Acordei
e alebantei-me.
Coxei-me.
Procurei
as chabes…
Encontrei.
Meti-as
à porta.
Em caja
entrei.
Na cojinha
o bagaxo
Busquei.
Olhei à bolta,
não encontrei.
Oubi a garrafa
Tombar
no roupeiro.
AH!
Ao quarto
rumei.
E cuidadojamente
entrei.
Não hoube
berreiro.
Estranhei…
A Maria
Taba
no xubeiro.
Ah, prontos,
lá xeguei.
Reparei
num pó axim branco no ar…
Huumm…
Neboeiro?
Abri
O roupeiro
Uma mão
paxa-me o bagaxo.
Era o padeiro.
Xaí de caja,
pelas escadas
rebolei.
Boltei
para a rua.
Jiguejaguei.
À porta da padaria
numa cuscubilheira
esbarrei.
Bai
Bar
Da
Mer
Da!
Recomendei.
A padaria
contornei.
Às boltas,
às trajeiras
lá xeguei.
À janela
de xima
um calhau
atirei.
No bidro
nem xei como
lá axertei.
A padeira
à janela
bei.
Abriu
as portadas
e me biu.
No peitoril
entre os bajos
Poujou
Xenxual
o xeu xeio.
E xorriu.
Tens o bagaxo?
Perguntou ela.
Tenho xim.
Respondi.
Atão xobe,
porra!
Dixe ela.
E xubi.
Álvaro Santos
Poeta e cartunista.
(Poema concorrente a um concurso de poesia organizado pelo blogue Porosidade Etérea)
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
12 agosto 2013
11 agosto 2013
Escola de Verão
Cativava-me aquele olhar e pele ameríndia. Quando o apito da fábrica dava o meio-dia para todas as aldeias em redor eu já estava a empurrar o portãozito da escola primária para me refugiar sob o alpendre. Ouvia o zunido da zundapp a aproximar-se e a parar a uns metros seguros da escola.
Ele chegava em silêncio e num beijo mergulhava em mim como se nessas pálpebras cerradas apagasse a imagem do pai nas festas das vilas vizinhas, no meio do intenso cheiro a chanfana, a distribuir cervejas pelos rapazes que aceitassem a troca de ele os transformar em gargalo de Super Bock.
Eu esgrimia aquela língua na utopia de absorver aqueles músculos construídos a baldes de cimento, no calor daquele verão onde a toda a hora despontavam os fogos aqui e além. Ele encostava-me literalmente à parede e escorria por mim até a sua cabeça se enfronhar debaixo da minha saia de flores até que os meus dedos puxassem os seus cabelos para trazer de volta a sua boca molhada à minha. Desapertava-lhe as calças reforçadas a pingos de tinta e ajoelhava-me para fazer levedar a massa na minha saliva. E como sempre, era nessa altura que me pegava ao colo até à velha mesa de lanches daquele alpendre e fazia dela a cama onde se estendia sobre mim, mimando o missionário. Sem palavras, rolava-me para cima dele e fazia-me rodar até os dedos dos meus pés tocarem as pontinhas dos seus cabelos escorridos, segurando-me as nádegas tal qual como a tigela onde bebia a sopa de manhã enquanto eu debicava o croissant empinadinho até atingir o creme de doce de ovos.
Está a ouvir Senhor Doutor?... Desculpe mas eu falava do último verão em que o toquei em carne e osso, em que nos beijámos com as bocas encharcadas, já que ele resolveu trocar a plantação do quintal que até a mãe achava que era linda pelos pózinhos que lhe deram a overdose logo no inverno. E quando soube apenas desejei que ele tivesse tido a sorte de antes experimentar uma queca completa.
Taste it
Só quem não sabe apreciar uma aguardente velha a bebe por um copo e não por um balão. No sexo há formas parecidas de topar os labregos.
10 agosto 2013
Um boomerang que parece... um dildo duplo!
Numa loja de artigos do Médio Oriente, na Nazaré, encontrei este boomerang em madeira pintada à mão, que passou a fazer parte da minha colecção, na secção «objectos que supostamente não seriam eróticos»:
09 agosto 2013
Postalinho da cama com acento, em Beja
Podia ser rua da cama mas, apesar de esbatido, está lá o acento.
É na minha cidade, pois claro."
Madalena
É na minha cidade, pois claro."
Madalena
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