26 outubro 2013

«Da falácia» - João

"Do casamento fica a amizade. A paixão vai-se, e o amor também vai desaparecendo, ficando uma amizade que mantém as pessoas unidas ao longo de uma vida. Quantos de vós ouviram a frase que acabei de escrever? Eu ouvi. E conheço outras pessoas que ouviram o mesmo, normalmente dita pelos pais, sobrevivendo eles mesmos em casamentos de várias dezenas de anos. A mim foram os meus pais que mo disseram, que do casamento apenas sobra a amizade. Estou seguro que, antes deles, também os seus pais lhes disseram o mesmo. E sempre assim, recuando no tempo, esta ideia que, bem espremida, significa apenas isto “contenta-te. Vão desaparecer-te as borboletas mas aguenta-se, que é mesmo assim”.

Acho criminoso. Poderá ser bem intencionado. Não duvido disso. Mas é criminoso. É uma ideia tóxica, que mata, que reduz, que amarrota o prazer da vida, que desde muito cedo nas nossas existências nos faz pensar que é normal, expectável, porventura até desejável, que a vida se desenrole assim, com paixões, amores, e suaves amizades que no fim se sobrepõem às primeiras. Obviamente não discuto o valor da amizade. A amizade tem de existir. As pessoas não podem ser apenas fodilhonas umas perante as outras. Tem de existir carinho, tem de existir preocupação. Tem de existir a genuína vontade do “bem” do outro, tudo isso é verdade. É verdade, também, que numa vida longa o corpo dará lugar à mente, e esta lembrará com saudade as coisas que o corpo outrora permitia. Mas tudo isso tem um lugar e um tempo. E só precisa acontecer se a matéria se debilitar de uma forma desajustada ao desejo. De outro modo, vender aos filhos a ideia de que vão casar para viver com amigos, é, repito, tóxico.

Temos a obrigação de fazer diferente enquanto pais. Um dia, mais tarde, quando tiver de falar sobre casamento à minha descendência, tentarei explicar que um casamento exige investimento, exige trabalho. Que as borboletas, para se manterem, exigem investimento contínuo ao longo da vida, quando existe sintonia, quando existe encontro, entre as pessoas. E que, se essa sintonia não existir, nenhum investimento dará fruto. Mas nunca, jamais, em tempo algum, direi “olha, no fim, fica a amizade”. Não. Direi, da forma que melhor me aprouver, que cultivem o tesão, que se fodam enquanto existir corpo, que se comam com os olhos, que se valorizem, e que embora devam ter carinho (aquele carinho que sustenta os velhos do nosso mundo, a quem idade deixou de sorrir), nunca devem perder a malícia do olhar e dos trocadilhos com as palavras. Mesmo quando os gestos já não forem iguais."

João
Geografia das Curvas

Mulher com algemas debruçada

Estatueta em resina com 20 centímetros de altura.
Presa à minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Quem inventou o amor, me explica por favor 8»



Um sábado qualquer...

24 outubro 2013

«Andar de barco a motor com raparigas» - campanha de angariação de fundos para a prevenção do cancro da mama

Motorboat(ing) (fazer de barco a motor) - acto de pressionar o rosto entre dois seios fartos e balançar a cabeça de um lado para o outro muito rapidamente ao mesmo tempo que se faz um som "brrr" vigoroso e vibrante.

A segunda camisinha de bilros da minha colecção

Lembras-te da camisinha de bilros que recentemente me fizeram, por encomenda, em Vila do Conde?
Pois agora recebi outra camisinha que tinha também encomendado, mas desta vez em Peniche.
Uma maravilha para usar numa ocasião festiva, Noé? Como tem 20 centímetros de comprimento, para muitos teria que ser feita bainha. Teria mas não tem, porque esta camisinha de bilros não sai da minha colecção.


«Diário do Patife V» - Patife

Nesta rubrica, um dia do diário de notas do Patife é aqui transcrito sem censuras.

