21 abril 2013

Porta-Curtas - «Dente por Dente»

Comédia
Diretor: Alice de Andrade
Duração: 24 min
Ano: 1994
Sinopse: Uma tumultuada história de amor entre um dentista-poeta e uma jovem traumatizada por consultórios dentários. A história de uma paixão louca que oscila entre tapas e beijos, bocas e dentes. Com a mão segura de Dib Lutfi, o grande fotógrafo do Cinema Novo, o curta narra com humor a relação de amor e ódio entre dentistas e seus pacientes.

«Vida fácil?» - por Rui Felício


Nunca conheceu a mãe que a pariu.
Deixou-a na Roda ainda ela tinha só uma semana de vida.
As freiras diziam que a sua verdadeira mãe tinha sido uma prostituta de Coimbra que não a podia criar e que a abandonou na Roda.
Para que alguém tomasse conta de si, as bondosas religiosas entregaram-na a uma Senhora rica, dona de uma quinta nos arredores de São João do Campo a quem ela se habituou a chamar mãe.
Aos 7 anos de idade já mourejava de sol a sol no amanho da terra juntamente com os camponeses que a Senhora contratava para as sementeiras e para as colheitas.
À hora da sesta levava-lhes água fresca, azeitonas, broa e uma cabaça de vinho.
Quando debaixo da roupa de chita começaram a despontar-lhe duas colinas e as ancas se lhe iam alargando, aqueles homens rudes atiravam-lhe dichotes obscenos, passavam-lhe as mãos ásperas e gretadas pelas pernas, pelos seios púberes, pelo rosto de adolescente.
Quanto mais ela se esquivava, quanto mais rispida era com eles, mais eles riam, mais ordinários se tornavam.
Um dia, tinha a miúda acabado de fazer 13 anos, oculto por detrás duma fiada de trepadeiras junto às pocilgas dos bácoros, o Granadeiro, capataz da quinta, puxou-a por um braço, tapou-lhe a boca com a mão crispada para ela não gritar e arrastou-a para cima de um monte de palha dentro da pocilga.
Debatendo-se sob o peso do seu corpo de homem possante, sentiu-o a entrar dentro de si, rasgando-a, desfrutando a sua virgindade. Saciado, o capataz deixou-a para ali, dorida, revoltada.
A dona da quinta, quando soube, ficou furiosa, chamou-a e disse-lhe que ela era outra igual à sua mãe e que, a partir daquele dia não a queria mais em sua casa.
O Granadeiro levou-a para Coimbra arranjando-lhe um quarto em casa do seu amigo Gilberto, que a acolheu.
O Gilberto andava sempre impecavelmente vestido, o cabelo bem penteado, os sapatos castanhos debruados a branco ofuscavam de brilho.
Acarinhou-a, dava-lhe prendas, levava-a a passear.
Apresentou-a a amigos seus, incentivando-a a tratá-los bem, a ser-lhes prestável em troca de ofertas ou dinheiro que eles lhe dessem, para assim ajudar a comparticipar nas despesas que ele estava a ter com ela.
A rapariga cresceu e acabou por se apaixonar pelo Gilberto. É certo que ele às vezes lhe batia quando ela tentava recusar-se a estar com algum dos seus amigos, mas o amor dela era mais forte e perdoava-lhe tudo quando ele a seguir a enchia de carinhos, quando o seu abraço e os seus beijos lhe aqueciam a alma, quando as suas palavras ternas a estimulavam e inundavam de prazer.
Já não havia dia em que o Gilberto não lhe ralhasse, quando ela lhe entregava o dinheiro que tinha recebido e que ele achava sempre pouco. Gritava-lhe, batia-lhe, chamava-lhe desgraçada sem eira nem beira que nem era capaz de ganhar o sustento e o tecto que ele lhe dava.
Um dia o Gilberto, depois de uma violenta discussão, expulsou de casa aquela já mulher, precocemente envelhecida, que passou a deambular nas noites frias pela Av. Fernão de Magalhães, oferecendo-se aos homens que ainda se dignassem dirigir-lhe um olhar.
Passado um ano, descuidou-se e engravidou.
Foi depositar na Roda, embrulhada num saco de plástico, a criança que pariu na mata do Choupal.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Sofisticação





Que ninguém lhe dissesse que ela não era o máximo da sofisticação que desde o início deste século que fazia depilação integral, essa metáfora dietética como o arroz para a remoção de todos os pêlos púbicos. E há um ror de anos que aumentava o pecúlio dos industriais de produtos higiénicos que a convenceram a não dispensar os pensinhos diários para evitar os inestéticos selos nas cuecas que sofisticação é uma mulher ter em cada dia, sem escapar um, algo entre a sua vagina e o resto do mundo, mesmo que seja uma carga de trabalhos arranjar forma de os remover quando umas mãos masculinas se aproximam e não há intimidade suficiente para assumir essa maquilhagem.

E é tão sofisticada que agora que está de casamento marcado já correu todas as quintas de copo de água para escolher uma que o sirva a partir do pôr do sol e com fogo de artíficio final como sinal de partida para os noivos rumarem à queca socialmente autorizada e obrigatória. Depois só fica a faltar encontrar nas redondezas uma igreja para o casório não porque seja católica que nem nunca foi à catequese mas porque fica uma cerimónia muito mais bonita e com outro sainete.

Já escolheu o seu vestido refinado com cauda mais um enorme véu e a imprescindível liga e tudo o que uma noiva tem direito mas previdentemente escondeu-o dos olhares do seu noivo e assim continuará até ao dia aprazado. É branco.


