15 setembro 2013
Chula fílmica
Quando terminamos e ele se deita de costas, a fumar um cigarro, sou capaz de ficar horas ali, de barriga para baixo, apoiada nos cotovelos, a brincar com os pelinhos grisalhos do seu peito, roçando os mamilos na sua barriga, a ouvir as histórias dos seus vinte anos. De como o «Último Tango em Paris» fez filas intermináveis às portas dos cinemas, com homens e mulheres de todas as idades, dias e dias a fio. De como corriam pelo país as campanhas de alfabetização, os grupos de teatro e de música e até amplas simultâneas de xadrez, acompanhadas de recolhas de fundos em autocolantes para isto tudo e até para a construção de creches e infantários. De como o tempo e o FMI , impuseram o aperto do cinto, o cancelamento do 13º mês e a tristeza solitária passou a encher as sessões contínuas do Odéon e no dia de finados de 1975 foi encontrado Pasolini assassinado numa praia.
Numa traquinice, enfio-lhe rapidamente a minha língua no umbigo e abraço-lhe as ancas escondendo a cara no seu baixo ventre, para levantar a cara de repente e lhe sorrir. Não lhe ofereço chocolates belgas em forma de búzio mas com as mãos em concha vou-lhe teclando as bolsinhas esponjosas e polindo o monumento digno de Cutileiro como se fosse um gelado a derreter no pino do verão, no vão desejo que esses breves instantes iludam a faixa cinzenta de Bruxelas que sustenta verbalmente o crescente preço da gasolina e da electricidade com tudo o resto a seguir o mesmo caminho em bichinha de pirilau, tal qual a falta de aumento de salário que ele ali à minha frente aguenta desde há uns anos com a perspectiva de ter ainda a reforma adiada para uma idade cada vez mais tardia.
14 setembro 2013
13 setembro 2013
Rádio Universidade de Coimbra - «Sempre no ar!»
A malta da secção de rádio da Associação Académica de Coimbra é danada para a brincadeira.
Rádio Universidade de Coimbra - FM 107,9
Emissão on-line
Rádio Universidade de Coimbra - FM 107,9
Emissão on-line
12 setembro 2013
Sabores tradicionais de Portugal - vai uma... foda?
Artigo no Diário de Notícias sobre a «Foda à Monção» - crica para ampliares |
Silêncio...
Passou o choque? Para quem ainda aí ficou a ler o post eu explico tal ordinarice.
A «Foda à Monção» não é mais que cabrito (ou cordeiro) no forno com arroz, o prato mais típico da zona de Monção, regado com «Alvarinho».
Como é tradicional, os habitantes do burgo, que não possuíam rebanhos, dirigiam-se às feiras (coisa que já não existe) para comprar o reixelo. E, como em todas as feiras, havia de tudo, bom e mau. A verdade é que os produtores de gado, quando o levavam para a feira, queriam vendê-lo pelo melhor preço e, para que os reixelos parecessem gordos, punham-lhes sal na forragem, o que os obrigava a beber muita água. Na feira, apareciam com uma barriga cheia de água e pesados, pareciam realmente gordos. Os incautos que não sabiam da manha compravam aqueles autênticos 'sacos de água' e, quando se apercebiam do logro, exclamavam à boa maneira do norte: … mais uma foda!
Daí, tanto se vulgarizou o termo que passou a designar-se, localmente, por foda. De tal modo que é frequente, pelas alturas festivas (Páscoa, Corpo de Deus ou Coca, Senhora das Dores e Natal ou Fim de Ano) ouvir as mulheres: Ó Maria, já meteste a foda? O cliente 'tá reclamar que a foda 'tá a demorar!
Também há quem diga que a origem é outra. Que os maridos, depois de encherem o bandulho, dizem para as esposas que aquilo é melhor que uma foda.
Por isso, quando fores a Monção não te esqueças de comer uma boa... foda.
Imaginem o orgulho que é uma cidadã de Monção andar com um certificado, tipo um crachá, espetado no peito, dizendo algo do género: faço as melhores fodas de Monção!"
Carlos Miguel
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