Nem sequer podia
Ouvir falar no teu nome.
E se fixava o teu vulto,
Irritava-me, sofria
Por não poder insultar-te…
Até que um dia,
- Foi no inverno, anoitecia.
Chuviscava; – uma chuvinha
Impertinente e gelada
Como sorriso de ironia
Numa boca desejada.
Já não sei o que disseste;
Nem me lembro do que disse…
A chuva continuava.
Atravessámos um jardim. E à
luz fosca Dum candeeiro,
Segredaste ao meu ouvido:
Quero entregar-te o meu corpo.
E eu acrescentei: – Pois sim.
A chuva tornou-se densa. Eu ia
todo encharcado. Por fim,
chegámos; entrei…
Um marinheiro descia
Ajeitando a camisola
E compondo os caracóis.
Era uma casa vulgar,
Aonde o amor
- Oculto a todos os sóis,
Se vendia a troco da “real mola”.
Arrependi-me. Blasfemei…
Mas quando abandonei os teus braços
Senti que tinha mais alma!
E nunca mais te encontrei.
António Botto
(Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português. A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia "Canções" que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época.
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
14 outubro 2013
Questione
Coisas que não fazem sentido e que não farão são criadas por quê?
Quanto barulho, essa porra não faz nada? OHOHOHO
Capinaremos.com
Quanto barulho, essa porra não faz nada? OHOHOHO
Capinaremos.com
13 outubro 2013
O Eleito
Aquele caramelo fez-me crer que me amava, seja lá isso o que for, ou mais coisa menos coisa é aquela sensação de uma atenção especial a que nos sentimos votados e na qual também embarquei, para tudo somado me sentir refrão do tema dos Heróis do Mar, dos longínquos anos oitenta, que apregoava que "com o amor não me mataste o desejo".
Razão tem um amigo meu que defende que as relações deviam ter prazos definidos, tal qual como as limitações de mandatos para cargos políticos dependentes de eleições. É que isto está tudo ligado porque quando esta gaja, perante a campanha empenhada do candidato o elegeu como mais que tudo do seu coração, cabeça e membros, esperava que ele não se afastasse gradualmente desta sua eleitora, que não se esquecesse de regularmente confirmar a sua atenção com aquelas coisas insignificantes como o pequeno nada de um sorriso em cada manhã e quiçá, a articulação de uma palavrinha, ou até com as ofertas triviais de canetas, isqueiritos ou qualquer plasticozinho que reforçassem a manifestação de interesse pelo conteúdo desta que nele votou .
Bem pode aquele marmanjo discursar que está aqui, como na canção do Abrunhosa, porque não me aquece nem me arrefece que os móveis também estão aqui e não me passa pela cabeça que eles me amem. Bem pode depositar o seu voto na minha urna, regularmente à mesma hora e na mesma cama que engolido assim à laia de prescrição médica, apenas me concede uma frigidez temporária.
É por isto que doravante vou passar a exigir um presta-contas semanal ou está impugnada a eleição e num estalar de dedos mudo o sentido de voto.
De arrepio
Adoro peles. Há magia nos momentos em que sentimos a de outrem como ainda mais nossa do que a propriamente dita.
12 outubro 2013
«Fode-me João» - João
"Estávamos naquele quarto generoso, entre espelhos, madeira e alcatifa escura, com uma enorme cama ao centro, e tu acabada de sair de um duche, enrolada numa toalha, enquanto eu te observava encostado a uma divisória, à direita.
- E então, João? Conta-me lá o que me vais fazer.
- Hmm, vou atirar-te para cima da cama.
- Só isso? Assim? Atiras-me para cima da cama?
- Não. Vou deitar-me ao teu lado, enquanto te beijo os mamilos, e as minhas mãos passeiam por ti, sem limite de velocidade nem sentidos proibidos.
Começaste a morder o lábio, e eu prossegui.
- E depois vou virar-te de costas para mim, vou agarrar-te com firmeza, e puxar-te ora os braços, ora o cabelo, enquanto entro em ti. Umas vezes mais devagar, outras à bruta, até gemeres.