A esposa de Viseu

Para quem anda a Leste (de Viseu) leia a notícia, por exemplo, aqui e visite o blog em causa. Já agora, se lá virem a matrícula do meu carro, é mentira! Só lá fui ver como era...



HenriCartoon

Faz tu mesmo... rabiscos

O norte-americano David Jablow criou o projecto «do it yourself Doodler».
Com base neste desenho (entretanto já criou outros)...


... trata-se de completá-lo com cenários cujo limite é, só, a imaginação. Por exemplo:

20 abril 2013

Mulheres, aprendam a ser flexíveis!

«conversa 1962» - bagaço amarelo

Ela - Diz-me sinceramente, achas que eu ainda sou minimamente atraente?
Eu - Não.
Ela - Eu sabia.
Eu - Quer dizer, não és minimamente. És muito atraente, era o que eu queria dizer.
Ela - Ah! É que estava quase, mas mesmo quase, a despejar este caldo verde a ferver por ti abaixo.
Eu - Então e o "sinceramente"? Não me pediste para ser sincero?! E se eu achasse mesmo que não?
Ela - A sinceridade é uma coisa muito relativa.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Livro em latim com poemas ao deus Príapo

Scioppius, Gaspar - Priapeia, sive diversorum poetarum in priapum lusus; illustrati commentariis. L. Apuleii anexomenos, ab eodem illustratus. Padua, Nicolaus, 1664 (na verdade Leipzig, Fritsch, 1731), 175 páginas
A partir de agora, na minha colecção.




Reparem neste excerto da página 153, logo no primeiro parágrafo:
"Culeon] vagina. Et sane pars illa in nobis, quae honeste nominari non potest, & quae hic intelligitur, inde dicte est." - deverá significar algo parecido com "Culeon] vagina. E aquela parte em nós que honestamente não pode ser nomeada, e que aqui significa isso".

Um sábado qualquer... - «Criações»



Um sábado qualquer...

19 abril 2013

O assalto...

... a um bordel foi repelido graças à intervenção
de algumas das suas funcionárias… que socorrendo-se dos
 respectivos vibradores puseram em fuga o assaltante
Raim on Facebook

«O-Faces» - as caras do orgasmo

Prostituição - a minha história (IX)

Verão de 1997... (...) Ganhava dinheiro à velocidade da luz e gastava-o a igual velocidade. Aliás, tudo ali era à velocidade da luz e aquele dinheiro todo causava-me uma espécie de estado de "embriaguez fascinada", uma espécie de liberdade do Mundo, liberdade de mim porque mantinha aquele estado de espectadora do meu filme com o suficiente na carteira para pagar o bilhete de qualquer sessão por mim protagonizada, alterei o "horário de trabalho" por um ainda mais rentável, desde depois de almoço até ao fecho da casa, atendi homens embriagados, um deles deu-me tanto prazer como eu nunca tinha imaginado apesar de me encher de nojo porque cambaleava e escorria ranho do nariz quando virava a cabeça para baixo, atendi um casal com a descontracção de quem sempre tinha feito aquilo, queria rapidamente trocar-me por outra, por um eu mais igual ao daquelas mulheres, todas mais espertas, mais bem vestidas e maquilhadas, todas mais livres que eu, todas com uma dramática história que justificava o que faziam ali, uma história que fazia da minha um conto de fadas. Tinham passado cerca de duas semanas, apresentaçãããão, dizia alguém e eu marchava para a sala, nos meus bonitos vestidos novos, era um homem com cara de parvo que me apalpou o peito assim que entrei para o cumprimentar. Sorri-lhe e disse-lhe o meu nome, ainda ninguém me tinha explicado que não era suposto apalparem-me na sala, o homem percebeu-me tolinha e escolheu-me. Saí de mala e chave, cheguei ao apartamento e abri a porta quando ele bateu. Despiu-se imediatamente e, já de pénis erecto, verificou-me os dentes e meteu o pénis debaixo da minha saia porque achava que eu ficaria muito linda com um pénis. Era um homem muito forte, agarrou na minha cabeça e na garrafa do Vat69 e insistiu que eu tinha de beber com ele. Mais, mais, mais, dizia, isto faz bem, estás muito tensa. Tinha ligado o aquecedor do wc no máximo e posto a banheira a encher com água fria. A minha inexperiência e a distância de mim não me permitiram uma avaliação correcta do que estava a acontecer, aquilo até podia ser normal, ele agia como se assim fosse e era um cliente habitual da casa. Levou-me para o wc depois de me despir, sentou-se na sanita e mandou-me entrar na água. Continuou a dar-me o Vat69 pela garrafa enquanto fazia as suas necessidades. Quando saí da água estava entorpecida pelo frio e embriagada. Sem me enxugar, levou-me para a cama e tentou penetrar-me sem preservativo, eu estava demasiado entorpecida para me mexer mas estava tão contraída que não conseguiu penetrar-me, tentou várias vezes mas, quanto mais forçava, mais contraída eu ficava. Foi-se embora, furioso, eu consegui vestir-me e arrastar-me até ao escritório. Dormi até à hora de fecho. A bebedeira parecia intermitente, tão depressa estava bem como completamente embriagada, vomitei, já em casa, a noite toda. No dia seguinte, levei uma repreensão pelo estado do quarto, por ter permitido aquilo, para ter cuidado com os clientes que nos querem fazer beber. (Continua)

Por arrasto

A espontaneidade ingénua de uma pila
pode deixar o seu dono em maus lençóis.