09 junho 2013

«Fantasia» - poema de Miguel Torga

"Canto ou não canto o limoeiro
aqui ao lado?
Ele é tão delicado!
Tem um jeito tão puro
de se encostar ao muro
onde vive encostado...

Canto ou não canto as tetas de donzela
que daqui da janela
vejo no limoeiro?
Elas são tão maduras...
E tão duras...
Têm uma cor e um cheiro...
Canto! Nem serei o primeiro,
nem eu sou nenhum santo!"
Miguel Torga
in «Diário III» - Coimbra, 20 de Outubro de 1945

Mamilos são realmente muito polêmicos

Mas não para este comediante:



www.obscenatorio.blogspot.com

Cruzeiro do Sul


© Gaivina

Só sei Senhor Doutor, que perdi o meu norte. Fiz do gajo a minha bússola dos artigos de jornal, das secções da FNAC, das salas de cinema, do périplo das lojas de roupa citadinas, com os pés a muitos nós e o corpo à temperatura da linha do Equador, magnetizada na confiança que me dava como se fora eu própria.

Hoje, soergo-me com os braços cruzados e deixo as mãos espalmarem-se nos meus ombros. Quando desço às minhas coxas sei que continuo cá, com braços e pernas para abraçar, seios e vagina para atestar que sou mulher e que perdida está a esperança de com ele navegar no mar alto de uma sensualidade tempestuosa, implantada no topo da sua gávea para avistar terras de gemidos e gíria, areias de repouso de epidermes salgadas do suor e salpicadas no baixo ventre da espuma viscosa das marés.

Recordo-me da sua face onde uma barba crespa despontava todos os dias e de como me depositou na testa um beijo antes de mergulhar sofregamente na boca daquele gajo de caracóis, gírissimo por sinal, naquela noite de copos no Portas Largas.

Hoje, enrosco-me cada noite a sopesar se o vou arquivar como Gustavo, o gajo que eu gostava de ter comido em qualquer ponto do universo, se o astrolábio não indicasse que somos gémeos.

Carência feminina



Testosterona

08 junho 2013

«Eu sou melhor amiga da minha vagina agora»


Jag känner faktiskt att jag är bättre kompis med min fitta nu (I'm better friends with my cunt now) del 1 from Max Göran on Vimeo.

E aqui, explicam como se faz:


Jag känner faktiskt att jag är bättre kompis med min fitta nu (I'm better friends with my cunt now) del 2 from Max Göran on Vimeo.

«conversa 1985» - bagaço amarelo

Ela - Isto é um jogo para ver como vai a tua vida. Faço-te cinco perguntas e tens que responder logo, está bem?
Eu - Okay...
Ela - Diz-me a marca da última cerveja que bebeste...
Eu - Sagres.
Ela - Diz-me o nome do último vinho que bebeste...
Eu - Hum... Azinhaga de Ouro. É um Douro tinto.
Ela - Diz-me qual foi o prato da tua última refeição...
Eu - Esparguete à Bolonhesa.
Ela - Diz-me a marca do último café que bebeste...
Eu - Delta.
Ela - Diz-me a marca do último preservativo que usaste...
Eu - Hum... hum... hum... epá...
Ela - Pronto, a tua vida corre bem em quase tudo. Parabéns...
Eu - Isso não é justo.
Ela - Ninguém disse que a vida era justa.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

As cassetes de fita da minha colecção


Um sábado qualquer... - «Aaaaaah… O amor!»



Um sábado qualquer...

07 junho 2013

Postalinho da Islândia

"Loja para a São Rosas em Reykyavik.
Beijo
Daisy"

«An act of love» (um acto de amor)


An Act Of Love from Riccardo Pittaluga on Vimeo.

Prostituição - a minha história (XVI)

Outono de 1999... (...) E imaginou, imaginou, imaginou... No fim de toda a imaginação, só nos sobrou uma questão: onde? Pouco tempo depois, nem dois dias, e os nossos dedos e olhos percorriam a secção do mercado de trabalho do Correio da Manhã. É inacreditável aquilo a que se pode ter acesso, apenas por se comprar um jornal. Se na primeira vez estava inocente, desta vez entendi bem o que estava a ler, é sempre surpreendente, ainda hoje fico surpreendida com o número de anúncios a angariar colaboradoras, acompanhantes, massagistas, com ou sem experiência, em tempo parcial ou completo, quase todos referindo as excelentes remunerações ou os excelentes ganhos, outros que mencionam o alto nível dos clientes, lenocínio transparente, declarado, inconsequente, o retrato mais fantástico da tolerância. Se condeno? Não, o que condeno é a hipocrisia baseada neste deixa andar. É crime? Olha-se para o lado porque, afinal, existirá de qualquer forma e até tem o seu espaço e a sua função social, tem um papel no ecossistema social como as aranhas têm no ecossistema animal. Mas é crime, então finge-se que está demasiado escondido para ser regrado, finge-se que não se vê, a luz impõe consciência, no escuro do submundo tudo vale. Escolhemos um anúncio no meio de tantos, mais ou menos ou calhas, como saber o que está por trás? Escolhe-se o que soar melhor, como se soar bem fosse relevante para a boa escolha. Já na casa onde estive me tinham alertado, diziam que eu tinha muita sorte em ter ido parar ali, que me podia ter calhado um sítio terrível, que aquele Mundo não era todo assim. Marcámos o número e a voz que atendeu fez as habituais perguntas: idade, descrição física, experiência. Deu-nos uma morada e combinou a hora a que deveríamos aparecer. Era dali a pouco tempo, é um Planeta sempre imediatista, metemo-nos no meu carro, eu já certa de voltar a ter dinheiro para a gasolina cedo a esse luxo, e fomos até ao Sheraton, a rua era ali perto, segundo nos explicaram. Anoitecia e estávamos ligeiramente perdidas, encostei e perguntámos a um homem que passava onde era aquela rua, ele perguntou-nos que número de porta queríamos porque podia ser para um lado ou para o outro, dado que era uma rua grande. Dissemos-lhe o número que procurávamos e ele estacou. Olhou para nós, surpreendido, quase de alto a baixo, como se fossemos coelhinhos a querer entrar na jaula do leão e disse-nos apenas que aquela rua talvez não fosse muito adequada para jovens como nós, talvez fosse melhor desistirmos. Hesitámos mas ele apontou o caminho e acabámos por agradecer, constrangidas e comprometidas e seguimos em frente. Estacionei. A rua era escura e o número pertencia a uma porta assustadora de um mais assustador e velho prédio. Uma porta de madeira, pesada, lúgubre, na nossa frente. Uma campainha por andar, tocámos e a porta abriu-se. As escadas ainda eram mais escuros, o escuro naquelas circunstâncias ainda parece mais escuro, mais cheio de sombras, nada de elevador e lá trepámos, degrau a degrau, pelos nossos medos acima. (Continua)

Vai subir!...



Via oh no!