22 abril 2013
«conversa 1963» - bagaço amarelo
Eu - Isso preocupa-te?
Ela - Preocupa-me passá-la sem os meus filhos...
Eu - Compreendo. Eu telefono sempre à minha filha nessa noite, quando não estou com ela.
Ela - Eles não têm telefone e tenho quase a certeza que o meu ex-marido não vai atender.
Eu - Não vai atender?! Porquê?
Ela - Porque me quer irritar.
Eu - Ele não faz isso de certeza. Eu conheço-o e sei que não faz. É um gajo porreiro.
Ela - Eu também sou porreira e fazia-o sem problema nenhum.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Saudade» de Cristina Miranda
"Foi depressa que devagar nos percorremos,
Foi devagar que depressa corremos o nosso corpo,
Cobrindo-nos da felicidade
Que ia caindo como fiapos de acalento,
Dos meus e dos teus dedos…
Ah, não somos capazes de mais,
A não ser gotejar anseios
Para enobrecer os gestos
Com que nos saciaremos,
Logo mais,
Quando de novo nos inventarmos!
Pensemos no bem-querer que teremos
Quando demorar a vontade,
Que pinga, em nós, açucarada
Sobrevoemos o prazer de estarmos,
De sentir o calor da arena da pele,
E então, sim,
Surpreendamo-nos com a extravagância:
Será depressa que devagar nos percorreremos
Será demorada a pressa de nos invadirmos,
Mas será tão notável o prazer que sempre teremos,
Quer seja ontem,
Quer seja hoje,
Ou amanhã,
De esvoaçar sobre o diadema do nosso desejo."
Cristina Miranda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Foi devagar que depressa corremos o nosso corpo,
Cobrindo-nos da felicidade
Que ia caindo como fiapos de acalento,
Dos meus e dos teus dedos…
Ah, não somos capazes de mais,
A não ser gotejar anseios
Para enobrecer os gestos
Com que nos saciaremos,
Logo mais,
Quando de novo nos inventarmos!
Pensemos no bem-querer que teremos
Quando demorar a vontade,
Que pinga, em nós, açucarada
Sobrevoemos o prazer de estarmos,
De sentir o calor da arena da pele,
E então, sim,
Surpreendamo-nos com a extravagância:
Será depressa que devagar nos percorreremos
Será demorada a pressa de nos invadirmos,
Mas será tão notável o prazer que sempre teremos,
Quer seja ontem,
Quer seja hoje,
Ou amanhã,
De esvoaçar sobre o diadema do nosso desejo."
Cristina Miranda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
21 abril 2013
Porta-Curtas - «Dente por Dente»
Comédia
Diretor: Alice de Andrade
Duração: 24 min
Ano: 1994
Sinopse: Uma tumultuada história de amor entre um dentista-poeta e uma jovem traumatizada por consultórios dentários. A história de uma paixão louca que oscila entre tapas e beijos, bocas e dentes. Com a mão segura de Dib Lutfi, o grande fotógrafo do Cinema Novo, o curta narra com humor a relação de amor e ódio entre dentistas e seus pacientes.
Diretor: Alice de Andrade
Duração: 24 min
Ano: 1994
Sinopse: Uma tumultuada história de amor entre um dentista-poeta e uma jovem traumatizada por consultórios dentários. A história de uma paixão louca que oscila entre tapas e beijos, bocas e dentes. Com a mão segura de Dib Lutfi, o grande fotógrafo do Cinema Novo, o curta narra com humor a relação de amor e ódio entre dentistas e seus pacientes.
«Vida fácil?» - por Rui Felício
Nunca conheceu a mãe que a pariu.
Deixou-a na Roda ainda ela tinha só uma semana de vida.
As freiras diziam que a sua verdadeira mãe tinha sido uma prostituta de Coimbra que não a podia criar e que a abandonou na Roda.
Para que alguém tomasse conta de si, as bondosas religiosas entregaram-na a uma Senhora rica, dona de uma quinta nos arredores de São João do Campo a quem ela se habituou a chamar mãe.
Aos 7 anos de idade já mourejava de sol a sol no amanho da terra juntamente com os camponeses que a Senhora contratava para as sementeiras e para as colheitas.
À hora da sesta levava-lhes água fresca, azeitonas, broa e uma cabaça de vinho.
Quando debaixo da roupa de chita começaram a despontar-lhe duas colinas e as ancas se lhe iam alargando, aqueles homens rudes atiravam-lhe dichotes obscenos, passavam-lhe as mãos ásperas e gretadas pelas pernas, pelos seios púberes, pelo rosto de adolescente.
Quanto mais ela se esquivava, quanto mais rispida era com eles, mais eles riam, mais ordinários se tornavam.
Um dia, tinha a miúda acabado de fazer 13 anos, oculto por detrás duma fiada de trepadeiras junto às pocilgas dos bácoros, o Granadeiro, capataz da quinta, puxou-a por um braço, tapou-lhe a boca com a mão crispada para ela não gritar e arrastou-a para cima de um monte de palha dentro da pocilga.
Debatendo-se sob o peso do seu corpo de homem possante, sentiu-o a entrar dentro de si, rasgando-a, desfrutando a sua virgindade. Saciado, o capataz deixou-a para ali, dorida, revoltada.
A dona da quinta, quando soube, ficou furiosa, chamou-a e disse-lhe que ela era outra igual à sua mãe e que, a partir daquele dia não a queria mais em sua casa.
O Granadeiro levou-a para Coimbra arranjando-lhe um quarto em casa do seu amigo Gilberto, que a acolheu.
O Gilberto andava sempre impecavelmente vestido, o cabelo bem penteado, os sapatos castanhos debruados a branco ofuscavam de brilho.
Acarinhou-a, dava-lhe prendas, levava-a a passear.
