12 agosto 2013

Luís Gaspar lê «Binho» de Álvaro Santos

Acordei

e alebantei-me.
Coxei-me.
Procurei
as chabes…
Encontrei.
Meti-as
à porta.
Em caja
entrei.
Na cojinha
o bagaxo
Busquei.
Olhei à bolta,

não encontrei.
Oubi a garrafa
Tombar
no roupeiro.
AH!
Ao quarto
rumei.
E cuidadojamente

entrei.
Não hoube
berreiro.
Estranhei…
A Maria

Taba

no xubeiro.
Ah, prontos,

lá xeguei.
Reparei
num pó axim branco no ar…
Huumm…
Neboeiro?
Abri
O roupeiro
Uma mão
paxa-me o bagaxo.

Era o padeiro.
Xaí de caja,

pelas escadas
rebolei.
Boltei
para a rua.

Jiguejaguei.
À porta da padaria
numa cuscubilheira
esbarrei.
Bai
Bar
Da
Mer

Da!
Recomendei.
A padaria

contornei.
Às boltas,
às trajeiras

lá xeguei.
À janela

de xima
um calhau
atirei.
No bidro
nem xei como

lá axertei.
A padeira
à janela
bei.
Abriu
as portadas
e me biu.
No peitoril

entre os bajos
Poujou

Xenxual
o xeu xeio.
E xorriu.
Tens o bagaxo?
Perguntou ela.
Tenho xim.
Respondi.
Atão xobe,
porra!
Dixe ela.
E xubi.

Álvaro Santos
Poeta e cartunista.
(Poema concorrente a um concurso de poesia organizado pelo blogue Porosidade Etérea)


Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

A insensibilidade masculina

Ela é ancestral.



Nem pra dar uma porrada na cabeça e falar que não quer mais nada…

Capinaremos.com

11 agosto 2013

As diferenças entre sexo real e sexo porno, explicadas com vegetais

Escola de Verão


Cativava-me aquele olhar e pele ameríndia. Quando o apito da fábrica dava o meio-dia para todas as aldeias em redor eu já estava a empurrar o portãozito da escola primária para me refugiar sob o alpendre. Ouvia o zunido da zundapp a aproximar-se e a parar a uns metros seguros da escola.

Ele chegava em silêncio e num beijo mergulhava em mim como se nessas pálpebras cerradas apagasse a imagem do pai nas festas das vilas vizinhas, no meio do intenso cheiro a chanfana, a distribuir cervejas pelos rapazes que aceitassem a troca de ele os transformar em gargalo de Super Bock.

Eu esgrimia aquela língua na utopia de absorver aqueles músculos construídos a baldes de cimento, no calor daquele verão onde a toda a hora despontavam os fogos aqui e além. Ele encostava-me literalmente à parede e escorria por mim até a sua cabeça se enfronhar debaixo da minha saia de flores até que os meus dedos puxassem os seus cabelos para trazer de volta a sua boca molhada à minha. Desapertava-lhe as calças reforçadas a  pingos de tinta e ajoelhava-me para fazer levedar a massa na minha saliva. E como sempre, era nessa altura que me pegava ao colo até à velha mesa de lanches daquele alpendre e fazia dela a cama onde se estendia sobre mim, mimando o missionário. Sem palavras, rolava-me para cima dele e fazia-me rodar até os dedos dos meus pés tocarem as pontinhas dos seus cabelos escorridos, segurando-me as nádegas tal qual como a tigela onde bebia a sopa de manhã enquanto eu debicava o croissant empinadinho até atingir o creme de doce de ovos.

Está a ouvir Senhor Doutor?... Desculpe mas eu falava do último verão em que o toquei em carne e osso, em que nos beijámos com as bocas encharcadas, já que ele resolveu trocar a plantação do quintal que até a mãe achava que era linda pelos pózinhos que lhe deram a overdose logo no inverno. E quando soube apenas desejei que ele tivesse tido a sorte de antes experimentar uma queca completa.

Taste it

Só quem não sabe apreciar uma aguardente velha a bebe por um copo e não por um balão. No sexo há formas parecidas de topar os labregos.

Presente de casamento (a língua portuguesa é mesmo muito traiçoeira)



Via Testosterona