinham dito: quando fosse a Guimarães, teria que reparar numa das gárgulas da igreja de Nossa Senhora da Oliveira, virada para a Praça da Oliveira, bem no centro histórico da cidade.
Eu lá fui espreitar e... e... o que é aquilo?
É! É! É um autobroche (ou autofelatio, para quem quiser armar-se aos cágados com Latim)!
Entretanto, descobri várias referências a este... fenómeno de Guimarães:
Guimarães Hip! - «As Gárgulas: um pequeno “detalhe”»
Estudo «Contributos para o estudo das gárgulas medievais em Portugal: desvios e transgressões discursivas?» de Catarina Fernandes Barreira, UCP
Neste estudo, a autora refere esta gárgula na página 190:
"Na torre da igreja de Nossa Sr.ª da Oliveira, Guimarães (séc. XVI), podemos observar uma gárgula, posicionada à esquina, inserida no primeiro registo, que representa uma figura masculina a protagonizar uma cena de felatio a si própria, numa estranha posição, de rabo virado para o exterior. E a sua representação é bem explícita, pois é bastante visível para o observador o falo erecto, que o artífice enfatizou exagerando a sua escala. Reportamo-nos mais uma vez ao estudo realizado por Maria Manuela Braga, já aqui citado e a um tema relacionado: o de “tocar gaita” ou “tocar gaita-de-foles”, com conotações sexuais relacionadas com a masturbação, comuns em alguns cadeirais. Em relação ao tema da nossa gárgula, a historiadora já havia detectado uma cena de felatio entre dois putti no portal da Sé de Lamego. Em última instância, estes temas reportam também ao pecado da luxúria, mas no masculino, a um aspecto mais escabroso e grotesco da sexualidade masculina. Mattoso afirma que “podemos conhecer alguma coisa acerca do que os portugueses da Idade Média diziam da sexualidade, mas pouco ou nada ficamos a saber acerca do que eles realmente faziam”. Ao que nós acrescentamos que, embora possamos conhecer algumas representações plásticas da sexualidade, também não podemos tomar ilações conclusivas, pois parece-nos que este tipo de representação nas gárgulas não são facetas do quotidiano pelo seu carácter excêntrico e mesmo extravagante."
Eu lá fui espreitar e... e... o que é aquilo?
É! É! É um autobroche (ou autofelatio, para quem quiser armar-se aos cágados com Latim)!
Entretanto, descobri várias referências a este... fenómeno de Guimarães:
Guimarães Hip! - «As Gárgulas: um pequeno “detalhe”»
Estudo «Contributos para o estudo das gárgulas medievais em Portugal: desvios e transgressões discursivas?» de Catarina Fernandes Barreira, UCP
Neste estudo, a autora refere esta gárgula na página 190:
"Na torre da igreja de Nossa Sr.ª da Oliveira, Guimarães (séc. XVI), podemos observar uma gárgula, posicionada à esquina, inserida no primeiro registo, que representa uma figura masculina a protagonizar uma cena de felatio a si própria, numa estranha posição, de rabo virado para o exterior. E a sua representação é bem explícita, pois é bastante visível para o observador o falo erecto, que o artífice enfatizou exagerando a sua escala. Reportamo-nos mais uma vez ao estudo realizado por Maria Manuela Braga, já aqui citado e a um tema relacionado: o de “tocar gaita” ou “tocar gaita-de-foles”, com conotações sexuais relacionadas com a masturbação, comuns em alguns cadeirais. Em relação ao tema da nossa gárgula, a historiadora já havia detectado uma cena de felatio entre dois putti no portal da Sé de Lamego. Em última instância, estes temas reportam também ao pecado da luxúria, mas no masculino, a um aspecto mais escabroso e grotesco da sexualidade masculina. Mattoso afirma que “podemos conhecer alguma coisa acerca do que os portugueses da Idade Média diziam da sexualidade, mas pouco ou nada ficamos a saber acerca do que eles realmente faziam”. Ao que nós acrescentamos que, embora possamos conhecer algumas representações plásticas da sexualidade, também não podemos tomar ilações conclusivas, pois parece-nos que este tipo de representação nas gárgulas não são facetas do quotidiano pelo seu carácter excêntrico e mesmo extravagante."
13 setembro 2012
Eu vi uma pentelheira
Eu vi uma pentelheira
No corpo daquela dona
Que quase caí pra trás
Era pentelho de ruma
Que não acabava mais
Era uma mata profunda
Que começava no imbigo
E terminava na bunda.
Pra descobrir o priquito
Por detrás daquela mata
Fiz um esforço tão grande
O coração quase me mata
Os pentelhos da mulher
Era uma mata de cipó
Tudo muito emaranhado
Cheio de trança e de nó.
Me fiz de bom caçador
Na frente do cipoal
E rompi aquela mata
Com a força do meu pau.
Chico Doido de Caicó (1922-1991)
´
blog A Pérola
No corpo daquela dona
Que quase caí pra trás
Era pentelho de ruma
Que não acabava mais
Era uma mata profunda
Que começava no imbigo
E terminava na bunda.