Apresentou-a a amigos seus, incentivando-a a tratá-los bem, a ser-lhes prestável em troca de ofertas ou dinheiro que eles lhe dessem, para assim ajudar a comparticipar nas despesas que ele estava a ter com ela.
A rapariga cresceu e acabou por se apaixonar pelo Gilberto. É certo que ele às vezes lhe batia quando ela tentava recusar-se a estar com algum dos seus amigos, mas o amor dela era mais forte e perdoava-lhe tudo quando ele a seguir a enchia de carinhos, quando o seu abraço e os seus beijos lhe aqueciam a alma, quando as suas palavras ternas a estimulavam e inundavam de prazer.
Já não havia dia em que o Gilberto não lhe ralhasse, quando ela lhe entregava o dinheiro que tinha recebido e que ele achava sempre pouco. Gritava-lhe, batia-lhe, chamava-lhe desgraçada sem eira nem beira que nem era capaz de ganhar o sustento e o tecto que ele lhe dava.
Um dia o Gilberto, depois de uma violenta discussão, expulsou de casa aquela já mulher, precocemente envelhecida, que passou a deambular nas noites frias pela Av. Fernão de Magalhães, oferecendo-se aos homens que ainda se dignassem dirigir-lhe um olhar.
Passado um ano, descuidou-se e engravidou.
Foi depositar na Roda, embrulhada num saco de plástico, a criança que pariu na mata do Choupal.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Sofisticação
Que ninguém lhe dissesse que ela não era o máximo da sofisticação que desde o início deste século que fazia depilação integral, essa metáfora dietética como o arroz para a remoção de todos os pêlos púbicos. E há um ror de anos que aumentava o pecúlio dos industriais de produtos higiénicos que a convenceram a não dispensar os pensinhos diários para evitar os inestéticos selos nas cuecas que sofisticação é uma mulher ter em cada dia, sem escapar um, algo entre a sua vagina e o resto do mundo, mesmo que seja uma carga de trabalhos arranjar forma de os remover quando umas mãos masculinas se aproximam e não há intimidade suficiente para assumir essa maquilhagem.
E é tão sofisticada que agora que está de casamento marcado já correu todas as quintas de copo de água para escolher uma que o sirva a partir do pôr do sol e com fogo de artíficio final como sinal de partida para os noivos rumarem à queca socialmente autorizada e obrigatória. Depois só fica a faltar encontrar nas redondezas uma igreja para o casório não porque seja católica que nem nunca foi à catequese mas porque fica uma cerimónia muito mais bonita e com outro sainete.
Já escolheu o seu vestido refinado com cauda mais um enorme véu e a imprescindível liga e tudo o que uma noiva tem direito mas previdentemente escondeu-o dos olhares do seu noivo e assim continuará até ao dia aprazado. É branco.
E é tão sofisticada que agora que está de casamento marcado já correu todas as quintas de copo de água para escolher uma que o sirva a partir do pôr do sol e com fogo de artíficio final como sinal de partida para os noivos rumarem à queca socialmente autorizada e obrigatória. Depois só fica a faltar encontrar nas redondezas uma igreja para o casório não porque seja católica que nem nunca foi à catequese mas porque fica uma cerimónia muito mais bonita e com outro sainete.
Já escolheu o seu vestido refinado com cauda mais um enorme véu e a imprescindível liga e tudo o que uma noiva tem direito mas previdentemente escondeu-o dos olhares do seu noivo e assim continuará até ao dia aprazado. É branco.
A esposa de Viseu
Para quem anda a Leste (de Viseu) leia a notícia, por exemplo, aqui e visite o blog em causa. Já agora, se lá virem a matrícula do meu carro, é mentira! Só lá fui ver como era...
HenriCartoon
HenriCartoon
Faz tu mesmo... rabiscos
O norte-americano David Jablow criou o projecto «do it yourself Doodler».
Com base neste desenho (entretanto já criou outros)...
... trata-se de completá-lo com cenários cujo limite é, só, a imaginação. Por exemplo:
Com base neste desenho (entretanto já criou outros)...
... trata-se de completá-lo com cenários cujo limite é, só, a imaginação. Por exemplo:
20 abril 2013
«conversa 1962» - bagaço amarelo
Eu - Não.
Ela - Eu sabia.
Eu - Quer dizer, não és minimamente. És muito atraente, era o que eu queria dizer.
Ela - Ah! É que estava quase, mas mesmo quase, a despejar este caldo verde a ferver por ti abaixo.
Eu - Então e o "sinceramente"? Não me pediste para ser sincero?! E se eu achasse mesmo que não?
Ela - A sinceridade é uma coisa muito relativa.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Livro em latim com poemas ao deus Príapo
Scioppius, Gaspar - Priapeia, sive diversorum poetarum in priapum lusus; illustrati commentariis. L. Apuleii anexomenos, ab eodem illustratus. Padua, Nicolaus, 1664 (na verdade Leipzig, Fritsch, 1731), 175 páginas
A partir de agora, na minha colecção.
Reparem neste excerto da página 153, logo no primeiro parágrafo:
"Culeon] vagina. Et sane pars illa in nobis, quae honeste nominari non potest, & quae hic intelligitur, inde dicte est." - deverá significar algo parecido com "Culeon] vagina. E aquela parte em nós que honestamente não pode ser nomeada, e que aqui significa isso".
A partir de agora, na minha colecção.
Reparem neste excerto da página 153, logo no primeiro parágrafo:
"Culeon] vagina. Et sane pars illa in nobis, quae honeste nominari non potest, & quae hic intelligitur, inde dicte est." - deverá significar algo parecido com "Culeon] vagina. E aquela parte em nós que honestamente não pode ser nomeada, e que aqui significa isso".
Subscrever:
Mensagens (Atom)