28 de setembro

A padeira onde compro o pão quente de manhã voltou a olhar fixamente para o meu papo de picha. Mais uma dessas e vou ter de alargar essa tua experiência de meter a mão na massa.

Hoje malhei como se não houvesse amanhã. Apesar de não lhe ter deixado manchas no corpo, a gaja que acabei de pinar saiu daqui com ar de vaca malhada.

“Enfia-te na virgem e não corras”. Check.

Tomo agora consciência que acabei de ter uma das experiências mais traumáticas no que a lingerie diz respeito. Aquilo não eram cuecas gigantes. Era uma burka de pachacha.

Presumo que ela fantasiasse com uma queca que durasse horas, mas não tinha cabedal para isso. Levou com um dos meus orgasmos ninja. Rápidos e silenciosos.

Desta colecção:


Diário do Patife I
Diário do Patife II
Diário do Patife III
Diário do Patife IV

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Há roupas que não são nada práticas para... combater

Crica para veres toda a história
Sensível


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23 outubro 2013

o cu gumelo - pequeno apontamento bucólico...

Imagem colhida em Aldeias de Portugal

passeando pelo campo
espantado pelo encanto
de ver como o mundo é belo
fui de espanto em espanto
até dar lá num recanto
com um belo cu gumelo

tão róseo tão oferecido
de humidade envolvido
traz riqueza ao universo
mas lá fiquei confundido
por parecer que o atrevido
por outro lado é perverso…


«Perto, mas tão longe» - João

"Há gente bem intencionada. Como a pessoa que inventou a ideia de que estar longe da vista é estar longe do coração. Fê-lo, certamente, imbuída do melhor espírito, de uma genuína vontade de desenhar, no ar, uma porta imaginária que consola os sofredores de ausência, uma passagem por onde podem canalizar os seus sentimentos, achando que aquilo que não se vê, não se sente. Procuro evitar um sorriso condescendente quando penso nesse lugar comum. Não acredito nele. Não é verdade. Estar longe da vista é apenas isso. Longe da vista. A vista e o coração não têm ligação directa, e nem sequer necessariamente proporcional. Estar longe da vista pode ser, até, um estado de espírito, mas na redução à verdade, é apenas uma medida de distância, uma situação geográfica, reduz-se ao facto de uma pessoa ter os pés assentes num ponto que dista do ponto onde outra pessoa tem os seus. E os pés sempre distam qualquer coisa, excepto quando se tocam, como se fossem mãos. Mas para as pessoas que se querem bem, perto ou longe, os corações estão sempre perto. De outro modo, não se quereriam bem. Não teriam significado. A distância não desafia, não belisca, a mente. A capacidade de pensar, de lembrar, de querer bem, de sentir. A química que anima os nossos neurónios não se rege pelas regras do mundo físico, aquele onde a maçã sempre cai na cabeça do Newton.
As pessoas têm a mania de morrer. Morre-se por tudo e por nada. Porque tem de ser. Porque se ia na rua e catrapum. Porque se fez uma asneira qualquer e se ficou doente, ou porque se ficou doente porque sim, mesmo sem asneira nenhuma. As pessoas têm o estranho hábito de falecer. Não querem cá ficar. Vão desta, diz-se, para melhor. E no meio de tudo isso, o tempo que aqui se passa é curto. Mais curto que a distância. E talvez, também por isso, as distâncias façam pouco aos corações de bem. Esses sabem que isto é passageiro. E que o querer é o que mais vale. E, então, estar longe da vista é apenas o facto de não ver. Não diz nada a ninguém sobre o sentir. O coração que não vê, também sente. Mesmo que digam que não. E talvez sinta mais. Porque não vendo, não enjoa. Não cansa. Não desvaloriza nada que possa considerar seguro, adquirido, garantido. Os corações distantes são corações receptivos. Atentos. Antes que um qualquer catrapum os leve e, aí sim, fiquem a uma distância difícil de encurtar."

João
Geografia das Curvas