- Continua João, por favor…
- Vais apanhar umas palmadas nessas nádegas, e quando te apertar a cintura com força, puxando-te contra mim, vir-me-ei dentro de ti sem medo, porque te quero ver pingar de mim, quero ver-te escorrer entre as pernas, quero ver-te exausta, como eu.
- Vais fazer-me tudo isso João? És capaz? – e mordias de novo os lábios – não será só garganta? Marketing?
- Anda cá ver.
A tua toalha caiu, e o teu corpo foi atirado para cima da cama, e pouco depois sentias os teus pequenos lábios abrir-se, dando-me passagem, e ouvia-se baixinho «João, João, fode-me João…»."
João
Geografia das Curvas
- E então, João? Conta-me lá o que me vais fazer.
- Hmm, vou atirar-te para cima da cama.
- Só isso? Assim? Atiras-me para cima da cama?
- Não. Vou deitar-me ao teu lado, enquanto te beijo os mamilos, e as minhas mãos passeiam por ti, sem limite de velocidade nem sentidos proibidos.
Começaste a morder o lábio, e eu prossegui.
- E depois vou virar-te de costas para mim, vou agarrar-te com firmeza, e puxar-te ora os braços, ora o cabelo, enquanto entro em ti. Umas vezes mais devagar, outras à bruta, até gemeres.
- Continua João, por favor…
- Vais apanhar umas palmadas nessas nádegas, e quando te apertar a cintura com força, puxando-te contra mim, vir-me-ei dentro de ti sem medo, porque te quero ver pingar de mim, quero ver-te escorrer entre as pernas, quero ver-te exausta, como eu.
- Vais fazer-me tudo isso João? És capaz? – e mordias de novo os lábios – não será só garganta? Marketing?
- Anda cá ver.
A tua toalha caiu, e o teu corpo foi atirado para cima da cama, e pouco depois sentias os teus pequenos lábios abrir-se, dando-me passagem, e ouvia-se baixinho «João, João, fode-me João…»."
João
Geografia das Curvas
11 outubro 2013
A FODA COMO ELA É - (I) Ir à aventura
Este pobre diabo viu suas preces atendidas. Via-se e desejava-se há que tempos para se encafuar numa estrangeira, nórdica de preferência, por mera tara. Numa confluência cósmica de circunstâncias favoráveis, travou conhecimento e acertou a berlaitada com um exemplar recendendo cio. O rapaz estava nos jardins do éden, delirando num vórtice de anexos, adendas e outros acrescentos à listagem do Kama Sutra. A valquíria revelava dotes de extraordinária horizontal, aplicando-se na satisfação sucessiva de todas as fantasias estrangeiristas do meu desgraçado amigo. A perfeição era completa - até os peidos de cona pareciam ter a sonoridade de insondáveis runas, recitando violentíssimas sagas islandesas em versão original. O combate de judo em pelota com aquela Heidi pornográfica espraiava-se madrugada fora e o ácido láctico já se fazia sentir, quando decidiu o mancebo pedir uma trégua para reposição de energias. Não tardou a regressar da cozinha, ligeiro e enlevado, genitália badalando, enquanto equilibrava duas tostas mistas numa mão e duas minis na outra. Vai a sentar-se na beira da cama quando a fulana, arvorando um sorriso maquiavélico, subrepticiamente lhe põe debaixo o pé em riste, de tal sorte que o polegarzão escandinavo arrombou a ventosa do cu ao meu companheiro. A platinada calçava um doloroso quarenta e dois.
Ainda hoje, enquanto relata este episódio da sua vida, o Armindo oscila a cabeça em transe, para diante e para trás, ao jeito dos judeus que oram no Muro das Lamentações. E não pode ver uma cabeleira loira sem rebentar a chorar, enquanto se cose de costas à parede mais próxima.
Ainda hoje, enquanto relata este episódio da sua vida, o Armindo oscila a cabeça em transe, para diante e para trás, ao jeito dos judeus que oram no Muro das Lamentações. E não pode ver uma cabeleira loira sem rebentar a chorar, enquanto se cose de costas à parede mais próxima.
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