Pra descobrir o priquito
Por detrás daquela mata
Fiz um esforço tão grande
O coração quase me mata
Os pentelhos da mulher
Era uma mata de cipó
Tudo muito emaranhado
Cheio de trança e de nó.
Me fiz de bom caçador
Na frente do cipoal
E rompi aquela mata
Com a força do meu pau.
Chico Doido de Caicó (1922-1991)
Demi Moore |
blog A Pérola
«Diário do Patife II» - Patife
9 de maio
Hoje acordei com vontade de comer cachupa mas acabei por comer uma cachopa. Faltava sal.
Estou a treinar o Pacheco para desapertar soutiens. Isto promete.
Acabei de andar dez andares num elevador com uma gaja com um grande par de mamas. Achei que era um desafio demasiado grande mandar o nabo desapertar um soutien daqueles. Vou continuar à procura.
Encontrei as mamas perfeitas. Mas estavam acopladas a uma gótica com ar de doente. Uma autêntica clamídia adams. Vou jantar.
Estou a comer um bife com esparregado no restaurante e a empregada tem um decote insinuante. Sempre que me serve o vinho eu tenho uma erecção. Se me descuido ainda o bife fica acompanhado de esporregado.
Trouxe a empregada para casa e o Pacheco conseguiu desapertar-lhe o soutien à primeira e com elevada destreza fálica. Perante tal performance até as guelras da pachacha da moça bateram palmas.
Patife
Blog «fode, fode, patife»
Postalinho de Guimarães - monte da Penha
No topo do Monte da Penha, em Guimarães, há penedos enormes em granito, com formas curiosas, formando grutas, miradouros, desfiladeiros e labirintos.
Muitos deles estão identificados ("penedo que abana", "penedo do susto",...). Este, onde instalaram uma antena que julgo ser de televisão, creio que não está baptizado mas é para mim o mais bonito.
- É uma cabeça de caralho!
- Não é nada! É um rabo e pernas abertas!
- Vejam o penedo invertido. É uma vulva!
A cultura e o turismo são coisas muito lindas, foda-se.
Ou, como dizia um senhor muito calmamente mas em voz bem alta, ao telemóvel, no passeio de uma rua no centro da cidade de Guimarães:
"Não vou nada! Não vou nada para o caralho! E você também não vai, pois não? Você não vai e eu também não vou."
Muitos deles estão identificados ("penedo que abana", "penedo do susto",...). Este, onde instalaram uma antena que julgo ser de televisão, creio que não está baptizado mas é para mim o mais bonito.
- É uma cabeça de caralho!
- Não é nada! É um rabo e pernas abertas!
- Vejam o penedo invertido. É uma vulva!
A cultura e o turismo são coisas muito lindas, foda-se.
Ou, como dizia um senhor muito calmamente mas em voz bem alta, ao telemóvel, no passeio de uma rua no centro da cidade de Guimarães:
"Não vou nada! Não vou nada para o caralho! E você também não vai, pois não? Você não vai e eu também não vou."
12 setembro 2012
«conversa 1911» - bagaço amarelo
Eu - Porquê?
Ela - Porque sim. Se eu lhe digo, por exemplo, que um colega meu me convidou para almoçar, ele muda logo de cara. Não diz nada, mas eu noto que ele fica doente.
Eu - Não faças isso.
Ela - Faço porque quero que ele saiba que ainda há homens que se interessam por mim.
Eu - Se ele gosta mesmo de ti, acha que todos os homens no mundo se podem interessar por ti. Afinal de contas, ele é homem e interessa-se. Tu andares a provocar-lhe ciúmes dessa maneira, só pode fazer com que ele te ganhe alguma raiva e vá gostando cada vez menos de ti.
Ela - Tens a certeza?
Eu - Tenho.
Ela - Então hoje digo-lhe que é tudo a brincar.
Eu - Não digas nada. Está calada que chega.
Ela - Olha que esta. E eu lá sei estar calada?! Tenho que estar sempre a dizer qualquer coisa.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Postalinho de Guimarães - Paço dos Duques
Num passeio a Guimarães, fui visitar o Paço Ducal.
O bilhete tinha um logótipo que achei muito... curioso. E é o que aparece na página internet do Paço dos Duques:
Os designers são muito malandrecos, a gente já sabe. Mas aonde foram eles buscar a ideia de uma glande para um logótipo de um palácio?!
Vamos à visita e... o que é aquilo em cima dos telhados, em grande número e com comprimentos variáveis?!
Ah, pois são! Está explicado o logótipo!
O bilhete tinha um logótipo que achei muito... curioso. E é o que aparece na página internet do Paço dos Duques:
Os designers são muito malandrecos, a gente já sabe. Mas aonde foram eles buscar a ideia de uma glande para um logótipo de um palácio?!
Vamos à visita e... o que é aquilo em cima dos telhados, em grande número e com comprimentos variáveis?!
Ah, pois são! Está explicado o logótipo!
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